Juliana pegou a tigela de canja com uma mão e, com a outra, começou a aproximar a colher da boca de Luiz, claramente disposta a alimentá-lo. Luiz, desconfortável com a situação, rapidamente estendeu a mão, tentando manter certa distância.— Tudo bem, eu mesmo tomo. — Disse ele, pegando a tigela suavemente das mãos dela.— Só cuidado, pode estar um pouco quente. — Juliana alertou, com um sorriso carinhoso. Luiz mexeu a colher na canja e tomou um pequeno gole, mais por educação do que por vontade.— E aí, o que achou? — Perguntou ela, com os olhos brilhando de expectativa.Ele olhou para ela e, com um sorriso educado, respondeu:— Está bom.Juliana parecia explodir de alegria com o elogio.— Que ótimo! Você ainda não provou minha comida de verdade. Eu cozinho muito bem! Quem já experimentou diz que sou talentosa na cozinha. Da próxima vez, vou preparar um banquete para você. Aliás, perguntei para os seus pais o que você gosta de comer, já sei direitinho. Que tal eu ir à sua casa na pró
Esther se virou ao ouvir seu nome ser chamado. Não teve tempo de reagir antes de ver Gabriela se aproximando com passos firmes, o rosto contorcido de raiva. Sem pensar duas vezes, Gabriela levantou a mão para lhe dar um tapa. Porém, Esther, já prevendo a atitude, foi rápida e agarrou o pulso dela antes que o golpe pudesse atingi-la.— Você é uma desgraçada! — Gritou Gabriela, tentando se soltar e avançar sobre Esther, os olhos faiscando de fúria. — Você armou contra mim! Esperou eu me distrair e arrumou apoio por trás! Agora não só conseguiu doações, como até aquele seu projeto ridículo chamou a atenção da chefe. Por quê? Com que direito você rouba o meu brilho?Gabriela sabia que, se arranjasse mais confusão com o orfanato, estaria cavando sua própria cova. A emissora não hesitaria em mandá-la embora. E agora, com Esther tendo um respaldo, tocar nela era como mexer em vespeiro. Inimigos influentes só fariam sua carreira afundar ainda mais. Ela estava encurralada.Enquanto Gabriela pe
Esther abaixou o olhar e, com um susto, percebeu que sua calça estava manchada de sangue. Seu rosto empalideceu instantaneamente. O desconforto que tinha sentido no dia anterior, quando a dor no abdômen começava a aparecer, agora se transformava em algo muito mais sério. Naquele momento, ela se amaldiçoava por não ter prestado atenção ao próprio corpo, tão focada no trabalho, e por não ter experiência suficiente para perceber que algo estava errado. Achou que era apenas um mal-estar passageiro, e não deu a devida importância.Mas agora, a dor no abdômen se intensificava de forma insuportável. Ela instintivamente levou as mãos ao ventre, dobrando o corpo, enquanto uma onda de suor frio escorria por sua testa. O rosto, antes apenas pálido, estava agora de um branco assustador.Marcelo, ao ver o sangue escorrendo pelas pernas dela, ficou imóvel por um instante, completamente chocado. Seu coração disparou, e ele rapidamente se aproximou dela.— Esther! — Chamou ele, desesperado, enquanto
Marcelo seguiu os enfermeiros até a porta da sala de cirurgia, seus passos apressados e o coração batendo descompassado. Quando viu Esther ser empurrada para dentro da sala de cirurgia, ele se sentiu completamente impotente. Ele se lembrou de algo, e disse com uma voz trêmula:— Salvem ela... E também o bebê! Por favor, salvem os dois!A porta se fechou com um estalo, e, naquele instante, parecia que o mundo ao redor dele também escurecia. O peso da situação o esmagava como se o céu estivesse prestes a desabar sobre sua cabeça.Ficou ali, parado por um longo tempo, incapaz de mover um músculo, como se estivesse paralisado por uma força invisível. Dentro de seu peito, algo apertava com uma intensidade absurda, uma sensação quase sufocante.Era medo. Um medo que ele raramente admitiria, mas que agora era impossível de ignorar.Marcelo tinha medo de perder Esther. E, por mais que jamais admitisse em voz alta, também temia que, se o bebê não sobrevivesse, Esther o culparia para sempre.Ma
