— Oi, Carolina!Augusto acenou para mim com um sorriso travesso no rosto.— Esperei por você quase uma hora! Carolina, hoje você se atrasou. — Ele balançava o pulso para me mostrar o relógio.Eu respirei fundo, tentando suprimir a irritação que fervia no meu peito, e me aproximei dele com passos firmes. Hoje, troquei os saltos altos por sapatos baixos; minhas pernas estavam fracas demais para suportar o cansaço.— Carolina, você não está se sentindo bem? — O pirralho tinha olhos aguçados e percebeu algo estranho no meu jeito de andar.Minhas passadas hesitaram por um segundo, denunciando a minha insegurança.Não era algo que eu pudesse admitir, então simplesmente me sentei de forma firme e resoluta diante dele:— Vamos direto ao ponto, Augusto. O que você quer?Ele ignorou minha pergunta e continuou provocando:— Carolina, não dormiu bem ontem?O pirralho parecia ser mais direto , como se ele soubesse de algo. Endireitei-me na cadeira, tentando parecer confiante.— Diga logo o que te
Parei e me virei, e tentei acertar sua cabeça.Mas, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, George já falou com uma frieza cortante, sem nem se mover:— Sai daqui.— E você quem é, pra me mandar embora? — Augusto é realmente um jovem destemido, parece que não tem medo de ninguém.George, com uma voz tão clara quanto um golpe certeiro, respondeu:— Eu sou a pessoa que não vai deixar você se aproximar dela.Eu olhei para o rosto de George. As linhas de seu rosto eram tão bem definidas que pareciam lâminas afiadas, e cada ângulo exalava uma força intimidante.Era a primeira vez que o via assim, com um olhar tão penetrante, e um arrepio percorreu minha espinha. Meu coração apertou, como se uma pressão repentina tivesse se instalado ali.Augusto também ficou atônito por alguns segundos com as palavras dele, mas logo voltou com aquele sorriso debochado de sempre:— E aí, véio, você também está na corrida pela Carolina?Pfff!Agora foi a minha vez de ficar chocada.Esse Augusto realmente n
A frase foi bastante educada, até usou as palavras “por favor”.Mas, para mim, soou como uma ordem vinda de um superior.E ele com certeza não está aqui por motivos de trabalho. Ontem mesmo, já tinha me questionado sobre o episódio das flores que recebi. Hoje, dá de cara com essa cena pessoalmente.Será que vai continuar me interrogando?Nesse momento, percebi que arrumar um namorado era, na verdade, buscar problemas.Se eu não tivesse nada com o George, seria simples: Augusto me perseguiria, eu o afastaria e pronto, sem desdobramentos.Mas agora, não tem jeito. Ainda preciso encarar o George.Ah, como esperado, nenhum homem é realmente generoso.Os colegas que estavam por perto observavam tudo. Não havia nada que eu pudesse dizer, então, só me restou seguir o George até o escritório dele.Ficava bem perto do meu. A decoração era simples, mas o espaço estava repleto de coisas. Além de uma mesa, uma cadeira e um computador, o restante era composto por diversos equipamentos eletrônicos.
