Allana entra no escritório às 10 horas trazendo uma mala com as coisas de sua irmã.
— Suas coisas, mana.
— Obrigada, vou deixar aqui do lado.
— Explicou ao pai que vou passar uns dias fora?
— Sim, mas ele não ficou muito feliz, disse que conversaria melhor com você quando voltasse para casa, mas não deixou de sair com a nova namorada, o que você deveria fazer ao invés de se matar de trabalhar — ela se aproxima da irmã. — Podíamos morar mais perto do trabalho, pegar duas horas de trem e mais 40 minutos em um ônibus pra chegar aqui e depois ir pra faculdade tá acabando comigo.
— É só você acordar mais cedo e vir de carro comigo!
— Deus, Laís, aquela lata velha não funciona. Nem sei como ainda te deixam circular com aquilo nas vias públicas. — A morena interrompe a irmã.
— Morar aqui é caro, onde você acha que vamos achar um lugar pra morar com nossos salários? Teríamos que comer na rua todas as noites, e eu não tenho grana pra isso.
— E você só tem dinheiro pra literatura hot — ri.
— Deixa meus livros fora disso, saco! Agora vai, tenho que trabalhar.
— Pede um aumento.
— Como se fosse fácil assim!
— Sim, é fácil. Você trabalha pra eles como uma mula há cinco anos, eles nunca diriam não.
— Tudo bem, vou esperar essa semana passar, aí eu peço, mas não vou prometer nada. — A irmã mais nova deu pulinhos de felicidade.
— Obrigada, obrigada, obrigada!
*
Arthur andava de um lado pro outro, não queria perder a mulher de que gostava pro irmão e, pra piorar a situação dele, não era das melhores, pois era conhecido como O GALINHA, O PLAYBOY, O COBIÇADO. Pela primeira vez, odiou esses rótulos, porém, para conseguir conquistar a morena, ele tinha que mudar, mudar tudo, inclusive, acabar com a agenda roxa. Isso, de certa forma, doeu seu coração, mas não podia mais adiar. Chama Laís à sua sala e diz:
— Eu preciso que você desmarque todos os compromissos da agenda roxa.
— E remarque pra quando, senhor?
— E... só desmarque. Estou a ponto de me comprometer com uma pessoa. — A morena toma um susto.
— Quê?!
— E... e... Alguém de quem já gosto há um tempo, mas tenho que provar a veracidade dos meus sentimentos. — Ela fica decepcionada.
— Senhor. Mais alguma coisa?
— Não, obrigado.
Ela sai da sala de Arthur, vai ao banheiro, tranca a porta e tenta se controlar.
— Alguém de que ele gosta... Alguém de quem ele gosta... Quem? Deve ser outra vaca de seios enormes! Fica calma... Fica calma... Você sabia que isso ia acontecer, você sabia que uma hora ele se casaria, teria filhos e seria feliz, não foi? Agora, volte ao normal. — Ela respira, lava seu rosto, refaz a maquiagem e volta o trabalho.
Minutos depois, Augusto a chama ao seu escritório.
— Sim, senhor.
— Eeeeee...
Ele tenta organizar seus pensamentos:
— Você tem namorado?
Laís estranha a pergunta:
— Por que o senhor quer saber? Se for por conta de me casar, não pretendo casar pelos próximos anos. E, mesmo se isso acontecer, não deixarei meu posto aqui no trabalho.
— Não... é nada disso, é só… curiosidade! Está namorando?
— Eu não tenho namorado... Eu nunca tive!
— Jura? — Os olhos de Augusto brilham. — Você é uma mulher tão bonita.
Ele pensa: “Como essa coisinha gostosa ainda era virgem?”
— Sim, é... pode ser meio antiquado, mas quero um amor pra vida inteira, e os caras de hoje em dia só querem ficar por ficar. Eu não sou mais uma... Soa meio romântico, mas é no que acredito.
O coração de Augusto quase sai pela boca. A vontade de gritar “EI, ESSE HOMEM TÁ BEM AQUI!!!” era enorme, porém se controlou!!
