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Tomada pelo mafioso
Tomada pelo mafioso
Por: Joelma Dejesus
Capitulo I- Diana Fontenele

— Vamos esperar um pouco mais... — Escutei meu tio dizer, estavámos ambos olhando a minha mãe na cama passando mal, até que ela começou a colocar espumas pela boca, sai do seu abraço, com ela olhando fixamente para nós dois, sai correndo desesperada em busca de ajuda aos gritos. — Socorro, Socorro minha mãe esta passando mal! — Gritei para que todos os vizinhos escutassem, mas em vão batendo em todas as portas desesperada, alguns sairam, outros não, eram apenas um grupo de curiosos que se formara na porta de casa, no final ninguém realmente tinha interesse em ajudar.

— Diana! — Vi tio Talles parado na porta de casa com as mãos no bolso me chamando perto deles, com um semblante sério — Diana não tem mais jeito! — Paralisei naquele momento, o que ele queria dizer com não tem mais jeito? Olhei para meu tio que atravessou a rua vindo em minha direção, e mais uma vez pacientemente pegou em minha mão, olhou em meus olhos. — O que quer dizer com... — Me interrompeu naquele momento, assentindo. — Sua mãe acabou de falecer minha querida! — Olhei para ele, algo surgiu por dentro de mim, dor e arrependimento surgiram ao escutar a notícia, brotaram lágrimas dos meus olhos, caindo sem parar, neguei não poderia ser verdade,  talvez fosse realmente por arrependimento ou somente pela perda, a verdade é que as últimas palavras que disse a minha mãe é que eu a odiava, a chamei de mentirosa, eu quero saber quem é meu pai, sobre ele e mais uma vez como sempre se negou a me dizer. 

Eu já estava cansada de perguntar, de sempre questionar e ela nunca me dizer quem ele era, pra onde foi, havia ficado apenas algumas memórias, que eu já estava esquecendo, e como sempre ela fugia, negava a me dá as respostas importantes para mim. Mas vê-la sem vida, era doloroso demais, era tudo que eu tinha na vida, a minha mãe, era sempre quem ia me buscar na delegacia, ou na escola após uma briga e/ou suspensão, estava sempre tentando me fazer ver a vida por outros ângulos, e eu me negava. Olhei para seu corpo sem vida, ela não estava mais ali comigo.

Naquele mesmo dia veio o pessoal do Instituto Médico Legal, embalaram e removeram seu corpo, eu assistir a tudo da porta do quarto, e mais uma vez como sempre gentil,  vi meu tio os chamar num canto lhe dar algumas notas em dinheiro, tio Thalles sempre foi muito bom comigo, mas sempre o vi apenas como um tio, e pra alguém que anseia pelo retorno do pai para lhe buscar, um padrasto não bastava, eu preciso saber do meu pai, quem é? Como se chama? O que gosta de fazer? Se sou como ele, porque sou muito diferente em tudo da minha mãe, desde a aparência física, a personalidade, sempre estavámos em conflito.  Por que ele nunca veio atrás de mim? Mas o principal, porque ele se foi?  Não demorou a organizarem o funeral, depois das despedidas, mais uma vez fui abraçada por alguns conhecidos, vizinhos, meus colegas mais próximos, a maioria do tempo me vi envolvida em abraços por meu tio.

— Sabe qual foi a última coisa que eu disse a sua mãe? — Neguei com a cabeça, era um dia cinzento chovia um pouco. — Que tudo vai continuar do mesmo jeito, só que agora eu vou cuidar de você e você de mim. — Sorri fraco, com o rosto pesado para aquele homem que sempre esteve ali, de pele amarelada, olhos verdes, cabelos claros, meio gorducho, eu amava a minha mãe, mas o segredo em torno do meu pai me tortura, a cada lembrança que eu me esforço para lembrar, elas fogem de mim, eu estava esquecendo tudo sobre ele, só me restava o anel de pedra preta no dedo na memória, pior que a única pessoa que me restou, eu perdi sem saber dar-lhe devido valor, ela levou o segredo mais importante da minha vida para o túmulo.  Tudo sobre o meu pai!

