Sorrindo para mim mesma, percebi que era ela.Quando Elisa chegou, eu estava no jardim, tomando sol. Ela apareceu na minha frente, toda vestida como uma dama de classe alta, com uma postura altiva e disse:— Carolina, você tem mesmo a ousadia de me fazer vir até aqui procurar por você.— Você está enganada, foi você quem quis vir me procurar. — Respondi, sem me dar por satisfeita com sua atitude.O rosto impecavelmente maquiado de Elisa ficou instantaneamente feio.— Então você deve saber o motivo de eu estar aqui, não? — Ela se postou diante de mim com um olhar desafiador.Ela ficou parada, e uma sombra que ela projetou bloqueou a luz do sol para mim. Não pude deixar de notar o quanto o corpo dela, com suas curvas perfeitas, era chamativo de onde eu estava.Não precisava ser um homem como Felipe para perceber o quanto ela era atraente, até mesmo para uma mulher como eu, ela exalava uma combinação de beleza e praticidade.Sorri, mantendo a calma:— Não sei, será que sua filha quer brin
Ela disse isso com sinceridade.E, pelo jeito, era evidente que ela se sentia muito sozinha.Caso contrário, não teria desafiado-me no momento anterior e no segundo seguinte, já queria ser minha amiga.— Eu não tenho muitos amigos, o Felipe não me deixa fazer amizades. Mas consigo perceber que ele te trata de maneira diferente, então... se eu for amiga sua, acho que ele vai concordar. — Elisa se aproximou de mim.Não respondi.— Carolina, eu não tenho más intenções, realmente só quero ser sua amiga. E a Talita gosta muito de você, já me falou várias vezes de você. — Elisa mencionou a filha dela.— Eu sei que você deve achar que não tenho perfil para ser sua amiga, mas pense que seria como fazer uma amizade com a Talita, que tal? — Elisa não tinha mais a arrogância de antes, agora parecia até um pouco vulnerável, como se estivesse me implorando.— Eu estou muito ocupada, não tenho tempo para fazer amizades. — Respondi, mantendo a negativa.Não é que eu não fosse uma pessoa de dar valor
Eu segurei a mão dele, transmitindo-lhe força em silêncio.Gilberto havia dito que a cirurgia duraria pelo menos seis horas. Depois de três horas esperando junto com George, ele de repente começou a sangrar pelo nariz.Era um sinal de que ele estava extremamente nervoso, o que me fez perceber o quanto ele se importava com Benedita.— Eu vou pegar um pouco de água para você.Durante aquelas três horas, nenhum de nós dois havia bebido nada.Na noite anterior, Benedita não podia comer por causa da cirurgia, então George ficou com ela, sem comer também.— Não se preocupe, você pode ir descansar um pouco, mais tarde você volta. — George ainda se lembrava de cuidar de mim.Eu assenti com a cabeça e fui até o mercado do hospital comprar água.Quando voltei, para minha surpresa, vi Vinicius perto da sala de cirurgia. Ele estava encostado na parede, olhando fixamente para o chão, sem saber o que estava pensando.Pensando nos acontecimentos dos últimos dias, eu sabia que Ivone provavelmente já t
— Quem é o responsável pelo paciente?George acabava de abrir a garrafa de água e tomar um gole quando a porta da sala de cirurgia se abriu de repente, e Fabiane saiu rapidamente.Ela era a assistente médica do dia, auxiliando Gilberto na cirurgia.— Sou eu! — George se levantou, mas, nervoso, seu corpo oscilou.Eu o segurei pela mão, caminhando até Fabiane, e perguntei:— Doutora, o que aconteceu?— Durante a cirurgia, o paciente teve uma grande hemorragia. Vocês precisam se preparar psicologicamente. Aqui está o termo de consentimento informado. — As palavras de Fabiane nos paralisaram, tanto a mim quanto a George.— Está muito grave? Qual é a situação agora? — Luana, que ainda estava vestindo o avental cirúrgico, apareceu na hora certa.Ela não estava escalada para operar hoje, mas como um dos médicos de plantão teve um problema familiar inesperado, ela precisou assumir.— Continuamos fazendo transfusões de sangue e ainda estamos tentando localizar o ponto de sangramento. — Fabiane