— Se não precisa de mais nada, tenho muito trabalho.
— Só mais uma coisa: como seria o encontro perfeito pra você?
— Como?
— Um primeiro encontro perfeito, como seria?!
— Hum... Eu sou muito romântica, gosto de coisas clichês estilo filmes dos anos 80 ou livros de romance. A pessoa me encontraria na minha casa com rosas vermelhas, depois um jantar à luz de velas num lugar fantástico, champanhe, ele pediria a comida pra mim, sabendo exatamente o que eu gostaria de comer. Depois, um passeio a pé ou de charrete. No final, admiraríamos as estrelas de mãos dadas, e um beijo de despedida no portão de casa.
Augusto escuta tudo atentamente
— Só isso? — responde esperançoso.
— Sim, mas para que o senhor quer saber?
Ele se levanta e caminha, ficando frente a frente:
— Eu gosto de uma pessoa há um tempo e queria saber o que ela gostaria que eu fizesse num primeiro encontro — fica a centímetros de Laís, olhando no fundo de seus olhos, tão perto que dá pra sentir os batimentos cardíacos acelerados da morena, sentindo sua respiração.
Antes de dar o próximo passo, Arthur abre a porta.
— O que está acontecendo aqui?
— Você não sabe bater? — Augusto fala com ódio!
Arthur b**e a porta com força atrás de si
— Sei,Quem esqueceu as regras aqui e você, Laís, meu anjo, por gentileza, nos deixe a sós.
— Sim, senhor. — Ela sai apressada.
Arthur olha para o irmão com raiva, enquanto Augusto se senta no sofá.
— Você é desleal, estou respeitando o período de uma semana.
— Está? O que houve com: Eu gosto de alguém e vou desmarcar os meus compromissos da agenda roxa?
— Você está escutando atrás da porta.
— Não! Nunca… talvez só um pouco, mas não vejo problemas. Outra, eu não ia chamar “ela” pra sair, eu só...
— Ia beijá-la! Eu vi pela janela e, se eu não corresse, você ia se aproveitar da situação.
— Eu não sou você — resmunga —, Tuko! Você sabia que ela nunca namorou?
— O quê? — Ele se senta ao lado do irmão — MENTIRA! COMO ASSIM?!
— Isso que você escutou. Está esperando o amor verdadeiro.
— Ahhhh, dó. Imagina despertar desejo naquele corpo pela primeira vez!
— Ver aquele rosto ficando cada vez mais vermelho.
— Ouvir os gemidos abafados.
— Chupar aqueles mamilos cor de café.
— Apertar aquela bunda gigante.
— Sentir sua boceta apertada em volta do meu pau.
— E meter nela até gozar, implorando pra ir mais fundo.
— Gozar naquela boca carnuda.
— Arthur!
— Oi!
— É melhor a gente parar, tô ficando excitado.
— Pois é, meu pau também tá duro. Eu me sinto um adolescente de 12 anos.
— Também!
— Preciso de alguns minutos.
— Eu também!
