IsabelleO tilintar da campainha na boqueta chamou minha atenção, eu corri até lá, lendo o pedido antes de colocá-lo na fila, e diferente de outra época da minha vida, eu não marchei o pedido. — Alguma coisa para mim, Zazie? — Gustaf perguntou do outro lado da cozinha que montamos juntos há alguns meses.— Não, parece que todos optaram pela codorna hoje — Eu respondi, voltando para a beira do fogão, me concentrando em finalizar os pratos que estava preparando.Nós estávamos no meio de agosto, fazia um pouco mais de dois meses que Gustaf e eu conseguimos abrir nosso bistrô juntos e nós não imaginávamos um movimento como aquele em tão pouco tempo.— Eu estou terminando os meus pedidos e já vou te ajudar — ele avisou, finalizando um prato com salmão.Juntando nossos recursos financeiros não foi difícil montar o restaurante, a parte física, pelo menos. Por que na questão do cardápio, nós discutimos muito até conseguir mesclar com perfeição todo o meu amor pela gastronomia clássica com a
Isabelle O tilintar de uma campainha na boqueta chamou minha atenção, eu caminhei até lá, pegando a nova comanda que havia sido entregue por um dos garçons. Retornei para a bancada central da cozinha que eu comandava em um restaurante na área nobre de Miami.— Atenção, marchando. Mesa dezessete, Uma vieira, Um lagostin, Duas lagostas com molho Champagne — eu li a comanda em voz alta.— Sim, chef — a resposta foi unânime.Com um pequeno sorriso eu peguei um prato que tinha acabado de ser deixado sobre o balcão esperando minha aprovação, eu o finalizei com o molho de laranja, limpando qualquer resíduo antes de colocá-lo na boqueta, tocando a campainha em seguida.Aquela era minha rotina pelos últimos dois anos, quando me tornei Chef do Le Petit Cuisine, um restaurante em Miami.Eu adorava minha profissão mas não podia dizer que era uma vida fácil. Eu passava cerca de dez horas em pé em um ambiente quente e abafado, muitas vezes abria mão de minhas folgas e mal tinha uma vida social, to
Isabelle Chequei o horário mais uma vez para garantir que não me atrasaria. Eu precisava sair de casa em vinte minutos se não quisesse perder o meu voo até Fairbanks, onde Gwen e Zachary estavam vivendo no Alasca pelos últimos anos. Há três anos, quando meus amigos decidiram deixar Missoula, onde vivíamos na época, eu considerei seriamente pedir um teste de sanidade, mas ao ouvir o quanto eles, principalmente Danny, tinham se adaptado bem à nova vida, eu senti que eles tinham tomado a decisão correta. Eu sempre falava com eles e com Danny por chamada de vídeo, mas não era a mesma coisa de tê-los ao meu lado. A última vez que os vi foi há quase dois anos, quando eles decidiram vir até Miami ao saber da minha mudança, e apesar de sempre me convidarem para visitá-los, essa era a primeira vez que conseguia uma folga para isso. Eu fechei a última mala, tendo a certeza que não tinha roupas de frio o suficiente para aguentar o inverno no Alasca, eu teria que comprar algumas peças lá. Com
Isabella — Obrigada. Em alguns minutos nós dois estávamos na estrada, eu não queria perder tempo para tentar conhecê-lo melhor, então, assim que deixamos a área do aeroporto, eu puxei assunto. — Então, Gustaf… Você conhece os Monaghan há muito tempo? — Eu os conheci logo que se mudaram — ele me lançou um rápido olhar. — Bom, eu poderia dizer que ouvi falar muito sobre você, mas estaria mentindo. Meus amigos nunca citaram seu nome, e acho que isso foi um erro imperdoável — eu lhe ofereci meu melhor sorriso. — Eu ouvi falar muito sobre você. — Mesmo? Eu acho difícil acreditar. — Isabella Dempsey, Izzy para os íntimos, vinte e oito anos, chef de cozinha em um restaurante francês chique e faz a melhor codorna do mundo — ele começou — ahh, e é a melhor tia do universo depois de comprar uma bateria para o pequeno Danny no último aniversário. Uau, eles falam tanto assim de mim? Por que nunca me falaram sobre ele? — Tudo bem, essa sou eu, mas não muda o fato de que eu não sei nada so
