Eu não fui almoçar porque a Luana me chamou.Ela disse que o senior estava vindo para a clínica como professor visitante e já tinha conversado com ele, sugerindo que eu fosse também para discutir os detalhes do tratamento da Benedita.— Então, vou levar o George junto. — Falei, já que ele é irmão dela, seria melhor ele ouvir tudo de perto. Além disso, a decisão sobre a cirurgia deve ser tomada por ele, pois é quem tem autoridade.Luana hesitou por um momento, o que me deixou um pouco preocupada.— O que aconteceu? Não está conveniente? — Perguntei, tentando entender o motivo da hesitação.— Melhor você vir sozinha. O tempo é bem curto. Só conseguiremos conversar com ele rapidamente enquanto ele tiver um intervalo — ela explicou, com uma leve tensão na voz.Com a ficha médica de Benedita em mãos, fui sozinha até o hospital. Luana me esperava na entrada. Ela deu uma olhada rápida nos papéis que eu estava trazendo e me conduziu até o auditório acadêmico.— Ele está muito ocupado. — Disse
Minha admiração era genuína. Mesmo como leiga, consegui entender perfeitamente a palestra de Gilberto e, através de suas explicações, percebi o quanto a medicina moderna é extraordinária e inspiradora.— Você está parecendo exausta, como se tivesse feito algo errado.— Luana ignorou meu elogio e logo notou algo estranho em mim.Não era à toa. Ela era ginecologista e tinha um olhar clínico quase sobrenatural. Não só percebeu que algo estava fora do lugar, como também parecia saber exatamente o motivo.— Talvez... um pouco cansada demais. — Confessei, mordendo de leve os lábios.Os olhos dela se arregalaram.— Você... você realmente...? Com quem?!A primeira parte da frase era aceitável, mas as últimas palavras quase me fizeram perder a compostura. Olhei ao redor, aliviada por não haver ninguém por perto, antes de responder em um tom baixo:— O que você acha?Ela me estudou por alguns segundos, e então soltou:— George?Não neguei, e isso foi o suficiente para que ela assentisse. Logo em
— Luana, era você quem queria falar comigo? Gilberto foi o primeiro a falar.Luana rapidamente se recompôs.— Gilberto, esta é Carolina, a menina de quem te falei antes. A Benedita, que vai passar pela cirurgia, é a sobrinha dela.Ah!As palavras de Luana me prenderam direto à figura de George.Gilberto acenou com a cabeça para mim e, sem hesitar, estendi o prontuário de Benedita.Ele pegou e começou a folhear. Após meio minuto, acenou com a cabeça.— Já conheço a situação dela, está de acordo com o que está no prontuário. A cirurgia é viável, e quanto mais rápido, melhor. Já fiz o registro para a solicitação de um coração. Assim que houver um doador, podemos realizar a cirurgia.— O que você quer dizer é que Benedita precisa ser internada agora, para estarmos prontos para a cirurgia assim que houver um doador? Luana, sendo a profissional, completou a frase.— Exatamente, quanto mais rápido, melhor. Gilberto respondeu olhando para Luana.Eu não sabia se era minha impressão, mas os olho
— Não se preocupe, só queria jantar com você. — Gilberto foi direto.Luana parecia não ter esperado por isso, ficando sem reação por um momento.Quando eu pensei que ela fosse recusar de maneira boba, ela respondeu prontamente com um único “sim”.— Isso!Eu secretamente dei os parabéns para Luana, afinal, ela não estava deixando um homem tão bonito escapar.Eu já estava imaginando como seria um jantar maravilhoso entre Luana e o seu crush secreto, até que ouvi Fabiane interromper,— Depois da formatura, nós três não nos encontramos há um tempo, realmente devemos nos reunir.— Ah?!Ela estava realmente sendo um daqueles “terceiros” muito entusiásticos.Eu, como alguém que já passou por isso, sabia exatamente o que Fabiane estava tentando fazer: impedir que Luana ficasse sozinha com Gilberto.Luana, que estava sendo rara e corajosa, teve sua chance interrompida no meio do caminho por Fabiane, e eu não podia fazer nada.Eu ia falar algo, mas ouvi Luana dizer,— Fabiane, eu e Gilberto temo