Laís volta para sua mesa nervosa, sente-se inquieta. Augusto também iria começar um relacionamento, e ela não conseguia disfarçar a insatisfação. Olha pro relógio, é quase hora do almoço, quer sair dali, precisa de um tempinho sozinha. Vai para a cobertura, deita-se na espreguiçadeira e se lembra da noite anterior, como seu corpo se sentiu à vontade dormindo ao lado de seus homens, como se sentiu feliz acordando ao lado deles, mas, pelo visto, não passaria disso.Olhando pro céu, diz para si mesma: — Sonhos não viram realidade!Ao final dos cinco dias, o trabalho está pronto. Laís sente a carne “desprender de seus ossos”, chega à sua casa tarde da noite, e o pai não está. Arrasta-se pelos estreitos corredores e se joga na cama, está cansada, exausta emocional e fisicamente. Toma um banho relaxante e vai para a cama, segundos depois, adormece. Acorda no horário de costume e se arruma; em cima da mesa, um bilhete do pai dizendo que iria dormir na casa da namorada.— Eu ainda não sei por
Laís decide ir até o saguão do prédio, magicamente, as flores e o tapete vermelho haviam sumido, ela pisca duas vezes pra ter certeza de que não havia sonhado, vai então parar o estacionamento, entra no carro e coloca a cabeça no volante, sente-se a mulher de 50 tons de cinza com aquela proposta, porém não era só um bilionário atrás dela, e sim dois. Esse tipo de situação jamais passou por sua cabeça...Quer dizer, só em seus sonhos molhados. O que ela iria fazer? Certo, aceitou sair com os dois, mas e depois, o que faria?Na realidade, gostava dos dois. O telefone toca.— Onde está? — Augusto pergunta.— No estacionamento.— Volte agora! Temos trabalho a fazer.— Estou voltando. — Cadê o fofo de minutos atrás? Esse ser só pode ser bipolar — Laís pensa, saindo do carro e voltando para a presidência.Os funcionários começam a chegar. Ela pega seus gravadores e sua agenda e segue para a sala de Augusto.— Sua agenda, senhor.Ele escuta com a maior atenção, procurando os olhos dela, que
Laís chega à sua casa ainda “andando nas nuvens”. O encontro havia sido perfeito! Ela se deita na sua cama, lembrando-se dos melhores momentos. No dia seguinte, ao chegar ao trabalho, faz tudo como fazia todos os dias. Os irmãos chegam e logo vai até eles para passar as agendas. Primeiro Augusto, que sorria satisfeito pelo encontro perfeito, depois Arthur. Ao entrar na sala, seu “bom dia” foi respondido com um grunhido.— Como foi seu encontro ontem?— Bom, maravilhoso, apesar do seu esforço em atrapalhar.— Eu não quis atrapalhar, é que...— É quê...?— Você conhece meus defeitos, sinto dizer que melhor que eu mesmo, e meu irmão não tem defeitos, é o homem ideal pra você, responsável, inteligente, leal — confessa e dá um suspiro. — Eu só queria te mostrar que estou tentando de verdade.A morena sente sinceridade nas palavras do Castro mais velho.— Eu sei que está.— Eu te peço desculpas por ontem, prometo me controlar nos próximos encontros.— Tudo bem, agora, deixa eu te passar a a
Laís acorda cedo para um sábado. Ao se levantar, ouve vozes na cozinha e um cheiro inconfundível vem de lá: café fresco e pão assado. Levanta-se da cama num pulo. Finalmente seu pai estava em casa. Na mesa da sala há um pequeno banquete— Uai, tá lindo, pai!Ela corre até a cozinha e encontra uma mulher loira, por volta de trinta anos, terminando de passar o café.— Oi... Quem é você?— Você deve ser a Laís, Meu nome e Glória, muito prazer! Sou a namorada do seu pai.— Na verdade, noiva — diz Mario, entrando pela porta da cozinha.O pai não tinha costume de trazer as namoradas para casa, e aquilo era, no mínimo, inusitado.— Ah, muito prazer! Acho melhor eu me trocar. O senhor poderia ter avisado que teríamos visitas.Mario sorri.— Ela virá morar conosco em breve, não vai ser a primeira vez que vai te ver só de camisola, filha — explica e pousa um beijo na testa da filha.A campainha toca.— Vocês estão esperando alguém? — a mulher indaga.— Não! — responde Mario.Laís sai da cozinha
Augusto para o carro na porta da casa de Laís e lhe dá um leve beijo de despedida.— Nós nos vemos segunda.— Até!Ela entra em casa e vai direto para o seu quarto, seguida por sua irmã.— Que beijo foi aquele, me conta?!— Para!— Conta!— Eu tô muito ferrada!A morena se joga na cama com as mãos no rosto.— Tá, conta tudo do início.— Bom, um belo dia cheguei pra trabalhar, e os irmãos me fizeram uma proposta.— Que proposta?— Se declararam...— Os dois?— Os dois! E me pediram cinco encontros cada. No final, quem eu escolhesse, o outro aceitaria.— E você concordou.— CLARO, eu tenho uma queda pelos dois.— Uma queda só se for no precipício, você é totalmente louca pelos dois, mas continua.— Augusto me levou ao encontro mais perfeito que podia ter imaginado, e Arthur me beijou em cima da roda-gigante, enquanto fogos com as nossas iniciais explodiam no ar.— Hummm, que lindo! Ahhh! O mulherengo é fofo... Então, qual o problema?— Augusto cozinhou pra mim e... fomos ver um filme...
