— Não. — Eu respondi com certeza.Mas Benedita ainda balançou a cabeça. — Não vai dar, quando meu irmão voltar, eu vou fazer ele casar com você logo, levar você para casa, assim ninguém vai ficar se intrometendo.Ela ainda era uma garota ingênua, com pensamentos simples.Ela não sabia que existe uma palavra chamada "divórcio"?Mas não falei nada disso. Se eu dissesse, ela ficaria ainda mais preocupada. Sorri e respondi: — Claro, eu estou esperando ele casar comigo.— Sério? — Os olhos de Benedita brilharam, e ela pegou o celular, enviando uma mensagem de voz para George. — Irmão, a cunhada está esperando você casar com ela, corre para voltar e pedir ela em casamento.Fiquei encantada com a fofura de Benedita.Após enviar a mensagem, ela comentou: — Por que o irmão não atende o telefone e não responde às mensagens? Não aconteceu nada com ele, né?Quando ela disse isso, meu coração deu um salto. Eu poderia ficar nervosa, mas Benedita não podia. Então, brinquei: — Talvez ele tenha sido
Fechei os olhos, e aquele coração que sempre esteve preocupado por não conseguir entrar em contato com ele, finalmente se acalmou.— E você? Onde está? Eu o questionei.— Na porta de casa.Ao ouvir isso, quase consegui imaginar a cena dele parado na casa vazia.Eu me mudei, mas não conseguia mais entrar em contato com ele, então ele não sabia disso e foi até lá novamente.— Você esqueceu o celular. Perguntei para Benê, e ela disse que você já tinha voltado para casa. A Luana passou por uma cirurgia, e não consegui falar com você.George me explicou.Respirei fundo e abri lentamente os olhos, olhando para a minha nova casa.— Também não consegui falar com você.— Eu sei.Ele respondeu, e sua voz me fez sorrir de forma amarga.Mas antes que eu pudesse perguntar por que ele estava incontactável, ele falou novamente:— Quando nos encontrarmos, eu te explico. Carina, você se mudou?Eu me mudei.Agora, nesta nova casa, ele não sabia disso.Antes, ele havia dito que alugaria um apartamento e
Ao ouvir isso, meu coração se apertou de uma forma estranha, e me senti injustiçada:— George, eu não esperava que você fosse tão ciumento, nem quis ouvir minha explicação.Ele retrucou:— Eu não disse que não queria ouvir, te liguei, e queria ouvir sua explicação, mas você não atendeu o telefone.Quando ele falou isso, quase consegui imaginar ele, preocupado por eu ter sumido, correndo para ver as câmeras de segurança e descobrindo que eu tinha ido com o Sebastião.Realmente, o Sebastião me disse que George tinha procurado por mim, e eu segurei a mão do George:— Não foi por querer, eu estava na UTI.A boca de George curvou-se em um sorriso:— Eu sei, por isso, não fiquei bravo. E quanto ao telefone não ter funcionado, você vai entender em breve.Ele olhou para os prédios à distância:— Desde ontem, quando você foi embora, até agora eu não dormi nem bebi nenhuma água. Estou com sede e cansado.Essas palavras apertaram meu coração, e eu continuei andando, falando enquanto andava com el
Eu segui a Lídia até o andar onde moro, e ela entrou no prédio, pegando o elevador.Quando o elevador parou no andar dela, a única coisa que passou pela minha cabeça foi: que situação.Ela mora no andar de cima.Coincidência? Ou algo mais...Eu realmente não sabia, mas era claro que não era uma situação boa.Felizmente, os vizinhos do apartamento em frente ao meu raramente aparecem, então espero que nunca mais tenha que cruzar com a Lídia.Pelo jeito dela ao andar, já dava para perceber que ela estava pesada, provavelmente já estava quase para dar à luz.Antes, ela mal tinha dinheiro para comprar nada, agora está morando nessa comunidade. Não precisa nem perguntar para saber quem pagou por isso.Sebastião, né? Ele realmente consegue ser hipócrita, fingindo ser santo enquanto age como um canalha.Nesse momento, comecei a achar que minha decisão de me afastar dele e não ser mais enganada era a mais sábia.O George não me perguntou por que me mudei para esse apartamento. E justamente por
