Eu nunca soube que ainda podia rir como uma criança, que com mais de vinte anos ainda poderia experimentar a sensação de ser levantada e girada no ar como quando era pequena.Mas, após a alegria de rodopiar, o mundo ao meu redor começou a girar junto, e eu fiquei tão tonta que mal conseguia me equilibrar. Sem outra escolha, me aninhei quietinha no peito de George.Foi nesse momento que uma ideia me passou pela cabeça, “Poderia isso ser mais um dos planos dele?”— Quando você era pequena, adorava girar assim. — Sussurrou ele, bem próximo ao meu ouvido.George e eu nos conhecemos quando eu ainda era muito jovem, jovem demais para guardar qualquer lembrança. No entanto, agora que ele mencionava, algo em mim queria explorar mais.— E o que mais eu gostava de fazer quando era pequena? — Você gostava de ser erguida bem alto. E de andar no meu pescoço como se eu fosse o seu cavalo.Meu rosto imediatamente ficou quente com a descrição. Para esconder minha vergonha, respondi de forma brincalh
Ele deixou que eu mexesse no rosto dele enquanto continuava:— Sabe o que você disse naquela época?— Não sei, aposto que você está inventando tudo isso. — Rebati, fingindo desconfiança. Não podia admitir que realmente tivesse feito tantas coisas embaraçosas.George sorriu de leve, como se eu estivesse apenas confirmando tudo, e continuou:— Você dizia que era "carimbar". Que quando me dava um beijo, era como se estivesse me marcando, e que eu já era seu. Prometeu que, quando crescesse, ia se casar comigo. Disse que eu não poderia me casar com mais ninguém além de você.Enquanto falava, ele inclinou a cabeça em minha direção:— Carina, eu cumpri sua ordem. Esperei por você todo esse tempo. Já passei dos trinta e nunca namorei outra pessoa, nunca gostei de mais ninguém. Nem sequer segurei a mão de outra garota. Fiquei quietinho, do jeito que você queria, esperando por você. Agora, você tem que assumir essa responsabilidade.A voz dele soava quase como um lamento, cheia de uma doçura mis
Fiquei paralisada.Não esperava que George fosse tão direto assim.E mais uma vez tive certeza de que George não era uma pessoa “duro”, mas também extremamente direto.Enquanto meu coração disparava mais rápido, minha cabeça parecia incapaz de acompanhar minha boca, que acabou soltando uma pergunta:— Por que quer ficar?A maçã de Adão dele subiu e desceu, e então respondeu:— Porque não quero me separar de você.Era uma razão inquestionável.Pessoas apaixonadas costumam ser assim, grudadas, desejando estar juntas o tempo inteiro, como se fossem siamesas.— Não sou o tipo de pessoa que você imagina, alguém que se entrega facilmente. — Soltei, surpreendendo a mim mesma.O rosto de George ficou um pouco rígido, mas logo suas orelhas ficaram vermelhas em uma rapidez desconcertante. Era engraçado como aquele rubor parecia tão desconexo com a sua maneira direta de falar. Mas era exatamente assim que ele era.— Não foi isso que quis dizer. Eu só... só queria ficar aqui para te fazer compan
Senti-me queimada sob aquele olhar intenso, como se uma febre abrasadora tivesse tomado conta de mim.A lembrança da última vez que o provoquei voltou à mente, e ao encarar aquele rosto carregado de uma austera contenção, recordei as palavras de Luana.— George, você já dormiu com outra mulher? — Mesmo ele tendo dito que nunca teve sequer uma namorada, quis confirmar novamente.Os olhos de George se aprofundaram, como se estivessem sondando minha alma.— Nunca...A simplicidade dessa palavra fez meu coração estremecer:— E você gostaria?Sua mandíbula ficou tensa. Um instante depois, a luz ao meu redor pareceu desaparecer, dando lugar à pressão firme dos seus lábios sobre os meus.Enquanto sua respiração tornava-se mais pesada, eu já tinha minha resposta. Porém, ele não foi adiante imediatamente. Com a testa encostada na minha, murmurou:— Quanto tempo você pretende me testar? Ou será que quer apenas me torturar?Olhei para ele, tão contido e, ao mesmo tempo, dominado por um desejo qu
