— Solta ele agora! — Esther gritou, ao ver o sangue escorrendo do canto da boca de Celso. Ela se colocou à frente de Celso, tentando protegê-lo, o que só fez a fúria de Marcelo aumentar. Ele deu um sorriso frio, repleto de sarcasmo, e disse:— Ah, tá protegendo ele, né? Vamos ver se você ainda vai sentir pena dele depois dessa!Com um movimento brusco, Marcelo deu um chute violento em Celso, que foi jogado novamente ao chão antes que pudesse dizer qualquer palavra.Esther ficou paralisada por um momento, sem acreditar no que estava vendo. Seus olhos se arregalaram em choque, e ela correu para tentar levantar Celso, sua respiração acelerada com a adrenalina. Porém, antes que ela pudesse ajudá-lo, Marcelo a agarrou pelo braço e, com a voz cheia de raiva, gritou:— Como você tem coragem de sentir pena dele?Esther se virou para encará-lo, o rosto tomado pela indignação. Com um movimento rápido, ela se soltou da mão de Marcelo e, com uma voz firme, respondeu:— Você perdeu o juízo, Marce
Os dois ficaram frente a frente, em uma tensão silenciosa tão densa que ninguém ao redor se atreveu a dizer uma palavra sequer. Marcelo tinha os olhos vermelhos de raiva, o olhar frio e cortante, claramente fora de controle. Ele estava tão transtornado pela discussão com Esther que sua capacidade de raciocinar se dissipava a cada segundo.Entretanto, as palavras de Marcelo não fizeram Esther perder o controle, pelo contrário, trouxeram uma frieza surpreendente. Ela apertou os punhos com força, e um amargor silencioso começou a tomar conta de seu peito. Divórcio era isso que ela queria desde o início, mas agora, ao ver a situação se desdobrar dessa maneira, um vazio inesperado lhe invadiu a alma.Talvez, no fundo, ela não esperava que Marcelo ficasse tão furioso. Talvez os acontecimentos do dia tivessem sido muitos e rápidos demais, dificultando sua capacidade de processar tudo o que estava acontecendo, o que a deixava emocionalmente exausta. A forma como Marcelo a encarava, esperand
— Não precisa, obrigada. — Respondeu Esther, com um sorriso educado. — Vim de carro. Se você tiver compromissos, vá cuidar dos seus afazeres. Outro dia, faço questão de ir pessoalmente me desculpar.— De jeito nenhum. — Celso protestou, com um sorriso tranquilo. — Não precisa ser tão formal. Levei uma surra, mas não foi à toa. Tenho certeza de que essa parceria vai me trazer grandes benefícios!Depois de tratar os machucados, Celso e Esther conversaram por mais alguns minutos. Em seguida, ele se despediu e foi embora.Assim que entrou no carro, Celso pegou o celular e mandou uma mensagem para Luiz.[Você sabia que a Esther está grávida?]Luiz estava em casa naquele momento. Com os cabelos desarrumados e vestido de forma bem casual, ele pegou o celular para ver a mensagem que tinha acabado de chegar. Ao ler, sua mão congelou por um instante.[Não sabia.]Celso ficou surpreso com a resposta rápida.[Então sua situação vai ficar ainda mais complicada. Esther está esperando o filho de outr
Juliana pegou a tigela de canja com uma mão e, com a outra, começou a aproximar a colher da boca de Luiz, claramente disposta a alimentá-lo. Luiz, desconfortável com a situação, rapidamente estendeu a mão, tentando manter certa distância.— Tudo bem, eu mesmo tomo. — Disse ele, pegando a tigela suavemente das mãos dela.— Só cuidado, pode estar um pouco quente. — Juliana alertou, com um sorriso carinhoso. Luiz mexeu a colher na canja e tomou um pequeno gole, mais por educação do que por vontade.— E aí, o que achou? — Perguntou ela, com os olhos brilhando de expectativa.Ele olhou para ela e, com um sorriso educado, respondeu:— Está bom.Juliana parecia explodir de alegria com o elogio.— Que ótimo! Você ainda não provou minha comida de verdade. Eu cozinho muito bem! Quem já experimentou diz que sou talentosa na cozinha. Da próxima vez, vou preparar um banquete para você. Aliás, perguntei para os seus pais o que você gosta de comer, já sei direitinho. Que tal eu ir à sua casa na pró
