Esther abaixou o olhar e, com um susto, percebeu que sua calça estava manchada de sangue. Seu rosto empalideceu instantaneamente. O desconforto que tinha sentido no dia anterior, quando a dor no abdômen começava a aparecer, agora se transformava em algo muito mais sério. Naquele momento, ela se amaldiçoava por não ter prestado atenção ao próprio corpo, tão focada no trabalho, e por não ter experiência suficiente para perceber que algo estava errado. Achou que era apenas um mal-estar passageiro, e não deu a devida importância.Mas agora, a dor no abdômen se intensificava de forma insuportável. Ela instintivamente levou as mãos ao ventre, dobrando o corpo, enquanto uma onda de suor frio escorria por sua testa. O rosto, antes apenas pálido, estava agora de um branco assustador.Marcelo, ao ver o sangue escorrendo pelas pernas dela, ficou imóvel por um instante, completamente chocado. Seu coração disparou, e ele rapidamente se aproximou dela.— Esther! — Chamou ele, desesperado, enquanto
Marcelo seguiu os enfermeiros até a porta da sala de cirurgia, seus passos apressados e o coração batendo descompassado. Quando viu Esther ser empurrada para dentro da sala de cirurgia, ele se sentiu completamente impotente. Ele se lembrou de algo, e disse com uma voz trêmula:— Salvem ela... E também o bebê! Por favor, salvem os dois!A porta se fechou com um estalo, e, naquele instante, parecia que o mundo ao redor dele também escurecia. O peso da situação o esmagava como se o céu estivesse prestes a desabar sobre sua cabeça.Ficou ali, parado por um longo tempo, incapaz de mover um músculo, como se estivesse paralisado por uma força invisível. Dentro de seu peito, algo apertava com uma intensidade absurda, uma sensação quase sufocante.Era medo. Um medo que ele raramente admitiria, mas que agora era impossível de ignorar.Marcelo tinha medo de perder Esther. E, por mais que jamais admitisse em voz alta, também temia que, se o bebê não sobrevivesse, Esther o culparia para sempre.Ma
Ao receber a notícia, os olhos de Sofia se estreitaram, refletindo uma mistura de choque e raiva. Num impulso, ela arremessou o celular no chão, quebrando-o. Naquele momento, Iara se aproximou, testemunhando a cena.— Sofia, o que aconteceu? Você tá tão irritada! — Perguntou, preocupada.O celular continuava tocando, mas Sofia estava absorta nos pensamentos sobre a gravidez de Esther. Quem seria o pai da criança? Como ela engravidou? Não era verdade que nunca tiveram um relacionamento? A mente de Sofia girava em torno dessas perguntas, e sua mão apertava a mesa até ficar branca.Quando Iara tentou tocá-la, Sofia se afastou, irritada.— Não me toca!Iara ficou assustada. Ao perceber que era Iara, Sofia controlou a expressão, embora lágrimas começassem a brotar em seus olhos, dando a ela um ar vulnerável e triste.— Sofia, não fica assim... — Iara tentou confortá-la.Com lágrimas escorrendo, Sofia se jogou no abraço da assistente.— Por que, mesmo fazendo tanto por ele, ainda não é o
Esther acordou já era bem tarde da noite. Seus dedos se moveram levemente e, ao fazer isso, percebeu que havia algo sobre eles. Ao abrir os olhos, virou a cabeça para o lado e viu Marcelo segurando sua mão firmemente, adormecido. Seu cabelo estava desarrumado e havia sinais claros de cansaço em seu rosto. Ele parecia estar dormindo mal. Marcelo, que normalmente era impecável e sempre bem arrumado, agora exibia até uma leve barba por fazer. Aquela imagem a fez hesitar por um momento. Um turbilhão de pensamentos invadiu sua mente.Alguns minutos depois, Gilberto entrou no quarto carregando algumas coisas nas mãos.— A senhora acordou. — Disse ele em um tom baixo, respeitoso.Esther assentiu levemente. Gilberto lançou um olhar para Marcelo, ainda dormindo, e comentou:— O Sr. Marcelo ficou aqui a noite toda cuidando da senhora. Eu disse para ele descansar um pouco, mas ele insistiu em ficar ao seu lado. Só foi dormir quando amanheceu.Esther abriu a boca, mas a garganta parecia apertad
