O som do copo se estilhaçando no chão fez Gabriela pular de susto, o coração quase saindo pela boca.— Sr. Marcelo! — Exclamou ela, visivelmente nervosa.Os olhos frios de Marcelo pousaram nela, cada vez mais perigosos.— Vou perguntar mais uma vez: onde está a Esther?Gabriela olhou para os cacos espalhados pelo chão, depois voltou seu olhar para o rosto sombrio de Marcelo. O efeito do álcool que antes a deixou confiante desapareceu por completo. Ela não imaginava que Marcelo fosse tão implacável. Bastou um desentendimento para ele quebrar o copo sem pensar duas vezes.Ao vê-lo se levantar, sentiu sua postura ameaçadora, Gabriela entrou em pânico. Tentando controlar o medo que começava a tomar conta do seu corpo, respondeu rapidamente:— Esther não está aqui... Só estamos eu e você.Os olhos de Marcelo se estreitaram ainda mais, sua expressão era um misto de frustração e ira contida.— Foi você quem mandou a mensagem marcando comigo, em nome dela? — Ele perguntou, a voz agora repleta
Esther já havia conversado com a editora-chefe, que achou a ideia excelente. Ela inclusive sugeriu que o orfanato fosse incluído como um segmento especial no novo reality show da emissora. Porém, se conseguissem mais patrocinadores e investidores, poderiam até transformar a iniciativa em um reality show completo no estilo de acompanhamento de desenvolvimento, onde os telespectadores veriam as crianças crescendo e se desenvolvendo ao longo do tempo.O principal objetivo de Esther sempre foi dar às crianças do orfanato um novo lar, um lugar onde elas pudessem se sentir seguras e amadas. Ela sabia que não tinha o poder de mudar o mundo inteiro, mas estava decidida a fazer tudo que estivesse ao seu alcance para garantir que, pelo menos, aquelas crianças tivessem uma vida digna.— Muito obrigada por tudo, de verdade — disse Esther com um tom cheio de gratidão. — Eu te procurei e você nem pensou duas vezes antes de aceitar. Sério, nem sei como agradecer o suficiente.Celso sorriu, seu jeito
Esther tentou se controlar, acreditando que conseguiria aguentar a náusea, mas o cheiro forte continuava a lhe invadir as narinas de maneira impiedosa. Seu olfato parecia mais sensível do que nunca, e, antes que pudesse se conter, ela começou a sentir uma onda de ânsia de vômito subir. Sua respiração ficou pesada, e o estômago revirava de uma forma que era impossível ignorar.Celso estava ao seu lado, conversando tranquilamente, quando notou a súbita mudança no semblante de Esther. Surpreso, ele imediatamente se aproximou, preocupado.— Esther, você tá bem? — Perguntou ele, franzindo a testa com preocupação.Mas Esther não conseguiu responder. O mal-estar tomou conta e, com a mão sobre a boca, ela correu em direção ao banheiro, sem olhar para trás.Celso observou a cena, e uma ideia imediatamente passou por sua mente. A única coisa que ele conseguia associar àquela reação era gravidez. Só mulheres grávidas tinham enjoos tão intensos assim, certo?Ele ficou parado ali por um momento, vá
— Solta ele agora! — Esther gritou, ao ver o sangue escorrendo do canto da boca de Celso. Ela se colocou à frente de Celso, tentando protegê-lo, o que só fez a fúria de Marcelo aumentar. Ele deu um sorriso frio, repleto de sarcasmo, e disse:— Ah, tá protegendo ele, né? Vamos ver se você ainda vai sentir pena dele depois dessa!Com um movimento brusco, Marcelo deu um chute violento em Celso, que foi jogado novamente ao chão antes que pudesse dizer qualquer palavra.Esther ficou paralisada por um momento, sem acreditar no que estava vendo. Seus olhos se arregalaram em choque, e ela correu para tentar levantar Celso, sua respiração acelerada com a adrenalina. Porém, antes que ela pudesse ajudá-lo, Marcelo a agarrou pelo braço e, com a voz cheia de raiva, gritou:— Como você tem coragem de sentir pena dele?Esther se virou para encará-lo, o rosto tomado pela indignação. Com um movimento rápido, ela se soltou da mão de Marcelo e, com uma voz firme, respondeu:— Você perdeu o juízo, Marce
