Melissa acordou. Abriu os olhos claros e mexeu no cabelo loiro, espreguiçando-se. Por alguns breves momentos, esquecera completamente da bagunça que sua vida estava. Olhou para o lado. De um salto, caiu da cama e deu um grito: - Ahhhhh!!! - Ahhhhh!!! – ouviu um grito, masculino, de volta. – Melissa? Era Murray. A loira se assustou com o ruivo que estava ao seu lado na cama quando acordou naquela manhã. Murray era simplesmente maravilhoso quando acordava. Os olhos verdes estavam sonolentos e o longo cabelo vermelho encaracolado estava um pouco mais volumoso do que de costume. Completamente nu, ele tinha apenas o lençol branco da cama de Melissa lhe escondendo o baixo-ventre. Murray era menos musculoso do que o senhor Kernel, porém, ainda assim seu torso não deixava de ser menos atrativo para deitar em cima. O ruivo levantou-se e caminhou até Melissa, que caíra da cama diretamente no chão do quarto. O cabelo da loira estava completamente bagunçado. O coque que fizera prendendo-o par
O relógio de Melissa apitou, quebrando o silêncio em que os dois estavam. Os dedos da loira e do ruivo puxaram as fitas de resultado. - Uma linha no C – disse Murray, sorrindo. E o seu? Ele olhou para a loira, que estava atônita, olhando para a própria fita de resultado. As mãos trêmulas. - O que significa isso? – perguntou Melissa, com a voz embargada. – O que significa isso!? – exclamou, tensa. O desespero tomou conta de Melissa e ela não conseguiu raciocinar direito. Achou que ia desmaiar. Murray olhou a fita do resultado na mão de Melissa e viu que havia uma linha no T, sem nenhuma linha no C. A mão de Melissa começou a tremer mais ainda com o resultado. Ainda bem que Murray estava mais calmo: pegou a bula que estava em seu colo e olhou-a com urgência. - Aqui diz que se a linha do C não aparecer, o teste é inconclusivo. - Como assim inconclusivo? – disse Melissa, desesperada, arrancando a bula da mão do ruivo. Entretanto, ela não conseguiu ler o que a bula informava. Não con
- Eu... talvez eu tenha usado uma agulha... contaminada... – disse Adam, encerrando sua fala com uma lágrima que correu pelo belo rosto dele. Melissa estava completamente sem chão naquele momento. Murray surpreendeu-se com a revelação do amigo. Eveline só conseguiu olhar para baixo, encabulada. A loira queria morrer. Tinha transado com um sujeito que estava com suspeita de ser aidético. Mesmo tendo usado preservativo, ela ficou completamente devastada pela notícia. - E agora, como é que eu fico? – disse Melissa, exasperada, porém, ainda tentando falar baixo para evitar chamar mais a atenção das pessoas que estavam na recepção da clínica. – Você parou pra pensar em mim quando estava enfiando droga no seu braço? - É impressionante como você é egoísta e só pensa em si mesma – disse Eveline, exaltando-se. Parecia querer dizer aquilo na cara de Melissa há mil anos. - O que disse? – perguntou Melissa, achando aquilo um absurdo. Adam e Mattew trocaram um breve olhar e cada um foi abraça
Melissa estava sentada numa cadeira azul-petróleo muito confortável em um escritório de advocacia, aguardando ser chamada. O local era muito bem decorado, com cores escuras até nas paredes revestidas de madeira com roda meio e boiserie. Foi para lá sozinha, pois não queria que ninguém soubesse que estava sendo processada por seu ex e, portanto, não tinha como pegar com ninguém a indicação de um bom advogado. Aquele era o único escritório de advocacia que ela conhecia, exceto pelo escritório do próprio Patrick que, no caso, não seria de muita utilidade para defendê-la, por óbvio. Em casa, a loira tentara ler a petição inicial para se inteirar dos absurdos que Pep estava alegando, porém, não tinha entendido muita coisa. O linguajar dos advogados era muito rebuscado e o intuito deles com certeza era exatamente fazer com que somente outro advogado entendesse o que estava escrito, assim poderiam obrigar a pessoa processada a contratar outro advogado, impedindo que ela se defendesse sozinha