Sebastião... o que aconteceu com ele?Por que estava coberto de sangue?Será que ele se machucou?Esses sonhos sempre me parecem avisos. Lembro-me da noite anterior ao acidente de carro dos meus pais. Sonhei que meus dois dentes da frente caíam, com sangue jorrando, e acordei chorando de tanto medo. No dia seguinte, meus pais sofreram o acidente e partiram para sempre.Um calafrio percorreu meu corpo enquanto uma inquietação crescia no meu coração. Nem percebi o olhar atento de George sobre mim até sentir sua mão tocando minha testa, limpando o suor frio que brotara.— Foi um pesadelo? — Sua voz me trouxe de volta à realidade.De imediato, me dei conta de que ele tinha ouvido quando chamei por Sebastião no sonho. Para evitar qualquer mal-entendido, expliquei:— Sonhei com Sebastião. Ele estava todo ensanguentado, parado ao lado da cama. Perguntei o que tinha acontecido, mas ele não respondeu.— Não se preocupe. Dizem que os sonhos são o contrário da realidade. Mas, se isso te incomoda
O parque de diversões em si não tinha problema algum; então o problema era mesmo o Sebastião.Ao lembrar da cena do sonho e do motivo pelo qual eu fiz aquela ligação, perguntei a Miguel:— É algo com Sebastião? O que aconteceu com ele?Miguel não respondeu imediatamente. Depois de um momento de silêncio, disse:— Na verdade, se você quiser saber algo, pode perguntar diretamente a ele.Não subestime os outros; era isso mesmo. No fundo, ninguém é ingênuo.Aquela resposta me deixou sem saber o que dizer. Miguel, que sempre teve o cuidado de não me colocar em situações desconfortáveis, tentou aliviar meu constrangimento com um comentário:— Quero dizer, mesmo que vocês não sejam mais namorados, depois de tantos anos, vocês já são praticamente famílias.— Haha. — Dei uma risadinha leve. — Tenho receio de procurá-lo e acabar deixando a atual namorada dele com ciúmes, só isso.Miguel também riu.— Carol, quando tiver um tempo, vamos marcar um almoço juntos. — Convidou ele.Como ele já havia
— Oi, Carolina!Augusto acenou para mim com um sorriso travesso no rosto.— Esperei por você quase uma hora! Carolina, hoje você se atrasou. — Ele balançava o pulso para me mostrar o relógio.Eu respirei fundo, tentando suprimir a irritação que fervia no meu peito, e me aproximei dele com passos firmes. Hoje, troquei os saltos altos por sapatos baixos; minhas pernas estavam fracas demais para suportar o cansaço.— Carolina, você não está se sentindo bem? — O pirralho tinha olhos aguçados e percebeu algo estranho no meu jeito de andar.Minhas passadas hesitaram por um segundo, denunciando a minha insegurança.Não era algo que eu pudesse admitir, então simplesmente me sentei de forma firme e resoluta diante dele:— Vamos direto ao ponto, Augusto. O que você quer?Ele ignorou minha pergunta e continuou provocando:— Carolina, não dormiu bem ontem?O pirralho parecia ser mais direto , como se ele soubesse de algo. Endireitei-me na cadeira, tentando parecer confiante.— Diga logo o que te
Parei e me virei, e tentei acertar sua cabeça.Mas, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, George já falou com uma frieza cortante, sem nem se mover:— Sai daqui.— E você quem é, pra me mandar embora? — Augusto é realmente um jovem destemido, parece que não tem medo de ninguém.George, com uma voz tão clara quanto um golpe certeiro, respondeu:— Eu sou a pessoa que não vai deixar você se aproximar dela.Eu olhei para o rosto de George. As linhas de seu rosto eram tão bem definidas que pareciam lâminas afiadas, e cada ângulo exalava uma força intimidante.Era a primeira vez que o via assim, com um olhar tão penetrante, e um arrepio percorreu minha espinha. Meu coração apertou, como se uma pressão repentina tivesse se instalado ali.Augusto também ficou atônito por alguns segundos com as palavras dele, mas logo voltou com aquele sorriso debochado de sempre:— E aí, véio, você também está na corrida pela Carolina?Pfff!Agora foi a minha vez de ficar chocada.Esse Augusto realmente n