— Vamos tirar algumas fotos! — Falei, determinada. — Assim, quando eu sentir muito a sua falta, posso olhar as fotos para matar a saudade.Jean franziu a testa, claramente irritado:— Não quero tirar fotos.— Ah, vamos lá! — Insisti, ajustando o celular. — Quando você estava viajando para Milão, Emilia tentou me provocar. Ela colocou o celular dela bem na minha frente, e sabe o que vi? A tela de bloqueio era uma foto sua! Por que ela pode ter fotos suas e eu, sua namorada oficial, não? Isso é injusto! Hoje eu vou tirar várias, de todos os ângulos possíveis!Enquanto explicava, cheia de indignação, puxei-o pelo braço para ajustar o enquadramento da câmera.Jean continuou me encarando, sério, com uma intensidade que fazia meu coração vacilar. Eu podia sentir sua respiração quente tão próxima. Mas, mesmo assim, ele não perdeu a oportunidade de me lembrar cruelmente:— Você não é mais minha namorada. Agora é minha ex.— Ex-namorada e daí? — Retruquei, sem me abalar. — Emilia me provocou aq
Foi a primeira vez na vida que fiquei doente a ponto de precisar ser hospitalizada. Bela, como sempre eficiente, cuidou de toda a papelada para minha internação e me acompanhou até o quarto.No entanto, o destino parecia ter um senso de humor cruel. No corredor a caminho do meu quarto, quem eu encontrei? A antiga rival, Emilia.Ela carregava um recipiente térmico, provavelmente trazendo comida para alguém. Quando me viu, ficou visivelmente surpresa, mas logo abriu um sorriso malicioso.— Kiara? O que aconteceu com você? — Sua voz era doce, mas cheia de sarcasmo. — Foi o coração partido que te deixou assim? Ficou tão mal que acabou no hospital?Revirei os olhos, cansada demais para responder, e passei direto por ela. Não ia perder meu tempo. Mas Emilia, obviamente, não ia deixar passar a chance de me provocar. Ela deu meia-volta e me seguiu, como uma sombra desagradável.— Você e o Jean são mesmo um casal inesquecível. Ele também ficou doente esses dias. Mas, diferentemente de você, est
Depois de ficar imóvel, perdida em meus pensamentos por um momento, levantei a mão e chamei um táxi para voltar para casa.No caminho, liguei para Bela.— Você teve alta? — Bela perguntou, incrédula, com um tom de irritação. — Você ainda não está completamente recuperada! Por que teve tanta pressa para sair do hospital?— Estou bem. Vou descansar em casa, é a mesma coisa. — Respondi calmamente. — Você está ocupada hoje. Não queria te incomodar mais.Ela resmungou algo, claramente insatisfeita, mas não forçou a barra.Na verdade, foi exatamente porque Bela estava correndo para cima e para baixo nos últimos dias que decidi sair mais cedo. Todos estavam ocupados com suas próprias vidas. Mesmo sendo amigos, eu não queria ser um incômodo constante.Nos últimos meses, tive Jean ao meu lado. Ele cuidava de mim com tanta atenção, com um carinho que eu nunca havia experimentado antes. Aqueles dias foram os mais felizes da minha vida.Mas agora que ele se foi, a solidão parecia ainda maior do qu
— O que você quer dizer com isso? Está me insultando? — A mulher ficou visivelmente ofendida, revirando os olhos. — Eu, pelo menos, tenho noção do meu lugar!Sorri friamente e respondi:— De fato, a família Auth não é uma casa que qualquer ricaço pode alcançar. E você… bem, claramente não está à altura.Deixei essas palavras no ar e me virei para sair, mas ouvi seus passos nervosos me seguindo.Ela me alcançou no corredor e, cheia de raiva, bloqueou meu caminho:— Kiara, o que você quis dizer com isso? Você não tem noção? Sabe muito bem quem você é, e ainda tem coragem de me menosprezar?Suspirei, tentando manter a calma.— Foi você quem começou, tentando me provocar. Mas não aguenta ouvir a verdade? Qual é o sentido disso? — Falei em um tom frio. — E sobre quem eu sou ou não sou, não cabe a você julgar. Além do mais, mesmo que eu não fosse uma pessoa exemplar, pelo menos tive algo com o Jean. E você? Alguma vez teve?— Você… — Ela ficou vermelha de raiva, mas não encontrou palavras.F
