Isso?O que isso significa?Refere-se a desistir de Ivone?Do corredor, observei Vinicius. Seu rosto estava pálido, quase sem vida, e sua expressão era tensa, com as mãos cerradas em punhos ao lado do corpo.— Vinicius, você não entende o que eu estou dizendo? Saia daqui, vá embora... — A mulher de meia-idade, claramente descontrolada, começou a empurrá-lo enquanto gritava.Ele cambaleou para trás, os ombros magros pareciam ainda mais frágeis sob a luz fria da enfermaria. Apesar disso, endireitou-se, lutando para manter a compostura.— Sra. Cíntia, deixe-me ficar ao lado dela até o final, por favor.A mulher explodiu em lágrimas, cada palavra carregada de dor e rancor:— Minha Ivoninha está assim por sua causa! Se não fosse por você, ela nunca estaria nesse estado! Me devolva a minha filha! Devolva a minha Ivoninha! — E com os punhos, começou a bater nele.A cena diante de mim apertou meu coração, um instinto automático me levou a querer intervir. Mas antes que eu pudesse dar um passo
Será que é sobre o enterro de Ivone depois que ela partiu?Não pude evitar pensar em várias possibilidades, mas a verdadeira resposta só Vinícius conhece.Parece que terei que esperar por uma oportunidade no futuro para perguntar.Porém, talvez nem sequer haja uma chance no futuro.Embora eu tenha tido duas interações com Vinícius, sei que foi apenas aqui no hospital. Quando Ivone partir, Vinícius talvez nunca mais apareça por aqui, e entre tantas pessoas, não nos cruzaremos novamente.Olhei mais uma vez para a cama cercada de pessoas e, silenciosamente, disse em meu coração: Ivone, que você vá em paz.Saí e fui procurar Luana, mas, infelizmente, ela estava novamente em uma cirurgia. Não voltei imediatamente para o quarto, mas fui até o jardim lá fora.— Srta. Carolina. — Ouvi uma voz me chamar.Virei-me e vi Danilo, sozinho, parecendo ter corrido até ali, ofegante.Não fiquei surpresa de ele vir até mim.— Sr. Danilo.— Desculpe, Srta. Carolina, a Cíntia... ela ficou muito abalada. —
Ao ouvir as palavras de Edgar, minha primeira reação foi que eu estava tirando férias demais.Antes de ontem à noite, eu pensava que Edgar me deixava ficar tão à vontade no trabalho porque George era o grande chefe invisível por trás dele. Agora...Fiquei um pouco envergonhada por dentro, e respondi:— É uma cliente? Eu posso ir agora...— Não é cliente, é uma mulher, vestida como uma fada, com uma postura bem agressiva, parece até uma esposa legítima indo atrás de uma amante. — Edgar sempre fala de forma direta, sem rodeios, e disse exatamente o que estava pensando.Mas depois ele continuou explicando:— Carolina, eu sei da sua relação com o Sr. George, não queria dizer nada demais, só queria te avisar, será que você andou provocando alguém?Eu fiquei um pouco confusa, mas não entrei em pânico:— E o nome dessa mulher?— Não sei o nome, só sei que ela tem o sobrenome, Ávila. Não faço ideia de qual Ávila seja, mas ela parece muito arrogante. — Edgar parecia realmente impressionado por
Sorrindo para mim mesma, percebi que era ela.Quando Elisa chegou, eu estava no jardim, tomando sol. Ela apareceu na minha frente, toda vestida como uma dama de classe alta, com uma postura altiva e disse:— Carolina, você tem mesmo a ousadia de me fazer vir até aqui procurar por você.— Você está enganada, foi você quem quis vir me procurar. — Respondi, sem me dar por satisfeita com sua atitude.O rosto impecavelmente maquiado de Elisa ficou instantaneamente feio.— Então você deve saber o motivo de eu estar aqui, não? — Ela se postou diante de mim com um olhar desafiador.Ela ficou parada, e uma sombra que ela projetou bloqueou a luz do sol para mim. Não pude deixar de notar o quanto o corpo dela, com suas curvas perfeitas, era chamativo de onde eu estava.Não precisava ser um homem como Felipe para perceber o quanto ela era atraente, até mesmo para uma mulher como eu, ela exalava uma combinação de beleza e praticidade.Sorri, mantendo a calma:— Não sei, será que sua filha quer brin
