A diretora do orfanato assentiu lentamente, com os olhos cheios de lágrimas prestes a cair. A tristeza e o medo transpareciam em sua expressão.— Eles disseram que você mexeu no “bolo” deles, e agora vão mexer no seu. Disseram que você não pode mais vir aqui, Sra. Esther. E ameaçaram... Se você aparecer novamente, vai sobrar pra gente. Eu... Eu realmente não quero te afastar, Sra. Esther, mas as crianças... Não posso deixar que elas se machuquem. — A voz dela tremia, com um desespero quase evidente.— Isso é um absurdo! — Exclamou Eduarda, indignada, o rosto cheio de revolta. — Não importa o que tenha acontecido, tocar nas crianças? Isso é monstruoso, inaceitável! — Desculpe, diretora. Eu... Eu não queria que isso acontecesse. Eu nunca quis colocar vocês em perigo. Ela não imaginava que chegariam a esse ponto, que fariam algo tão baixo como atacar um orfanato, ainda mais machucar pessoas inocentes.— Não, Sra. Esther! — A diretora se apressou a dizer. — Você trouxe tanto para as cria
Gabriela ficou em silêncio por um momento, lançando a Esther um olhar avaliador. Seus olhos percorreram Esther de cima a baixo, examinando-a com um ar de desprezo, antes de soltar uma risada alta e sarcástica.— Você... Esposa do Marcelo? — Gabriela se inclinou para frente como se tivesse ouvido a piada mais engraçada do ano. — Esther, quando você realmente não sabe mais o que fazer, inventar histórias mirabolantes não é o caminho. Você acha mesmo que eu vou acreditar nisso?O olhar de Gabriela estava carregado de desprezo, claramente duvidando da palavra de Esther.— Se você fosse mesmo esposa dele, teria resolvido a questão do orfanato no mesmo instante. Por que precisaria vir até mim? — Gabriela balançou a cabeça, com um sorriso cheio de superioridade. — Só apareceu aqui porque está sem saída, desesperada. Mas, se vai mentir, pelo menos pense em algo mais convincente, porque até agora não me convenceu nem um pouco.Esther manteve a calma, mesmo com o tom debochado de Gabriela. Ela r
— Mas você ainda vai ter que engolir esse desaforo, né? — Eduarda protestou, visivelmente indignada. — Não tem jeito... A Gabriela tem suas conexões. Só fico me perguntando por que, sendo tão “poderosa”, ela não vai pedir para outra pessoa marcar com o Marcelo, ao invés de ficar te colocando contra a parede assim.— Ela quer me intimidar, só isso. Quer me mostrar que, neste departamento, ninguém pode desafiar ela. — Esther respondeu, sem esconder o desprezo.Eduarda, ainda intrigada, não conseguiu se conter e fez mais uma pergunta:— Esther, aquele papo de que você é esposa do Marcelo... É verdade mesmo?Por um momento, o olhar de Eduarda ficou sério. Ela começava a acreditar nas palavras de Esther.Esther deu uma pausa, desligou a tela do celular e respondeu calmamente:— É verdade, mas logo deixará de ser. Vamos. Está na hora de voltar.Ela se levantou, pegando a bolsa.Eduarda ficou parada, surpresa, tentando processar o que havia acabado de ouvir. Era verdade, mas ao mesmo tempo n
[Tenho tempo ao meio-dia.]Esther viu a mensagem de Marcelo e, sem hesitar, enviou o endereço do local onde se encontrariam. Logo em seguida, ela abriu o WhatsApp novamente e mandou uma mensagem para Gabriela.[Meio-dia em ponto.]Ao receber a confirmação de Esther, um sorriso discreto surgiu nos lábios de Gabriela. Tudo estava indo conforme o planejado, e ela já tinha a situação em mente, pronta para lidar com o que viesse....Enquanto isso, Marcelo estava de bom humor. Era incomum Esther tomar a iniciativa de chamá-lo para um encontro. Ele ficou surpreso e, ao mesmo tempo, curioso. Esther nunca havia sido tão direta, então o que teria mudado?Será que ela finalmente percebeu o que estava em jogo? Talvez tivesse desistido da ideia do divórcio e queira voltar para casa.Para Marcelo, só havia essa explicação lógica: Esther finalmente entendia que a vida de “madame rica” era o que mais lhe cabia. Como ela poderia se acostumar a viver em um simples apartamento depois de tanto tempo de l
