Afinal, fui eu mesma que não consegui o empurrar, não é?Ele realmente sabe como ser pretensioso.Mas se ele quisesse se iludir, que se iluda. No fim, quanto mais forte for sua obsessão, mais ele feriria-se.Talvez isso seja uma punição do destino para ele, ou talvez meus pais, já no além, se sintam tocados pelos sacrifícios que fiz nos últimos dez anos, e por isso permitiram que Sebastião não conseguisse seguir em frente com o passado que tivemos.— Daniel vai te trazer o celular mais tarde, descansa bem quando chegar em casa. — Sebastião disse, antes de me soltar.Ele se foi, com a postura firme, como sempre foi.No passado, eu ficava cheia de felicidade ao ver a silhueta dele se afastando, mas agora, tudo que sinto era uma sensação de estranheza, quase como se fosse um estranho.Desci as escadas e, quando cheguei no hall, Daniel apareceu.— Assist. Carolina.Já não sou mais assistente dele, mas ele ainda me chama assim.Era só uma forma de se dirigir a mim, então não corrigi.— O
— O Sr. Sebastião disse que sua garganta está rouca e até pediu para o pessoal da loja adicionar ervas, fez o pedido no meio da noite e agora ainda está quentinho. — Daniel disse, colocando a pera assada em minha mão.Minha palma se aqueceu, e eu segurei a sacola com a pera assada, abaixando o olhar.Daniel já havia ligado o carro.— Assist. Carolina, posso te levar até o Bairro de Solana? — Ele perguntou.O Bairro de Solana era a localização do meu condomínio atual.Daniel fez a pergunta de maneira tão natural, e eu percebi que a razão de Sebastião ter aparecido no meu andar naquela noite estava mais clara agora, provavelmente Daniel havia investigado e passado a informação para ele.— Não. — Eu recusei.Daniel ficou surpreso por um momento e me olhou pelo retrovisor.— Então... — Ele hesitou.— Daniel, pode parar o carro? — Minhas palavras fizeram Daniel dar um sobressalto e ele estacionou na beira da rua.Ele me olhou desconfiado.— Assist. Carolina, você...Eu o interrompi.— Não v
Benedita acenou com a cabeça.— Sim, agora estou bem, saudável, quero viver uma vida normal e recuperar tudo o que perdi.Ver uma Benedita assim me tocou profundamente.— Certo, eu apoio. — Eu também estava de acordo, mas ainda perguntei com cautela. — Você consegue entender tudo isso? Se não, podemos procurar um professor particular.— Consigo. — Benedita sorriu alegremente. — Cunhada, eu sinto que, depois de trocar de coração, fiquei mais inteligente. Essas coisas são fáceis de entender.Eu fiquei surpresa por um momento, e Benedita colocou a mão sobre o peito dela.— Cunhada, você não acha que a dona do meu coração é uma pessoa super inteligente?— O que você está pensando? Inteligente usa a cabeça, não tem nada a ver com o coração. — Eu neguei rapidamente a ideia dela.Na verdade, aquele momento de surpresa também me fez pensar algo parecido.Mas eu preferi não deixar Benedita pensar assim, para evitar que ela desenvolvesse outras ideias.— Você sempre foi inteligente, seu irmão qu
Era Sebastião.Ele apareceu de repente e minha primeira reação foi pensar que algo havia acontecido com João. Levantei-me rapidamente.— O que aconteceu com o tio?Sebastião não olhou para mais ninguém, apenas me encarou.— Ele está bem.Ele me entregou o celular.— É minha mãe que está procurando você.Eu respirei aliviada.— O que ela quer?— Acho que é algo urgente. Ela pediu para eu encontrar você rapidamente e pedir para retornar a ligação. — Sebastião levantou o celular mais um pouco.Eu estendi a mão para pegar o celular, mas a voz de Benedita soou atrás de mim.— Cunhada, quem é ele?Eu congelei por um momento. Benedita estava começando a suspeitar que eu tivesse brigado com o irmão dela, e, com a mente cheia de histórias de romance, se ela soubesse que esse era meu ex-namorado, ela com certeza começaria a imaginar coisas.— É... meu irmão. — As palavras saíram de minha boca, e eu senti um calafrio que me envolveu por inteiro.Não olhei para o rosto de Sebastião, virei-me e sor
