— Seu irmão levou ele para o jardim do seu avô, para conhecer o bisavô. — Expliquei.— Ué, e por que você não foi junto?— Fiquei com medo de irritar o Mestre Auth. — Admiti, sorrindo sem jeito. — Afinal, eu escondi de vocês que tive o filho.Ao mencionar isso, segurei a mão de Amélia e perguntei diretamente:— Você sabe o que seus pais realmente pensam sobre isso? Para ser sincera, estou bem apreensiva. Mas sua mãe parece estar sendo… gentil demais comigo.— Ah, Kiara, que preocupação boba! — Amélia deu uma risada e, com um leve tapa na minha mão, me puxou para sentarmos em um banco no jardim. — Você não faz ideia do que aconteceu nesses dois anos.Curiosa, fiquei em silêncio, esperando que ela continuasse.— Desde que você foi embora, meu irmão virou um maníaco por trabalho. Sete dias por semana, vinte e quatro horas por dia. Ele só pensava em trabalhar! — Amélia começou, gesticulando com empolgação. — E aí teve a Emilia. Você lembra dela, né? Pois então, ela começou a perseguir meu
Amélia me puxou sem dar a menor chance de recusar, e antes que eu percebesse, já estávamos no pequeno jardim.Jean estava parado na porta e, ao me ver, acenou com a mão:— O vovô quer falar com você. Ele tem algo para dizer.Caminhei até ele, mas antes que eu abrisse a boca, Amélia perguntou:— Mano, onde está o meu sobrinho?— Está com o vovô. — Jean respondeu com calma.Amélia imediatamente acelerou o passo e entrou na casa. Eu e Jean ficamos lado a lado, caminhando um pouco atrás.— O que o vovô quer falar comigo? Ele está bravo? — Perguntei em voz baixa, com certa preocupação.— Fica tranquila, ele não está bravo. Na verdade, ele adorou o Saulinho. Quando o Saulinho o chamou de “bisa”, ele ficou tão emocionado que não cabia em si de felicidade! — Jean respondeu, tentando me tranquilizar.Quando ele se virou para mim e sorriu, seus olhos brilharam. Era como se pequenas estrelas tivessem se alojado em suas íris.Aquela expressão tão familiar trouxe à tona memórias do passado, de quan
Eu sorri levemente após ouvir Amélia, mas não sabia como responder.— Mas agora está tudo bem. A casa finalmente ficou mais animada. — Amélia continuou, inclinando-se ligeiramente e me cutucando com o cotovelo. — Por que você não fica? Não vá embora. Meu irmão está esperando por você há tanto tempo. Além de você, ele não quer mais ninguém.Meu rosto esquentou imediatamente. Não esperava que a conversa fosse parar nesse ponto. Levantei os olhos discretamente para Jean, que estava sentado bem à minha frente. Para minha surpresa, ele também estava me olhando.Nossos olhares se encontraram por um breve momento, e meu coração acelerou. Senti uma confusão de emoções, mas rapidamente desviei o olhar e fingi estar concentrada na comida.Depois do almoço, Saulinho começou a esfregar os olhos. Ele estava claramente cansado. Afinal, tínhamos saído cedo, e ele passou a manhã inteira brincando e conhecendo pessoas.Inclinei-me para Jean e disse baixinho:— Ele está com sono. Vou levá-lo para casa p
O clima dentro do carro estava estranhamente sufocante. Nenhum de nós disse uma palavra, e o silêncio era preenchido apenas pela respiração tranquila e ritmada de Saulinho, que dormia profundamente no colo de Jean. Parecia que, nos braços do pai, o sono era ainda mais confortável.Depois de pouco mais de meia hora, o carro parou em frente ao prédio de Nina. Eu desci primeiro e me preparei para pegar Saulinho, mas Jean balançou a cabeça e recusou.— Ele está pesado. Eu levo ele lá para cima.— Não precisa, sério. Eu consigo. — Respondi, tentando recusar.Era plena luz do dia, e eu sabia que Nina provavelmente estava no trabalho. Se Jean subisse comigo, ficaríamos sozinhos no apartamento, apenas nós dois e meu filho dormindo. A lembrança da breve tensão no carro ainda estava viva na minha mente, e eu não conseguia me livrar da sensação estranha de que algo estava prestes a acontecer.Eu não queria que nossos encontros fossem definidos por impulsos ou emoções confusas. Ainda não sabia com
