- O que houve com você? Você está esquisito – disse uma linda mulher, exuberante, vestida com trajes sóbrios, os cabelos negros e encaracolados, a voz extremamente gentil, o sorriso cristalino. - Não é nada, Eve – disse Patrick, para a jovem Eveline. Já fazia uma semana que Patrick tinha levado um fora pela primeira vez. Ele não recebeu nenhuma notícia de Melissa e, com raiva, foi até a Alemanha aliviar o estresse e encontrar com uma antiga amiga de escola. Os dois estavam sentados em um bar que ficava em uma casa tradicional alemã, decorada com estruturas de madeira escura no teto, entrecruzadas em formato de X. Eles bebiam canecas enormes de cerveja e petiscavam alguma coisa. Havia uma terceira caneca na mesa, estavam esperando alguém voltar. - Não acredito que você veio com seu amigo até aqui para me falar que não aconteceu nada, Pep – disse Eveline, neutra, porém decisiva. - Eu te contei no telefone que eu estava conhecendo umas garotas na agência de namoro, certo? – disse Pat
“Uma hora ou outra, ela vai deixar o lenço cair” – pensou Patrick, lembrando dos ensinamentos de Eveline após uma longa conversa sobre técnicas de conquista. Já em Nova York, trancado em sua sala, Patrick andava de um lado para o outro em seu escritório de advocacia, com os braços cruzados, as mãos fechadas, os polegares batendo de leve no próprio queixo. E então, quando ele não aguentava mais esperar por algum sinal de abertura de Melissa, uma pequena notificação surgiu em seu celular e ele nem pôde perceber, quão estava cego por sua obsessão. Só no fim do dia, quando terminara de escrever uma defesa extremamente complicada de um cliente que havia cometido um assassinato à sangue frio, foi dar uma olhada no F******k e viu que Melissa havia deixado o lenço cair: aceitou o pedido de amizade de Patrick no F******k. Mal parou para celebrar, imediatamente, o advogado partiu para a fase dois de seu plano. No computador, Patrick mandou um simples “oi” para ela. Um “oi” seco, sem pontuação
Melissa deu graças pelo cavalo já estar com as ferraduras quando pegaram a via pavimentada. Após cavalgarem por alguns minutos, os dois chegaram ao hospital e rapidamente Patrick foi socorrido. Ao contrário do que Melissa pensou, o advogado tinha quebrado um dos dedos quando virou o pé no estribo ao tentar descer de um cavalo pela primeira vez na vida, sem aceitar ajuda. A loira havia saído do quarto onde Patrick estava para ir ao banheiro e pegar um café. Demorara um pouco e, ao voltar, viu que ele estava com a mão em uma das nádegas de uma das enfermeiras, que parecia bastante interessada nele. Puta de ódio, Melissa bateu a porta com violência na parede perpendicular a ela e limpou a garganta com um barulho alto, como se estivesse incomodando o momento deles. Patrick e a enfermeira deram um pulo de susto e ele se fingiu de besta. Envergonhada, a enfermeira pegou o prontuário e saiu do quarto, rapidamente. - E-eu posso explicar – ele gaguejou, já sentindo que tinha ferrado com tudo
Na casa principal do rancho, a porta azul da esquerda abriu-se, entrando uma Melissa e uma Kate cansadas da viagem. O senhor e a senhora Sanders receberam Melissa e Kate com felicidade quando, de repente, Melissa escutou uma voz masculina desconhecida. - Olá – disse a voz, jovem e extremamente sedutora. Melissa olhou na direção da mesa de jantar e viu um sujeito moreno de sol, alto, a barba bem-feita, com os olhos azuis e cabelos vermelhos como o fogo, um pouco crescidos além da conta, na altura do meio do pescoço. Era um tanto musculoso, porém sem exageros. No todo, aquele cara era extremamente atraente. Estranhamente, ele estava tirando a louça da mesa de jantar da família Sanders. “Quem diabos é esse cara?” – perguntou-se mentalmente, quando seu pai disse: - Ah, Melissa minha filha, conheça Ethan, ele é filho dos Williams. Está trabalhando no rancho conosco. - Na verdade, a gente se conhece, senhor Sanders – disse Ethan, e Melissa não fazia a menor ideia do que aquele cara esta