Esse gesto me fez perceber a expressão feia de Fabiane, até mesmo vi seu punho cerrado, uma inveja explícita.De repente, meu coração apertou e, instintivamente, chamei-a:— Profa. Fabiane.Fabiane desviou o olhar de Luana e Gilberto e me olhou, sem eu precisar perguntar nada, ela já abriu a boca de maneira fria e impessoal:— O paciente será transferido para a sala de observação em meia hora.Depois de dizer isso, ela virou-se e se afastou, sendo claramente possível perceber seu ressentimento e frustração.Toquei em George e murmurei:— Está com ciúmes, né?George, agora mais tranquilo pela cirurgia bem-sucedida de Benedita, apertou minha mão e sorriu, aliviado:— Sim, o Prof. Gilberto fez um ótimo trabalho.Eu? Fiquei parada, olhando para Gilberto, ainda abraçado com Luana, depois voltei meu olhar para George.Ele apenas acenou com a cabeça para mim.Foi aí que percebi: Gilberto, ao abraçar Luana na frente de todos, não estava apenas expressando seu carinho pela pessoa que ele ama, m
Benedita saiu da sala de observação três dias depois.Ela não apresentou rejeição, nem qualquer sinal de desconforto, e sua recuperação foi ainda melhor e mais rápida do que Gilberto imaginava.— Parece que o coração de outra pessoa se encaixou perfeitamente nela. — Luana comentou, impressionada.— Deve ser porque o dono do coração ainda não queria deixar este mundo. — Eu disse, segurando um grande buquê de flores.Ao falar sobre isso, não pude deixar de perguntar discretamente à Luana:— Você sabe algo sobre o doador?Luana me lançou um olhar enviesado.— Não sei, essas informações são confidenciais.Na verdade, eu também sabia, e minha pergunta não tinha outra intenção, apenas estava pensando em como aquela pessoa foi capaz de salvar a vida de Benedita, o que era uma atitude grandiosa.A porta da sala de observação se abriu, e Benedita foi trazida para fora.Embora, nesses três dias, eu e George tivéssemos entrado para vê-la, sair de lá com ela tinha um significado diferente.A porta
Embora a cirurgia de Benedita tenha sido um sucesso, ainda podem surgir problemas durante a recuperação, e ela simplesmente não pode ser deixada sem supervisão.George contratou uma enfermeira, mas ela só trabalha durante o dia; à noite, ele vai ficar com Benedita.Por isso, nos últimos dias, tive menos tempo com George, já que ambos temos que trabalhar durante o dia.— Tenho, sim. — George disse sim inesperadamente.— E Benedita? — Eu apenas perguntei, mas George me interrompeu.— Eu vou cuidar disso. — Ele respondeu, com aquele jeito protetor que só ele tem.— Faz tanto tempo que não passo um tempo com você. — Ele disse, pressionando a testa contra a minha, e, ao ouvir isso, meu coração ficou apertado.Não é mesmo?Ele cuida de Benedita todos os dias, o que acaba não deixando espaço para mim.Mas, apesar de eu não poder ceder a essa sensação de ciúmes, ainda me sinto um pouco magoada.O jogo de Pedro era em Seranísia, uma cidade distante, e nós fomos de avião até lá.Ao desembarcar,
A voz de George era baixa, quase opressiva.Meu coração travesso se apertou um pouco ao olhar para o rosto dele, que estava mais magro do que antes. Pensei em como ele precisava cuidar da irmã, que acabara de se recuperar de uma doença grave, e agora ainda precisava me acalmar. Ele devia estar exausto.Imediatamente, minha vontade de continuar brincando com ele desapareceu. Puxei-o suavemente e, com um tom mais tranquilo, expliquei:— Eu e o Pedro somos só amigos, por isso falo dele à vontade na sua frente, porque minha consciência está tranquila.Assim que terminei de falar, percebi que a frase não tinha soado como eu queria, mas não corrigi.Na verdade, o fato de eu não mencionar certas coisas não significam que eu me sinta culpada.Pelo contrário, não falar sobre isso é só porque eu já não me importo mais.— Eu sei, mas ainda assim, me sinto incomodado. — George respondeu, sinceramente.Eu compreendi, afinal, se fosse ele falando de outra pessoa na minha frente, também ficaria desco