Poderia jogar a culpa em todos os drinques e cervejas que tomou na noite, mas ela sabia e eles também, que não era esta a razão por toda aquela eletricidade correndo entre eles. Não tinha mais volta para nenhum dos três, eles estavam sob a pele dela assim como ela estava presente em cada célula deles. Eles a teriam deixado nua no banco da limusine contratada por Yago para o dia dela, mas o trajeto era curto demais para aproveitarem como necessitavam. Foi difícil manter as mãos longe dela até chegarem ao apartamento, mas eles resistiram evitando tocá-la e isso a deixava frustrada e queixosa. Alex dava pequenas lambidas em seu pulso enquanto Yago fazia o mesmo em sua orelha pescoço para acalmá-la, mas ela não tinha a intenção de fazer tudo fácil para eles. As mãos dela os tocavam sobre o tecido fino das calças, e era cada vez ousada e desinibida com eles. Quando entraram no apartamento, ela pensou que seria arrebatada por eles ali mesmo no chão, mas ao invés disso, eles se afastaram.
Yago foi acordado por Miah, que não deu à mínima se eles tiveram uma noite daquelas. Ela queria comer e passear e não estava disposta a ser ignorada. — Ok milady, pode me dar um segundo? — sussurrou tentando não acordar sua família. Ele riu e seu coração se aqueceu por pensar neles assim. Yago se vestiu com um moletom, calçou seus tênis e vestiu um t-shirt branca. Pegou a guia de Miah e se certificou de estar com as chaves e a carteira. Na volta ele traria algo para o café da manhã. Ele passeou com a gata, sorriu para as mulheres que o parava com a desculpa de acariciar o felino mal-humorado. Comprou frutas e pães para o café da manhã e então retornou para o apartamento sob os protestos de Miah, que pretendia lanchar o pobre cãozinho novamente. — Não, garota, você é uma lady e deve ser comportar como tal — ralhou com a gata que sibilava para o cãozinho no colo da dona. — Segure esse monstro, meu pobre conde não suporta mais tanto estresse! Yago sorriu indulgente e caminhou com a
Os irmãos pareciam preocupados com a reação de Daniella, e não estava sendo fácil para eles esperar ela estar pronta para contar a eles. Yago se sentou no sofá, mantendo-a ainda em seu colo. — Daniella, querida, o que houve quem era no telefone? — implorou assustado. Alex deu a ela um copo com água, mas pensou que talvez devesse ter optado por um pouco de álcool. Eles não sabiam muitos detalhes sobre a vida dela, e nunca cobraram dela também. Pelo menos até agora, mas esta conversa acabara de se tornar inevitável. Eles sabiam que ela era do interior, que morava com os avós e os tios e dois primos, sabia que ela tinha um padrinho que cuidava dela mesmo à distância. No entanto, Ella nunca revelava detalhes da sua vida, exceto aqueles bonitinhos, como quando aprendeu a tocar violoncelo, suas lembranças com a avó, uma ou outra coisa sobre a sua mãe. No entanto, ela jamais disse a eles ou a qualquer outra pessoa sobre as humilhações que sofreu desde a morte da avó, ou sobre o momento em
Eles não chegaram a um acordo sobre como os apresentaria aos seus padrinhos, eles eram pessoas idosas e do interior. Ella não queria nem imaginar em como eles reagiriam se soubessem no que ela havia se tornado. — Seremos seus amigos Daniella e vamos manter nossas mãos longe de você — Yago garantiu tranquilizando-a — Fale por você, porque eu vou me apresentar como seu namorado que é o que sou. Este não é um ponto discutível. — Tudo bem, irmão, você será o namorado e eu só o cunhado, mas não estranhe se eu te amarrar no quarto e tomar o seu lugar — Yago piscou para ela e ela pensou que isso não iria acabar bem. Ella ligou para a prima e pediu para que ela preparasse dois quartos na casa, pois levaria duas pessoas com ela. Eles decidiram viajar bem cedo, assim aproveitariam toda a luz do dia. Yago detestava o campo, mas Alex se sentia vivo em meio à natureza, ela observava como ele olhava apaixonado para a vegetação, as montanhas e as várias cachoeiras que encontraram pelo caminho. —
