GustafO silêncio dominou boa parte da nossa viagem de volta, o clima leve de antes deu lugar a uma nuvem negra que parecia crescer a cada minuto que não falávamos sobre o que aconteceria dali em diante, e foi só quando eu estacionei o carro de volta na pousada que Izzy decidiu se manifestar.— Eu sei que evitei o assunto o dia todo, mas eu não queria correr o risco de estragar o nosso momento juntos — Ela suspirou, descendo do carro.Aquela frase me incomodou, apesar de ter passado o dia fazendo a mesma coisa pelo mesmo motivo, aquilo apenas serviu para mostrar o quanto minha insegurança era fundamentada.— Então essa conversa vai estragar o nosso momento? — eu forcei um sorriso, começando a caminhar em direção à cabana.— Talvez.Talvez.Eu coloquei as mãos no bolso da jaqueta, caminhando em silêncio ao seu lado, esperando que ela fizesse mais alguma declaração e acabasse de vez com toda a esperança que vinha nutrindo durante aquele dia. Mas ao alcançar a porta da cabana eu percebi
Isabelle— Izzy, eu estou falando sério, você está bem? — a voz de Gwen soou do outro lado da linha.Ela tinha me ligado enquanto eu arrumava na despensa os mantimentos que tinha comprado no mercado.Já fazia alguns dias que eu tinha voltado para Miami, e apesar de não admitir para ninguém, eu me sentia miserável. Desde o momento em que eu desembarquei em Miami, aquela solidão que parecia me perseguir se tornou evidente. Não havia ninguém por mim naquela cidade, nem mesmo uma única alma para sentir minha ausência.Até mesmo Cora parecia ter lidado bem com a minha distância, desde que retornei ao trabalho pude notar o quanto ela vinha elogiando Hugo e sua liderança enquanto estive fora.— Eu estou ótima, eu quero saber como você tem se alimentado, você sofreu muito para comer na gravidez do Danny — eu procurei mudar de assunto.— Eu estou bem, e eu não sou o assunto aqui, Izzy. Você pode parar de tentar fugir? Faz dias que estou tentando conversar direito com você — ela reclamou.Aquil
IsabelleNós saímos do restaurante parando alguns metros adiante na calçada, eu me encostei na parede observando o Céu azul. Eram quase 5:30 da tarde e o sol estava perto de se pôr, me fazendo pensar que nesse mesmo horário todos já estariam na mais absoluta escuridão no Alasca.— Você não me contou como foi a sua viagem — Hugo comentou.— Foi incrível, aquele lugar me surpreendeu de tantas maneiras. Eu não esperava que fosse gostar tanto — eu admiti ainda olhando o céu.— Eu nunca pensei ir para o Alasca para mim aquele lugar não tem nada além de gelo, eu gosto do calor.Não pude evitar rir diante do seu comentário que era tão parecido com a minha própria opinião quando embarquei um mês atrás. — Eu vi Aurora boreal — eu comentei — e andei de trenó com husky.— Isso parece interessante, como é Aurora? Eu me lembrei do dia que passamos na fonte termal, e de toda a explicação que Gustaf me deu sobre as auroras depois. Aquele pensamento me fez sorrir mais uma vez, pois eu sabia que p
Gustaf Cambaleei pelas ruas próximas a pousada sem saber exatamente para onde ir, minha mente parecia nublada e desnorteada, aquele tormento não me deixava desde que deixei a cabana alguns minutos antes.Eu tinha chegado a considerar a possibilidade de pegar o carro e ir para Fairbanks em busca do meu conforto, mas eu descartei a possibilidade de dirigir em seguida, me contentando em ir até a mercearia ver o que poderia conseguir ali.Uma semana era tudo o que eu precisava aguentar para completar dois anos de sobriedade, e eu me sentia péssimo por não ser capaz de suportar, mas eu precisava daquele alívio. Mas antes que eu pudesse chegar ao meu destino, uma mini van parou ao meu lado, abaixando o vidro.— Gustaf, que bom que eu te encontrei — Gwen me cumprimentou sorrindo, parecendo alheia a tudo o que se passava em minha mente — eu preciso buscar um hóspede no aeroporto, e o Zach está ocupado, você pode ir comigo? Eu pisquei atordoado, e por um momento pensei em negar seu pedido.
