Marcelo fez várias perguntas seguidas, deixando Esther sem saber por onde começar a responder.— Eu me machuquei um pouco, mas não é nada grave. — Disse Esther, ainda preocupada com a presença de Fernanda. Ela notou que Marcelo estava ignorando os olhares das outras pessoas, o que deixou ela um pouco desconfortável. Então, rapidamente se afastou do abraço dele.— Por que você não atendeu o telefone? — Insistiu Marcelo, sua expressão ainda preocupada. Ele franziu as sobrancelhas novamente e perguntou com seriedade. — O que aconteceu exatamente?Foi então que ele percebeu a presença de Liliane ao lado delas. Sua expressão suavizou um pouco, mas ele ainda estava tenso.— Marcelo... — Liliane murmurou, sem jeito. Ela hesitou antes de continuar. — Esther se machucou porque me salvou... Eu me sinto muito culpada por isso. Espero que você não me culpe.Liliane nunca imaginou que Esther iria se arriscar por ela. Diante daqueles homens perigosos, e considerando o fato de que ela já havia causad
— Você sabia que era perigoso, então por que se arriscou? — Perguntou Marcelo, seu tom severo enquanto ele fixava o olhar em Esther.— Eu...Marcelo não deixou que ela terminasse e continuou:— E se você não tivesse conseguido a tempo? O que teria acontecido?Esther nunca havia pensado nisso. Ela acreditava que, naquelas circunstâncias, era capaz de lidar com a situação. Não queria que Marcelo ficasse ainda mais preocupado, então respondeu com um tom despreocupado:— Eu calculei bem o tempo, não tinha como dar errado.— Esther, você nunca se machucou gravemente, não é? — A expressão de Marcelo estava extremamente séria, suas sobrancelhas franzidas em um misto de preocupação e frustração. Cada palavra de Esther parecia cravar uma faca em seu peito.Ele não conseguia parar de pensar no que poderia ter acontecido se ela não tivesse tido sorte. O simples pensamento fazia ele estremecer por dentro.Esther hesitou por um momento, sem saber exatamente como responder. As palavras de Marcelo fi
— O carro está danificado. Podemos simplesmente comprar um novo, assim vai ser mais conveniente para você. — Respondeu Marcelo com a tranquilidade de quem não se preocupa com valores, mas sim com o bem-estar de Esther.— Está bem. — Respondeu ela, sem muita emoção.No fundo, a casa já tinha vários carros à disposição. Escolher um mais simples, talvez um dos que os empregados usavam para tarefas como ir ao mercado, parecia ser o mais prático para o seu dia a dia.Depois de limpar o pequeno ferimento com o antisséptico, Esther deixou o escritório de Marcelo, pronta para ir para casa após mais um longo dia de trabalho.Ao sair, ela se deparou com Liliane esperando do lado de fora. Assim que a viu, Liliane chamou-a, animada:— Cunhada!O chamado de Liliane atraiu a atenção de todos os que ainda estavam no escritório. Os olhares curiosos dos colegas de trabalho se voltaram para elas, como se tentassem desvendar algum mistério oculto na interação entre as duas.Esther sentiu o corpo enrijece
No carro, Liliane e Esther estavam sentadas lado a lado no banco de trás, enquanto Marcelo dirigia com um semblante visivelmente fechado. Ele não pôde deixar de notar pelo retrovisor que as duas estavam de mãos dadas, uma proximidade que ele não esperava.“Desde quando elas ficaram tão próximas?”, pensou Marcelo, incomodado com a situação. A última coisa que ele queria era Liliane se intrometendo na vida deles.— Marcelo, obrigada por nos levar. Vou jantar com Esther hoje! — Exclamou Liliane, completamente alheia ao mau humor dele, enquanto o pressionava a seguir em frente. Ela já estava morrendo de fome e mal podia esperar.— Quem disse que eu iria te levar junto para casa? Onde está seu motorista? Chama ele logo para vir te buscar! — Respondeu Marcelo de forma fria, sem esconder a irritação na voz.Ele não estava nem um pouco disposto a ser motorista das duas, especialmente naquela situação.Mas Liliane, insistente, agarrou ainda mais forte o braço de Esther, quase como uma criança t
Isabela lançou um olhar para Marcelo, mas sem o calor de antes, respondendo de maneira reservada:— Não precisa, você é nosso convidado, pode se sentar ali.Houve um tempo em que Isabela gostava muito de Marcelo. Como diziam, quem amava a árvore, amava também os frutos. Mas depois de todas as máscaras caírem, ela sentia um misto de decepção e resignação. Embora estivesse magoada, não queria culpá-los. Ela sabia que o casamento era um assunto exclusivamente entre Marcelo e Esther. Se o divórcio era o caminho escolhido, ela não podia mais tratá-lo como antes. Agora, a presença de Marcelo em sua casa o colocava apenas na posição de um visitante, um convidado que, educadamente, deveria ficar de fora das tarefas domésticas.Marcelo sabia que seria assim. Ele percebeu claramente que sua imagem perante eles havia caído drasticamente. No entanto, ele ainda queria recuperar um pouco do respeito que havia perdido e tentar mostrar que era um bom homem, especialmente na frente dos pais de Esther.
