- Eu... talvez eu tenha usado uma agulha... contaminada... – disse Adam, encerrando sua fala com uma lágrima que correu pelo belo rosto dele. Melissa estava completamente sem chão naquele momento. Murray surpreendeu-se com a revelação do amigo. Eveline só conseguiu olhar para baixo, encabulada. A loira queria morrer. Tinha transado com um sujeito que estava com suspeita de ser aidético. Mesmo tendo usado preservativo, ela ficou completamente devastada pela notícia. - E agora, como é que eu fico? – disse Melissa, exasperada, porém, ainda tentando falar baixo para evitar chamar mais a atenção das pessoas que estavam na recepção da clínica. – Você parou pra pensar em mim quando estava enfiando droga no seu braço? - É impressionante como você é egoísta e só pensa em si mesma – disse Eveline, exaltando-se. Parecia querer dizer aquilo na cara de Melissa há mil anos. - O que disse? – perguntou Melissa, achando aquilo um absurdo. Adam e Mattew trocaram um breve olhar e cada um foi abraça
Melissa estava sentada numa cadeira azul-petróleo muito confortável em um escritório de advocacia, aguardando ser chamada. O local era muito bem decorado, com cores escuras até nas paredes revestidas de madeira com roda meio e boiserie. Foi para lá sozinha, pois não queria que ninguém soubesse que estava sendo processada por seu ex e, portanto, não tinha como pegar com ninguém a indicação de um bom advogado. Aquele era o único escritório de advocacia que ela conhecia, exceto pelo escritório do próprio Patrick que, no caso, não seria de muita utilidade para defendê-la, por óbvio. Em casa, a loira tentara ler a petição inicial para se inteirar dos absurdos que Pep estava alegando, porém, não tinha entendido muita coisa. O linguajar dos advogados era muito rebuscado e o intuito deles com certeza era exatamente fazer com que somente outro advogado entendesse o que estava escrito, assim poderiam obrigar a pessoa processada a contratar outro advogado, impedindo que ela se defendesse sozinha
Após estudar sobre os arranjos documentais arquivísticos, Melissa saiu da sala de aula da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Nova York, NYU. Fizera algumas “amizades” na universidade, porém ninguém se destacava em algo para além de fazer trabalhos em grupo. Era final de semestre e as pessoas estavam saindo para beber e comemorarem as notas boas ou afogarem-se na derrota, porém Melissa estava evitando bebidas alcoólicas e locais que lhe davam gatilhos para beber. Depois de toda a bagunça que aconteceu em sua vida pessoal, a loira aguardava o resultado do exame de sangue e a data da audiência de conciliação do processo que Patrick ajuizara contra ela. Melissa não queria se envolver em mais nada além daquilo, principalmente se o envolvimento a levasse a ativação de seus gatilhos alcoólicos. E isso era horrível, pois ela não interagia socialmente com ninguém. Melissa focava nos estudos e deixava a diversão e a necessidade de fazer amizades novas de lado, pois os colegas da
- Não acredito que você namorou dois anos e não sabia que o Kernel é órfão! Kate parou de rir imediatamente, mas não por causa das brincadeiras de serem ela e Melissa duas caipiras. A ruiva levou as mãos à boca, chocada. Melissa manteve a seriedade e contou para a amiga sobre a ocasião em que foi até arquivo do orfanato e viu a pasta com as informações do senhor Kernel. E, então, o avião parou para a conexão que as levaria até a Califórnia. Com as malas de mão, ouvidos a postos e línguas afiadas, as amigas continuaram a conversa enquanto trocavam de voo. - Não acredito que ele namorou comigo por dois anos e não me contou que era órfão! - Também não acredito! – comentou Melissa, incrédula. – Eu não sabia se eu podia falar sobre isso com alguém. Na verdade, agora que eu me abri com você, eu me sinto melhor... - Maldito mentiroso! – disse Kate, com raiva. Logo depois, percebera a gravidade da situação. Seu rosto ficou mais sereno e piedoso. – Mas coitadinho dele, Mel! - Pois é, eu s
