- Não acredito que você namorou dois anos e não sabia que o Kernel é órfão! Kate parou de rir imediatamente, mas não por causa das brincadeiras de serem ela e Melissa duas caipiras. A ruiva levou as mãos à boca, chocada. Melissa manteve a seriedade e contou para a amiga sobre a ocasião em que foi até arquivo do orfanato e viu a pasta com as informações do senhor Kernel. E, então, o avião parou para a conexão que as levaria até a Califórnia. Com as malas de mão, ouvidos a postos e línguas afiadas, as amigas continuaram a conversa enquanto trocavam de voo. - Não acredito que ele namorou comigo por dois anos e não me contou que era órfão! - Também não acredito! – comentou Melissa, incrédula. – Eu não sabia se eu podia falar sobre isso com alguém. Na verdade, agora que eu me abri com você, eu me sinto melhor... - Maldito mentiroso! – disse Kate, com raiva. Logo depois, percebera a gravidade da situação. Seu rosto ficou mais sereno e piedoso. – Mas coitadinho dele, Mel! - Pois é, eu s
- E, afinal de contas, como que você decidiu ter um relacionamento aberto, já que você sentia tanto ciúme!? Kate olhou para Melissa, enigmática. O avião parou e precisavam descer. Após chegarem ao aeroporto, entraram em um ônibus que levava à pequena cidade de Carmel. As amigas sentaram em suas respectivas poltronas e voltaram a conversar. - Eu fiz um raciocínio lógico – disse Kate, respondendo à pergunta de Melissa. – Já no colégio, percebi que todos os caras ficavam com várias meninas ao mesmo tempo. Era algo comum, infelizmente. Você se lembra do Kevin, da escola? - Sim, lembro. Aquele que você pegou te traindo com a líder de torcida – respondeu Melissa. - Aquela foi minha primeira decepção. Depois daquilo, resolvi não me envolver emocionalmente com mais ninguém. Fiquei triste e arrasada, sabe, triste mesmo. Fora a vergonha que eu passei na frente de toda a escola. O tempo passou e, obviamente, me envolvi com mais alguns garotos, porém eu ficava com eles todos ao mesmo tempo. E
Tum! Escutou-se uma batida de um martelo na mesa. - Inocente! – disse o juiz, dando o veredicto. Tum! - Inocente! – mais um veredicto, acompanhado de um sorriso tinhoso do réu. Tum! - Inocente! A Corte está em recesso! Nos corredores apinhados de gente na Corte Criminal de Nova York em Manhattan, um advogado caminhava carregando sua pasta slim preta da Montblanc. Mantinha um sorriso vibrante no rosto após ganhar três ações criminais em sequência. Como advogado de defesa, o doutor Patrick Smith era brilhante e muito conhecido por atuar na área criminal da cidade de Nova York, especialmente defendendo a elite de Manhattan. Com o escritório próspero e cheio de clientes, o homem de olhos verdes, cabelos castanhos sempre bem aparados e rosto liso num barbear impecável estava ficando cada vez mais rico e tornando-se uma das pessoas mais importantes da cidade. A cada dia que passava, o doutor Smith se especializava mais, estudava mais e ficava mais amigo dos juízes da área criminal.
