capitulo 7

Laís decide ir até o saguão do prédio, magicamente, as flores e o tapete vermelho haviam sumido, ela pisca duas vezes pra ter certeza de que não havia sonhado, vai então parar o estacionamento, entra no carro e coloca a cabeça no volante, sente-se a mulher de 50 tons de cinza com aquela proposta, porém não era só um bilionário atrás dela, e sim dois. Esse tipo de situação jamais passou por sua cabeça...

Quer dizer, só em seus sonhos molhados. O que ela iria fazer? Certo, aceitou sair com os dois, mas e depois, o que faria?

Na realidade, gostava dos dois. O telefone toca.

— Onde está? — Augusto pergunta.

— No estacionamento.

— Volte agora! Temos trabalho a fazer.

— Estou voltando. — Cadê o fofo de minutos atrás? Esse ser só pode ser bipolar — Laís pensa, saindo do carro e voltando para a presidência.

Os funcionários começam a chegar. Ela pega seus gravadores e sua agenda e segue para a sala de Augusto.

— Sua agenda, senhor.

Ele escuta com a maior atenção, procurando os olhos dela, que desviam o olhar.

— Posso te buscar a que horas hoje?

Laís franze o cenho.

— Estamos no trabalho, senhor. Se quiser que eu aceite seu convite, ligue ou mande um e-mail depois do expediente. Não falaremos nada em horário de trabalho.

Augusto olha intrigado e sorri.

Ela volta para a sua mesa e pega a agenda de Arthur.

Segundos depois, seu telefone toca.

— Olá, lembra-se de mim? Pedi pra você sair comigo mais cedo, está ocupado?

Laís olha pela janela com a persiana aberta.

— Estou um pouco ocupada, alguém tem que trabalhar nessa empresa — ambos sorriem.

— A que horas te pego na sua casa?

— Às 20h. Isso, se eu sair do trabalho às 17h. Se meu chefe me segurar, saio mais tarde.

Augusto ri.

— Seu chefe parece muito exigente.

— Você não sabe o quanto.

— Vou falar com ele! Me passa o endereço da sua casa.

Laís fala o endereço calmamente.

— Longe hein?!

— Pois é, estou procurando apartamento aqui perto, aliás, ia ver um hoje pela manhã, mas quando estava saindo, meu chefe me chamou de volta.

— Que chefe chato!

— Pois é, também acho — afirma, e ambos sorriem. — Desliga, preciso trabalhar.

Arthur a observa pela persiana aberta, porém não é só ele, Augusto está observando de sua sala também. Segurando-se para não ter um acesso de ciúme a cada sorriso nos lábios da morena. O Castro mais velho ainda não acreditava que havia perdido o primeiro encontro num janken-pon, tinha certeza de que o irmão tinha roubado. O seu encontro seria no dia seguinte, e se certificaria de que fosse bem melhor e maior que o do irmão.

Antes de terminar sua linha de raciocínio, Laís entra em sua sala e começa a passar a agenda, como se nada tivesse acontecido. Ele a olha com curiosidade. Ao final, ela tira a agenda roxa do bolso e a chave.

— Acho que não posso mais cuidar disso.

Arthur a olha assustado.

— Como assim?

— Não quero tratar de coisas pessoais enquanto estamos trabalhando, porém essa era uma das minhas atribuições. Não quero mais cuidar da sua agenda de mulheres e nem do cofre dos presente. Tenho uma condição pra aceitar sair com você, conheço todos seus truques, eu os inventei. Nada de truques comigo ou sair com outra mulher até eu decidir com quem ficarei.

Arthur dá um grande suspiro.

— Você pediu isso a Augusto também?

Laís ri sarcasticamente.

— Ambos sabemos que ele jamais sairia com outra mulher nesse período, e, se for pra eu fazer uma escolha justa, faça como ele e seja somente meu por esses dias.

Arthur olha no fundo de seus olhos. 

— Essa decisão já havia sido tomada, não sairei com outras pessoas até que você escolha. — Ele pega suas mãos e beija seus dedos.

Ela sente sinceridade em suas palavras.

— Obrigada!

Arthur olha para a agenda em cima da mesa e a j**a no lixo. Em seguida, passa por Laís, fazendo um pedido:

— Desmarque meus compromissos. Vou tirar o dia de folga.

— Sim, senhor.

O dia segue tranquilo. Às 17h, a jovem sai do escritório rumo à sua casa, pensando no que iria vestir; tudo o que tinha era roupa de trabalho, nada que a deixasse sexy ou com “cara de encontro”.

Ao chegar, vai direto para o armário da irmã, que a olha sem entender absolutamente nada quando entra.