Esther se virou ao ouvir seu nome ser chamado. Não teve tempo de reagir antes de ver Gabriela se aproximando com passos firmes, o rosto contorcido de raiva. Sem pensar duas vezes, Gabriela levantou a mão para lhe dar um tapa. Porém, Esther, já prevendo a atitude, foi rápida e agarrou o pulso dela antes que o golpe pudesse atingi-la.— Você é uma desgraçada! — Gritou Gabriela, tentando se soltar e avançar sobre Esther, os olhos faiscando de fúria. — Você armou contra mim! Esperou eu me distrair e arrumou apoio por trás! Agora não só conseguiu doações, como até aquele seu projeto ridículo chamou a atenção da chefe. Por quê? Com que direito você rouba o meu brilho?Gabriela sabia que, se arranjasse mais confusão com o orfanato, estaria cavando sua própria cova. A emissora não hesitaria em mandá-la embora. E agora, com Esther tendo um respaldo, tocar nela era como mexer em vespeiro. Inimigos influentes só fariam sua carreira afundar ainda mais. Ela estava encurralada.Enquanto Gabriela pe
Esther abaixou o olhar e, com um susto, percebeu que sua calça estava manchada de sangue. Seu rosto empalideceu instantaneamente. O desconforto que tinha sentido no dia anterior, quando a dor no abdômen começava a aparecer, agora se transformava em algo muito mais sério. Naquele momento, ela se amaldiçoava por não ter prestado atenção ao próprio corpo, tão focada no trabalho, e por não ter experiência suficiente para perceber que algo estava errado. Achou que era apenas um mal-estar passageiro, e não deu a devida importância.Mas agora, a dor no abdômen se intensificava de forma insuportável. Ela instintivamente levou as mãos ao ventre, dobrando o corpo, enquanto uma onda de suor frio escorria por sua testa. O rosto, antes apenas pálido, estava agora de um branco assustador.Marcelo, ao ver o sangue escorrendo pelas pernas dela, ficou imóvel por um instante, completamente chocado. Seu coração disparou, e ele rapidamente se aproximou dela.— Esther! — Chamou ele, desesperado, enquanto
Marcelo seguiu os enfermeiros até a porta da sala de cirurgia, seus passos apressados e o coração batendo descompassado. Quando viu Esther ser empurrada para dentro da sala de cirurgia, ele se sentiu completamente impotente. Ele se lembrou de algo, e disse com uma voz trêmula:— Salvem ela... E também o bebê! Por favor, salvem os dois!A porta se fechou com um estalo, e, naquele instante, parecia que o mundo ao redor dele também escurecia. O peso da situação o esmagava como se o céu estivesse prestes a desabar sobre sua cabeça.Ficou ali, parado por um longo tempo, incapaz de mover um músculo, como se estivesse paralisado por uma força invisível. Dentro de seu peito, algo apertava com uma intensidade absurda, uma sensação quase sufocante.Era medo. Um medo que ele raramente admitiria, mas que agora era impossível de ignorar.Marcelo tinha medo de perder Esther. E, por mais que jamais admitisse em voz alta, também temia que, se o bebê não sobrevivesse, Esther o culparia para sempre.Ma
Ao receber a notícia, os olhos de Sofia se estreitaram, refletindo uma mistura de choque e raiva. Num impulso, ela arremessou o celular no chão, quebrando-o. Naquele momento, Iara se aproximou, testemunhando a cena.— Sofia, o que aconteceu? Você tá tão irritada! — Perguntou, preocupada.O celular continuava tocando, mas Sofia estava absorta nos pensamentos sobre a gravidez de Esther. Quem seria o pai da criança? Como ela engravidou? Não era verdade que nunca tiveram um relacionamento? A mente de Sofia girava em torno dessas perguntas, e sua mão apertava a mesa até ficar branca.Quando Iara tentou tocá-la, Sofia se afastou, irritada.— Não me toca!Iara ficou assustada. Ao perceber que era Iara, Sofia controlou a expressão, embora lágrimas começassem a brotar em seus olhos, dando a ela um ar vulnerável e triste.— Sofia, não fica assim... — Iara tentou confortá-la.Com lágrimas escorrendo, Sofia se jogou no abraço da assistente.— Por que, mesmo fazendo tanto por ele, ainda não é o