Laís havia avisado que iria chegar tarde na segunda-feira, precisava ir ver alguns apartamentos com a irmã. Ao chegar à sua casa no domingo, teve uma conversa séria com o pai e descobriu que a tal noiva estava grávida. Não tinha discussão, ela já estava morando na casa. Era o que faltava pra ela tomar o rumo de sua própria vida. Andaram por toda manhã, por fim, às 14h, acharam um apartamento de dois quartos, que cabia no orçamento. O imóvel era confortável e próximo ao trabalho. O prédio era simples, porém limpo e bem-localizado e, o melhor de tudo, já vinha mobiliado. Allana prometeu pagar a metade do aluguel.Laís ligou para a sua substituta, informando que não iria trabalhar hoje, e isso causou uma estranha insatisfação em Augusto.— Como assim não vem? — pensou furioso!Passa a mão no telefone, algumas vezes queria vê-la, queria beijá-la de novo, toca nos próprios lábios... Droga! Que agonia! Por que não conseguia pensar em alguma coisa, uma desculpa, qualquer coisa servia. Talve
Arthur entra no apartamento, carregando as malas de Allana, e as coloca do lado da porta, então, ele se aproxima de Laís, dando-lhe um selinho nos lábios.— Sua irmã disse que se mudavam hoje. Eu vim ajudar se não se importa.Augusto sai do banheiro só de boxer, com a toalha no pescoço.— Bem, eu já estou aqui, Arthur, pode voltar. — Augusto passa as mãos pelos ombros de Laís, puxando-a para si.O ódio no rosto de Arthur é evidente, enquanto Augusto está tranquilo e, nos lábios, traz um riso sarcástico.— Bem — diz Allana —, o bom da minha irmã ter dois namorados fortes é que não precisamos pegar nada pesado né, mana?Laís treme igual vara verde, tem medo de que os irmãos se matem por sua causa, ou pior, façam-na escolher entre eles. Entretanto, com a piadinha de Allana, consegue forças pra tentar amenizar a situação.— Então, vamos de trabalho, meninos. Augusto, se vista e traga o restante das minhas coisas. Arthur, faça o mesmo com as coisas da minha irmã, por favor! Eu vou fazer o
Laís e Arthur se agarravam dentro do carro, os vidros embaçados; os lábios dele sugam os mamilos, enquanto massageava seu clitóris. Era pra ser uma simples ida ao cinema até que ela aparecer com uma microssaia e botas. Como a chapeuzinho vermelho se arriscava a ir a um encontro com o lobo mau de microssaia e botas?Até aquele momento, ela não sabia como tinha chegado ao estacionamento de casa e, muito menos, como eles tinham passado para o banco de trás.O que aconteceu desde quando eles se encontraram na porta do cinema, as luzes se apagando, o início do filme até ali... tudo era um borrão cheio de gemidos e sussurros. Allana bate no vidro do carro.— Eu não queria interromper mas, papai está lá em cima com a noiva, chegou sem avisar. A síndica foi lá em cima reclamar duas vezes de vocês se agarrando aqui.Arthur cobre Laís com seu casaco. — Nos desculpe, Allana, é que … — diz Arthur— Por mim, está tudo bem, mas meu pai não está nada feliz lá em cima. Ou vocês encaram nosso pai e