Ao receber a notícia, os olhos de Sofia se estreitaram, refletindo uma mistura de choque e raiva. Num impulso, ela arremessou o celular no chão, quebrando-o. Naquele momento, Iara se aproximou, testemunhando a cena.— Sofia, o que aconteceu? Você tá tão irritada! — Perguntou, preocupada.O celular continuava tocando, mas Sofia estava absorta nos pensamentos sobre a gravidez de Esther. Quem seria o pai da criança? Como ela engravidou? Não era verdade que nunca tiveram um relacionamento? A mente de Sofia girava em torno dessas perguntas, e sua mão apertava a mesa até ficar branca.Quando Iara tentou tocá-la, Sofia se afastou, irritada.— Não me toca!Iara ficou assustada. Ao perceber que era Iara, Sofia controlou a expressão, embora lágrimas começassem a brotar em seus olhos, dando a ela um ar vulnerável e triste.— Sofia, não fica assim... — Iara tentou confortá-la.Com lágrimas escorrendo, Sofia se jogou no abraço da assistente.— Por que, mesmo fazendo tanto por ele, ainda não é o
Esther acordou já era bem tarde da noite. Seus dedos se moveram levemente e, ao fazer isso, percebeu que havia algo sobre eles. Ao abrir os olhos, virou a cabeça para o lado e viu Marcelo segurando sua mão firmemente, adormecido. Seu cabelo estava desarrumado e havia sinais claros de cansaço em seu rosto. Ele parecia estar dormindo mal. Marcelo, que normalmente era impecável e sempre bem arrumado, agora exibia até uma leve barba por fazer. Aquela imagem a fez hesitar por um momento. Um turbilhão de pensamentos invadiu sua mente.Alguns minutos depois, Gilberto entrou no quarto carregando algumas coisas nas mãos.— A senhora acordou. — Disse ele em um tom baixo, respeitoso.Esther assentiu levemente. Gilberto lançou um olhar para Marcelo, ainda dormindo, e comentou:— O Sr. Marcelo ficou aqui a noite toda cuidando da senhora. Eu disse para ele descansar um pouco, mas ele insistiu em ficar ao seu lado. Só foi dormir quando amanheceu.Esther abriu a boca, mas a garganta parecia apertad
— Marcelo... — Esther mal começou a falar quando a porta foi aberta de repente.Michele entrou apressada, com os olhos brilhando de felicidade ao ver Esther. Sorrindo, ela disse:— Ah, minha querida! Você está grávida e não me contou nada! Só fiquei sabendo agora! Se eu soubesse antes, nem teria viajado! Conta logo, sou a última a saber, né?Michele ainda segurava sua mala de viagem. Usava um lenço na cabeça e óculos escuros, parecendo ter acabado de sair do avião. Sua pele estava muito mais bronzeada do que antes, mas ela trazia vários presentes.Ao ver Michele, Esther se esqueceu num instante do que ia dizer a Marcelo. Ela rapidamente se ajeitou na cama, sorrindo enquanto a chamava:— Michele!Esther estava muito contente com a visita de Michele. A sensação era de que todas as nuvens escuras que pairavam sobre ela se dissiparam de repente.Michele, por sua vez, largou a mala e, sem cerimônia, empurrou Marcelo para o lado antes de abraçar Esther com carinho.— Minha Esther, você deve
Tudo embalado em caixas térmicas, mantendo tudo bem quentinho. Marcelo também havia encomendado refeições para gestantes de um hotel cinco estrelas, mas Michele simplesmente ignorou, empurrando aqueles pratos para o lado e abrindo suas próprias caixas. — Aqui tem sopa de carpa, ótima para grávidas, mingau de fígado de porco, que ajuda a repor o sangue, e esse aqui é pé de porco com soja... — Ela recitou, quase como se estivesse dando uma aula para todos ali, e em seguida voltou sua atenção para Marcelo. — Você é pai de primeira viagem, precisa aprender a cuidar de uma gestante! Mais tarde vai ter que cuidar de uma criança também. Isso aqui é comida apropriada para grávida. E, pelo amor de Deus, nada de deixar ela comer qualquer coisa que ative a circulação do sangue, isso pode provocar um aborto... Michele continuava falando sem parar, e Marcelo, cansado, interrompeu: — Ela é minha esposa, eu sei como cuidar dela. — Cuidar, meu olho! — Michele retrucou, claramente sem acredit