Fitei o rosto sério de George, analisando seus traços maduros e bem definidos. Sua aparência transmitia uma mistura irresistível de estabilidade e charme.Homens da idade dele não são do mesmo tipo que garotos como Augusto, não dá para comparar. Agora, chamar alguém de véio podia até ser um elogio, sinônimo de maturidade e apelo irresistível. Não é à toa que o "fascínio por tios" virou moda. Desde mulheres mais jovens até aquelas mais experientes, todas pareciam atraídas por homens do tipo de George.Mas, pelo visto, ele não fazia ideia de que o apelido “véio” podia ter tanto valor.Dei um passo à frente e comentei:— A verdade é que você já está nos trinta e tantos, não é mais nenhum garoto. Principalmente se comparado com aquele moleque atual há pouco, que nem dezoito tem. Ele te chamar de tio ou véio não tem nada de...— Você também acha que estou velho? — George me interrompeu, seu tom um tanto baixo e claramente irritado.Ah, que surpresa! Não imaginei que ele fosse tão sensível
Eu não fui almoçar porque a Luana me chamou.Ela disse que o senior estava vindo para a clínica como professor visitante e já tinha conversado com ele, sugerindo que eu fosse também para discutir os detalhes do tratamento da Benedita.— Então, vou levar o George junto. — Falei, já que ele é irmão dela, seria melhor ele ouvir tudo de perto. Além disso, a decisão sobre a cirurgia deve ser tomada por ele, pois é quem tem autoridade.Luana hesitou por um momento, o que me deixou um pouco preocupada.— O que aconteceu? Não está conveniente? — Perguntei, tentando entender o motivo da hesitação.— Melhor você vir sozinha. O tempo é bem curto. Só conseguiremos conversar com ele rapidamente enquanto ele tiver um intervalo — ela explicou, com uma leve tensão na voz.Com a ficha médica de Benedita em mãos, fui sozinha até o hospital. Luana me esperava na entrada. Ela deu uma olhada rápida nos papéis que eu estava trazendo e me conduziu até o auditório acadêmico.— Ele está muito ocupado. — Disse
Minha admiração era genuína. Mesmo como leiga, consegui entender perfeitamente a palestra de Gilberto e, através de suas explicações, percebi o quanto a medicina moderna é extraordinária e inspiradora.— Você está parecendo exausta, como se tivesse feito algo errado.— Luana ignorou meu elogio e logo notou algo estranho em mim.Não era à toa. Ela era ginecologista e tinha um olhar clínico quase sobrenatural. Não só percebeu que algo estava fora do lugar, como também parecia saber exatamente o motivo.— Talvez... um pouco cansada demais. — Confessei, mordendo de leve os lábios.Os olhos dela se arregalaram.— Você... você realmente...? Com quem?!A primeira parte da frase era aceitável, mas as últimas palavras quase me fizeram perder a compostura. Olhei ao redor, aliviada por não haver ninguém por perto, antes de responder em um tom baixo:— O que você acha?Ela me estudou por alguns segundos, e então soltou:— George?Não neguei, e isso foi o suficiente para que ela assentisse. Logo em
— Luana, era você quem queria falar comigo? Gilberto foi o primeiro a falar.Luana rapidamente se recompôs.— Gilberto, esta é Carolina, a menina de quem te falei antes. A Benedita, que vai passar pela cirurgia, é a sobrinha dela.Ah!As palavras de Luana me prenderam direto à figura de George.Gilberto acenou com a cabeça para mim e, sem hesitar, estendi o prontuário de Benedita.Ele pegou e começou a folhear. Após meio minuto, acenou com a cabeça.— Já conheço a situação dela, está de acordo com o que está no prontuário. A cirurgia é viável, e quanto mais rápido, melhor. Já fiz o registro para a solicitação de um coração. Assim que houver um doador, podemos realizar a cirurgia.— O que você quer dizer é que Benedita precisa ser internada agora, para estarmos prontos para a cirurgia assim que houver um doador? Luana, sendo a profissional, completou a frase.— Exatamente, quanto mais rápido, melhor. Gilberto respondeu olhando para Luana.Eu não sabia se era minha impressão, mas os olho
— Não se preocupe, só queria jantar com você. — Gilberto foi direto.Luana parecia não ter esperado por isso, ficando sem reação por um momento.Quando eu pensei que ela fosse recusar de maneira boba, ela respondeu prontamente com um único “sim”.— Isso!Eu secretamente dei os parabéns para Luana, afinal, ela não estava deixando um homem tão bonito escapar.Eu já estava imaginando como seria um jantar maravilhoso entre Luana e o seu crush secreto, até que ouvi Fabiane interromper,— Depois da formatura, nós três não nos encontramos há um tempo, realmente devemos nos reunir.— Ah?!Ela estava realmente sendo um daqueles “terceiros” muito entusiásticos.Eu, como alguém que já passou por isso, sabia exatamente o que Fabiane estava tentando fazer: impedir que Luana ficasse sozinha com Gilberto.Luana, que estava sendo rara e corajosa, teve sua chance interrompida no meio do caminho por Fabiane, e eu não podia fazer nada.Eu ia falar algo, mas ouvi Luana dizer,— Fabiane, eu e Gilberto temo