Melissa deu graças pelo cavalo já estar com as ferraduras quando pegaram a via pavimentada. Após cavalgarem por alguns minutos, os dois chegaram ao hospital e rapidamente Patrick foi socorrido. Ao contrário do que Melissa pensou, o advogado tinha quebrado um dos dedos quando virou o pé no estribo ao tentar descer de um cavalo pela primeira vez na vida, sem aceitar ajuda. A loira havia saído do quarto onde Patrick estava para ir ao banheiro e pegar um café. Demorara um pouco e, ao voltar, viu que ele estava com a mão em uma das nádegas de uma das enfermeiras, que parecia bastante interessada nele. Puta de ódio, Melissa bateu a porta com violência na parede perpendicular a ela e limpou a garganta com um barulho alto, como se estivesse incomodando o momento deles. Patrick e a enfermeira deram um pulo de susto e ele se fingiu de besta. Envergonhada, a enfermeira pegou o prontuário e saiu do quarto, rapidamente. - E-eu posso explicar – ele gaguejou, já sentindo que tinha ferrado com tudo
Na casa principal do rancho, a porta azul da esquerda abriu-se, entrando uma Melissa e uma Kate cansadas da viagem. O senhor e a senhora Sanders receberam Melissa e Kate com felicidade quando, de repente, Melissa escutou uma voz masculina desconhecida. - Olá – disse a voz, jovem e extremamente sedutora. Melissa olhou na direção da mesa de jantar e viu um sujeito moreno de sol, alto, a barba bem-feita, com os olhos azuis e cabelos vermelhos como o fogo, um pouco crescidos além da conta, na altura do meio do pescoço. Era um tanto musculoso, porém sem exageros. No todo, aquele cara era extremamente atraente. Estranhamente, ele estava tirando a louça da mesa de jantar da família Sanders. “Quem diabos é esse cara?” – perguntou-se mentalmente, quando seu pai disse: - Ah, Melissa minha filha, conheça Ethan, ele é filho dos Williams. Está trabalhando no rancho conosco. - Na verdade, a gente se conhece, senhor Sanders – disse Ethan, e Melissa não fazia a menor ideia do que aquele cara esta
Um som de música clássica encheu o ambiente. Entre um arpejo e outro, duas flute de cristal bateram-se com leveza no ar. Melissa estava no escuro com as costas coladas na parede ao lado da porta da cozinha da cobertura em que Patrick morava, escutando atentamente o que acontecia na sala de jantar do seu noivo. Ela ouviu uma voz feminina dizer: - É lindo e cabe certinho em mim! Pep, seu doido! Um dia você vai acabar se enrolando e destruindo seu futuro casamento! - Ela vai ficar furiosa – disse Patrick, rindo-se debochadamente. - O que você vai dizer para ela? – disse a voz feminina. - Eu? Não vou dizer nada! Vou deixar ela se torturando por dias a fio, achando que perdeu a aliança – disse Patrick. - Se não é pela sua grana, eu não sei como ela ainda fica com você – disse a voz feminina, completando a frase com uma voz extremamente sensual –, seu monstro sujo! A loira não sabia dizer o que estava sentindo: trêmula da cabeça aos pés, na penumbra da cozinha, seus olhos vertiam lágri
O Cadillac vermelho seguiu na direção do Bar do Nick, que ficava no centro da cidade. Ethan guiou o veículo com muita prudência enquanto passavam pelas ruazinhas da cidade, que mais parecia uma cidade encantada saída direto de um livro de contos de fadas, com casinhas fofas feitas de biscoito e chocolate. O bar estava apinhado de gente do lado de fora quando os dois chegaram. Ethan estacionou o conversível barulhento e, logo, o casal começou a se misturar às pessoas na festa. O cowboy cumprimentava uma porção de gente no caminho e Melissa ficava sem graça, porque não lembrava de ninguém. E, por incrível que pareça, as pessoas lembravam-se dela. Ficou com medo de alguém mencionar a revista na qual saíra nua, mas, por sorte, todas as pessoas pareciam amigáveis e inofensivas. Até demais. Ao chegarem dentro do bar, os dois deram parabéns para Jack, o filho do velho Nick. A loira sentou-se na única cadeira disponível de uma mesa vazia, enquanto o cowboy ruivo seguiu na direção do bar, inf
