Laís e Augusto arrumam a casa para receber as crianças. Arthur foi ao supermercado comprar suprimentos. O telefone toca algumas vezes, a mulher pragueja a cada passo que dá em direção do aparelho.— QUEM HOJE EM DIA USA TELEFONE FIXO?— Minha mãe! — responde Augusto.— Só pode!... Alô!— Alô, Laís?— Sim, quem é?— Aqui é Lian Wong, seu sogro. Poderia falar com meus filhos?— Oi, meu sogro, só um minuto.— Sim... Sim... Onde ela está?... Ok, estaremos aí em quatro horas. — Guto está com o semblante preocupado.— O que houve?— A vovó... Ela caiu e bateu a cabeça, está no hospital desacordada. Eles precisam de nós lá.O casal espera por Arthur e partem todos rumo ao hospital. Lá chegando, são recebidos por Estela, que cumprimenta os filhos, não fazendo menção nenhuma à presença da nora. Na porta do quarto da matriarca, os anciões discutem fervorosamente algo que Laís não compreende direito.A única coisa que ela quer saber é se a vovó está bem. A morena fica bastante tempo ao lado da s
Há três meses Laís e Shizune viraram amigas inseparáveis, andando para todo lado juntas. Com o tempo e a ajuda da mulher, a influência de Laís entre os empregados cresceu.Ela fica sabendo que muitos deles faziam o que a sogra mandava por medo, pois a matriarca não estava ali para defendê-los, como Estela mesma fazia questão de dizer. Com o respeito conquistado, Laís deixa a sogra possessa, mas a megera não tem a mínima ideia do que está por vir.Shizune havia conseguido toda a atenção de Lian nesses meses, ainda mais com a novidade de que seria pai novamente. O sogro de Laís estava convencido a largar a esposa, porém, naquele momento, eles precisavam de calma. As duas mulheres esperam provar que Estela havia empurrado a matriarca. Mas como?Laís tem esperança de que a bruxa não se segure por muito tempo e logo se traia. Naquele momento, ela brinca com os gêmeos quando ouve os gritos da sogra no pátio. Ao chegar lá, Lian defende Shizune dos frutos raivosos de sua esposa. Ela havia des
Ao saber que a matriarca havia acordado, Estela surta e sequestra os netos, chamando pelos nomes dos filhos.— Bobozinho, o papai tá longe? — Enzo pergunta com carinha de choro.— Não, Arthur, já chegaremos — a avó puxa o menino pelo braço. A garotinha solta sua mão.— Canxadu. — Valentina se senta no meio da trilha, coloca as mãozinhas no chão e descansa o rosto em cima.— Vamos, filho. Só mais um pouquinho.Estela carrega os dois, um de cada lado, até que chegam à sua antiga casa, o local em que era feliz com seu marido e filhos, mesmo sendo incrivelmente pobres. A casa havia sido locada por um casal jovem, sem filhos.Sara e seu marido estão conversando no quintal quando veem a senhora chegar com as duas crianças e tomar conta da casa como se fosse dela. A jovem tenta retirar a mulher de dentro da casa, mas as crianças estão chorando e pedindo pela mãe.Por fim, um vizinho vê a confusão e diz que, até pouco tempo, aquela senhora morava ali, mas não sabia quem eram as crianças. Como
Aquela lata velha que Laís chamava de carro não pegou novamente esta manhã, o pequeno Ford Ka dos anos 2000 era uma verdadeira dor na bunda da sua dona. “Mas é tão fofo!”, era o ela respondia quando perguntavam o porquê de ela não dar fim na tortura do bebedor de gasolina. Xingando seu carro mentalmente, a jovem pede um carro pelo aplicativo de celular. Ser assistente da presidência lhe dava algumas regalias. A “carona” não demora a chegar, assim que entra no carro, as imagens começam a embaçar do lado de fora da janela, ela se perde em pensamentos, repassando a agenda do dia.Às seis em ponto, desce em frente ao número 1407 na Avenida Paulista. O prédio comercial reinava com suas janelas espelhadas em meio à selva de pedra de São Paulo. Ao chegar em frente à porta principal, coloca luvas brancas de algodão, começando a inspeção. Cada canto da recepção é verificado e a luva continua intacta.Ao entrar no elevador privativo da presidência, tudo está impecável! Chegando ao andar 45, co