— O que foi...? — Minha voz saiu trêmula, quase gaguejando.Jean manteve o silêncio. Sua expressão era calma, mas nos olhos havia algo oculto: uma mistura de insatisfação e raiva contida. Ele continuava se aproximando, e eu, por reflexo, dava passos para trás.No entanto, sua mão segurava meu braço, e eu não conseguia me afastar muito. Ainda estava dentro do alcance dele.— O que você está fazendo? Se tem algo a dizer, diga logo. Não precisa me puxar assim. — Tentei soar firme, mas minha voz traiu meu nervosismo.Ele não respondeu. Apenas me encarava com aquele olhar frio e intenso, enquanto avançava mais um passo. Eu recuava automaticamente, até que minhas costas finalmente encontraram a parede. Agora, sem espaço para onde fugir, fiquei completamente presa. Meu coração disparou, e o calor subiu para o rosto.— Por que parou? Continue recuando. — Ele finalmente falou, com uma voz carregada de sarcasmo e provocação.O tom dele era como o de um predador brincando com sua presa, calmo e c
Eu quase ri da situação, mas minha voz saiu carregada de sarcasmo:— Compensar o quê? Você não deixou de aproveitar o prazer enquanto estávamos juntos, não é?As palavras escaparam antes que eu pudesse pensar. Quando vi Jean levantar uma sobrancelha, com um olhar claramente surpreso e intrigado, percebi o quão atrevido havia sido o comentário.— Eu… O que eu quis dizer foi… — Tentei me corrigir, desviando os olhos, mas ele me interrompeu com sua voz grave e baixa:— Então eu quero reviver aquele tipo de prazer.Meu cérebro deu um curto-circuito. Eu devo ter ouvido errado.— O… o quê? — Gaguejei, meus olhos arregalados.“Ele não pode estar falando sério! A luz do dia, com meu filho dormindo aqui do lado, e ele fala uma coisa dessas?”— Eu disse… — Jean inclinou os ombros e aproximou seu rosto ainda mais do meu. Seus olhos estavam carregados de algo que eu não queria sequer nomear. — Eu quero reviver aquele prazer. Ouviu bem agora?Meu coração disparou, e meu corpo inteiro ficou tenso. A
Fiquei ali parada, em completo estado de confusão, tentando processar tudo. Só então percebi que o Jean de agora não era o mesmo de antes. Ele havia mudado. Tornou-se mais difícil de compreender, mais direto, mais imprevisível.Respirei fundo, tentando me recompor. Olhei para o quarto, onde Saulinho ainda dormia profundamente, e ajeitei minha roupa antes de sair.Jean estava no terraço, com o vento bagunçando levemente seu cabelo. Ele parecia estar pensando em algo, talvez tentando se acalmar. Higger estava ao seu lado, andando ao redor dele com o rabo balançando animadamente.Hesitei por um momento, mas acabei me aproximando devagar.— Kiara, vamos nos casar. — Ele disse de repente, sem sequer se virar para me olhar. Sua voz era firme, direta, sem rodeios.Meu coração disparou. Fiquei completamente surpresa, olhando para a figura alta e imponente dele, sem saber como reagir.“Ele só pode estar brincando...”Finalmente, ele virou-se para mim. Seus olhos estavam calmos, mas carregavam u
Jean olhou para mim e, ao perceber minha expressão descrente, riu.— O que foi? Não acredita no poder de encantamento do seu filho?— Você está dizendo que eu… que eu “mãe pelo filho”? — Perguntei hesitante, um tanto desconfortável com a ideia.— Um pouco. — Ele respondeu, com um sorriso provocador.Fiquei sem palavras, sentindo-me ligeiramente embaraçada. Isso nunca foi minha intenção.— Sua família não acha que eu tive o filho de propósito para usá-lo como uma forma de pressão, acha? — Perguntei, preocupada. Se fosse esse o caso, seria uma grande mal-entendido, e eu precisava esclarecer isso.Jean balançou a cabeça com leveza, seu tom carregado de uma calma que quase beirava a exasperação.— Kiara, você está sendo sensível demais. Se você quisesse usar o filho para conseguir algo, teria feito isso quando descobriu que estava grávida. Ou, no máximo, logo depois que ele nasceu. Assim, você não precisaria ter passado por tudo sozinha nesses dois anos.Suas palavras me deram um alívio im