No dia seguinte, fui direto à empresa de Carlos.Assim que me viu, ele lançou um olhar frio, cheio de desprezo. Nem esperou eu abrir a boca e ele já começou com sua habitual ironia:— O que você quer aqui? Ainda não causou confusão suficiente na família?Ignorei o tom dele, caminhei até sua mesa e me sentei à sua frente, indo direto ao ponto:— Preciso de dinheiro. Se você não vai devolver as ações da minha mãe, então me dê o equivalente em dinheiro.Carlos parou o que estava fazendo e ergueu os olhos, o rosto ficando ainda mais sombrio:— Kiara, você perdeu o juízo? Já te dei metade das ações da sua mãe. Nunca está satisfeita?— Se eram da minha mãe, deveriam ser todas minhas. Ou você acha que estaria onde está hoje se não tivesse roubado os negócios dos meus avós?Ele me encarou com um olhar duro, carregado de fúria. O silêncio se arrastou por alguns segundos, até que ele, de repente, levantou-se e veio em minha direção. Antes que eu pudesse reagir, ele me agarrou pelo braço e me pux
Lancei um último olhar discreto para as costas daquela mulher enquanto ela entrava diretamente no escritório de Carlos. Meu instinto não deixava dúvidas: ela tinha algo com ele.No carro, fiquei pensando por alguns minutos antes de pegar o celular e ligar para Bela:— Bela, preciso de um favor seu. Quero que alguém siga uma pessoa para mim...Se eu não estivesse tão atolada com os pedidos da família Auth, teria ido pessoalmente. Achei que a investigação levaria uns dois ou três dias para render algo útil, mas, para minha surpresa, Bela me deu notícias ainda naquela noite, enquanto eu fazia hora extra no ateliê:— Kiara, seu querido pai, o canalha, foi flagrado com uma perua no Hilton. Estão no quarto 8868. Quer ir lá pegar os dois no flagra?Coloquei a agulha e a linha de lado, mantendo a calma:— Eu, pegar no flagra? Não teria graça. Alguém tem que fazer isso por mim.Liguei para Isabela.— Kiara? O que você quer agora? — Ela sempre falava comigo com o mesmo tom impaciente.Mas fui ed
A mulher estava praticamente nua, com suas curvas voluptuosas completamente expostas.Como o quarto ficava ao lado do elevador, e era um horário movimentado, o barulho logo atraiu a atenção de outros hóspedes. Em pouco tempo, o corredor estava cheio de curiosos, todos com seus celulares em mãos, tirando fotos e gravando vídeos da cena.— Parem com isso! A polícia chegou! Todo mundo para!De repente, as portas do elevador se abriram, e a voz autoritária de um policial fez a multidão abrir caminho. Mas, mesmo com a presença dos policiais, o caos continuava.Isabela, transformada em uma verdadeira guerreira descontrolada, batia em Carlos sem piedade. Ele sequer conseguia reagir, sendo completamente dominado por ela. Só quando os policiais intervieram e a seguraram à força, a confusão finalmente começou a diminuir.Como era de se esperar, briga em público e suspeita de prostituição são crimes, então os policiais anunciaram que todos seriam levados para a delegacia.— Por que vão me levar?