Um som de música clássica encheu o ambiente. Entre um arpejo e outro, duas flute de cristal bateram-se com leveza no ar. Melissa estava no escuro com as costas coladas na parede ao lado da porta da cozinha da cobertura em que Patrick morava, escutando atentamente o que acontecia na sala de jantar do seu noivo. Ela ouviu uma voz feminina dizer: - É lindo e cabe certinho em mim! Pep, seu doido! Um dia você vai acabar se enrolando e destruindo seu futuro casamento! - Ela vai ficar furiosa – disse Patrick, rindo-se debochadamente. - O que você vai dizer para ela? – disse a voz feminina. - Eu? Não vou dizer nada! Vou deixar ela se torturando por dias a fio, achando que perdeu a aliança – disse Patrick. - Se não é pela sua grana, eu não sei como ela ainda fica com você – disse a voz feminina, completando a frase com uma voz extremamente sensual –, seu monstro sujo! A loira não sabia dizer o que estava sentindo: trêmula da cabeça aos pés, na penumbra da cozinha, seus olhos vertiam lágri
O Cadillac vermelho seguiu na direção do Bar do Nick, que ficava no centro da cidade. Ethan guiou o veículo com muita prudência enquanto passavam pelas ruazinhas da cidade, que mais parecia uma cidade encantada saída direto de um livro de contos de fadas, com casinhas fofas feitas de biscoito e chocolate. O bar estava apinhado de gente do lado de fora quando os dois chegaram. Ethan estacionou o conversível barulhento e, logo, o casal começou a se misturar às pessoas na festa. O cowboy cumprimentava uma porção de gente no caminho e Melissa ficava sem graça, porque não lembrava de ninguém. E, por incrível que pareça, as pessoas lembravam-se dela. Ficou com medo de alguém mencionar a revista na qual saíra nua, mas, por sorte, todas as pessoas pareciam amigáveis e inofensivas. Até demais. Ao chegarem dentro do bar, os dois deram parabéns para Jack, o filho do velho Nick. A loira sentou-se na única cadeira disponível de uma mesa vazia, enquanto o cowboy ruivo seguiu na direção do bar, inf
Melissa estava ansiosa. Seus pés batiam freneticamente entre o Prada e o chão quadriculado de preto e branco dos corredores da Corte. Ela estava sentada numa cadeira ao lado de seu advogado, o doutor Felsberg, que folheava uma revista de advocacia em uma tranquilidade sem igual. O contraste entre os dois era nítido. A loira começou a pensar que talvez Patrick não chegasse, uma vez que ele estava atrasado para a audiência de conciliação. Talvez ele estivesse na Corte Penal trabalhando e não conseguiria chegar a tempo. Felsberg já tinha falado trezentas vezes para Melissa que, caso Patrick não aparecesse, simplesmente marcariam a audiência de instrução e julgamento, que aquela não era uma audiência muito essencial que as partes comparecessem caso não estivessem interessadas em fazer uma conciliação. E, realmente, se Patrick quisesse ferrar com a vida dela, ele não ia comparecer, afinal de contas, não devia estar interessada em conciliação alguma. Alguns minutos se arrastaram, que parec
- Por que não contou a eles? – questionou Melissa, séria. Eveline se adiantou para responder, quando Adam fez um gesto com a mão, pedindo gentilmente que ela não o fizesse. - Melissa – disse Adam, com a voz embargada. – Finalmente veio falar conosco. - Não enrole, Kernel – disse Melissa, irritada. – Você precisava informar essas pessoas de que elas passaram um perigo real. Por que não contou a eles? - Talvez você não tenha um entendimento igual ao que eu tenho, no momento que estou passando. Eu queria saber se eu tinha passado a doença para alguém. Eu não podia mais aguentar esse peso. Todos fizeram os testes e ficaram satisfeitos com o jantar, saíram felizes daqui achando que eu finalmente parei de organizar orgias e que vou começar uma nova família. O que há de errado nisso? Melissa percebeu que aquilo fazia algum sentido, mas, mesmo assim, não concordava. Porém, ficou em silêncio. Quando Eveline resolveu dizer: - Depois de tudo o que aconteceu, Melissa, hoje conseguimos provar