— Seja honesto, você já fez amor com Carolina?A voz rouca do homem se espalhou pelo vão da porta, fazendo com que eu, prestes a entrar, parasse meus passos. Através do vão, observei os lábios finos de Sebastião pressionados de leve.— Ela tentou, mas eu não estava interessado.— Sebastião, não humilhe a Carolina dessa maneira. Ela é uma das mais belas do nosso círculo social; muitos caras estão interessados nela.Quem falou isso foi Pedro Santos, amigo íntimo de Sebastião e testemunha dos nossos dez anos de relacionamento.— Estamos muito familiarizados, você entende? — Sebastião franziu as sobrancelhas.Quando eu tinha quatorze anos, fui enviada para a casa dos Martins, onde conheci Sebastião pela primeira vez. Desde então, todos me disseram que ele seria meu futuro marido. E assim vivemos juntos por dez anos.— Isso mesmo, vocês trabalham na mesma empresa durante o dia, veem um ao outro o tempo todo, e à noite vocês comem na mesma mesa. Devem se conhecer tão bem que até sabem quanta
Sebastião levantou a cabeça ao ouvir o som da porta, e seu olhar parou no meu rosto. Ele deve ter notado minha expressão.— Está se sentindo mal? — Ele franziu ligeiramente a testa.Caminhei silenciosamente até sua mesa, engolindo o amargor que subia em minha garganta, e falei: — Se você não quer casar comigo, posso falar com sua mãe.As rugas entre as sobrancelhas de Sebastião aprofundaram; ele percebeu que eu tinha ouvido sua conversa com Pedro.A amargura voltou à minha garganta, e eu continuei: — Nunca pensei que me tornaria uma pessoa com quem você se sente desconfortável em estar, Sebastião...— Para todos, já somos marido e mulher. — Sebastião me interrompeu.E daí? Ele quer casar comigo por causa dos outros? Eu queria que ele case comigo por me amar, por querer passar o resto da sua vida comigo.Com um clique suave, Sebastião fechou a caneta que segurava, seu olhar caiu sobre o documento em minhas mãos, e disse: — Vamos pegar a certidão de casamento na próxima quarta-feira.
O dia todo, fiquei pensando sobre essa questão. Até à tarde, quando ele veio me chamar, eu ainda não tinha a resposta, mas o segui mesmo assim.O hábito era algo terrível. Em dez anos, me acostumei com ele e também a voltar para a casa dos Martins depois do trabalho.— Por que você não está falando? — No caminho de volta, Sebastião provavelmente percebeu que eu estava de mau humor e perguntou.Fiquei em silêncio por alguns segundos e, finalmente, comecei a falar: — Sebastião, e se nós...Antes que eu pudesse terminar a frase, o celular dele tocou. O viva-voz mostrou um número não identificado, mas eu vi claramente que Sebastião apertou o volante com força. Ele estava nervoso, algo raro.Instintivamente, olhei para o rosto dele, mas ele já tinha desligado o viva-voz e atendido com o Bluetooth: — Alô... Ok, estou indo agora.A ligação foi curta. Ele desligou o telefone e olhou para mim. — Lina, tenho uma urgência para resolver e não vou poder se levar para casa.Na verdade, antes mesm
Nunca imaginei que um dia na minha vida acabaria indo para a delegacia por uma acusação de assédio.Derrubei um adolescente, que tinha apenas 17 anos e ainda era menor de idade. Ele insistiu que eu tinha más intenções com ele. Mesmo que eu negasse, ele continuava a afirmar que eu o tinha tocado.— Onde ela te tocou? — O policial perguntou com bastante detalhamento.O nome do adolescente era Augusto Reis. Ele olhou para mim, apontou primeiro para o próprio peito e depois para baixo da cintura. — Aqui, aqui... Ela tocou em tudo.Besteira! Quase gritei. Sebastião, que é um homem tão bonito, eu nunca toquei, então por que tocaria nesse pirralho que nem barba tinha?O policial olhou de volta para mim, e antes que ele pudesse perguntar, eu já neguei: — Eu não o toquei, apenas esbarrei nele sem querer.— Você bebeu? — O policial me olhou com um semblante sugestivo.Nesta sociedade, é normal os homens se entregarem ao álcool, mas quando uma mulher bebe um pouco, geralmente é vista como desre