Os dois ficaram frente a frente, em uma tensão silenciosa tão densa que ninguém ao redor se atreveu a dizer uma palavra sequer. Marcelo tinha os olhos vermelhos de raiva, o olhar frio e cortante, claramente fora de controle. Ele estava tão transtornado pela discussão com Esther que sua capacidade de raciocinar se dissipava a cada segundo.Entretanto, as palavras de Marcelo não fizeram Esther perder o controle, pelo contrário, trouxeram uma frieza surpreendente. Ela apertou os punhos com força, e um amargor silencioso começou a tomar conta de seu peito. Divórcio era isso que ela queria desde o início, mas agora, ao ver a situação se desdobrar dessa maneira, um vazio inesperado lhe invadiu a alma.Talvez, no fundo, ela não esperava que Marcelo ficasse tão furioso. Talvez os acontecimentos do dia tivessem sido muitos e rápidos demais, dificultando sua capacidade de processar tudo o que estava acontecendo, o que a deixava emocionalmente exausta. A forma como Marcelo a encarava, esperand
— Não precisa, obrigada. — Respondeu Esther, com um sorriso educado. — Vim de carro. Se você tiver compromissos, vá cuidar dos seus afazeres. Outro dia, faço questão de ir pessoalmente me desculpar.— De jeito nenhum. — Celso protestou, com um sorriso tranquilo. — Não precisa ser tão formal. Levei uma surra, mas não foi à toa. Tenho certeza de que essa parceria vai me trazer grandes benefícios!Depois de tratar os machucados, Celso e Esther conversaram por mais alguns minutos. Em seguida, ele se despediu e foi embora.Assim que entrou no carro, Celso pegou o celular e mandou uma mensagem para Luiz.[Você sabia que a Esther está grávida?]Luiz estava em casa naquele momento. Com os cabelos desarrumados e vestido de forma bem casual, ele pegou o celular para ver a mensagem que tinha acabado de chegar. Ao ler, sua mão congelou por um instante.[Não sabia.]Celso ficou surpreso com a resposta rápida.[Então sua situação vai ficar ainda mais complicada. Esther está esperando o filho de outr
Juliana pegou a tigela de canja com uma mão e, com a outra, começou a aproximar a colher da boca de Luiz, claramente disposta a alimentá-lo. Luiz, desconfortável com a situação, rapidamente estendeu a mão, tentando manter certa distância.— Tudo bem, eu mesmo tomo. — Disse ele, pegando a tigela suavemente das mãos dela.— Só cuidado, pode estar um pouco quente. — Juliana alertou, com um sorriso carinhoso. Luiz mexeu a colher na canja e tomou um pequeno gole, mais por educação do que por vontade.— E aí, o que achou? — Perguntou ela, com os olhos brilhando de expectativa.Ele olhou para ela e, com um sorriso educado, respondeu:— Está bom.Juliana parecia explodir de alegria com o elogio.— Que ótimo! Você ainda não provou minha comida de verdade. Eu cozinho muito bem! Quem já experimentou diz que sou talentosa na cozinha. Da próxima vez, vou preparar um banquete para você. Aliás, perguntei para os seus pais o que você gosta de comer, já sei direitinho. Que tal eu ir à sua casa na pró
Esther se virou ao ouvir seu nome ser chamado. Não teve tempo de reagir antes de ver Gabriela se aproximando com passos firmes, o rosto contorcido de raiva. Sem pensar duas vezes, Gabriela levantou a mão para lhe dar um tapa. Porém, Esther, já prevendo a atitude, foi rápida e agarrou o pulso dela antes que o golpe pudesse atingi-la.— Você é uma desgraçada! — Gritou Gabriela, tentando se soltar e avançar sobre Esther, os olhos faiscando de fúria. — Você armou contra mim! Esperou eu me distrair e arrumou apoio por trás! Agora não só conseguiu doações, como até aquele seu projeto ridículo chamou a atenção da chefe. Por quê? Com que direito você rouba o meu brilho?Gabriela sabia que, se arranjasse mais confusão com o orfanato, estaria cavando sua própria cova. A emissora não hesitaria em mandá-la embora. E agora, com Esther tendo um respaldo, tocar nela era como mexer em vespeiro. Inimigos influentes só fariam sua carreira afundar ainda mais. Ela estava encurralada.Enquanto Gabriela pe