Agora, mais uma pessoa vinha insinuar que o problema estava nele. — Vá buscar o carro. — Ordenou ele. — Vamos sair imediatamente....Esther estava sentada dentro do carro, estacionado em frente ao restaurante. Do lado de fora, Gabriela se aproximou e bateu na janela do carro com um sorriso leve.— É aqui? — Perguntou Gabriela, olhando para o restaurante à sua frente.— Sim. — Confirmou Esther com um aceno. — Meio-dia. Marcelo vai chegar na hora certa.Gabriela observou Esther por um instante, depois sorriu de forma cúmplice.— Pode deixar, Esther. Eu nunca vou esquecer a sua ajuda. Quando eu subir para o cargo de editora-chefe, vou garantir que você nunca mais precise passar seus dias batendo no teclado sem parar.Esther deu um leve sorriso, mas sua expressão não mudou muito.— Vai indo. — Disse ela, entregando a Gabriela o número da sala onde se encontrariam.Com isso, Gabriela entrou no restaurante sem hesitar, deixando Esther sozinha. Enquanto aguardava, o WhatsApp de Esther vibr
O som do copo se estilhaçando no chão fez Gabriela pular de susto, o coração quase saindo pela boca.— Sr. Marcelo! — Exclamou ela, visivelmente nervosa.Os olhos frios de Marcelo pousaram nela, cada vez mais perigosos.— Vou perguntar mais uma vez: onde está a Esther?Gabriela olhou para os cacos espalhados pelo chão, depois voltou seu olhar para o rosto sombrio de Marcelo. O efeito do álcool que antes a deixou confiante desapareceu por completo. Ela não imaginava que Marcelo fosse tão implacável. Bastou um desentendimento para ele quebrar o copo sem pensar duas vezes.Ao vê-lo se levantar, sentiu sua postura ameaçadora, Gabriela entrou em pânico. Tentando controlar o medo que começava a tomar conta do seu corpo, respondeu rapidamente:— Esther não está aqui... Só estamos eu e você.Os olhos de Marcelo se estreitaram ainda mais, sua expressão era um misto de frustração e ira contida.— Foi você quem mandou a mensagem marcando comigo, em nome dela? — Ele perguntou, a voz agora repleta
Esther já havia conversado com a editora-chefe, que achou a ideia excelente. Ela inclusive sugeriu que o orfanato fosse incluído como um segmento especial no novo reality show da emissora. Porém, se conseguissem mais patrocinadores e investidores, poderiam até transformar a iniciativa em um reality show completo no estilo de acompanhamento de desenvolvimento, onde os telespectadores veriam as crianças crescendo e se desenvolvendo ao longo do tempo.O principal objetivo de Esther sempre foi dar às crianças do orfanato um novo lar, um lugar onde elas pudessem se sentir seguras e amadas. Ela sabia que não tinha o poder de mudar o mundo inteiro, mas estava decidida a fazer tudo que estivesse ao seu alcance para garantir que, pelo menos, aquelas crianças tivessem uma vida digna.— Muito obrigada por tudo, de verdade — disse Esther com um tom cheio de gratidão. — Eu te procurei e você nem pensou duas vezes antes de aceitar. Sério, nem sei como agradecer o suficiente.Celso sorriu, seu jeito
Esther tentou se controlar, acreditando que conseguiria aguentar a náusea, mas o cheiro forte continuava a lhe invadir as narinas de maneira impiedosa. Seu olfato parecia mais sensível do que nunca, e, antes que pudesse se conter, ela começou a sentir uma onda de ânsia de vômito subir. Sua respiração ficou pesada, e o estômago revirava de uma forma que era impossível ignorar.Celso estava ao seu lado, conversando tranquilamente, quando notou a súbita mudança no semblante de Esther. Surpreso, ele imediatamente se aproximou, preocupado.— Esther, você tá bem? — Perguntou ele, franzindo a testa com preocupação.Mas Esther não conseguiu responder. O mal-estar tomou conta e, com a mão sobre a boca, ela correu em direção ao banheiro, sem olhar para trás.Celso observou a cena, e uma ideia imediatamente passou por sua mente. A única coisa que ele conseguia associar àquela reação era gravidez. Só mulheres grávidas tinham enjoos tão intensos assim, certo?Ele ficou parado ali por um momento, vá