Agora, aquelas mesmas palavras, se ditas, soam apenas como ironia.— Eu sei. — Falei, fazendo uma pausa antes de continuar. — Já não sou mais uma criança.Sebastião entendeu o que eu queria dizer, e soltou um sorriso forçado.— Foi excesso de preocupação da minha parte.Não respondi, e ele acrescentou:— Preste atenção ao caminhar, não se distraia.Fiz um som afirmativo, mas, de repente, uma imagem do sonho que tive à noite veio à minha mente. — A cena dele, todo ensanguentado.Agora ele estava novamente no hospital, e meu coração apertou instantaneamente. Instintivamente, perguntei:— Você veio aqui fazer o quê?Os lábios dele se moveram, mas ele não respondeu.— Você não está... — Confortável, pensei, mas não consegui completar a frase.Foi quando ouvi uma voz chamando-o à distância.— Sebastião, apresse-se!Era Lídia.Eu não conseguia ver nada, pois Sebastião me bloqueava a visão, mas podia claramente ouvir a voz dela.Agora, tudo fazia sentido. Ele não estava ali por algum mal-esta
Meu corpo se tencionou, e eu pensei:pode ser que ele esteja pensando nisso novamente!A natureza humana é assim!Quem prova, nunca esquece!Parece que nem as pessoas mais refinadas conseguem resistir a isso. Não é à toa que até os deuses distantes dos dramas de fantasia acabam violando as regras celestiais e se apaixonam.O amor é realmente a fraqueza mais mortal que o céu deu aos seres humanos.Enquanto George me beijava com uma intensidade avassaladora, eu comecei a me distrair um pouco.Foi só quando senti uma leve dor no lábio, um pequeno mordisco, que voltei a mim. George já me havia colocado na cama e estava sobre mim.Nos seus olhos, brilhava um desejo ardente, e sua garganta se movia de forma sedutora. Suas mãos estavam apoiadas ao meu lado, com os músculos bem definidos, provocando um calor insuportável.Era uma tentação vibrante, e meu corpo respondeu com uma sensação indescritível.Era um formigamento, uma sensação de algo rastejando, espalhando-se lentamente, ponto por pon
— Eu já superei meus sentimentos por Sebastião, mas isso não significa que aquelas memórias dolorosas tenham desaparecido. — Carol, você é mesmo teimosa, menina! Passou por tudo isso e não abriu a boca? Aquela casa foi comprada pra você, então você devia ter expulsado ela de lá! Se fosse pra um mendigo morar, ainda seria melhor do que deixar aquela mulher ficar! — Cátia, com seu temperamento firme, não escondia a raiva. Ela era do tipo que não engolia desaforo. Provavelmente era também por isso que João sempre mantinha a postura impecável. Além de amá-la, devia temer provocar uma tempestade. Eu e Sebastião não tínhamos mais nada, então não fazia sentido continuar falando sobre isso. Tentei apaziguá-la: — Tia, já passou. — Passou pra você, mas pra mim não passou! Hoje mesmo mando tirar ela de lá! — Cátia estava determinada. Eu suspirei, esboçando um sorriso fraco: — Mesmo que você a expulse daquela casa, Sebastião pode simplesmente comprar outra pra ela. Lídia era uma in
Homens não resistiam às lágrimas de uma mulher, e as mulheres não resistiam à vulnerabilidade de um homem. Ainda mais quando se tratava de amor e sexo. A primeira vez sempre era desajeitada, então não dava para culpá-lo. O mais importante foi a mensagem da Luana, carinhosa como sempre. Ela me explicou que, na primeira vez, é normal que uma mulher sofra pequenos machucados e pediu para eu não colocar a culpa no George. Se ele soubesse disso, provavelmente deveria agradecer muito a Luana. Ela não só suavizou a situação, como também conseguiu fazer com que Gilberto aceitasse realizar a cirurgia da irmã dele. Eu ainda estava dolorida, então, por mais que George tivesse desejo, ele teria que se controlar. Imaginei que ele voltaria para o quarto dele para dormir, mas a verdade foi bem diferente. Ele ficou onde estava, me segurando firme nos braços. — George, você não está desconfortável? — Perguntei, deitada no peito dele, com um tom travesso. Ele respondeu apenas: — Não fala