Estupro? O mundo dava voltas.Não consegui segurar uma risada, o que deixou Davi ainda mais irritado:— Kiara, desde quando você ficou tão cruel?— Aprendi com você.Ele ficou tão furioso que perdeu as palavras.Resolvi ser direta:— Olha, no fim das contas, ele cometeu um crime. Eu só fiz o que qualquer cidadão faria. Vocês podem estar juntos nisso, mas não se esqueçam de que ninguém está acima da lei. Se continuar defendendo ele, você também vai acabar mal.Davi ficou em silêncio por um longo tempo. Talvez estivesse tentando se acalmar ou, quem sabe, sentindo o peso da culpa. Quando abriu a boca novamente, trocou de assunto:— Ouvi dizer que você está precisando de dinheiro. O que está acontecendo?— Não é da sua conta.— Quanto você precisa? Eu te dou.— Cento milhões. — Fui prática. — Vai me dar?— Cento milhões? — Ele ficou chocado. — O que você está planejando? Sua empresa está com problemas?— Não.De repente, o assunto perdeu a graça. Mesmo que ele quisesse emprestar, eu não ac
— Quem pediu a sua ajuda? — Soltei uma risada fria, carregada de sarcasmo. — Não precisa tentar se promover. Mesmo que você enfiasse o dinheiro à força na minha mão, eu não aceitaria nem um centavo. Usar o seu dinheiro para resgatar o Bracelete de Jade da minha mãe? Prefiro que ela fique sem ele do que ver algo tão precioso manchado pela sua sujeira.— Kiara, por que você está falando de forma tão cruel? — Davi perguntou, entre a mágoa e a raiva.— Cruel? Minha crueldade não chega nem perto da sua maldade.Joguei essas palavras no ar, cheia de rancor, e desliguei a ligação sem dar chance para ele responder. Eu estava furiosa, caminhando de um lado para o outro, como se fosse explodir. No entanto, conforme a raiva começou a esfriar, um pressentimento ruim tomou conta de mim, crescendo a cada instante.Se Davi sabia disso, era bem provável que Clara também já estivesse a par. E Clara, sendo quem é, com seu hábito de roubar tudo o que eu amo, não demoraria a querer disputar o Bracelete de
Na fachada do prédio, as palavras imponentes “Força Militar, Força Empresarial, Prosperidade ao Povo” estavam gravadas com tamanha precisão e grandeza que um misto de respeito e admiração tomou conta de mim. Sentia uma reverência crescente, quase como se algo maior estivesse me observando.Quando o carro se aproximou da entrada, avistei alguém já me esperando. Reconheci o homem imediatamente. Ele era o mesmo que, da última vez no Condomínio Florensa, havia se aproximado de Jean para avisá-lo que era hora de partir.Estacionei o carro, peguei a pasta que havia trazido e desci.— Srta. Kiara, bom dia. Sou Leonardo, secretário do Sr. Jean. — Ele se apresentou com educação impecável.— Bom dia, Sr. Leonardo. Muito obrigada pela ajuda. — Respondi no mesmo tom, mantendo a formalidade.Leonardo fez um gesto para que eu o seguisse. Entramos no prédio, ele passou seu rosto pelo leitor de identificação e seguimos por um portão controlado até o hall dos elevadores.— Srta. Kiara, o Sr. Jean está
Se eu não tivesse acabado de testemunhar o lado severo e imponente de Jean, jamais associaria aquele homem, que agora exibia um semblante calmo e acolhedor, ao mesmo presidente autoritário de instantes atrás.— Sr. Jean, não precisa ser tão formal. Quem está interrompendo o seu trabalho sou eu. — Respondi automaticamente, voltando a usar um tom respeitoso. Era impossível não perceber o abismo que nos separava.Leonardo entrou no escritório junto comigo e, com uma agilidade impressionante, começou a recolher os documentos espalhados pela mesa, organizando-os com precisão. Em seguida, fez uma leve reverência e saiu, deixando-nos a sós. Fingi não notar nada, mantendo os olhos fixos em Jean.— A Srta. Kiara já finalizou o design do meu traje? — Perguntou ele, quebrando o silêncio e trazendo-me de volta de meus devaneios.Fiquei momentaneamente atordoada. Aquela pergunta simples travou em minha garganta, incapaz de sair.Jean percebeu minha hesitação, mas manteve seu tom paciente e gentil:
Na noite anterior, depois de tomar a decisão, fiquei acordada planejando todos os detalhes. Para demonstrar minha sinceridade, decidi oferecer minha empresa como garantia. No entanto, assim que entreguei os documentos para Jean, ele nem sequer olhou. Com um gesto simples, devolveu-os:— Não precisa disso. Eu te empresto o dinheiro sem garantia, sem contrato e sem necessidade de cartório. Você paga quando puder.Fiquei boquiaberta, os olhos arregalados de pura incredulidade. Depois de alguns segundos, consegui perguntar:— Você confia tanto assim em mim? E se eu… não pagar?Ele sorriu com elegância, um sorriso que trazia um misto de humor e confiança absoluta:— Ainda não conheci alguém que tenha coragem de me dar calote. A Srta. Kiara quer inaugurar essa façanha?Fiquei paralisada, e depois de um instante, a ficha caiu. Como pude esquecer? Ele era Jean! Quem ousaria não pagar uma dívida com ele? Seria o mesmo que assinar uma sentença de exílio em Cidade Saurimo.— Não, não! Eu jamais f