Após estudar sobre os arranjos documentais arquivísticos, Melissa saiu da sala de aula da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Nova York, NYU. Fizera algumas “amizades” na universidade, porém ninguém se destacava em algo para além de fazer trabalhos em grupo. Era final de semestre e as pessoas estavam saindo para beber e comemorarem as notas boas ou afogarem-se na derrota, porém Melissa estava evitando bebidas alcoólicas e locais que lhe davam gatilhos para beber. Depois de toda a bagunça que aconteceu em sua vida pessoal, a loira aguardava o resultado do exame de sangue e a data da audiência de conciliação do processo que Patrick ajuizara contra ela. Melissa não queria se envolver em mais nada além daquilo, principalmente se o envolvimento a levasse a ativação de seus gatilhos alcoólicos. E isso era horrível, pois ela não interagia socialmente com ninguém. Melissa focava nos estudos e deixava a diversão e a necessidade de fazer amizades novas de lado, pois os colegas da
- Não acredito que você namorou dois anos e não sabia que o Kernel é órfão! Kate parou de rir imediatamente, mas não por causa das brincadeiras de serem ela e Melissa duas caipiras. A ruiva levou as mãos à boca, chocada. Melissa manteve a seriedade e contou para a amiga sobre a ocasião em que foi até arquivo do orfanato e viu a pasta com as informações do senhor Kernel. E, então, o avião parou para a conexão que as levaria até a Califórnia. Com as malas de mão, ouvidos a postos e línguas afiadas, as amigas continuaram a conversa enquanto trocavam de voo. - Não acredito que ele namorou comigo por dois anos e não me contou que era órfão! - Também não acredito! – comentou Melissa, incrédula. – Eu não sabia se eu podia falar sobre isso com alguém. Na verdade, agora que eu me abri com você, eu me sinto melhor... - Maldito mentiroso! – disse Kate, com raiva. Logo depois, percebera a gravidade da situação. Seu rosto ficou mais sereno e piedoso. – Mas coitadinho dele, Mel! - Pois é, eu s
- E, afinal de contas, como que você decidiu ter um relacionamento aberto, já que você sentia tanto ciúme!? Kate olhou para Melissa, enigmática. O avião parou e precisavam descer. Após chegarem ao aeroporto, entraram em um ônibus que levava à pequena cidade de Carmel. As amigas sentaram em suas respectivas poltronas e voltaram a conversar. - Eu fiz um raciocínio lógico – disse Kate, respondendo à pergunta de Melissa. – Já no colégio, percebi que todos os caras ficavam com várias meninas ao mesmo tempo. Era algo comum, infelizmente. Você se lembra do Kevin, da escola? - Sim, lembro. Aquele que você pegou te traindo com a líder de torcida – respondeu Melissa. - Aquela foi minha primeira decepção. Depois daquilo, resolvi não me envolver emocionalmente com mais ninguém. Fiquei triste e arrasada, sabe, triste mesmo. Fora a vergonha que eu passei na frente de toda a escola. O tempo passou e, obviamente, me envolvi com mais alguns garotos, porém eu ficava com eles todos ao mesmo tempo. E
Tum! Escutou-se uma batida de um martelo na mesa. - Inocente! – disse o juiz, dando o veredicto. Tum! - Inocente! – mais um veredicto, acompanhado de um sorriso tinhoso do réu. Tum! - Inocente! A Corte está em recesso! Nos corredores apinhados de gente na Corte Criminal de Nova York em Manhattan, um advogado caminhava carregando sua pasta slim preta da Montblanc. Mantinha um sorriso vibrante no rosto após ganhar três ações criminais em sequência. Como advogado de defesa, o doutor Patrick Smith era brilhante e muito conhecido por atuar na área criminal da cidade de Nova York, especialmente defendendo a elite de Manhattan. Com o escritório próspero e cheio de clientes, o homem de olhos verdes, cabelos castanhos sempre bem aparados e rosto liso num barbear impecável estava ficando cada vez mais rico e tornando-se uma das pessoas mais importantes da cidade. A cada dia que passava, o doutor Smith se especializava mais, estudava mais e ficava mais amigo dos juízes da área criminal.