Isabelle— Eu não vou conseguir — Eu balbuciei observando a lista de tarefas que Gwen tinha deixado comigo antes de sair para o aeroporto. Eu estava na cozinha da pousada, tomando café da manhã enquanto o céu permanecia escuro do lado de fora, apesar de já passar das oito horas.Stefan, o primo de Gustaf, tinha levado Danny para fazer uma festa do pijama com o filho, que tinha a mesma idade do meu sobrinho, assim, ele sentiria menos a ausência dos pais. Zachary estava bastante consternado quando partiu, e eu esperava que ele,conseguisse resolver seus assuntos familiares sem grandes danos, apesar de saber que aquilo era praticamente impossível com todos os envolvidos.— Ela quer mesmo que eu corte uma árvore? — Eu continuei lendo a lista.— Você está falando com um pedaço de papel? — Eu me sobressaltei com a voz de Gustaf vinda da entrada.Eu me virei em sua direção, vendo o homem caminhar despreocupado pela cozinha, abrindo os armários e geladeira.— Não, eu estou falando sozinha
IsabellaTudo bem, Isabella, você ainda tem três semanas para ficar aqui, não precisa atacar o cara assim de uma hora pra outra, por maior que seja a tentação, até porque nesses três dias estaremos bastante ocupados.Com aquele pensamento em mente eu fui até Gustaf no saguão, ele estava carregando todas as caixas para longe da lareira, separando algumas.Eu me mantive em silêncio, encostada em uma coluna de madeira, observando a forma como os músculos de seus braços se destacavam com o esforço, mesmo ele vestindo uma camiseta de manga comprida.— Você vai me ajudar ou só vai ficar me olhando? — ele perguntou ao se abaixar para pegar mais uma caixa, me dando uma visão privilegiada.Eu poderia me sentir envergonhada por ter sido pega espionando, mas eu não me importei muito.— Eu estou tentada a continuar olhando — eu o provoquei, recebendo uma risada em troca.— Essas caixas aqui são da decoração da lareira, pensei em decorar tudo, e no fim, só colocar as poltronas no lugar — ele apont
Isabelle Quando Gustaf e eu finalmente voltamos para a pousada já passava da hora do almoço, eu fiz um sanduíche rápido para nós dois antes de voltar a decorar a lareira.— E como você conheceu meus amigos? — eu perguntei para o rapaz enquanto separava as meias para pendurar na lareira.— Fazia pouco mais de dois meses que eu tinha chegado no Alasca, eu estava ocupando o sofá do meu primo, já que não conseguia uma casa para alugar — Gustaf começou a narrar, pegando uma das meias da minha mão.Eu senti um arrepio percorrer meu corpo quando sua pele encostou na minha, me recriminando por aquela reação. Eu preciso começar a me controlar perto dele!— Um dia, eu estava voltando de uma casa que tinha ido visitar e eu vi essa garota magra com um menino literalmente amarrado nas costas ajudando um rapaz a carregar uma caixa grande para dentro da casa — não pude evitar de sorrir ao lembrar o quanto Gwen era dependente do Sling no primeiro ano de Danny.Aquilo parecia que tinha acontecido há
Isabelle— Hey, você não deveria dar atenção para a melhor tia do mundo? — eu chamei atenção do meu sobrinho, que veio correndo em minha direção.Gustaf se levantou, voltando sua atenção para o nosso trabalho anterior enquanto eu dava atenção para Danny.Eu sentia tanta falta daquele garotinho e só de pensar que eu teria poucas semanas ao seu lado antes de voltar para Miami, fazia meu coração se apertar.— Então, acho que agora vocês dois vão me deixar trabalhar sozinho? — Gustaf reclamou enquanto eu andava com Danny no colo, e ele me contava todos os detalhes da sua noite.Eu e meu sobrinhos trocamos um olhar cúmplice.— O que você acha, Danny? Vamos deixar ele arrumar tudo sozinho? — eu perguntei para o menino, que logo olhou para o tio com uma expressão pensativa.— Sim!— Eu também acho que ele está fazendo um bom trabalho — eu sorri para Gustaf.Voltei a caminhar com o menino no colo, já me cansando por conta do seu peso, quando senti a presença de Gustaf atrás de mim, para confi