capitulo 6

Laís volta para sua mesa nervosa, sente-se inquieta. Augusto também iria começar um relacionamento, e ela não conseguia disfarçar a insatisfação. Olha pro relógio, é quase hora do almoço, quer sair dali, precisa de um tempinho sozinha. Vai para a cobertura, deita-se na espreguiçadeira e se lembra da noite anterior, como seu corpo se sentiu à vontade dormindo ao lado de seus homens, como se sentiu feliz acordando ao lado deles, mas, pelo visto, não passaria disso.

Olhando pro céu, diz para si mesma: — Sonhos não viram realidade!

Ao final dos cinco dias, o trabalho está pronto. Laís sente a carne “desprender de seus ossos”, chega à sua casa tarde da noite, e o pai não está. Arrasta-se pelos estreitos corredores e se j**a na cama, está cansada, exausta emocional e fisicamente. Toma um banho relaxante e vai para a cama, segundos depois, adormece. Acorda no horário de costume e se arruma; em cima da mesa, um bilhete do pai dizendo que iria dormir na casa da namorada.

— Eu ainda não sei por que volto pra casa — pensa ao bater na porta do quarto da irmã.

— Allana, estou indo trabalhar. Quer carona?

— Ainda faltam três horas pra eu levantar. Se manda!

Sai de casa ainda escuro, pega o carro e vai para o escritório; ao chegar à entrada do prédio para avaliação diária da limpeza, é impedida pelos seguranças.

— Os senhores já chegaram e esperam a senhorita com urgência na presidência.

Ao abrir a porta principal, um tapete vermelho cobre todo o saguão, pilastras com rosas vermelhas espalhadas pelo local nas cores rosa e branca, suas flores favoritas. Nervosa, entra no elevador; ao lado direito do saguão, violinistas tocam sua música favorita, enquanto pétalas de rosas caem por todo o caminho até o elevador.

— O que diabos seria isso? — questiona-se. 

Ao sair do elevador, os irmãos estão de pé, sorrindo pra ela.

— Gostou da surpresa? — pergunta Arthur com curiosidade

— Sim, mas estou confusa. O que significa?

— Queríamos te esperar lá embaixo, mas, mesmo suas flores favoritas tendo pouco pólen, acho que não iria aguentar — explica. Em seguida, cada um pega em uma mão, e a levam até a sala do irmão mais velho. — Precisamos conversar.

O mais velho se acomoda em sua cadeira, e o mais novo fica de pé ao seu lado.

— Seremos diretos — Augusto fala com firmeza.

— Sim, por favor. Eu vou ser mandada embora? Se for, não entendo o porquê das rosas.

— Não! — Augusto fala rápido. — É... O que acontece é que estamos interessados em você e queríamos saber se toparia sair conosco.

— Oi? — Laís dá um pequeno grito.

— Calma, Augusto não explicou direito! — Arthur diz calmamente — Bem, eu e meu irmão descobrimos recentemente que ambos estamos interessados em você, apaixonados na verdade...

Laís sente o chão se abrir.

— Como assim? Vocês só podem estar brincando comigo, né? — começa  rir escandalosamente.

Os irmãos olham para ela sem entender. Depois que a morena percebe que eles não estão rindo, fita-os e diz:

— Sério? Isso é mesmo sério?

— Sim, é sério e delicado. — Augusto se sente ofendido pelas risadas da moça. 

— Calma, Augusto! — Arthur se levanta e vai em direção da morena. — Olha, nos desculpe! Estamos cansados, quase não dormimos para organizar aquilo tudo lá embaixo. Estamos nervosos, pois sabemos o quanto nossa proposta é absurda. Nós a conhecemos, e o fato de só imaginar que você não aceitaria nos deixa nervosos, mas vou tentar explicar... Desde o dia da sua entrevista tenho sentimentos por você que foram aumentando com o tempo.

— Eu também — Augusto diz sorrindo. — Desculpa se fui rude, é que, nesses últimos dias, tudo ficou mais intenso, entende? Dormir com você, acordar com você... Seu cheiro é enlouquecedor, quase nos deixou loucos, sabia?

A morena fica vermelha.

— O que queríamos é que nos desse uma chance! — o mais velho esclarece.

Laís sente um nó enorme na garganta

— Como eu faria isso?

— Saindo conosco, um de cada vez, lógico! Cinco encontros para cada. Daremos tudo de nós; no final, o poder de escolha é todo seu.

Ela se levanta e anda pela sala.

— E o que seria permitido nesses encontros?

— Nisso nós não pensamos, mas sexo está totalmente fora de questão! — Augusto fala, olhando para Arthur.

— Espera o que é considerado “sexo”? — questiona o mais velho.

— Ué, tudo.

— Não concordo com isso, mão naquilo e aquilo na mão tem que ser permitido!

— Não, não e não! — Augusto b**e o pé.

— Punheta não é sexo! É preliminar! - Arthur cruza os braços

— Se toca nas partes íntimas, é lógico que é sexo! 

— Se as duas partes desejarem, qual é o problema?

— Arthur, isso é um absurdo! Não, não e não!

— Se não tem penetração, não é sexo!

— Claro que é!

— Jogue no G****e!

Calada, Laís observa aquela discussão absurda do que é ou não sexo. 

Arthur diz por fim:

— Vamos combinar o seguinte: pode tudo, menos penetração.

O irmão responde:

— Você vai se segurar? 

— Lógico!

— Ei, é da minha vida sexual que vocês estão falando... Não é algo que o G****e vá responder!

Assustados, ambos olham para a morena.

— Novamente, nos desculpe!

— Eu preciso pensar. 

— Te damos meia hora — diz Augusto.

Ela respira fundo e fala:

— Olha, isso não é trabalho, é minha vida pessoal e eu realmente preciso pensar, e meia hora não é suficiente! Não vou ser pressionada a responder algo tão importante pra mim porque vocês estão ansiosos. Isso tudo é uma loucura! Não vou dizer que não me sinto envaidecida e feliz com essa revelação. Na verdade, estou eufórica, mas não posso decidir assim! 

A jovem sai da sala e corre para o terraço, deita-se na espreguiçadeira, tentando colocar seus pensamentos em ordem.

Ele sente duas presenças se deitando ao seu lado, uma de cada lado. Arthur se aconchega em seu ombro, enquanto Augusto passa a mão por sua cintura.

— Nos desculpe — Augusto fala com voz tímida. — Mas, por favor, aceite! Nós te daremos total poder de escolha, e ninguém vai te obrigar a nada!

— Eu não vou tomar essa decisão assim! Passei a vida toda esperando um sorvete de casquinha e, do nada, me aparece um sundae duplo!

— Um sundae duplo com duas bananas e quatro bolas! — Arthur diz sério, e ambos dão uma risadinha. Ela olhou feio pra ele. — Seja louca pelo menos uma vez na vida, mulher! Estamos aqui pra te segurar. — Ele deixa um beijo em seu ombro, enquanto o irmão se aconchega em seu peito.

— Sem brigas, sem intrigas, sem serem mandões e com paciência! Vocês prometem?

— “Ok” por mim! — afirma Augusto.

— Por mim, também! — concorda Arthur.

— Eu aceito. E que fique claro que eu tomo as decisões do que pode ou não pode. Agora, vamos!

Laís dá um beijo na bochecha de cada um dos chefes, levanta-se e sai.

— Ela me beijou primeiro. — Arthur fala sorrindo.

— Vamos ver quem ganha o primeiro beijo na boca!

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