Estar ao lado de Jean trazia uma sensação de conforto indescritível, como se eu fosse envolvida por uma brisa suave e acolhedora.— Eu te amo, e isso já é razão suficiente para você merecer o meu amor. — Disse ele.Essas palavras fizeram meu coração inflar. Uma autoconfiança inexplicável tomou conta de mim. Nossos olhares se cruzaram por alguns instantes, e, constrangida, acabei desviando o olhar, piscando rapidamente.— Mas eu não sou ninguém agora… — Confessei em voz baixa.Embora estivesse começando a trabalhar em um novo projeto, a doença da minha avó e os cuidados com meu filho pequeno me obrigariam a colocar novamente meus planos profissionais em pausa.— Você criou o nosso filho sozinha. Isso já é algo enorme. Não se pressione tanto. Além disso, com o seu talento, retomar sua carreira é só uma questão de tempo. — Jean respondeu, com firmeza.Sorri para ele, um pouco mais aliviada.— Você confia tanto assim em mim?— Claro que sim. — Jean virou-se para mim e segurou minhas mãos e
Levantei-me para responder ao brinde e, ao olhar para Jean, sorri antes de dizer:— Nestes dois anos, vocês, com certeza, também tiveram que se preocupar muito com ele. Obrigada por tudo.— Não foi nada. — Pablo respondeu com seu típico bom humor. — Ele não nos torturou tanto assim. Toda a pressão foi para os funcionários dele. Dois anos inteiros funcionando como uma máquina, sem parar um segundo. Quando você for beber com o pessoal da empresa dele, vai precisar levantar um brinde em nome de todos eles.Olhei para Jean e senti meu coração apertar. Bela já tinha mencionado algo assim antes, mas ouvir isso de seus amigos agora fazia tudo parecer ainda mais doloroso. Minha tentativa de protegê-lo, de afastá-lo em nome de um "bem maior", acabou sendo o que mais o machucou.Mesmo assim, ele nunca reclamou. Continuou me amando como sempre, sem nenhuma mágoa, sem nenhum ressentimento. Uma onda de emoção passou por mim, e, sem pensar, peguei a garrafa de vinho e enchi nossos dois copos.Jean f
— E daí? Fazer amor com minha esposa não precisa de hora marcada. — Jean respondeu com um sorriso antes de me beijar.Virei o rosto, desconfortável.— Que cheiro forte de álcool…Ele parou e cheirou a si mesmo. Parecia também não estar satisfeito. Eu pensei que ele já estivesse impaciente, mas, para minha surpresa, ele segurou minha mão e me puxou para levantar.— Vamos, precisamos nos lavar.Apesar de seu jeito descontraído, percebi que ele também tinha suas preocupações. Não queria que nossa primeira vez juntos, depois de dois anos, fosse marcada por uma má impressão.Ele tentou me pegar no colo, mas eu, temendo que ele pudesse perder o equilíbrio, resisti. Entre brincadeiras e empurrões, Jean acabou me pegando no colo de qualquer maneira, me segurando como se eu não pesasse nada.— Já disse que não estou bêbado… — Ele murmurou, rindo.Eu sabia que não tinha como escapar daquela tarde, então suspirei e lembrei a ele:— Nosso filho ainda está no hospital. Tia Julia está cuidando dele.
