Eduarda ficou pensativa por alguns instantes. A resposta de Esther mostrava que ela não era apenas inteligente, mas também estava consciente das dinâmicas de poder naquele ambiente corporativo.Mudando o foco da conversa, ela perguntou:— Estamos indo agora pro orfanato?— Sim. A chefe quer que a gente dê uma olhada. Vamos comprar algumas coisas no caminho, depois pedimos o reembolso pra emissora. Isso tudo faz parte de uma ação de caridade. — Respondeu Esther, desviando o olhar rapidamente para a colega. — Pode ser que tenha algo maior por trás. Talvez eles estejam planejando usar esse projeto do orfanato em algum programa importante, ou até num reality show. Algo que cause impacto, sabe? Isso, claro, é só uma suposição minha.— Ah, você tá chutando ou recebeu algum sinal? — Eduarda perguntou, intrigada.— Nada confirmado. Mas quando a chefe começa a fazer muitas perguntas e parece mais interessada do que o normal, dá pra desconfiar que algo a mais está por vir. A gente vai saber logo
A diretora do orfanato assentiu lentamente, com os olhos cheios de lágrimas prestes a cair. A tristeza e o medo transpareciam em sua expressão.— Eles disseram que você mexeu no “bolo” deles, e agora vão mexer no seu. Disseram que você não pode mais vir aqui, Sra. Esther. E ameaçaram... Se você aparecer novamente, vai sobrar pra gente. Eu... Eu realmente não quero te afastar, Sra. Esther, mas as crianças... Não posso deixar que elas se machuquem. — A voz dela tremia, com um desespero quase evidente.— Isso é um absurdo! — Exclamou Eduarda, indignada, o rosto cheio de revolta. — Não importa o que tenha acontecido, tocar nas crianças? Isso é monstruoso, inaceitável! — Desculpe, diretora. Eu... Eu não queria que isso acontecesse. Eu nunca quis colocar vocês em perigo. Ela não imaginava que chegariam a esse ponto, que fariam algo tão baixo como atacar um orfanato, ainda mais machucar pessoas inocentes.— Não, Sra. Esther! — A diretora se apressou a dizer. — Você trouxe tanto para as cria
Gabriela ficou em silêncio por um momento, lançando a Esther um olhar avaliador. Seus olhos percorreram Esther de cima a baixo, examinando-a com um ar de desprezo, antes de soltar uma risada alta e sarcástica.— Você... Esposa do Marcelo? — Gabriela se inclinou para frente como se tivesse ouvido a piada mais engraçada do ano. — Esther, quando você realmente não sabe mais o que fazer, inventar histórias mirabolantes não é o caminho. Você acha mesmo que eu vou acreditar nisso?O olhar de Gabriela estava carregado de desprezo, claramente duvidando da palavra de Esther.— Se você fosse mesmo esposa dele, teria resolvido a questão do orfanato no mesmo instante. Por que precisaria vir até mim? — Gabriela balançou a cabeça, com um sorriso cheio de superioridade. — Só apareceu aqui porque está sem saída, desesperada. Mas, se vai mentir, pelo menos pense em algo mais convincente, porque até agora não me convenceu nem um pouco.Esther manteve a calma, mesmo com o tom debochado de Gabriela. Ela r
— Mas você ainda vai ter que engolir esse desaforo, né? — Eduarda protestou, visivelmente indignada. — Não tem jeito... A Gabriela tem suas conexões. Só fico me perguntando por que, sendo tão “poderosa”, ela não vai pedir para outra pessoa marcar com o Marcelo, ao invés de ficar te colocando contra a parede assim.— Ela quer me intimidar, só isso. Quer me mostrar que, neste departamento, ninguém pode desafiar ela. — Esther respondeu, sem esconder o desprezo.Eduarda, ainda intrigada, não conseguiu se conter e fez mais uma pergunta:— Esther, aquele papo de que você é esposa do Marcelo... É verdade mesmo?Por um momento, o olhar de Eduarda ficou sério. Ela começava a acreditar nas palavras de Esther.Esther deu uma pausa, desligou a tela do celular e respondeu calmamente:— É verdade, mas logo deixará de ser. Vamos. Está na hora de voltar.Ela se levantou, pegando a bolsa.Eduarda ficou parada, surpresa, tentando processar o que havia acabado de ouvir. Era verdade, mas ao mesmo tempo n