— O que você está pensando? Tenho certeza de que o Gilberto gosta de você. — Falei com convicção.Porque o olhar do Gilberto para a Luana era cheio de carinho, mas agora ela estava sem confiança. Não era culpa dela; ela o havia admirado secretamente por anos e nunca teve coragem de se declarar, achando-o uma pessoa tão perfeita. E isso só refletia sua baixa autoestima. Talvez só a resposta direta de Gilberto possa curá-la.Isso é algo que, como amiga, eu não poderia explicar direito, então preferi não perder mais tempo falando sobre.— Eu vou embora agora, você se arruma direitinho mais tarde para o encontro e já troca de turno, nada de faltar, mesmo que surja alguma emergência. — Falei com um tom de mãe, dando conselhos.Ela riu, com a mesma sensação que eu. — Minha mãe não se preocupa tanto assim como você.— Isso porque sua mãe não sabe o quanto você sofre, guardando um amor secreto. — Eu disse para ela, e ela só sorriu.— Vai dar tudo certo, Luana. — Falei, fazendo um gesto com o p
Agora, aquelas mesmas palavras, se ditas, soam apenas como ironia.— Eu sei. — Falei, fazendo uma pausa antes de continuar. — Já não sou mais uma criança.Sebastião entendeu o que eu queria dizer, e soltou um sorriso forçado.— Foi excesso de preocupação da minha parte.Não respondi, e ele acrescentou:— Preste atenção ao caminhar, não se distraia.Fiz um som afirmativo, mas, de repente, uma imagem do sonho que tive à noite veio à minha mente. — A cena dele, todo ensanguentado.Agora ele estava novamente no hospital, e meu coração apertou instantaneamente. Instintivamente, perguntei:— Você veio aqui fazer o quê?Os lábios dele se moveram, mas ele não respondeu.— Você não está... — Confortável, pensei, mas não consegui completar a frase.Foi quando ouvi uma voz chamando-o à distância.— Sebastião, apresse-se!Era Lídia.Eu não conseguia ver nada, pois Sebastião me bloqueava a visão, mas podia claramente ouvir a voz dela.Agora, tudo fazia sentido. Ele não estava ali por algum mal-esta
Meu corpo se tencionou, e eu pensei:pode ser que ele esteja pensando nisso novamente!A natureza humana é assim!Quem prova, nunca esquece!Parece que nem as pessoas mais refinadas conseguem resistir a isso. Não é à toa que até os deuses distantes dos dramas de fantasia acabam violando as regras celestiais e se apaixonam.O amor é realmente a fraqueza mais mortal que o céu deu aos seres humanos.Enquanto George me beijava com uma intensidade avassaladora, eu comecei a me distrair um pouco.Foi só quando senti uma leve dor no lábio, um pequeno mordisco, que voltei a mim. George já me havia colocado na cama e estava sobre mim.Nos seus olhos, brilhava um desejo ardente, e sua garganta se movia de forma sedutora. Suas mãos estavam apoiadas ao meu lado, com os músculos bem definidos, provocando um calor insuportável.Era uma tentação vibrante, e meu corpo respondeu com uma sensação indescritível.Era um formigamento, uma sensação de algo rastejando, espalhando-se lentamente, ponto por pon
— Eu já superei meus sentimentos por Sebastião, mas isso não significa que aquelas memórias dolorosas tenham desaparecido. — Carol, você é mesmo teimosa, menina! Passou por tudo isso e não abriu a boca? Aquela casa foi comprada pra você, então você devia ter expulsado ela de lá! Se fosse pra um mendigo morar, ainda seria melhor do que deixar aquela mulher ficar! — Cátia, com seu temperamento firme, não escondia a raiva. Ela era do tipo que não engolia desaforo. Provavelmente era também por isso que João sempre mantinha a postura impecável. Além de amá-la, devia temer provocar uma tempestade. Eu e Sebastião não tínhamos mais nada, então não fazia sentido continuar falando sobre isso. Tentei apaziguá-la: — Tia, já passou. — Passou pra você, mas pra mim não passou! Hoje mesmo mando tirar ela de lá! — Cátia estava determinada. Eu suspirei, esboçando um sorriso fraco: — Mesmo que você a expulse daquela casa, Sebastião pode simplesmente comprar outra pra ela. Lídia era uma in