Tráfico  de Amor
Tráfico de Amor
Por: Carol Catalani
Desconfiança

Carlos chega em casa, ela está nervoso com tudo o que aconteceu, fica apenas um minuto parado na porta, segurando a maçaneta. Suspira.

O homem ainda não acredita que seu melhor amigo foi capaz de dizer aquilo de sua amada esposa. Ele revidou, mas não pode negar que ficou com a pulga atrás da orelha. Por que Luiz tinha dito aquilo?

- Não! Não vou ficar desconfiando dela! Luiz só pode estar interessado nela para insinuar tamanha ofensa. Deixa ele...já deixei bem claro para ele ficar longe da minha mulher - pensou com seus botões.

"-Você não deveria confiar tanto na Tailla...

-Por que?- Carlos interrompe seu amigo com raiva-Lave sua maldita boca para falar da minha esposa!

- É só que ela...

- Ela o que? Já te falei para não falar dela!

Carlos não mede as consequências e desfere um soco na face de Luiz, que não revida.

-Qual é Carlão, para que isso? 

-Nunca mais fale dela!

- Tá bom, você é que sabe. Não está mais aqui quem falou.

-  Tá Luiz...olha é melhor eu ir embora...

Um barulho tira Carlos de seus devaneios. Ele abre a porta e chama por Tailla, que não responde:

-Amor? Tailla? Onde está você? 

Carlos procura por toda a casa e não a encontra, ao abrir a porta do quarto ele depara com Tailla próximo da janela. Ela puxa a cortina quando o vê. A pulga que seu amigo havia deixado atrás de sua orelha dá sinal e ele olha para ela desconfiado.

-Por que não me respondeu quando chamei?

-Oh...é  que...você me assusta entrando assim no quarto. Eu não ouvi.

- Achei que o quarto também fosse meu.

- E é.

-Porque estava na janela?

-Eu...não por nada.

-Deixe-me ver.

Ele abre as cortinas, mas não vê nada.

-Viu.  Eu não estava fazendo nada, só fui fechar a janela para eu me vestir.

- E por que puxou a cortina quando me viu?

- Porque eu estava indo fazer exatamente isso, mas aí  vi seu carro lá embaixo mas não te vi.

Carlos fica meio cabreiro com sua resposta, mas prefere se calar. Não podia deixar que os outros colocassem minhocas na sua cabeça.

-Tá certo. Me desculpe, estava com umas coisas na cabeça e...

- Que coisas?

- Nada de mais, esquece.

-Ah... sim...claro. Com fome?

-Er...não, não eu vou para o escritório, tenho trabalho a fazer.

Carlos desceu para o escritório e pegou seu notebook, mas não conseguiu se concentrar no trabalho. Os pensamentos iam sempre para as coisas que ouvira de Luiz. 

"Será que ela era mesmo confiável? Será que Luiz estava certo? Se ele dizia a verdade, por que só agora, depois de tantos anos?"

Eram muitas dúvidas. Mas precisava esquecer todas elas, ou iria enlouquecer.

Não sabia porquê, mas algo dizia a ele que não. Ela estava tão estranha de uns tempos para cá. Bom ela nunca foi muito normal, como as esposas de seus amigos, mas ultimamente ela estava se superando. Sempre misteriosa, sempre parecendo esconder algo.

Ele se perguntava se estava sendo tão cego ao ponto de não perceber que a mulher que achava ter se casado, na verdade não existia.

Ele tomou uma decisão.

Não iria ficar perturbado com isso. Iria esquecer o que Luiz havia dito. E foi o que fez. Enfiou a cabeça no trabalho e esqueceu.

Ao menos por um tempo.

(...)

Já passava das sete da noite, o trabalho já estava até que adiantado, levando em conta a confusão que estava a cabeça de Carlos. Uma batida na porta o fez levantar os olhos.

- Entre.

- Oi amor. O jantar está pronto. 

- Não estou com fome querida.

Tailla fechou a cara e Carlos se levantou.

- Mas vou jantar mesmo assim, você fez com tanto carinho...

Ela sorriu e ele a acompanhou.

Os dois se sentaram à mesa e se serviram. Comeram conversando amenidades.

Depois do jantar Carlos ficou com a louça.

Eles subiram para o quarto e ele foi tomar um banho. Quando saiu do banheiro, encontrou Tailla dormindo.

Se deitou ao lado dela e acariciou seu corpo. Ela se remexeu e se afastou. Ele voltou a se aproximar e tocar seu corpo.

- Aí Carlos! Estou cansada. Me deixe dormir, sim?

- Quero fazer amor. 

- Estou cansada, amanhã está bem?

- Tudo bem. - disse o homem contrariado.

Já faziam dias que não tinham nada, ela sempre tinha uma desculpa. 

O estranho, era que antes de ouvir o que Luiz havia dito, ele não pensara assim.

Ele estava pirado. Só podia ser.

Mas ele não podia evitar. Com o que ele disse, simplesmente seu subconsciente começou a ver as coisas de um outro ângulo.

Aos poucos notou a respiração da esposa se acalmar e ficar mais regular. Ela estava dormindo novamente.

Ele se revirou na cama por alguns minutos, e temendo acordá-la, se levantou e foi até a varanda.

Olhou para o horizonte, sua casa era bem localizada, e ali, podia ver a cidade toda iluminada. Era uma bela vista. Ele comprara a casa apenas por conta dela.

Se segurou no parapeito e apoiou a perna, se sentando ali. Não era perigoso, havia um beiral.

Ficou ali por alguns minutos, então ouviu um barulho e desviou o olhar das luzes da cidade. Olhou para baixo e viu apenas um gato correndo. Quando ia voltar o olhar para as luzes, ele viu.

Um pouco abaixo do parapeito. Havia um pedaço de tecido, como se alguém tivesse prendido a roupa ali e puxado. 

Ele desceu no beiral e puxou. Era um tecido que no geral, se usava em calças sociais. Tanto masculinas, como femininas. Colocou o tecido no bolso e voltou para o quarto.

Não demorou a dormir, mas não conseguiu não pensar que havia algo errado. Muito errado.

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