Era o típico caso de “vilão contra vilão”.— Também acho. Mas você sabe como a Clara é. Depois que a raiva passa, ela começa a se fazer de vítima. Dá uns chorinhos estrategicamente calculados e, em minutos, consegue colocar o homem na palma da mão de novo. — Bela comentou, com a segurança de quem conhecia bem esse tipo de pessoa.— Que seja. Melhor ainda se eles ficarem juntos para sempre. — Falei, com toda sinceridade.Bela me lançou um olhar desconfiado, como se testasse minha firmeza:— Tem certeza? E se o Davi vier atrás de você, arrependido, pedindo uma segunda chance? Você consegue resistir?Endireitei a postura e respondi com firmeza:— É claro que sim! Depois de tudo o que ele fez, se eu ainda aceitasse voltar com ele, seria motivo de piada. As pessoas iam dizer que eu estou tão desesperada por um homem que não tenho nenhuma dignidade. E outra… você mesma disse, ele não está atrás de mim por amor. Ele só percebeu que, comparada à Clara, eu ainda tenho alguma utilidade. Principa
— Eu moro sozinha, posso morar em qualquer lugar. Aquela casa me dá nojo. — Fiz questão de falar de forma cruel, deixando claro o quanto desprezava a mansão.Mas, no fundo, tudo naquela casa tinha sido escolhido e decorado por mim com o maior cuidado. Eu adorava cada detalhe. No entanto, agora, nada era mais importante para mim do que o bracelete de jade que minha mãe deixou.— Tudo bem. Quanto você quer? — Davi perguntou, sem rodeios.— Oito milhões.A verdade é que o valor da reforma e dos móveis deveria considerar a depreciação, mas eu não estava interessada em ser justa. Ele me magoou primeiro, por que eu deveria pensar no bem dele?— Eu te dou quinze milhões. Amanhã à tarde podemos ir resolver a transferência. Mas você não precisa se preocupar em sair da casa imediatamente. Fique o tempo que quiser. — Ele respondeu, generoso, me surpreendendo.— Eu quero só os oito. Nem um centavo a mais. E vou sair o quanto antes.Não queria aceitar mais dinheiro dele. Isso me deixaria inquieta.
— Por hoje, chega. Vai lá cuidar dela, eu vou embora.Antes mesmo de terminar a frase, me levantei e saí pela outra entrada do salão de atendimento.Mas, mesmo tentando evitar confusão, Clara não parecia disposta a me deixar em paz:— Kiara! Para aí mesmo! Roubando o marido dos outros e ainda quer fugir? — O grito estridente de Clara ecoou pelo salão, chamando a atenção de todos. As pessoas, assustadas, levantaram a cabeça e começaram a olhar ao redor, curiosas.— Se tem coragem, vem me pegar! — Respondi com um sorriso irônico, acenando de longe, em clara provocação.— Kiara! — Clara ficou ainda mais furiosa e, feito uma louca, tentou avançar em minha direção.— Clara, para com isso! Eu marquei com a Kiara só pra resolver a transferência da casa. Você mesma não quer que eu termine logo com ela? O divórcio precisa da partilha de bens antes de tudo. — Davi a segurou pela cintura, tentando impedi-la de avançar. Ao mesmo tempo, falava com ela em tom de explicação.Ao ouvir isso, não conseg
Fiquei completamente sem reação e desci do carro apressada, abrindo a porta com um movimento desajeitado:— Me desculpe, Sr. Marcus! O carro estava tão confortável que eu acabei cochilando. O senhor deveria ter me acordado.— Não precisa se preocupar, Srta. Kiara. Foi o Sr. Jean quem pediu para não acordá-la. Ele comentou que você devia estar muito cansada por causa do trabalho. — Marcus respondeu com um sorriso gentil, fazendo um gesto com a mão para que eu entrasse.Peguei minha bolsa e o porta-terno, seguindo Marcus enquanto digeria aquelas palavras.— O Jean sabia que eu estava dormindo no carro? — Perguntei.Meu Deus, que vergonha!— Quando o carro chegou, o Sr. Jean estava saindo para resolver algo e encontrou vocês. O motorista comentou que você estava dormindo. Ele olhou rapidamente e pediu que não a incomodássemos."Jean olhou para mim enquanto eu dormia?"Minha mente ficou um caos. Instintivamente, liberei uma das mãos e passei os dedos no canto da boca. Será que eu tinha bab
