"Nunca me senti tão desorientado, tive que enfiar o olhar nos olhos dela e me salvar, porque ela era minha bússola, a direção certa, apesar de Às vezes nós dois encontrarmos a doce desgraça".MedoMariané levantou-se com o amanhecer. Ele não sabia por que não queria mais estar lá, longe de casa. Naquela manhã, depois de receber o serviço de quarto, conversou com Ismaíl e chegaram à conclusão de que voltariam para os Estados Unidos. Apenas três dias haviam passado lá, e já era um fato o retorno. Ele vomitou naquele dia depois de voltar do almoço com seu tio. Ela estava sozinha na sala, arrumando o pouco que tirou da mala, mergulhada e, de repente, parando abruptamente, sentiu o ácido subir pela garganta. Angustiada por seu estado, prometeu contar a ele, assim que estivessem em casa.Infelizmente, Mariané desmaiou após o pouso, assim que pisaram no hangar privado. Oprimido, ele ordenou que Hank dirigisse ao hospital. No trajeto acordou confusa, admitindo o medo que sentia. Ele chorou em
- Estarei no meu consultório, o que falarmos é confidencial. Lembre —se de que, além de médico, tenho estima por você, você é um amigo —ele deu um tapinha na bochecha -. Dê-lhe o seu apoio, Mariané está arrasada.Afastou-se deixando-o ali, de pedra. Envolto na névoa, avançou até ela prostrada naquela cama. Ele se inclinou trêmulo e beijou sua testa, invadido por um tormento Aniquilador. A fraqueza sulcava suas feições, lânguida e triste.- Perdoa-me, florzinha. Demonios que diabos foi o que eu fiz? - murmurou com a culpa que sofria. Ele apertou os lençóis com as mãos transformadas em dois punhos.Todas as lembranças retornaram em loop, o que fizeram de errado, Os beijos, explosões acaloradas, o delírio e a loucura colidindo nos dois. Repercutiram os erros, o que poderiam ter evitado e não estar vivendo agora as consequências. O desenlace que os condenava ao indefinível. Ela soluçou perdendo a firmeza ao falar.-Não quero E-este bebé is N-não o quero Ismaíl! - sussurrou raivosa, com a
Seu rosto se contraiu, pressagiando que a enxaqueca chegaria em breve, ele se preparou para dormir. Ele se virou na cama sentindo a necessidade absorvente de virar o passado na escuridão; recordá-lo naquele dia, mexeu tudo. Um nó se agarrou em sua garganta, feroz. Angeline tinha ido embora por sua culpa, nunca teve a oportunidade de conhecê-la, mas essa pessoinha deixou maltratada sua alma e um buraco sem fundo no coração.Mariané o assustou com sua chegada esporádica. Ele estava na moldura da porta com uma camisola de cetim branco que o cobria até os joelhos. Pensou que um mesmo anjo havia descido do céu, pousando sutilmente ali. Sorriu admirando a doce despenteada que, como todas as noites, aparecia com a desculpa de não poder conciliar o sono.- Posso dormir contigo?—Você não precisa pedir, sempre há espaço suficiente-falou acendendo uma das lâmpadas, instantaneamente desfazendo um pouco a escuridão. No ato, ele apertou as pálpebras, as pontadas passeando ao redor de seus olhos. M
Quando Brenda subiu ao seu quarto, pediu-lhe que ficasse um pouco fazendo-lhe companhia, conversavam sobre trivialidades evitando falar do que se passava. A mulher notava que, de tempos em tempos, Mariané ficava imersa em qualquer objeto presente. Eu sabia que- Queres contar-me? Eu sou todo ouvidos e também um túmulo-simulou um fechamento com seus lábios.- De que estás a falar? - ela se mexeu desconfortável.- Você não precisa me dizer, mas se decidir fazê-lo, eu o ouvirei.Ele jogou com as mãos. Havia tanta coisa que ele gostaria de expressar, em vez disso, ele se reprimia, entrava em sua pequena concha encapsulando tudo o que podia. No entanto, com ela, se ele deixasse entrever seu lado interno sem colocar um cobertor do lado de fora.- Gostaria que Ismaíl ficasse mais tempo comigo. Sinto muita falta dele a cada segundo. Se tudo não fosse tão complicado…- Parece que ele te ama, você é tudo para ele. Nunca os julgaria.—As outras pessoas não hesitarão em fazê-lo, nos comerão vivos