Dois meses passaram rápido após a sua morte, e realmente nada mudou, exceto pela falta dela, meu tio realmente cuidava de mim. — Diana acorde para o café da manhã! — Eu já estava acordada havia um tempo, só atualizava minha playlist para escutar na aula de biologia e inglês, já que pelo menos nesta fui aprovada, depois que minha mãe se foi, deixei as festas, a bagunça de lado,  meus dezoitos anos chegavam em uma semana, acrescentei tons escuros ao meu guarda-roupa, ultimamente me vem umas musicas lentas eu fico revirando tudo em minha mente para para não esquecer meu pai, a agora ela, minha mãe.

Ao atualizar a minha playlist, levantei da cama, ajeitei meu cabelo num rabo de cavalo, peguei a minha mochila de estampa de laranjas, desci as escadas correndo com meu tênis preto confortável, no uniforme da escola, que é uma saia quadriculada na cor vinho bôrdo e blusa branca com a insiginia da escola,  observei o homem caucasiano, mediano, de olhos verdes sentado a mesa, sorriu ao me ver erguendo seu bigode castanho claro, como sempre muito paciente lendo seu jornal. — Bom dia Tio Tales!  — Ele prometeu e realmente vem cumprindo, cuidando de mim, a mesa já estava posta.

— Bom dia Diana, fiz ovos mexidos como você gosta. — Sorri sem ao menos sentar a mesa, apenas peguei um pão retirei o miolo coloquei na boca, o enchi com os ovos mechidos que ele fez,  as pressas, já estava quase atrasada pra a aula de Inglês, e o professor Mark, por ser exigente não deixaria entrar após o sinal. — Diana por favor sente-se, você vai para a escola que não irá fugir, é a um quarteirão de casa — Ele não compreendia que antes do falecimento de mamãe, ao invés de estudar me entreguei a bagunça nas aulas, poderia perder por faltas, agora busco recuperar. — Não tio, ela não vai fugir, mas certamente me expulsarão da aula.

Disse de boca cheia lhe fazendo revirar os olhos, suspirando. — Tchau. — Passei pela porta indo a sala, e como sempre o sentir em seguida me acompanhando com os olhos até a saída de casa.  Sorri de canto, ao ver Paola no seu unirforme com a mochila lilás nas costas, a minha espera, corri em sua direção como sempre caminhamos seguindo para a escola.

— Preparada pra hoje? — Perguntei animada, até que ela aponta com o queixo para o outro lado da rua, não olhei,  eu sempre soube quem é, ele sempre estava lá nos olhando.  — Vamos esquecer, eu não quero olhar pra a cara desse idiota tão cedo. — Caminhei de braços dados com a minha amiga, indo em direção da sala, na verdade esquecer Paulo, minha primeira paixão na vida não foi fácil, mas depois de espalhar para todos na escola que foi meu primeiro homem, perdeu meu coração, estava tão perto, tão fácil, ele jogou fora, com a perda da minha mãe, nos afastamos mais e mais, ele tentava uma reconcialiação, mas para mim, só via um idiota a minha frente.

— Bom dia meninas! — O ignorei por completo quando ele passou por nós na sala. — Bom dia Paulo! — Olhei para a única que respondeu, era Cristina, suspirei em resignação. Mas antes que eu falasse algo sobre isso, o vi aparecer em minha frente. — Diana até quando você vai ficar com esses joguinhos idiota? 

Olhei para seus olhos azuis, sua pele branca lisa, os cabelos castanhos escuros bem penteados para trás, o nariz fino,  usando o uniforme masculino da escola, ele é bonito e sabe disso, mas não sou obrigada a perdoa-lo, tentou pegar em meu queixo, recuei. — Até quando você acha que eu devo levar esse joguinho? Me diz você, se só por colocar a boca nos meus seios você saiu pela escola inteira dizendo o que não aconteceu , o que vai dizer se realmente se acontecer?