Isabela falava com Marcelo de coração aberto. Mesmo que ela tivesse ficado satisfeita com ele no passado, a partir do momento em que soube que o casamento de sua filha não passava de uma transação, nada mais importava. O que ela desejava, acima de tudo, era a felicidade de Esther, e não queria vê-la presa em um casamento sem amor.Marcelo continuou com suas tarefas na cozinha, sem interromper o que estava fazendo. Ele já esperava que Isabela dissesse algo do tipo. Com uma voz grave, respondeu:— Mãe, eu vou te dar uma resposta em breve.Isabela suspirou, sua preocupação era evidente.— Esther também merece ser feliz, e espero que ela não tenha que esperar muito por isso.A mensagem era clara: após o divórcio, Esther, com todas as suas qualidades, não teria dificuldade em encontrar alguém que realmente a amasse. Isabela e Felipe estavam envelhecendo e sabiam que não poderiam estar ao lado da filha para sempre. Eles queriam garantir que Esther encontrasse um bom companheiro, que pudesse
Liliane não conseguia deixar de sentir inveja de Esther por ela ter uma família tão carinhosa e dedicada. Ela sabia que o motivo de estar recebendo tanto afeto era por ser amiga de Esther, e isso a emocionava ainda mais.— Não chore! Lágrimas de uma moça bonita como você valem ouro. — Disse Felipe, visivelmente desconfortável ao ver uma jovem chorar.Por mais que tentasse, Liliane não conseguia parar as lágrimas que deslizavam por seu rosto. Esther, que sempre foi muito empática, entendia os sentimentos de Liliane. Ela sabia que Liliane havia crescido sem os pais, tendo apenas seu avô, Sandro, como figura familiar próxima. Talvez por isso, Esther sentiu que levar Liliane para conhecer seus próprios pais seria uma forma de oferecer a ela um pouco do calor familiar que sempre teve.— Não chore mais, Lili. Já não foi suficiente por hoje? — Esther falou com uma voz suave, tentando acalmá-la. Ela não queria que a amiga ficasse ainda mais triste.Liliane respirou fundo, enxugou as lágrimas e
Luiza estendeu a mão e entregou a bolsa para Liliane, que a pegou com um olhar desconfiado. Havia algo que a incomodava, e então ela perguntou:— Luiza, ontem você não estava bem do meu lado falando ao telefone? Foi só eu me virar e você desapareceu. Tem certeza de que fui eu quem sumiu?Luiza hesitou por um segundo, mas rapidamente compôs um sorriso tranquilo. Ela sabia a verdade: tinha visto Liliane sendo assediada, mas optou por não intervir. Como também era mulher e estava sozinha, se ela se metesse na confusão, poderia acabar se envolvendo em um problema maior do que poderia lidar. Então, preferiu sair de fininho, aproveitando um momento de distração de todos.Ela não podia deixar Liliane descobrir que, mesmo sabendo do perigo que ela corria, não fez nada para ajudá-la.— Ah, sim! Eu estava em uma ligação super importante, tratando de um negócio sério. Fiquei falando por mais de meia hora. Quando terminei, você já não estava mais lá. Achei que você tinha se cansado de esperar e vo