Dizia que o casamento era o túmulo do amor, mas ainda era melhor ser enterrado com dignidade do que apodrecer ao relento. Depois de mais de dois meses de trabalho árduo, finalmente terminei de costurar, com minhas próprias mãos, o meu vestido de noiva.Sob a luz do abajur, ele parecia tão branco e elegante, brilhando com um esplendor indescritível. Uma verdadeira obra-prima.Eu já podia me imaginar, em poucos dias, caminhando pelo corredor vestida de noiva, em direção ao homem que amava. Só de pensar nisso, eu quase sorria nos meus sonhos. Dos 19 aos 25 anos, foram seis longos anos de amor. Finalmente, meu relacionamento seria "enterrado" no altar.Mas, ao acordar certa manhã, tudo desmoronou. Todos os meus sonhos se transformaram em pó.— Kiara, o Sr. Davi veio ao ateliê esta manhã para buscar o vestido. Ele o levou para casa? — Perguntou minha assistente, Tatiana, ao telefone, com a voz cheia de curiosidade.Eu tinha acabado de acordar e ainda estava meio grogue. Ao ouvir aquilo, fra
Achei que Davi ficaria furioso, que me acusaria de estar exigindo demais. Mas, para minha surpresa, ele apenas fez uma breve pausa antes de responder:— Certo, nos vemos à noite.Há três anos, nós dois fundamos uma marca de roupas chamada Lustre & Gala, que hoje é um verdadeiro sucesso.Na época, Davi entrou com o capital, e eu entrei com a expertise criativa, como sócia técnica. Agora, a empresa está avaliada em centenas de milhões, pronta para abrir capital na bolsa. O futuro é promissor. Mas, para ficar com Clara, ele está disposto a me entregar tudo. Parece que isso é o que chamam de amor verdadeiro, não é?Olhei para a casa abarrotada de itens do casamento e senti um nojo que me corroía. Tudo parecia tão ofensivo aos meus olhos que, por um instante, desejei tacar fogo em tudo. Chamei uma equipe de mudanças e dei ordens claras: que empacotassem tudo que fosse relacionado a Davi e levassem embora.Graças a Deus! Ainda bem que eu sempre insisti em esperar pela noite de núpcias para c
Quando terminei de falar, joguei o contrato com força no rosto de Davi e me levantei, apontando a porta:— Quero descansar. Vocês podem ir embora. E, por favor, levem todo o lixo de vocês com vocês.Inacreditável. Eu gostava desse homem desde os 16 anos. Foram oito anos de sentimentos e seis anos de relacionamento. Como só hoje consegui enxergar o verdadeiro caráter dele?Na verdade, deveria até agradecer à Clara. Se não fosse ela, eu teria me casado com um homem tão nojento e hipócrita. Minha vida teria sido um verdadeiro inferno.Eduarda, indignada com minhas palavras, levantou-se apressada, dizendo com raiva:— Kiara, esse é o seu problema. Você é muito explosiva! Olhe para Clara. Ela é doce, educada e sempre me trata com respeito...Segurei o riso e o desprezo que subiam em minha garganta. Nesse instante, vi meu cachorro passando pela sala. Puxei os lábios em um sorriso e chamei:— Higger, pega eles!— Au! Au! Au! — Higger, obediente, correu em direção a eles, latindo ferozmente.—
Davi permaneceu imóvel, sem dizer uma palavra.Isabela, no entanto, ergueu a voz e disse com satisfação:— Finalmente você falou algo sensato, Kiara. Afinal, são da mesma família. Não é natural que a irmã mais velha ceda para a mais nova? Considere isso como um presente de casamento para sua irmã.Ri com desdém e, em seguida, olhei para minha madrasta com um sorriso súbito e gentil:— Nesse caso, acho que ainda falta eu oferecer mais um presente.— Que presente? — Isabela perguntou, desconfiada.— Um caixão. Para colocar no altar da cerimônia de casamento.— Kiara! — Isabela ficou lívida de raiva, com o rosto tremendo de indignação, mas não conseguiu dizer mais nada.Com calma, mas com sarcasmo evidente, continuei a sorrir:— Dizem que, antigamente, em certas culturas da China, as famílias incluíam um caixão no enxoval da noiva, para simbolizar a despedida da casa dos pais. Não é uma tradição linda? Claro, não somos chineses, mas, como irmã mais velha, achei que seria um presente de ca
Eu soltei uma risada irônica, tentando controlar a raiva que fervia dentro de mim. Olhei para o movimento desordenado da rua por alguns segundos, até sentir minha mente esfriar. Quando finalmente me virei para ele, a voz saiu carregada de sarcasmo:— Davi, eu não sou uma lixeira. Não importa o quanto eu tenha te amado ou o quanto fiz por você. No momento em que você escolheu me trair, perdeu o direito ao meu amor.Virei-me para ir embora, mas, incapaz de me conter, voltei a apontar para ele e acrescentei:— Mesmo que não sobrasse nenhum homem no mundo, eu não olharia para você de novo. Você me dá nojo.Talvez minha atitude decidida tenha ferido algo dentro dele, porque Davi deu um passo em minha direção e segurou meu braço. Sua voz, antes tão confiante, agora estava embargada de súplica:— Kiara, eu ainda te amo. Esses seis anos juntos foram os melhores da minha vida. Eu nunca vou esquecer o que vivemos. Mas… a Clara está morrendo. Ela é tão... tão miserável, tão vulnerável. Tudo o que