— Aquela mulher, achando que tem o Sebastião, esse idiota, para a proteger, vai se metendo cada vez mais fundo. Eu vou fazer ela se arrepender! — Cátia falou com raiva.— Tia, precisamos primeiro descobrir o que ela disse para o João. — Eu tentei a acalmar.— O que ela pode ter dito? Ela só quer entrar para essa família, que nós a reconheçamos abertamente. — Cátia falava com tanta certeza que parecia que Lídia já tinha dito algo claro.— Ela está sonhando demais! Mesmo que todas as mulheres do mundo morressem e o Sebastião ficasse solteiro, eu não deixaria ela entrar nessa casa. — Cátia disse de forma decisiva.Eu sabia que ela estava com pena do João, realmente estava tão irritada que precisava desabafar, então eu não insisti mais, a deixei se expressar.Depois de um bom tempo falando com raiva, Cátia se acalmou um pouco.— Carol, espera para ver, vou fazer essa mulher se arrepender.Ao ouvir isso, lembrei-me de quando entrei para a família Martins, no segundo ou terceiro ano. Cátia e
Benedita estava ligando para o George. Seria que ele finalmente atendeu? Essa foi a minha primeira reação, mas ao invés de ir até lá imediatamente, fiquei parada na porta, ouvindo Benedita continuar sua conversa.— Irmão, o ex da minha cunhada olhou para ela de um jeito estranho, ele ainda gosta dela, com certeza.— Irmão, vocês brigaram? Eu vejo a cunhada tão distraída.— Irmão, por que você não responde às mensagens, nem atende o telefone? O que você está fazendo?— Irmão, vou te avisar, se você fizer a minha cunhada sofrer, eu vou ficar brava com você.— George, responde à mensagem, atende o telefone...Ouvir aquilo me fez rir silenciosamente. Eu sabia que ela não estava ligando, mas enviando mensagens de voz. Mas o que seria que o George estava fazendo para não responder e nem atender às ligações?Para evitar que Benedita ficasse constrangida e descobrisse que eu a estava ouvindo, eu fiz de propósito um barulho ao abrir a porta novamente e depois bati com mais força.— Cunhada. — B
— Não. — Eu respondi com certeza.Mas Benedita ainda balançou a cabeça. — Não vai dar, quando meu irmão voltar, eu vou fazer ele casar com você logo, levar você para casa, assim ninguém vai ficar se intrometendo.Ela ainda era uma garota ingênua, com pensamentos simples.Ela não sabia que existe uma palavra chamada "divórcio"?Mas não falei nada disso. Se eu dissesse, ela ficaria ainda mais preocupada. Sorri e respondi: — Claro, eu estou esperando ele casar comigo.— Sério? — Os olhos de Benedita brilharam, e ela pegou o celular, enviando uma mensagem de voz para George. — Irmão, a cunhada está esperando você casar com ela, corre para voltar e pedir ela em casamento.Fiquei encantada com a fofura de Benedita.Após enviar a mensagem, ela comentou: — Por que o irmão não atende o telefone e não responde às mensagens? Não aconteceu nada com ele, né?Quando ela disse isso, meu coração deu um salto. Eu poderia ficar nervosa, mas Benedita não podia. Então, brinquei: — Talvez ele tenha sido
Fechei os olhos, e aquele coração que sempre esteve preocupado por não conseguir entrar em contato com ele, finalmente se acalmou.— E você? Onde está? Eu o questionei.— Na porta de casa.Ao ouvir isso, quase consegui imaginar a cena dele parado na casa vazia.Eu me mudei, mas não conseguia mais entrar em contato com ele, então ele não sabia disso e foi até lá novamente.— Você esqueceu o celular. Perguntei para Benê, e ela disse que você já tinha voltado para casa. A Luana passou por uma cirurgia, e não consegui falar com você.George me explicou.Respirei fundo e abri lentamente os olhos, olhando para a minha nova casa.— Também não consegui falar com você.— Eu sei.Ele respondeu, e sua voz me fez sorrir de forma amarga.Mas antes que eu pudesse perguntar por que ele estava incontactável, ele falou novamente:— Quando nos encontrarmos, eu te explico. Carina, você se mudou?Eu me mudei.Agora, nesta nova casa, ele não sabia disso.Antes, ele havia dito que alugaria um apartamento e