Melissa estava ansiosa. Seus pés batiam freneticamente entre o Prada e o chão quadriculado de preto e branco dos corredores da Corte. Ela estava sentada numa cadeira ao lado de seu advogado, o doutor Felsberg, que folheava uma revista de advocacia em uma tranquilidade sem igual. O contraste entre os dois era nítido. A loira começou a pensar que talvez Patrick não chegasse, uma vez que ele estava atrasado para a audiência de conciliação. Talvez ele estivesse na Corte Penal trabalhando e não conseguiria chegar a tempo. Felsberg já tinha falado trezentas vezes para Melissa que, caso Patrick não aparecesse, simplesmente marcariam a audiência de instrução e julgamento, que aquela não era uma audiência muito essencial que as partes comparecessem caso não estivessem interessadas em fazer uma conciliação. E, realmente, se Patrick quisesse ferrar com a vida dela, ele não ia comparecer, afinal de contas, não devia estar interessada em conciliação alguma. Alguns minutos se arrastaram, que parec
- Por que não contou a eles? – questionou Melissa, séria. Eveline se adiantou para responder, quando Adam fez um gesto com a mão, pedindo gentilmente que ela não o fizesse. - Melissa – disse Adam, com a voz embargada. – Finalmente veio falar conosco. - Não enrole, Kernel – disse Melissa, irritada. – Você precisava informar essas pessoas de que elas passaram um perigo real. Por que não contou a eles? - Talvez você não tenha um entendimento igual ao que eu tenho, no momento que estou passando. Eu queria saber se eu tinha passado a doença para alguém. Eu não podia mais aguentar esse peso. Todos fizeram os testes e ficaram satisfeitos com o jantar, saíram felizes daqui achando que eu finalmente parei de organizar orgias e que vou começar uma nova família. O que há de errado nisso? Melissa percebeu que aquilo fazia algum sentido, mas, mesmo assim, não concordava. Porém, ficou em silêncio. Quando Eveline resolveu dizer: - Depois de tudo o que aconteceu, Melissa, hoje conseguimos provar
Todos estavam vestidos de preto em volta de um caixão que descia gentilmente marcando o fim de uma jornada. Chovia bem fininho e as pessoas estavam com guarda-chuvas pretos. Muitas mulheres estavam presentes no enterro de Adam. Várias pessoas fizeram discursos vazios e os poucos que realmente se preocupavam com o senhor Kernel ficaram em silêncio, mal conseguiam falar alguma coisa. Aos poucos, todos foram embora, menos esses poucos que realmente gostavam de Adam e do que o publicitário tinha representado na vida de todos eles. Murray abraçava Eveline, que estava com um outro sujeito alto e bonito perto dela, com a mão repousada por cima da barriga da moça. Ela estava completamente desolada, chorando com um lenço na mão, completamente sujo de maquiagem. - Ele não podia ter feito isso comigo – ela dizia, inconsolavelmente. – Eu não autorizei a eutanásia. Foi tudo muito rápido! Eu não autorizei! - Fique calma, Eveline. Tenho certeza de que os médicos fizeram o que eles foram ordenados
Aquela semana havia passado rápido. Melissa estava, finalmente, sentada na cadeira em frente ao juiz, que estava instruindo a audiência do processo que Patrick ajuizara contra ela, pedindo danos morais por não ter casado com ele com intuito de conseguir obriga-la a se casar com ele. Não exatamente por causa disso, segundo suas alegações, mas era isso que ele queria, no fim das contas, pois seu aniversário de quarenta anos era naquele final de semana e ele queria que ela desistisse e casasse com ele de qualquer maneira, para que ele pudesse preencher os requisitos e receber a herança de sua falecida mãe. Patrick parecia bem à vontade por ser advogado atuando em causa própria. Por orgulho, discrição e autoconfiança, não utilizara nenhum recurso do pessoal do escritório para processar Melissa. Fizera, sozinho, uma peça brilhante que encantaria todos os seus professores, porém, a peça de defesa de Felsberg era, também, de um brilhantismo sem igual. Juntara todos os documentos necessários