AbismalEles foram ao encontro marcado para esse dia, evitando chamar a atenção, decidiram que seria feito à noite. Marc os esperava em seu consultório; ele os recebeu calorosamente. Enquanto Mariané se trocava atrás das cortinas, Os Homens aproveitaram para falar um pouco. Ismaíl confessou sentir certa ansiedade por saber o sexo do bebê, entre outras coisas contou como andava a ruiva. Evanson mostrou-se compreensivo e dando-lhe um tapinha nas costas assegurou que as mulheres grávidas ficavam histéricas por tudo, felizes por nada e triste sem motivos. Era a montanha-russa mais vertiginosa com a qual eu tinha que lidar. Ele agradeceu pelo Conselho e eles mudaram de assunto com o retorno da jovem.Sabia bem o que devia fazer, subiu na maca e esperou ser atendida. Marc sorriu para ela, depois de dizer a Ismaíl para correr uma cadeira e sentar-se perto da cama, voltou a dirigir-se a ela, preparando-se para fazer o ultrassom. Ele espalhou o gel em seu estômago e moveu o aparelho na área pr
"Só de olhar para nós chamas acendem entre nós. Eu sento uma chama ao lado dele, exploro, perdendo o controle de um beijo de seus lábios, do desejo viciante de me perder entre os cumes de seu corpo".DespedaçadosAs paredes a apertavam imperiosamente. O choro que a apanhava era esmagador e a sacudia feroz; fez-se novelo admirando em suas mãos a ecografia. Imaginado eu teria imaginado algo assim? Não, ela nunca refletiu sobre seu futuro, mas menos passou por sua cabeça estar envolvida em uma situação semelhante. As circunstâncias pintavam um panorama cinza, branco ou preto, tinha o pressentimento de que logo as coisas iriam em queda, até recrudescer. Acobertou-se, sem deixar de dar voltas ao que aconteceu. Ele fixou os olhos em sua barriga protuberante e voltou a olhar para o eco. Você tomou a decisão certa ou estava errado? Ele a estudou por um bom tempo antes de guardá-la em uma das gavetas da mesinha. Já não tinha a certeza disso. De nada em absoluto.Lágrimas brotavam seguidas de
"A única coisa que faz você valorizar essa pessoa, é quando a situação. Está por um fio e você sabe que pode perdê-la".RetalhosA impertinência de uma dor de cabeça aguda serpenteava violentamente. Ele olhou à deriva, torcendo a cabeça, sentindo os músculos do pescoço presos. Ele tinha adormecido na mesa, a noite toda. Amaldiçoou em voz baixa recapitulando o ocorrido, jogou tudo ao mar, tinha quebrado o pouco que restava entre eles e se sentia fatal. A pontada o atacou e ele teve que tomar a cabeça, contraindo o rosto da dor chocante. Pediu-lhe para tomar um banho e deitar-se até que a maré se acalmasse.Ele esfregou as mãos, notando que o Carmim de seus Nós dos dedos havia se mudado para uma aparência arroxeada.Estava arrependido de lhe ter falado dessa forma, e não encontrava maneira de corrigir seu erro. Saiu do Escritório fechando de uma porta, avançando em direção ao seu quarto; em todo o trajeto mergulhou em seus pensamentos cruzando velozmente, não tinha que ser o primeiro a
Mariané rugiu, afastou de uma mão a xícara de cereais, virou-o sujando o colo de seu vestido. Furibunda, deixou toda a bagunça encaminhada para seu quarto. No meio do corredor, ele parou. Ismaíl tinha esquecido de fechar sua porta, aquela estava entornada ao descuido. Moveu-se insegura do que faria, ao entrar viu vários frascos regados na cama, a centelha da curiosidade se acendeu.Inspecionou o rótulo com a receita de um, não entendeu muito. Ali tudo parecia palavras complexas e impossíveis de pronunciar. Não era tola, isso devia ser suficiente para provocar uma overdose. Então destapou o frasco nublada pela vaga intenção de fazer uma estupidez.De que sofria Ismaíl?Estudou o quarto, além de estar em ordem e passear a limpeza em sua extensão, seu perfume a golpeou como um soco a seco, trazia aquele vaivém de tranquilidade, o desconforto que também lhe encolhia o coração. Faltou oxigênio, não era bom que continuasse ali, porque torturava cada coisa que o lembrava.No final, ele pegou