Falei em voz alta, fazendo todos ficarem supresos, eu já estava cansada dos burburinhos pelos cantos, me olhando de soslaio, vi o rapaz a minha frente ficar vermelho e sem graça. — Diana ... — Sorri, a minha resposta já havia sido dada, todos sempre souberam que eu não sei controlar as palavras, o que ele queria? Logo senti o puxão na manga da minha blusa, olhei pra Paola a meu lado, olhando disfarçadamente para frente ajeitando uma mecha loira de cabelo atrás da orelha. — Oh não! Não. — Retruquei, eu não havia feito isso? Eu fiz, o professor Mark nos olhava de pé ainda perto da mesa atento, com seus olhos fixos em nós, e isso definitivamente era certeiro, meu tio Thales saberia disso naquela mesma tarde.

                                                                   Horas Depois

— Como você pôde Diana? Eu confiei em você, eu sempre te defendi pra a sua mãe e olha pra você, enquanto te defendia em casa o que você estava fazendo? — Balancei a cabeça sentada no sofá, era a primeira vez que eu via meu tio tão agitado andando de um lado pra o outro, enquanto não parava de falar comigo. — Tio não foi bem assim, eu... eu... já na namorava o Paulo há.... — Fui perdendo a voz a medida que ele me encarava ao me escutar, seus olhos mostravam-se alterado, chateado.

— Então você já namorava o Paulo?  — Assenti,  recebi um tapa certeiro no lado da face que ardeu de surpresa, queimou como nunca antes em minha vida, não fora o meu primeiro tapa na cara, dele sim, mas da minha mãe já houve alguns, estavámos sempre em conflito, mas esta era a primeira vez que ele me batia. Coloquei a mão do lado do rosto sentindo as lágrimas caírem. — O que você fez ? — Confirmou me dando a máxima certeza que sim, ele havia me agredido. — O que você acha que eu sou? O papai noel hãm, te ajudo com os deveres de casa, te alimento, compro roupas pra quê o que você acha que é a cinderela Diana? — Neguei, enquanto meu rosto ainda doía pelo tapa.

— A partir de hoje, você não vai mais chegar perto desse rapaz, direto para casa após a escola, e se teimar, não não queira ver a minha pior face Diana, eu juro que se arrependerá amargamente se me forçar revelar meu outro lado. — A medida que se aproximava notei seus olhos vermelhos, em treze anos que o conheci nunca o vi tão transtornado. — O que vai acontecer comigo tio? Eu vou ser reprovada eu preciso estudar? É assim que prometeu cuidar de mim? — Sorriu assentindo, isso me assustou, mas eu sou Diana Fontenelle não me deixaria atormentar por ele. — Não, você não pode fazer isso, eu já irei fazer dezoito anos e você não é meu pai.

Afirmou com as mãos no quadris. — Não, não sou nunca quis ser seu pai, Diana atreva-se a passar por esta porta e veremos se alguém nesta rua conhecendo a sua fama de péssima filha, assistindo as dores de cabeça que deu em sua mãe, te ajudará a fugir de mim, o que você vai dizer? Que eu te bati? Que eu te proibir de sair? — Neguei, com as discursões recorrentes entre mim e a minha mãe antes da sua partida ninguém na rua acreditaria em mim.

Mas levantei diante dele que girou nos calcanhares em fúria, eu não conhecia aquele homem a minha frente, suas mãos vieram a meu toráx, me empurrando contra o sofá. — Sente-se aqui! —  Na primeira oportunidade corri para o quarto.  Fechei a porta do quarto rapidamente, antes de lhe ver subir as escadas, eu não sabia o que ele poderia fazer comigo naquele momento, semana que vem terei maioridade estarei longe dele, eu mesma posso controlar a minha vida.

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