Ela disse isso com sinceridade.E, pelo jeito, era evidente que ela se sentia muito sozinha.Caso contrário, não teria desafiado-me no momento anterior e no segundo seguinte, já queria ser minha amiga.— Eu não tenho muitos amigos, o Felipe não me deixa fazer amizades. Mas consigo perceber que ele te trata de maneira diferente, então... se eu for amiga sua, acho que ele vai concordar. — Elisa se aproximou de mim.Não respondi.— Carolina, eu não tenho más intenções, realmente só quero ser sua amiga. E a Talita gosta muito de você, já me falou várias vezes de você. — Elisa mencionou a filha dela.— Eu sei que você deve achar que não tenho perfil para ser sua amiga, mas pense que seria como fazer uma amizade com a Talita, que tal? — Elisa não tinha mais a arrogância de antes, agora parecia até um pouco vulnerável, como se estivesse me implorando.— Eu estou muito ocupada, não tenho tempo para fazer amizades. — Respondi, mantendo a negativa.Não é que eu não fosse uma pessoa de dar valor
Eu segurei a mão dele, transmitindo-lhe força em silêncio.Gilberto havia dito que a cirurgia duraria pelo menos seis horas. Depois de três horas esperando junto com George, ele de repente começou a sangrar pelo nariz.Era um sinal de que ele estava extremamente nervoso, o que me fez perceber o quanto ele se importava com Benedita.— Eu vou pegar um pouco de água para você.Durante aquelas três horas, nenhum de nós dois havia bebido nada.Na noite anterior, Benedita não podia comer por causa da cirurgia, então George ficou com ela, sem comer também.— Não se preocupe, você pode ir descansar um pouco, mais tarde você volta. — George ainda se lembrava de cuidar de mim.Eu assenti com a cabeça e fui até o mercado do hospital comprar água.Quando voltei, para minha surpresa, vi Vinicius perto da sala de cirurgia. Ele estava encostado na parede, olhando fixamente para o chão, sem saber o que estava pensando.Pensando nos acontecimentos dos últimos dias, eu sabia que Ivone provavelmente já t
— Quem é o responsável pelo paciente?George acabava de abrir a garrafa de água e tomar um gole quando a porta da sala de cirurgia se abriu de repente, e Fabiane saiu rapidamente.Ela era a assistente médica do dia, auxiliando Gilberto na cirurgia.— Sou eu! — George se levantou, mas, nervoso, seu corpo oscilou.Eu o segurei pela mão, caminhando até Fabiane, e perguntei:— Doutora, o que aconteceu?— Durante a cirurgia, o paciente teve uma grande hemorragia. Vocês precisam se preparar psicologicamente. Aqui está o termo de consentimento informado. — As palavras de Fabiane nos paralisaram, tanto a mim quanto a George.— Está muito grave? Qual é a situação agora? — Luana, que ainda estava vestindo o avental cirúrgico, apareceu na hora certa.Ela não estava escalada para operar hoje, mas como um dos médicos de plantão teve um problema familiar inesperado, ela precisou assumir.— Continuamos fazendo transfusões de sangue e ainda estamos tentando localizar o ponto de sangramento. — Fabiane
Esse gesto me fez perceber a expressão feia de Fabiane, até mesmo vi seu punho cerrado, uma inveja explícita.De repente, meu coração apertou e, instintivamente, chamei-a:— Profa. Fabiane.Fabiane desviou o olhar de Luana e Gilberto e me olhou, sem eu precisar perguntar nada, ela já abriu a boca de maneira fria e impessoal:— O paciente será transferido para a sala de observação em meia hora.Depois de dizer isso, ela virou-se e se afastou, sendo claramente possível perceber seu ressentimento e frustração.Toquei em George e murmurei:— Está com ciúmes, né?George, agora mais tranquilo pela cirurgia bem-sucedida de Benedita, apertou minha mão e sorriu, aliviado:— Sim, o Prof. Gilberto fez um ótimo trabalho.Eu? Fiquei parada, olhando para Gilberto, ainda abraçado com Luana, depois voltei meu olhar para George.Ele apenas acenou com a cabeça para mim.Foi aí que percebi: Gilberto, ao abraçar Luana na frente de todos, não estava apenas expressando seu carinho pela pessoa que ele ama, m