Com medo de que alguém pensasse que eu não tinha habilidade suficiente, tratei de me justificar rapidamente:— Vou agilizar, prometo que não vou atrasar o traje para o aniversário da senhora.— Hm, não se preocupe. Se o tempo ficar apertado, faça só dois conjuntos por enquanto. O mais importante é cuidar da sua saúde, não se desgaste demais. — Respondeu Jean.A preocupação dele me fez lembrar do momento vergonhoso na manhã de hoje, quando acabei dormindo no carro a caminho daqui. Senti minhas bochechas queimarem de vergonha.Jean, atento como sempre, percebeu meu embaraço. Ele deu dois passos à frente com sua postura elegante e calma:— Já que a Srta. Kiara tem um compromisso no almoço, não vou insistir para que fique. Conversamos outro dia.Voltei a mim, acenando com a cabeça repetidamente:— Claro, Sr. Jean. Até logo.— Até logo.Entrei no carro, mas para minha surpresa, ele caminhou até a porta e, pessoalmente, a fechou para mim. Através do vidro da janela, ainda acenou, sorrindo.N
No dia seguinte, fui direto à empresa de Carlos.Assim que me viu, ele lançou um olhar frio, cheio de desprezo. Nem esperou eu abrir a boca e ele já começou com sua habitual ironia:— O que você quer aqui? Ainda não causou confusão suficiente na família?Ignorei o tom dele, caminhei até sua mesa e me sentei à sua frente, indo direto ao ponto:— Preciso de dinheiro. Se você não vai devolver as ações da minha mãe, então me dê o equivalente em dinheiro.Carlos parou o que estava fazendo e ergueu os olhos, o rosto ficando ainda mais sombrio:— Kiara, você perdeu o juízo? Já te dei metade das ações da sua mãe. Nunca está satisfeita?— Se eram da minha mãe, deveriam ser todas minhas. Ou você acha que estaria onde está hoje se não tivesse roubado os negócios dos meus avós?Ele me encarou com um olhar duro, carregado de fúria. O silêncio se arrastou por alguns segundos, até que ele, de repente, levantou-se e veio em minha direção. Antes que eu pudesse reagir, ele me agarrou pelo braço e me pux
Lancei um último olhar discreto para as costas daquela mulher enquanto ela entrava diretamente no escritório de Carlos. Meu instinto não deixava dúvidas: ela tinha algo com ele.No carro, fiquei pensando por alguns minutos antes de pegar o celular e ligar para Bela:— Bela, preciso de um favor seu. Quero que alguém siga uma pessoa para mim...Se eu não estivesse tão atolada com os pedidos da família Auth, teria ido pessoalmente. Achei que a investigação levaria uns dois ou três dias para render algo útil, mas, para minha surpresa, Bela me deu notícias ainda naquela noite, enquanto eu fazia hora extra no ateliê:— Kiara, seu querido pai, o canalha, foi flagrado com uma perua no Hilton. Estão no quarto 8868. Quer ir lá pegar os dois no flagra?Coloquei a agulha e a linha de lado, mantendo a calma:— Eu, pegar no flagra? Não teria graça. Alguém tem que fazer isso por mim.Liguei para Isabela.— Kiara? O que você quer agora? — Ela sempre falava comigo com o mesmo tom impaciente.Mas fui ed
A mulher estava praticamente nua, com suas curvas voluptuosas completamente expostas.Como o quarto ficava ao lado do elevador, e era um horário movimentado, o barulho logo atraiu a atenção de outros hóspedes. Em pouco tempo, o corredor estava cheio de curiosos, todos com seus celulares em mãos, tirando fotos e gravando vídeos da cena.— Parem com isso! A polícia chegou! Todo mundo para!De repente, as portas do elevador se abriram, e a voz autoritária de um policial fez a multidão abrir caminho. Mas, mesmo com a presença dos policiais, o caos continuava.Isabela, transformada em uma verdadeira guerreira descontrolada, batia em Carlos sem piedade. Ele sequer conseguia reagir, sendo completamente dominado por ela. Só quando os policiais intervieram e a seguraram à força, a confusão finalmente começou a diminuir.Como era de se esperar, briga em público e suspeita de prostituição são crimes, então os policiais anunciaram que todos seriam levados para a delegacia.— Por que vão me levar?