ISSO É O QUE VOCÊ JÁ SABE...
Lacrimal city, Cardelhas 2075
Muitos anos depois de Londres
O dia nasceu lindo e o único objeto a brilhar na piscina azul celeste acima de todos era o sol.
O mundo evoluiu e, com ele, os vampiros tanto na forma física quanto espiritual. Julio Cesar por exemplo cortara os longos cabelos e os ‘espetara’ para cima dando um charme despojado junto a jaqueta de couro que ocupara o lugar do longo sobretudo. Marcus por outro lado deixara os cabelos crescerem com leves ondulações á altura dos ombros, mas também deixara os longos casacos por blusas e jaquetas com um pouco mais de cor já que vampiros são adeptos de cores fúnebres. Claro que nem todos resolveram mudar tanto assim, em especial os vampiros que ainda permaneciam no clã de Julio Cesar.No momento o pequeno grupo vinha por um túnel formado por árvores altas e com muitas folhas, ok que o sol já não mais os afeta tanto, mas isso não significa que eles o adorem. Abruptamente Julio Cesar estacou.
–Julio Cesar o que foi?-perguntou-lhe Brenda ao seguir seu olhar e ficar boquiaberta como ele ao ver o que não seria possível.–Não é possível-murmurou com o coração em disparada como a muito tempo não ocorria.Todos estavam boquiabertos, felizes, espantados e até mesmo raivosos.–Aquela não pode ser Miranda -enraivou-se Laís- eu mesma matei a vadia.Eu a vi virar cinzas pelo ar—acrescentara a última parte em pensamento claro já que o segredo seu valia ouro. Logo mais á frente vindo em suas direções vinha aquela que todos pensavam ser o reencontro do passado encarnado no futuro. Uma linda garota de longos e lisos cabelos negros com mechas azuis escuras e olhos tão negros quanto a noite aproximava-se da direção dos estranhos que ela percebera pararem do nada e lhe encararem com emoções diversas em seus olhos. Nas mãos a garota trazia dois cadernos colegiais e um estojo, indicio de que estava a caminho do colégio. O encontro estava próximo, mas Julio Cesar não podia e nem queria esperar e adiantou-se em direção a ‘sua’ Miranda e agarrou firme o braço da garota que arregalou os olhos e estremeceu.–Miranda, meu amor - e pela primeira vez, em muito tempo, este sorrira.–Desculpe - e com gentileza, mas tremor puxou seu braço do aperto exagerado do estranho - mas meu nome e Soraia-e tratou de sair da presença daquele grupo que lhe causava arrepios.–Ela é a Miranda-afirmou ao ter seu sorriso de amor trocado pelo de ressentimento diante da recusa e mentira de Soraia. –Não ouviu ela dizer que se chama Soraia?! Laís trazia fúria e medo em suas palavras, afinal se Julio Cesar descobrisse o que ela fizera, bem, não bem ela, muito sangue iria ser derramado mais uma vez, literalmente.-Ela esta mentindo!
-E por que ela o faria? Brenda olhava com atenção para a garota e via que além dela não estar mentindo havia mais diferenças do que semelhanças entre ela e Miranda, mas sabia que o amor tem o poder de cegar. Mesmo um alguém como Julio Cesar.–Eu não sei, mas irei descobrir-jurou ao dar de ombros, mas seus pensamentos estavam naquela garota que era o seu amor e ele não descansaria até tê-la para si mais uma vez, nem que para isso fosse preciso fazer o que fez em Londres. Marcus era o único ali que poderia alertar aquela garota dos perigos que Julio Cesar trazia consigo, mas como fazer isso sem Julio Cesar saber? Para se entender o futuro, muitas vezes devemos voltar ao passado. Então volte comigo numa viagem no tempo em que o mundo ainda nem sonhava em ter de conviver com vampiros.EIS AQUI O QUE VOCÊ PRECISA SABER.
Domrémy ,Interior da França 1412
Em um lugarejo de casas e pessoas bem simples nascia e vivia a pequena Joana D’Arc ,que repousava nos braços da mãe que olhava a ela e ao pai, cuidando de cavalos, com amor e devoção. Então o tempo fora passando com uma infância pobre, mas feliz á adolescência que lhe trouxe revelações.