GustafGwen conseguiu uma vaga e logo estacionou, se virando para mim em seguida, olhando em meus olhos.— Izzy sabe que você é um cara maravilhoso, Gustaf. E ela valoriza isso. Mas tem muita coisa acontecendo dentro dela. E você pode me odiar por te impedir hoje, mas eu não posso deixar que ela sinta a culpa pela sua recaída.Eu me senti a pior pessoa do universo naquele momento por sequer ter cogitado a hipótese de beber. Eu havia prometido a ela que a esperaria e a aceitaria como fosse. Como eu posso ser tão fraco?Eu desviei o olhar, me sentindo um fracassado. Se não fosse pela intervenção da minha amiga, meu arrependimento seria bem maior. Uma notificação chegou ao celular dela, fazendo ela franzir o cenho enquanto encarava a tela do aparelho.— Tudo bem?— Sim, o voo adiantou, o grupo que viemos buscar já desembarcou — ela balbuciou — Gustaf, eu tenho algo urgente para resolver e pensei que daria tempo, você se importa de encontrá-los?Grupo? Pensei que era apenas um homem. Ma
Gustaf— Por falar nela, vocês viram o vídeo? — eu me recuperei depressa, ignorando o olhar questionador de minha mãe sobre mim.— Acho que todo mundo viu o vídeo — Gwen suspirou.Minha família trocou olhares confusos até que meu tio resolveu se manifestar.— Sobre o que vocês estão falando?— Você se lembra da Izzy, certo, pai? — Stefan se virou para o pai.— Ahh as garota que roubou o coração do seu primo? — Brianna soltou em um tom sugestivo, me deixando um pouco desconfortável diante do olhar da minha família.Não que eu pretendesse esconder Izzy deles ou algo assim, eu só preferia falar que estava com alguém quando tivesse nossa relação resolvida, e eu não sabia nada sobre ela há dias.— Você tem uma namorada? — Greta me observou.— Não exatamente — eu forcei um sorriso.— Enfim, ela viralizou em um vídeo ontem — Gwen tentou mudar o assunto.— Que tipo de vídeo? — Blenda quis saber.Porém, antes que eu pudesse responder, Danny, que estava brincando com Declan, se manifestou.— A
IsabelleEu encostei minha cabeça no banco do táxi, respirando aliviada por finalmente estar em Fairbanks. Eu não podia acreditar na bagunça que tomou conta da minha vida nos últimos dias, logo que saí do restaurante eu me sentia perdida, não sabia o que fazer e qual atitude tomar a seguir, a única pessoa com quem eu podia contar naquela cidade era meu sub chef, e de certa forma ele estava envolvido em tudo. Eu estava sozinha.Foi quando eu vi a passagem que Gustaf me deu, e não foi difícil tomar aquela decisão, principalmente quando eu comecei a receber inúmeras mensagens me avisando que alguém havia filmado toda a confusão e o vídeo tinha viralizado. Eu precisava da minha família, era o único lugar onde eu sabia que encontraria apoio e eu também queria acompanhar de perto a nova gravidez da Gwen.Pelo menos essa foi a mentira que eu contei para mim mesma ao me convencer que esse era o melhor caminho, mas ainda assim, foi o endereço de Gustaf que eu dei ao Taxista. Eu adorava meu
IsabelleO tilintar da campainha na boqueta chamou minha atenção, eu corri até lá, lendo o pedido antes de colocá-lo na fila, e diferente de outra época da minha vida, eu não marchei o pedido. — Alguma coisa para mim, Zazie? — Gustaf perguntou do outro lado da cozinha que montamos juntos há alguns meses.— Não, parece que todos optaram pela codorna hoje — Eu respondi, voltando para a beira do fogão, me concentrando em finalizar os pratos que estava preparando.Nós estávamos no meio de agosto, fazia um pouco mais de dois meses que Gustaf e eu conseguimos abrir nosso bistrô juntos e nós não imaginávamos um movimento como aquele em tão pouco tempo.— Eu estou terminando os meus pedidos e já vou te ajudar — ele avisou, finalizando um prato com salmão.Juntando nossos recursos financeiros não foi difícil montar o restaurante, a parte física, pelo menos. Por que na questão do cardápio, nós discutimos muito até conseguir mesclar com perfeição todo o meu amor pela gastronomia clássica com a