— Marcelo... — Esther mal começou a falar quando a porta foi aberta de repente.Michele entrou apressada, com os olhos brilhando de felicidade ao ver Esther. Sorrindo, ela disse:— Ah, minha querida! Você está grávida e não me contou nada! Só fiquei sabendo agora! Se eu soubesse antes, nem teria viajado! Conta logo, sou a última a saber, né?Michele ainda segurava sua mala de viagem. Usava um lenço na cabeça e óculos escuros, parecendo ter acabado de sair do avião. Sua pele estava muito mais bronzeada do que antes, mas ela trazia vários presentes.Ao ver Michele, Esther se esqueceu num instante do que ia dizer a Marcelo. Ela rapidamente se ajeitou na cama, sorrindo enquanto a chamava:— Michele!Esther estava muito contente com a visita de Michele. A sensação era de que todas as nuvens escuras que pairavam sobre ela se dissiparam de repente.Michele, por sua vez, largou a mala e, sem cerimônia, empurrou Marcelo para o lado antes de abraçar Esther com carinho.— Minha Esther, você deve
Tudo embalado em caixas térmicas, mantendo tudo bem quentinho. Marcelo também havia encomendado refeições para gestantes de um hotel cinco estrelas, mas Michele simplesmente ignorou, empurrando aqueles pratos para o lado e abrindo suas próprias caixas. — Aqui tem sopa de carpa, ótima para grávidas, mingau de fígado de porco, que ajuda a repor o sangue, e esse aqui é pé de porco com soja... — Ela recitou, quase como se estivesse dando uma aula para todos ali, e em seguida voltou sua atenção para Marcelo. — Você é pai de primeira viagem, precisa aprender a cuidar de uma gestante! Mais tarde vai ter que cuidar de uma criança também. Isso aqui é comida apropriada para grávida. E, pelo amor de Deus, nada de deixar ela comer qualquer coisa que ative a circulação do sangue, isso pode provocar um aborto... Michele continuava falando sem parar, e Marcelo, cansado, interrompeu: — Ela é minha esposa, eu sei como cuidar dela. — Cuidar, meu olho! — Michele retrucou, claramente sem acredit
— Sr. Marcelo, finalmente consegui te encontrar! — Exclamou Iara com os olhos marejados, claramente surpresa ao vê-lo.Marcelo levantou o olhar, reconhecendo-a como a assistente que trabalhava com Sofia. Sem muito interesse, apagou o cigarro, jogando-o no lixo ao seu lado.— A empresa não tem mais ninguém para cuidar das coisas? — Perguntou ele com um tom impaciente.Embora Marcelo fosse o dono da empresa de entretenimento, havia designado um CEO para lidar com as operações diárias. Ainda assim, Iara parecia ansiosa.— Mesmo com tanta gente na empresa, só você pode ajudar Sofia. — Disse ela, sua voz embargada. — E a gente tentou ligar para o senhor várias vezes, mas o seu telefone estava fora de área.Marcelo, claramente desconfortável com a situação, franziu a testa.— Tem mais alguma coisa ou acabou? — Perguntou com frieza, não querendo continuar a conversa.Iara começou a enxugar as lágrimas, mas, por mais que tentasse, as lágrimas continuavam a descer.— A Sofia... A doença dela vo
— Marcelo, por favor, não fala assim! Não seja tão frio, eu estou com medo... Estou muito assustada! — Sofia forçou um sorriso, mas seu olhar já não escondia o desespero. Suas mãos começaram a tremer enquanto segurava o braço dele, buscando alguma forma de conforto.Marcelo, por sua vez, puxou o braço de volta com firmeza, os olhos lançando um olhar gelado que atravessava Sofia. — Se você não tivesse se sabotado tanto, acha que estaria nessa situação agora? Você finge que se importa com sua carreira, mas na verdade só sabe se autodestruir. — Ele fez uma pausa, observando a fragilidade de Sofia antes de continuar, a voz cada vez mais impiedosa. — O mundo do entretenimento não é para qualquer um. Você acha que é fácil chegar onde você está? Se você não valoriza o que conquistou, tem muita gente que adoraria ocupar o seu lugar. Talvez seja a hora de eu investir em alguém que se importe mais consigo mesma. As palavras saíram frias e cortantes, sem qualquer preocupação se Sofia conseguia