Certo dia Joana já com doze anos estava a pastorear algumas abras num pasto próximo quando uma voz lhe surgiu e nada aos ouvidos e lhe dizia:salve a França e coroe o rei. Mantenha-se firme e descubra o seu poder. Assustada com o ocorrido largou as cabras e correu aos pais para contar-lhe o fato, mas claro que acharam tudo fantasioso e mandaram-na de volta ao campo. O assunto fora esquecido aos pais, pois Joana mantinha aquelas palavras na mente ate o dia que tomou uma atitude enfim. Aos dezessete anos, cansada de ver o povo sofrer e com uma raiva que a fazia fazer coisas que a assustavam mais também lhe davam uma sensação de liberdade, Joana conseguiu um cavalo emprestado com um amigo de seu pai e partiu para oCastelo de Chinon a residência do rei e contou-lhe a revelação que tivera.Claro que não ficou cara á cara com o rei, mas o mensageiro fez o seu trabalho. A França caia cada vez mais, mas enfim Joana depois de muitas lutas ganhou o comando dos franceses e, com isso, muitas vitórias. Mas seu verdadeiro poder iria ser descoberto, pena que não o aproveitaria,mas o daria como presente a alguém que mudaria a historia do mundo para sempre E sempre no novo mundo era bem, bem longo.Em trinta de maio de mil quatrocentos e trinta e um o segredo de Joana D’Arc fora revelado a todos que estavam na praça da cidade de Ruão. Ela fora amarrada ,muito ferida, mas ainda viva e sem roupas num pau colocado na praça e uma fogueira fora acendida á seus pés. E conforme o fogo ia consumindo sua carne que já cheirava a carne assada junto ao forte cheiro de sangue, o horror e a repulsa de alguns era revertida em palavras de ordem. Mas seu corpo não pode mais conter o seu segredo.
Uma fumaça negra e espessa começara a sair por seus olhos, nariz e boca. Boca essa que gritava em raiva e desespero, e ir direto para o meio do povo que começou a correr e gritar enquanto aquela fumaça parecia procurar por algo ou alguém específico. Eis que o alvo fora localizado, uma menininha de olhos castanhos escuros arregalados ,perdida dos pais no meio da multidão enlouquecida.Ela é a minha escolhida! Ela que será condenada junto comigo!Uma coluna densa e negra avolumou-se e como um touro furioso indo em direção á capa do toureiro a fumaça foi ao encontro da menina e com fúria adentrou por seus olhos arregalados, por sua boca aberta e por seu nariz empinado e a jogara ao chão enquanto se apossava de seu corpo. De sua alma. De sua vida.
Joana consumida pelas chamas dera sua última risada ao se tornar não mais do que um amontoado de cinzas de sua roupa, de sua carne e da madeira e cordas que a prendiam a esse mundo. A fumaça tornara-se uma força poderosa e arremessou as pessoas que ali haviam parado para ver o corpo da menininha que alguém chamara de Raquel se debater no chão para todos os lados, enquanto uma garoa bem fininha descia e dissipava a fumaça e as chamas do fogo ao ar. A noite caiu, e, finalmente Raquel despertara, não havia mais ninguém por ali, provavel-mente viera sozinha ao ‘evento’ e, agora, a primeira coisa que via era o céu e a lua cheia e nela o reflexo de um sorriso cruel. A partir daqui começa a trajetória daquilo que mudaria o mundo.Raquel olhava para a casa dos pais aflitos e a discutir por causa da rebeldia da filha de fugir para ir ver a cena grotesca de queimarem alguém vivo e em plena praça pública. De repente a porta fora aberta e ao brilho do luar uma Raquel enlameada e de feições distorcidas adentrou a sala.–Filha, por onde você andou?-a mãe nem sabia o que fazer: brigar, abraçar ou secar a filha que nada falava ou fazia diante de seu desespero.–Fale algo menina-exigiu o pai que se levantou do sofá simples e olhou para a filha muda e paralisada. Os pais se olharam sem entender o que se passava com a filha, sua expressão desnorteada fora que estava gelada por fora, mas por dentro sentia um calor infernal como se estivesse com uma febre de quarenta graus e uma sede que não sabia dizer do quê , mas que também lhe queimava garganta abaixo.&
O sol já estava se pondo no horizonte, as cores laranja, rosa e amarelo se misturavam ao azul de começar da noite fazendo um belo retrato de paisagem. Depois de muito chorar a mãe de Raquel pegara no sono entre soluços, envolvida pelo calor dos braços do marido que também adormecera na tristeza; No cemitério uma esplendorosa lua cheia pairou direto e infiltrou-se terreno abaixo indo sobre o rosto pálido e sujo de terra de Raquel a sete palmos abaixo da terra, mas abriu os olhos num rompante de vida. Vida? Deus, onde estou?-perguntou-se enquanto suas mãos tateavam o interior do caixão. Então, de repente o desespero gritou dentro dela ao se ver na escuridão já que os flashes do luar sumiram, e esta começou a socar o caixão e gritar por socorro.