— Privacidade não existe mais nessa casa?

— Código vermelho, emergência! Vou a um encontro, preciso de roupas!

Allana arregala os olhos.

— Com quem? Conta essa porra direito!

— Augusto Castro!

A irmã solta um berro de desespero.

— Oi? Como? Quando? Onde? Oi?

— Mana, a história é longa. Me ajuda, ele chega em 20 minutos!

— Mana, tô begeeeeee! — diz, correndo até o armário, de onde tira um barbeador novo e o entrega à irmã. — Aqui. Corre pro banheiro, toma um banho e derruba a mata atlântica!

— Pra quê?

— Uai, é um encontro, Você não quer que ele visite sua casinha desarrumada, né?

— Allana, é um primeiro encontro. Ninguém vai visitar minha casinha no PRIMEIRO encontro! Além do mais, a grama foi aparada.

— Derruba! Vai que...

Laís sorri e corre pro banheiro.

Foi uma verdadeira batalha de contorcionismo, mas, no fim, mata atlântica abatida. Em seu quarto, uma caixa de uma loja chique em cima da cama.

— Vista isso! — Allana diz sem rodeios. — Hoje serei sua fada-madrinha!

O vestido era de um vermelho cereja de alças com um decote em V, cintura acentuada e uma abertura na lateral que deixaria boa parte da sua coxa à mostra.

— Desde quando você tem vestidos de lojas chiques no armário?

— Eu sempre quis um vestido, não qualquer vestido, mas “O” vestido e, quando eu bati o olho nesse, pensei “É ESSE”! Gastei três salários inteirinhos. Veste!

— É lindo! Eu não posso aceitar.

— Pode e deve. É a sua cara!

— Eu nem sei como agradecer.

— Simples, amanhã, na hora do almoço vamos à minha loja favorita, e você me retribuiu o favor — ambas sorriem.

— Eu realmente preciso de roupas novas, amanhã tenho outro encontro. 

— Opa, opa, opa. Como saímos de nenhum encontro para um encontro a cada noite?

— A história é complicada, prometo contar tudinho quando voltar. Venha, me ajuda a me arrumar!

Às 20h em ponto a campainha toca, e Allana corre pra atender.

— Boa noite! A Laís está?

Allana parece confusa.

— Só um minuto, mas eu acho que você é o irmão errado! MANA, E PRA VOCÊ!

A morena sai do seu quarto e dá de cara com Arthur em pé na sua sala.

— Eu sei que eu não deveria estar aqui — ele começa. — Eu precisava falar com você.

— Nosso encontro é amanhã. Augusto está prestes a che...

Antes de terminar a frase, a campainha toca

— Não abra agora, me escute por um segundo!

— Se vamos conversar, ele tem que estar presente, não acha?

Laís abre a porta, Augusto carrega um imenso buquê de rosas vermelhas.

— Você havia falado que um encontro perfeito começaria assim. Você está linda nesse vestido, linda não, perfeita!

Laís pega as flores.

— Obrigada pelas rosas. E sua alergia?

— Essas são sem pólen, e para garantir, tomei duas doses de antialérgico. Vamos? Nosso horário está meio apertado.

— Seu irmão… ele está aqui.

— O quê?!

O sorriso de Augusto se desfaz. O Castro mais novo entra, passando por Laís. 

— O que está fazendo aqui? Não combinamos não atrapalhar o encontro do outro?!

— Eu não vim atrapalhar, só queria conversar com ela por alguns minutos.

— Pode falar — Allana responde animada.

Laís olha pra irmã com ar de reprovação.

— Mana, nos dá licença?

— Agora que tava ficando bom?!

— Agora! — os três falam de uma só vez.

A irmã sai contrariada

— Então, pode falar, mas seja rápido — Laís fala, obviamente constrangida.

— Anjo, passei a tarde conversando com cada uma das "vítimas", ops! Com cada uma das moças que existia na agenda roxa, pedi desculpas e disse pra não me procurassem porque eu havia achado alguém que dá sentido à minha vida.

Os olhos de Laís brilham, e ela sente borboletas de fogo voarem por seu estômago.

— Bom, agora acho melhor você ir — a morena diz, interrompendo o contato visual.

Augusto nota o envolvimento entre Laís e o irmão.

— Acho que eu estou sobrando aqui. — E sai pela porta.

Laís não pensa duas vezes e vai atrás de Augusto.

— Espera... Augusto..., por favor! — Ela o abraça pelas costas. — Por favor, não vai.

Arthur vem logo atrás e observa a cena.