- E, afinal de contas, como que você decidiu ter um relacionamento aberto, já que você sentia tanto ciúme!? Kate olhou para Melissa, enigmática. O avião parou e precisavam descer. Após chegarem ao aeroporto, entraram em um ônibus que levava à pequena cidade de Carmel. As amigas sentaram em suas respectivas poltronas e voltaram a conversar. - Eu fiz um raciocínio lógico – disse Kate, respondendo à pergunta de Melissa. – Já no colégio, percebi que todos os caras ficavam com várias meninas ao mesmo tempo. Era algo comum, infelizmente. Você se lembra do Kevin, da escola? - Sim, lembro. Aquele que você pegou te traindo com a líder de torcida – respondeu Melissa. - Aquela foi minha primeira decepção. Depois daquilo, resolvi não me envolver emocionalmente com mais ninguém. Fiquei triste e arrasada, sabe, triste mesmo. Fora a vergonha que eu passei na frente de toda a escola. O tempo passou e, obviamente, me envolvi com mais alguns garotos, porém eu ficava com eles todos ao mesmo tempo. E
Tum! Escutou-se uma batida de um martelo na mesa. - Inocente! – disse o juiz, dando o veredicto. Tum! - Inocente! – mais um veredicto, acompanhado de um sorriso tinhoso do réu. Tum! - Inocente! A Corte está em recesso! Nos corredores apinhados de gente na Corte Criminal de Nova York em Manhattan, um advogado caminhava carregando sua pasta slim preta da Montblanc. Mantinha um sorriso vibrante no rosto após ganhar três ações criminais em sequência. Como advogado de defesa, o doutor Patrick Smith era brilhante e muito conhecido por atuar na área criminal da cidade de Nova York, especialmente defendendo a elite de Manhattan. Com o escritório próspero e cheio de clientes, o homem de olhos verdes, cabelos castanhos sempre bem aparados e rosto liso num barbear impecável estava ficando cada vez mais rico e tornando-se uma das pessoas mais importantes da cidade. A cada dia que passava, o doutor Smith se especializava mais, estudava mais e ficava mais amigo dos juízes da área criminal.
Em uma determinada noite, Patrick tinha um encontro com uma tal de Melissa Sanders. O advogado pesquisou o nome da garota na internet e entrou no perfil do F******k dela, como tinha feito com todas as outras garotas indicadas pelas agências de namoro. Ela era loira, magra e linda. Tinha olhos azuis e trajava roupas de marca. E era só essa a informação que ele conseguiu: o perfil dela estava liberado apenas para amigos. Patrick fez um pedido de amizade na rede social. Por alguns momentos, pensou que a loira poderia ser alguma filha de algum cara rico, o que era muito improvável pelo fato de ele estar procurando uma moça em uma agência de namoro. Ao ler a ficha de Melissa que a agência enviara, Patrick ficou sabendo que a loira se classificava como uma mulher tímida à procura de um amor verdadeiro. A foto não era grandes coisas, tinha uma franja torta e não estava sorrindo. A moça tinha intenções de casar e ter filhos, assim como Patrick. Procurava em um homem atenção, afeto e cumplici
- O que houve com você? Você está esquisito – disse uma linda mulher, exuberante, vestida com trajes sóbrios, os cabelos negros e encaracolados, a voz extremamente gentil, o sorriso cristalino. - Não é nada, Eve – disse Patrick, para a jovem Eveline. Já fazia uma semana que Patrick tinha levado um fora pela primeira vez. Ele não recebeu nenhuma notícia de Melissa e, com raiva, foi até a Alemanha aliviar o estresse e encontrar com uma antiga amiga de escola. Os dois estavam sentados em um bar que ficava em uma casa tradicional alemã, decorada com estruturas de madeira escura no teto, entrecruzadas em formato de X. Eles bebiam canecas enormes de cerveja e petiscavam alguma coisa. Havia uma terceira caneca na mesa, estavam esperando alguém voltar. - Não acredito que você veio com seu amigo até aqui para me falar que não aconteceu nada, Pep – disse Eveline, neutra, porém decisiva. - Eu te contei no telefone que eu estava conhecendo umas garotas na agência de namoro, certo? – disse Pat