[Tenho tempo ao meio-dia.]Esther viu a mensagem de Marcelo e, sem hesitar, enviou o endereço do local onde se encontrariam. Logo em seguida, ela abriu o WhatsApp novamente e mandou uma mensagem para Gabriela.[Meio-dia em ponto.]Ao receber a confirmação de Esther, um sorriso discreto surgiu nos lábios de Gabriela. Tudo estava indo conforme o planejado, e ela já tinha a situação em mente, pronta para lidar com o que viesse....Enquanto isso, Marcelo estava de bom humor. Era incomum Esther tomar a iniciativa de chamá-lo para um encontro. Ele ficou surpreso e, ao mesmo tempo, curioso. Esther nunca havia sido tão direta, então o que teria mudado?Será que ela finalmente percebeu o que estava em jogo? Talvez tivesse desistido da ideia do divórcio e queira voltar para casa.Para Marcelo, só havia essa explicação lógica: Esther finalmente entendia que a vida de “madame rica” era o que mais lhe cabia. Como ela poderia se acostumar a viver em um simples apartamento depois de tanto tempo de l
Agora, mais uma pessoa vinha insinuar que o problema estava nele. — Vá buscar o carro. — Ordenou ele. — Vamos sair imediatamente....Esther estava sentada dentro do carro, estacionado em frente ao restaurante. Do lado de fora, Gabriela se aproximou e bateu na janela do carro com um sorriso leve.— É aqui? — Perguntou Gabriela, olhando para o restaurante à sua frente.— Sim. — Confirmou Esther com um aceno. — Meio-dia. Marcelo vai chegar na hora certa.Gabriela observou Esther por um instante, depois sorriu de forma cúmplice.— Pode deixar, Esther. Eu nunca vou esquecer a sua ajuda. Quando eu subir para o cargo de editora-chefe, vou garantir que você nunca mais precise passar seus dias batendo no teclado sem parar.Esther deu um leve sorriso, mas sua expressão não mudou muito.— Vai indo. — Disse ela, entregando a Gabriela o número da sala onde se encontrariam.Com isso, Gabriela entrou no restaurante sem hesitar, deixando Esther sozinha. Enquanto aguardava, o WhatsApp de Esther vibr
O som do copo se estilhaçando no chão fez Gabriela pular de susto, o coração quase saindo pela boca.— Sr. Marcelo! — Exclamou ela, visivelmente nervosa.Os olhos frios de Marcelo pousaram nela, cada vez mais perigosos.— Vou perguntar mais uma vez: onde está a Esther?Gabriela olhou para os cacos espalhados pelo chão, depois voltou seu olhar para o rosto sombrio de Marcelo. O efeito do álcool que antes a deixou confiante desapareceu por completo. Ela não imaginava que Marcelo fosse tão implacável. Bastou um desentendimento para ele quebrar o copo sem pensar duas vezes.Ao vê-lo se levantar, sentiu sua postura ameaçadora, Gabriela entrou em pânico. Tentando controlar o medo que começava a tomar conta do seu corpo, respondeu rapidamente:— Esther não está aqui... Só estamos eu e você.Os olhos de Marcelo se estreitaram ainda mais, sua expressão era um misto de frustração e ira contida.— Foi você quem mandou a mensagem marcando comigo, em nome dela? — Ele perguntou, a voz agora repleta
Esther já havia conversado com a editora-chefe, que achou a ideia excelente. Ela inclusive sugeriu que o orfanato fosse incluído como um segmento especial no novo reality show da emissora. Porém, se conseguissem mais patrocinadores e investidores, poderiam até transformar a iniciativa em um reality show completo no estilo de acompanhamento de desenvolvimento, onde os telespectadores veriam as crianças crescendo e se desenvolvendo ao longo do tempo.O principal objetivo de Esther sempre foi dar às crianças do orfanato um novo lar, um lugar onde elas pudessem se sentir seguras e amadas. Ela sabia que não tinha o poder de mudar o mundo inteiro, mas estava decidida a fazer tudo que estivesse ao seu alcance para garantir que, pelo menos, aquelas crianças tivessem uma vida digna.— Muito obrigada por tudo, de verdade — disse Esther com um tom cheio de gratidão. — Eu te procurei e você nem pensou duas vezes antes de aceitar. Sério, nem sei como agradecer o suficiente.Celso sorriu, seu jeito