Em uma determinada noite, Patrick tinha um encontro com uma tal de Melissa Sanders. O advogado pesquisou o nome da garota na internet e entrou no perfil do F******k dela, como tinha feito com todas as outras garotas indicadas pelas agências de namoro. Ela era loira, magra e linda. Tinha olhos azuis e trajava roupas de marca. E era só essa a informação que ele conseguiu: o perfil dela estava liberado apenas para amigos. Patrick fez um pedido de amizade na rede social. Por alguns momentos, pensou que a loira poderia ser alguma filha de algum cara rico, o que era muito improvável pelo fato de ele estar procurando uma moça em uma agência de namoro. Ao ler a ficha de Melissa que a agência enviara, Patrick ficou sabendo que a loira se classificava como uma mulher tímida à procura de um amor verdadeiro. A foto não era grandes coisas, tinha uma franja torta e não estava sorrindo. A moça tinha intenções de casar e ter filhos, assim como Patrick. Procurava em um homem atenção, afeto e cumplici
- O que houve com você? Você está esquisito – disse uma linda mulher, exuberante, vestida com trajes sóbrios, os cabelos negros e encaracolados, a voz extremamente gentil, o sorriso cristalino. - Não é nada, Eve – disse Patrick, para a jovem Eveline. Já fazia uma semana que Patrick tinha levado um fora pela primeira vez. Ele não recebeu nenhuma notícia de Melissa e, com raiva, foi até a Alemanha aliviar o estresse e encontrar com uma antiga amiga de escola. Os dois estavam sentados em um bar que ficava em uma casa tradicional alemã, decorada com estruturas de madeira escura no teto, entrecruzadas em formato de X. Eles bebiam canecas enormes de cerveja e petiscavam alguma coisa. Havia uma terceira caneca na mesa, estavam esperando alguém voltar. - Não acredito que você veio com seu amigo até aqui para me falar que não aconteceu nada, Pep – disse Eveline, neutra, porém decisiva. - Eu te contei no telefone que eu estava conhecendo umas garotas na agência de namoro, certo? – disse Pat
“Uma hora ou outra, ela vai deixar o lenço cair” – pensou Patrick, lembrando dos ensinamentos de Eveline após uma longa conversa sobre técnicas de conquista. Já em Nova York, trancado em sua sala, Patrick andava de um lado para o outro em seu escritório de advocacia, com os braços cruzados, as mãos fechadas, os polegares batendo de leve no próprio queixo. E então, quando ele não aguentava mais esperar por algum sinal de abertura de Melissa, uma pequena notificação surgiu em seu celular e ele nem pôde perceber, quão estava cego por sua obsessão. Só no fim do dia, quando terminara de escrever uma defesa extremamente complicada de um cliente que havia cometido um assassinato à sangue frio, foi dar uma olhada no F******k e viu que Melissa havia deixado o lenço cair: aceitou o pedido de amizade de Patrick no F******k. Mal parou para celebrar, imediatamente, o advogado partiu para a fase dois de seu plano. No computador, Patrick mandou um simples “oi” para ela. Um “oi” seco, sem pontuação
Melissa deu graças pelo cavalo já estar com as ferraduras quando pegaram a via pavimentada. Após cavalgarem por alguns minutos, os dois chegaram ao hospital e rapidamente Patrick foi socorrido. Ao contrário do que Melissa pensou, o advogado tinha quebrado um dos dedos quando virou o pé no estribo ao tentar descer de um cavalo pela primeira vez na vida, sem aceitar ajuda. A loira havia saído do quarto onde Patrick estava para ir ao banheiro e pegar um café. Demorara um pouco e, ao voltar, viu que ele estava com a mão em uma das nádegas de uma das enfermeiras, que parecia bastante interessada nele. Puta de ódio, Melissa bateu a porta com violência na parede perpendicular a ela e limpou a garganta com um barulho alto, como se estivesse incomodando o momento deles. Patrick e a enfermeira deram um pulo de susto e ele se fingiu de besta. Envergonhada, a enfermeira pegou o prontuário e saiu do quarto, rapidamente. - E-eu posso explicar – ele gaguejou, já sentindo que tinha ferrado com tudo
Na casa principal do rancho, a porta azul da esquerda abriu-se, entrando uma Melissa e uma Kate cansadas da viagem. O senhor e a senhora Sanders receberam Melissa e Kate com felicidade quando, de repente, Melissa escutou uma voz masculina desconhecida. - Olá – disse a voz, jovem e extremamente sedutora. Melissa olhou na direção da mesa de jantar e viu um sujeito moreno de sol, alto, a barba bem-feita, com os olhos azuis e cabelos vermelhos como o fogo, um pouco crescidos além da conta, na altura do meio do pescoço. Era um tanto musculoso, porém sem exageros. No todo, aquele cara era extremamente atraente. Estranhamente, ele estava tirando a louça da mesa de jantar da família Sanders. “Quem diabos é esse cara?” – perguntou-se mentalmente, quando seu pai disse: - Ah, Melissa minha filha, conheça Ethan, ele é filho dos Williams. Está trabalhando no rancho conosco. - Na verdade, a gente se conhece, senhor Sanders – disse Ethan, e Melissa não fazia a menor ideia do que aquele cara esta