Quando Ella entrou na sala, a reação dos dois foi instintiva. Alex e Yago correram em sua direção no intuito de protegê-la de todos os seus monstros, e parecia haver muitos deles naquele lugar. Ella estava pálida e seus olhos vazios, ela trazia algo em suas mãos em um aperto protetor, como se fosse um tesouro inestimável. Todos os olhos na sala se voltaram para cena, desconfiança, preocupação e repulsa eram alguns dos sentimentos expressos nos olhares, mas eles não davam a mínima importância para qualquer um deles. Daniella precisava do Alex e do Yago, e era a única coisa que importava. — Sofia o vovô quer se despedir de vocês, ele me pediu para chamá-los. — o tio carrancudo passou por ela e a teria derrubado se Yago não a tivesse puxado para ele. — Onde está Gero? Onde está aquele imprestável? — ele berrou para a mulher que se encolheu se protegendo de um ataque invisível. Alex fechou as mãos em punho, ele estava em seu limite, e cada segundo naquela a casa colocava seu autocontro
Enquanto Yago e o padrinho de Ella cuidavam dos trâmites legais para o velório e enterro, Alex fazia o possível para ajudar sua namorada a lidar com a situação. E como se já não fosse difícil o bastante lidar com a culpa, a morte do avô e as novas descobertas a respeito do seu passado, ainda tinham as provocações de Gero. — Qual deles é o seu macho guarázinha? Como você sabe quem está pegando se os dois são tão parecidos? — provocou cercando Ella na cozinha — Não tenha medo, priminha, eu só quero terminar o que a gente começou no celeiro, ou você acreditou que eu iria deixar barato aquele tiro? — Vá se foder Gero, sai da minha frente ou eu juro… — E vai fazer o quê? Chamar os seus cães para te proteger? — Gero se aproximou forçando toda a sua altura sobre ela até estar a um centímetro de seu rosto, então tomou o copo de suco da mão dela e tomou até a última gota e saiu rindo debochado. Ella se deixou cair sobre os seus joelhos, ela tremia enquanto um nó se formava em sua garganta.
Nelson, o velho advogado e padrinho de Daniella, ficou surpreso ao ver os dois amigos da afilhada em sua sala. — Eu preciso da assinatura do Yago, mas veio os dois e agora como eu vou saber quem é quem? — perguntou rindo com seu jeito matreiro. — O senhor nos chamou, e dois de nós é meio difícil de lidar, eu entendo. — Alex brincou de volta — mas me diga, por que mandou chamar a nós dois? — Na verdade, eu não chamei nenhum dos dois, eu disse para avisar a vocês que eu estava indo levar o recibo e o documento de compra do jazigo para o Yago assinar, mas eu não pedi para viessem aqui, eu já ia de qualquer jeito para ver se Daniella estava bem. — Filho da puta! — gritou Yago já correndo para a porta, com Alex em seu encalço indo em direção ao carro de Daniella parado na porta. — Venham comigo, esse carro não é rápido o suficiente — gritou o homem de dentro de uma 4×4 — eu vou matar aquele desgraçado se ele se atrever a tocar na minha menina novamente. Alex quis gritar para o velho i
A volta para casa foi marcada por intensa discussão entre Alex e Daniella, durante todo o trajeto ele tentou convencê-la a ir com eles para a Espanha, afinal era a segurança dela que estava em jogo. Yago era jogado de um lado para outro como bola de ping-pong, Alex sabia que o irmão concordava que não podiam deixá-la sozinha, principalmente agora que seu tio e seu primo tinham jurado vingança contra ela. No entanto, ele tinha planos de transar naquela noite, e discutir com a sua namorada não era uma boa maneira de conseguir isso. — Yago diga alguma coisa, — Daniella exigiu — você não pode estar de acordo com esse absurdo! — ela estava vermelha e seus olhos feridos, com hematomas causados pelo ataque de seu primo, eram a maior arma de Alex para justificar sua insistência em levá-la com eles. — Amor, podemos discutir esse assunto depois? Eu penso que já tivemos emoções demais por agora. — Yago soou diplomático — o Alex só está preocupado com você e não pode negar que seja justificada