Laís e Allana sobem para o telhado. Havia dois meses que o novo jardim urbano havia sido inaugurado e tinha virado uma verdadeira febre entre os funcionários da Castro Wang Ilimitada.O jardim era um oásis para Laís. Um lugar onde os funcionários podiam comer rodeados pela natureza, coisa rara na selva de pedras da grande São Paulo. Aquele pedacinho de céu a lembrava de quando eram pequenas e moravam no interior das Minas Gerais rodeadas de seus pais e avós. A voz da irmã a tira de seus pensamentos saudosistas. — Como estão nossos chefes adoráveis hoje? — diz Allana com deboche.A irmã mais velha fez uma cara de desaprovação, olhando para os lados pra ter certeza de que estão sozinhas.— Fala baixo! Alguém pode escutar!A caçula a olha com um olhar zombeteiro.— Ainda está cedo, estamos sozinhas.— Run! Estão ótimos, isso me fez lembrar... — Laís tira as chaves do bolso. — Você vai à lavanderia de sempre, pega as roupas do Senhor Arthur, leva pra casa dele, depois leva isso nesse end
Ao final do expediente, Laís está arrumando suas coisas para ir embora, estava exausta, já fazia um tempo que os irmãos exigiam cada vez mais a sua presença em suas salas, seja para preparar café ou para consertar gravatas. No fundo, ela se sentia bem com aquilo. Os sorrisos do Arthur, os olhares de Augusto... só de pensar, sentia um arrepio na espinha.— Mana... Mana...A voz da irmã a tira de seu transe.— Oi!— Aqui a nota da lavanderia. Você me deve 300 reais.Laís mexe na gaveta, tira o dinheiro e o entrega à irmã.— Aqui a resposta da vítima... ops! Moça! — Allana fala, levantando uma pesada cesta de frutas, colocando-a em cima da mesa.Laís olha e diz sem pensar:— Ele não come essas frutas, é alérgico à quatro delas e as outras... não passam no padrão de qualidade.— Ela mandou um bilhete. — A outra respira fundo.— Vou entregar — Laís arrasta a cesta e entra no escritório de Arthur.— Senhor, chegou a resposta da senhorita. A morena coloca a cesta de frutas em cima da mesa e
Ao final do expediente, Laís está arrumando suas coisas para ir embora, estava exausta, já fazia um tempo que os irmãos exigiam cada vez mais a sua presença em suas salas, seja para preparar café ou para consertar gravatas. No fundo, ela se sentia bem com aquilo. Os sorrisos do Arthur, os olhares de Augusto... só de pensar, sentia um arrepio na espinha.— Mana... Mana...A voz da irmã a tira de seu transe.— Oi!— Aqui a nota da lavanderia. Você me deve 300 reais.Laís mexe na gaveta, tira o dinheiro e o entrega à irmã.— Aqui a resposta da vítima... ops! Moça! — Allana fala, levantando uma pesada cesta de frutas, colocando-a em cima da mesa.Laís olha e diz sem pensar:— Ele não come essas frutas, é alérgico à quatro delas e as outras... não passam no padrão de qualidade.— Ela mandou um bilhete. — A outra respira fundo.— Vou entregar — Laís arrasta a cesta e entra no escritório de Arthur.— Senhor, chegou a resposta da senhorita. A morena coloca a cesta de frutas em cima da mesa e
Allana entra no escritório às 10 horas trazendo uma mala com as coisas de sua irmã.— Suas coisas, mana.— Obrigada, vou deixar aqui do lado.— Explicou ao pai que vou passar uns dias fora?— Sim, mas ele não ficou muito feliz, disse que conversaria melhor com você quando voltasse para casa, mas não deixou de sair com a nova namorada, o que você deveria fazer ao invés de se matar de trabalhar — ela se aproxima da irmã. — Podíamos morar mais perto do trabalho, pegar duas horas de trem e mais 40 minutos em um ônibus pra chegar aqui e depois ir pra faculdade tá acabando comigo.— É só você acordar mais cedo e vir de carro comigo!— Deus, Laís, aquela lata velha não funciona. Nem sei como ainda te deixam circular com aquilo nas vias públicas. — A morena interrompe a irmã.— Morar aqui é caro, onde você acha que vamos achar um lugar pra morar com nossos salários? Teríamos que comer na rua todas as noites, e eu não tenho grana pra isso.— E você só tem dinheiro pra literatura hot — ri.— De