Ele trocou para uma camiseta de manga curta e vestia uma calça cargo. George parecia gostar desse estilo, e, para ser sincera, combinava muito com ele. Tinha aquele ar de agente secreto, sério e cheio de presença. Claro, isso vinha não só do físico dele, mas de anos de treino. Lembrei imediatamente da cena de ontem à noite, quando ele estava no chão da sala fazendo flexões. Não podia negar, a postura dele era impecável. — Por que está me olhando? Come logo. — Disse George, ao notar meu olhar fixo. Tomei um gole do leite e, curiosa, perguntei: — Você vai muito à academia? Ele pegou uma torrada e colocou no meu prato: — Não. Treino por conta própria. — Ah, então é por isso que suas flexões são tão perfeitas. — Falei sem pensar, deixando escapar o comentário. George parou por um instante, surpreso. Depois, abaixou os olhos. Achei que ele estivesse envergonhado por eu ter percebido que o observei em silêncio, mas ele apenas disse, naturalmente: — Você viu? Dessa vez f
George me olhava, e eu podia sentir sua tensão. Era evidente que ele estava nervoso. No fundo, era engraçado. Homens que amam de verdade raramente são generosos quando o assunto é ciúmes, e George não era exceção. Vendo aquele lado dele tão raro, tão diferente do seu habitual autocontrole, não consegui evitar um sorriso discreto. Mas, só para provocar, mantive a expressão séria enquanto parava bem na frente dele, sem dizer uma palavra. George abriu a boca, como se quisesse falar algo, mas parecia estar lutando internamente para decidir se devia ou não dizer. Ele, que sempre foi direto e objetivo, agora estava ali, hesitante, como uma criança que fez algo errado e não sabe como se explicar. Não aguentei. A cena era tão engraçada que acabei soltando uma risada. Minha reação o deixou ainda mais confuso. — Carina… — Ele disse, sem entender nada. Peguei o café que ele tinha preparado para mim e, ficando na ponta dos pés, dei um beijo rápido em sua bochecha. — Obrigada. — D
Entendi o que ele quis dizer. — Chefe, tem alguma coisa planejada? Precisa que eu viaje? Edgar confirmou com um aceno. — Quero que você fique fora por dois dias. Eu tinha acabado de encerrar a reunião matinal e não havia ouvido nada sobre novos projetos externos. Provavelmente era uma decisão de última hora de Edgar. — Para onde? Fazer o quê? — Perguntei, querendo detalhes. — Isso… Decido mais tarde. A resposta me deixou perplexa. Já que ele não podia dizer mais nada naquele momento, não insisti. Apenas me concentrei em organizar e finalizar tudo que estava em minhas mãos. Só consegui respirar às 10h30. Peguei minha caneca e fui até a copa. Assim que me aproximei da porta, ouvi duas meninas conversando e rindo enquanto tomavam chá. — O novo George fica cada vez mais lindo. Hoje, com aquela calça cargo, parece que as coxas dele têm um metro e oitenta! — Exagerada! Você tá caidinha pelo George. E eu lembro que antes você era fã do chefe Edgar, não era? — Pois é, ac
George soltou um som baixo, quase um suspiro. Eu sabia que aquilo não era dor. Era sensibilidade. Um arrepio. E, por um breve instante, minha mente foi longe, imaginando cenas que nem deveriam passar pela minha cabeça. Definitivamente, eu estava ficando cada vez mais atrevida. E, sem dúvida, cada vez melhor em provocar. Depois da pequena provocação, endireitei o corpo, dei um gole no café como se nada tivesse acontecido e me virei, saindo do escritório com toda tranquilidade. George parecia completamente desnorteado com o que eu havia acabado de fazer. Ficou paralisado, sem reação. Voltei para o meu escritório e, assim que coloquei a xícara de café sobre a mesa, levei as mãos ao rosto. E comecei a rir. Não sabia exatamente por que estava rindo. Só sentia vontade de rir. E muito. Era aquele tipo de riso genuíno, que vinha lá do fundo, de quem estava realmente feliz. Talvez fosse a felicidade de ter aprontado. Algo como a alegria de uma criança que faz uma travessura e sent