A outra mulher imediatamente deu um passo à frente, apressando-se em se desculpar:— Sr. Jean, desculpe-nos… Estávamos apenas brincando, mas passamos do limite. Perdão!Jean lançou um olhar indiferente na minha direção, apontando levemente com o queixo:— Peçam desculpas a ela.A mulher se virou rapidamente para mim, curvando-se ligeiramente:— Srta. Kiara, desculpe-nos. Foi tudo um mal-entendido.Ela então cutucou sua amiga ao lado, incentivando-a a fazer o mesmo. A outra mulher, ainda relutante, engoliu seu orgulho e murmurou:— Srta. Kiara, desculpe-me.Jean finalmente soltou o pulso da mulher, e as duas saíram correndo, tão rápido quanto podiam, quase tropeçando uma na outra.Agora, sozinha com Jean, fiquei paralisada. Meu coração disparou, e minha mente ficou em branco, cheia de um zumbido constante. Não sabia o que dizer ou como reagir.Demorei alguns segundos para recuperar a clareza dos pensamentos. Quando finalmente consegui juntar palavras, olhei para ele e comecei a falar:—
— Não bebeu nada hoje à noite? — Jean perguntou.— Não...Eu respondi, mas logo fiquei paralisada. Em questão de segundos, entendi o motivo da pergunta.— Você veio aqui porque estava preocupado que eu tivesse bebido demais e ficado bêbada, não é? Por isso apareceu de madrugada?Se não fosse isso, ele não teria feito essa pergunta. Isso também significava que ele não tinha ficado muito tempo no restaurante. Ou, se ficou, não se deu ao trabalho de perguntar sobre mim. Talvez tenha sido apenas uma coincidência.Mas o fato de ele ter aparecido aqui, tão tarde, não deixava dúvidas:Ele estava preocupado comigo. Ele não conseguia me tirar da cabeça.Nós dois ficamos nos olhando em silêncio. Eu esperava por uma resposta, mas Jean permaneceu calado.A noite estava fria, e eu não tinha vestido o suficiente. Comecei a tremer levemente. Pensei em sugerir que subíssemos para conversar, mas antes que eu dissesse qualquer coisa, ele repentinamente se virou e começou a caminhar em direção ao carro q
Assim que atendi a ligação, ouvi a voz de Isabela do outro lado, tomada pelo desespero e pela súplica.No meu coração, desconfiança. Sem demonstrar muita emoção, perguntei:— Onde vocês estão? Ele não foi levado pela polícia de novo para ser interrogado sobre o caso da família Castro?— Ele está muito doente. A polícia só o interrogou e deixou ele voltar pra casa. — Respondeu Isabela, com a voz trêmula.— E como ele foi parar na UTI se já estava no hospital?— Ah... — Isabela deixou escapar um soluço, quase choramingando. — Foi por causa do Tiago! Davi, aquele desgraçado, armou pra cima do Tiago, destruiu a vida dele...Eu entendi na hora. Tiago tinha sido preso, acusado de espionagem. Não era um caso qualquer. Carlos, com seu único filho nessa situação, certamente estava tentando de tudo para encontrar alguém que pudesse ajudá-lo. Mas a família Mendes estava falida e desacreditada. Quem ainda daria atenção a eles?Provavelmente, depois de tantas portas fechadas e rejeições, ele tinha
— Sr. Lucas, não sei se estou entendendo errado, mas a sua preocupação comigo parece ir além de uma relação comum entre colegas de trabalho. — Eu o encarei com um olhar educado e formal.Lucas ficou surpreso, claramente desconcertado. Depois de alguns segundos, ele levou a mão ao nariz, um gesto que não deixava dúvidas de seu nervosismo.— Eu realmente admiro você. — Ele respondeu, após uma breve pausa. — E você sabe que eu não sou preso a esses conceitos tradicionais. Não me importo com o fato de você já ter sido casada ou de ter namorado antes.Por dentro, senti uma pontada desconfortável. Não esperava que ele fosse tão direto.— Agradeço pela sua admiração, mas, depois de tudo o que passei, realmente não tenho mais expectativas em relação a relacionamentos. — Sorri, mas foi um sorriso amargo. Eu queria deixar claro para ele, sem dar margem para mal-entendidos.— Kiara, eu não sou como eles. Meus pais vivem no exterior, estão divorciados há anos e cada um segue sua vida, sem nunca in