— Eu preciso que vocês entrem em um acordo, nada de visitas surpresas, nada de ataque de ciúmes, cada um respeitará o encontro do outro. — Ela olha para Arthur. — Obrigada por suas palavras, mas acho que já pode ir. — Pega Augusto pela mão e ambos entram limosine.

Arthur fica ali, parado.

— Não é que ele ganhou o primeiro abraço! — diz rindo pra si mesmo.

Dentro do automóvel, Augusto está carrancudo e mal-humorado.

— Se for pra você ficar com essa cara, eu desço do carro e volto pra casa.

— Não! — ele fala rápido. — Me desculpe, é que ele poderia ter esperado até amanhã pra te dizer essas coisas no encontro dele. Parece sabotagem.

— Agora, você está sabotando. — Laís morde os lábios. — Ele não teve a intenção, só está nervoso.

— Amanhã, eu poderei ficar nervoso, então, posso atrapalhar o encontro de vocês?

— Não foi isso que eu quis dizer. Ele sabe que você tem uma vantagem.

— Tenho?

— Tem!

— Qual?

— Você não tem uma agenda roxa.

— Ponto pra mim então — ri.

A limosine para em um pequeno heliporto. 

— Para onde vamos?

— Surpresa!

Durante toda viagem de helicóptero, Laís segura firme o braço de Augusto, enquanto ele faz carinho em suas pequenas mãos. Em menos de uma hora e meia chegam à ilha Vermelha/Paraty.

O heliporto fica no meio de um pequeno campo. O homem a ajuda a tirar os sapatos para seguir pelo caminho de areia até a praia. O lugar está todo iluminado com tochas e uma mesa sozinha reina no cenário paradisíaco. 

— Bem-vinda à Ilha Vermelha de Paraty!

— Ilha Vermelha?

— Tem esse nome por conta das algas marinhas que há aqui nessa encosta. 

O garçom indica seus lugares e, sem que o Alfa fale uma palavra, chega uma garrafa de champanhe.

— Gostou?

— Amei!

— É clichê o suficiente para um primeiro encontro?

Laís fica vermelha ao lembrar que aquilo tudo havia saído de seus lábios.

— Sim, é! Quando você me perguntou aquilo, eu jamais iria imaginar que a pessoa era eu.

— Por quê?

— Você sempre foi...

— Sério? Seco? Sem coração?

— Eu não disse isso!!! — diz, envergonhada.

— Relaxa, escuto essas coisas desde sempre! Nunca fui simpático ou afável como Tuko, nunca fui fofo.

— Eu te acho muito fofo, não é qualquer um que tem um Lulu da Pomerânia tão bem-cuidado.

— Então você conheceu meu pequeno monstrinho? Fui comprar comida para os peixes e ele estava sozinho na vitrine, não resisti, mas não se engane com aqueles olhinhos, ele é um excelente cão de guarda, um verdadeiro predador — riem. — Sério, ele morde!

— Nunca imaginei que você fizesse pequenas compras.

— Sim, faço! Gosto dessas coisas de casa. Quando tenho tempo, prefiro cozinhar.

— No próximo encontro, você poderia cozinhar pra mim!

— Sério! Na minha casa? Eu acho que, além da minha família, nunca recebi alguém na minha casa.

— Me diga, por que as carpas?

— Nossa! Eu as tenho faz muito tempo. Meu pai me deu uma carpa negra quando eu era pequeno e me contou uma antiga lenda chinesa que dizia que, se uma carpa atravessasse o rio Huang Ho — o rio amarelo — e subisse a cachoeira, chegando lá em cima viraria um dragão. Por isso, sigo essa filosofia. Se eu trabalhar muito, me esforçar, um dia conseguirei ir além dos seus sonhos.

— Sua família tem descendência asiática?

— Pensei que meu rosto já era denúncia o suficiente. A família do meu pai tem. Eles vivem em um mundinho fechado, mas meus pais não, meu pai, quando se casou, ficou longe dos dogmas. Amo meus avós, mas, pela minha mãe, ficamos longe. É complicado explicar. 

O garçom traz o prato de massas com frutos do mar para ela e bife para ele. 

— Como você sabia que eu amava frutos do mar?

— Sabendo! — O homem jamais confessaria que ficou stalkeado até descobrir.

O jantar corre animado, ao final, ele a puxa pela mão a levando para praia.

— Para onde vamos? — a jovem pergunta.

— As estrelas... Você não disse que o final de um encontro perfeito seria observando as estrelas?

— Sim, eu disse.

— Só falta uma coisa. — O céu está estrelado, e, entre sorrisos e abraços, Augusto pousa um beijo casto nos lábios de Laís.

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