Raquel caminhava por entre a neblina sentindo-se mais viva do que antes de morrer, mas também sentia sede. Uma sede por alguma coisa que nem sabia dizer o que, mas tinha a certeza que aplacaria a secura de suas veias e artérias. Sangue-sussurrava uma vozinha em sua mente- ...sangue. Raquel se perdera em meio a tantas perguntas, afinal tinha o seu próprio sangue a correr por suas veias, e para sanar essas duvidas recorrera a uma poça d’água, mas mesmo tendo conseguido encher a boca com água a sede persistia. Mas então viu-se parada em frente a casa de seus pais e aquela vozinha lhe dizia que era ali que sua sede teria fim. As luzes dos lampiões já estavam acessas por vários lugares, mas era o calor do corpo de seus pais que aquecia seu corpo por fora ...e por dentro. Raquel abriu os braç
Longos meses de agonia seguiram Raquel onde quer que fosse. E o último lugar que fora parar havia sido por fim a casa onde Joana D’Arc e as tropas do rei haviam se instalado, um lugar que não ansiava estar, e ali dentre um pescoço e outro de algum desavisado ela se alimentou e se estudou. Eis o que descobrira:1 Por mais que quisesse não poderia viver sem sangue,bem que tentou, mas a cada vez que ousava passar sem se alimentar, sentia a dor de ser rasgada nas entranhas, mas poderia optar por sangue de animal. Se quisesse.O sangue é a vida de um sugador, se ele não o tem em si, o caminho é um só -definhamento.2 Já que sugava sangue passou a se chamar de ‘sugadora’, e ,mesmo com poder para amar e odiar o sol, devia se lembrar de que ate o momento ele era o seu maior e único inimigo.Afinal, se expôr um sugador ao sol, cinzas e cabelos ser&
Cada noite uma caça diferente ,sim, infelizmente tornara-se uma caçadora voraz, sempre com muita sade. Mas com suas atitudes passara a despertar o interesse e desconfiança daqueles que ali viviam e chamavam-na de ‘fantasma’ de Joana D’Arc como ouvira certa vez. SERÁ QUE UM FANTASMA CONSEGUE SUGAR TODO O SANGUE DE UMA PESSOA?E SABEM COMO É, UM FANTASMA É SEMPRE MOTIVO DE CURIOSIDADE E MEDO. Raquel estava ‘feliz’ á sua maneira ,e com isso nem se dera de conta que ao entrar em casa ,casa ,já que ali vivia, um grupo de pessoas armadas com foices, ancinhos, garrafas de água benta e lampiões a esperava. –O que querem aqui?-rosnou ao sentir o medo aflorar dentre aquelas pessoas. Sorrira. Raios rasgavam o céu já que sentia certa raiva por aquela gente terem ousado inv
Era alta madrugada quando Raquel abriu os olhos; ergueu-se com uma careta de dor e repulsa ao olhar para a sua pele toda enrugada ,com um cheiro podre e seca como palha de milho ao esticar seus músculos, mas percebeu que naturalmente seu corpo fora se regenerando voltando ao seu estado normal, depois de muita pele cair para surgir outra nova, músculos e tendões a custa de muita dor, serem regenerados como se nada tivesse acontecido. A bagunça reinava ao seu redor, paredes rachadas, móveis quebrados, objetos jogados e/ou quebrados, mas nada disso lhe importava já que seus olhos recaíram alegres nos vários corpos largados por todos os lados. –Ao menos terei uma refeição farta -e lambeu os lábios com os dentesjá despontados.. FOME.VINGANÇA.E uma pergunta: Como me vin
Durante todo o dia que se seguiu Raquel dedicou-se a ensinar sua nova ‘família’ tudo aquilo que aprendera sozinha e na ‘marra’ com se diz.O controle da sede.Os poderes .A influência dos sentimentos e o principal, como evitar a única coisa que pode não só feri-los como mata-los, o SOL. A noite tão aguardada enfim chegou e com a ajuda de Raquel tornou-se aterrorizante: raios e trovões sacudiam o céu, afinal o que ela mais prezou em ensinar a sua família foi como fazer da raiva o seu maior aliado, o vento forte derrubava o que não tinha estrutura para suporta-lo e a chuva castigava como açoites quem a enfrentava. A ordem fora dada por Raquel e com fúria os ‘sugadores’ saíram de sua toca derrubando paredes e móveis como touros enfurecidos, e não demorara muito para se ouvi
Londres, Inglaterra 1621 Muitos anos já se passaram desde que Raquel criara seu primeiro exército de ‘sugadores’ lá na França, mas agora este se encontram na boa e chuvosa Inglaterra, e tudo mudara desde então. Raquel usava um longo de cetim vermelho, cor que passara a ser a sua preferida-imagina o porquê?-e a abertura nas costas quase nem se percebia já que seus volumosos cabelos negros chegavam abaixo da sua cintura, mas o que passara a chamar á atenção eram seus olhos: estes além de sustentarem a cor natural-dela castanhos escuros-quando se transformavaficavam negros e com o rubi vermelho sangue ao centro e suas pálpebras adquiriram um tom negro como naturalmente assustador... e sexy. Ooops! O ‘pequeno’ grupo agora eram bem numeroso e muito mais forte e organizado, ent&a