Os olhos de Esther, sempre tão nítidos e expressivos, estavam agora cheios de uma determinação obstinada. Era evidente que ela não era mais a mesma de antes.— Na próxima quarta-feira, iremos ao cartório para agendar o divórcio. — Disse Marcelo, sua voz gélida e decidida.Esther estava mesmo determinada a seguir em frente. Ela refletiu sobre o tempo. Ainda era segunda-feira, o que significava que faltavam vários dias até a próxima quarta. Muita coisa poderia mudar em questão de segundos, quem dirá em dias inteiros!— Por que não podemos ir hoje mesmo? Não quero que essa situação se arraste mais do que o necessário. — Esther respondeu, com os lábios firmemente pressionados.— A situação com Sofia ainda não foi resolvida. — Marcelo jogou a frase ao vento, demonstrando sua vontade de encerrar a conversa ali.Com essa resposta, ficava claro que ele não queria vê-la nem por um segundo a mais. Além disso, o que ele quis dizer exatamente com essa resposta? Será que ele realmente acreditava qu
Vitor colocou a xícara de café sobre a mesa e, em um tom baixo e contido, disse:— Falar tudo isso não vai adiantar. Ele disse que sabe o que está fazendo, então deixe que ele resolva.Joana, ao ouvir essas palavras, ficou ainda mais irritada.— Como você pode ser tão despreocupado? Deixar ele resolver sozinho? E se, no final das contas, o divórcio não acontecer? Vitor levantou os olhos para encará-la, sua expressão permanecendo fria enquanto respondia:— Se não conseguir, o problema será dele. Por que você se preocupa tanto?— Ele é meu filho, como não me preocupar? — Joana enfatizou, sua voz cheia de tensão.Observando o estado em que ela se encontrava, um lampejo de desprezo cruzou os olhos de Vitor, mas ele ficou em silêncio.Joana, percebendo a indiferença dele, ficou ainda mais agitada e acrescentou:— Você considera ele mesmo seu filho? Durante todos esses anos, você nunca se importou com ele. Na verdade, tanto faz se você está presente ou não nesta casa!— Ele não tem levado u
O que Esther queria desesperadamente manter, para Marcelo, parecia apenas algo ridículo e frio.— Só perguntei por perguntar, afinal, uma viagem de graça é uma boa oportunidade. Seria um desperdício não aproveitar, não é? Não quero mais perder tempo com conversa fiada. Tem mais alguma coisa ou posso ir embora? — Esther retrucou com ironia, sentindo-se ferida.Com isso, deixava claro que, se ele não tivesse mais nada a dizer, ela já estava pronta para sair.Marcelo ficou em silêncio.Esther, sem esperar por uma resposta, virou as costas e foi embora.O que Marcelo não esperava era que Sofia havia tentado tirar a própria vida.Iara, visivelmente desesperada, ligou para ele.— Sr. Marcelo, a Sofia... Ela nunca teve a intenção de jogar toda a culpa em cima da Esther. Eu estava lá com ela o tempo todo, vi ela tomando as vitaminas. Não seria capaz de fazer mal a ela. Sofia disse que não queria prejudicar a reputação da sua empresa e, para provar sua inocência, achou que só a morte poderia fa
Esther estava desesperada para que Marcelo mantivesse a calma. Ela sabia que, se ele a levasse à força até Sofia para que ela pagasse por algo que não fez, poderia sofrer uma punição severa. E isso a apavorava, principalmente porque qualquer coisa que acontecesse poderia colocar em risco a vida do bebê que ela carregava. E isso seria uma dor insuportável para ela.Marcelo, percebendo o estado de nervos de Esther, segurou seus ombros com firmeza, tentando fazê-la se acalmar.— Eu sei disso. E estou te dizendo que não vou te levar para ver Sofia. Se você não acredita em mim, então liga para a Diana e pede para ela vir te buscar, está bem?Marcelo não queria deixá-la sair sozinha, especialmente nesse estado de ansiedade.Esther olhou para Marcelo, ainda incrédula com a situação. Ela não podia acreditar que ele realmente não estava a obrigando a ir ver Sofia. Vendo que Marcelo ficou em silêncio, ela rapidamente pegou o telefone e ligou para Diana.— Diana, vou te mandar minha localização.
Diana entendeu imediatamente o que estava acontecendo ao ouvir o relato de Esther. Era óbvio que algo tinha dado muito errado, e o ambiente entre ela e Marcelo não estava nada bom.— Ah, um dramalhão de suicídio, é claro. Ninguém sabe ao certo se ela realmente se cortou ou não. Se o fabricante garantiu que o produto estava intacto, o problema deve ser com a própria Sofia. — Diana comentou, dando uma risada.Para Diana, era claro que Sofia estava usando o suicídio como uma maneira de desviar a atenção das pessoas, tentando limpar sua imagem de forma desesperada. Com isso, Sofia queria que todos acreditassem na sua inocência.Algumas pessoas, diante dessa atitude drástica, poderiam acabar voltando suas suspeitas para Esther, questionando sua honestidade. O gesto de Sofia era arriscado, um verdadeiro jogo de vida ou morte.Esther, no entanto, ficou em silêncio, sentindo o peso da situação sobre seus ombros. Não era tanto o que Sofia fazia que a preocupava, mas o fato de que Marcelo jamais
— Os ataques dos internautas são muito violentos. Eu quero sair do hospital. — A voz de Sofia estava rouca, e as lágrimas ainda brilhavam em seus olhos.Sofia, nesse estado, parecia muito magoada e extremamente frágil, despertando pena em quem a observava.— Eu vou pedir para o Gilberto cuidar disso, mas, pelo seu estado atual, acho melhor você ficar mais alguns dias aqui para se recuperar adequadamente. Vou garantir que ele providencie seguranças para você, então não precisa se preocupar com essas coisas. — Marcelo respondeu, com frieza.Sofia entendeu a mensagem. Apesar de Marcelo estar oferecendo ajuda, ele claramente mantinha uma certa distância dela. Desde que o incidente aconteceu, ele não mencionou Esther uma única vez, mas Sofia sabia que, no fundo, Marcelo ainda protegia Esther.— Eu não estou preocupada com o que você organizar, Marcelo. Mas você não tem ideia do quão assustador é o que estão dizendo na internet. Eu não consegui suportar, por isso... — A voz de Sofia falhou,
— Você realmente disse isso, mas eu só estava passando por aqui e trouxe algo para você. — O homem mantinha um sorriso no rosto, com sua voz habitualmente suave.O rosto de Diana se fechou ainda mais, e ela soltou um sorriso sarcástico.— O que você chama de “trazer algo para mim” é um buquê de flores?— Sim. — O homem não negou.— Eu não estou interessada nessas coisas. Se você continuar me importunando, vou ter que chamar a polícia. — A voz de Diana se tornou fria como gelo.Esther, que estava ao lado, ficou perplexa. Ela não esperava que Diana fosse tão fria com aquele homem. Ainda mais porque, pela aparência e pelo jeito dele, não parecia ser uma má pessoa.O homem, por outro lado, não se deixou abalar.— Bem, eu já comprei as flores. E flores são um presente ideal para uma mulher bonita. Por favor, aceite, pelo menos por consideração ao esforço que fiz para vir até aqui.— Vira à esquerda, há uma lixeira logo ali. Obrigada.Diana não deu sequer uma olhada no homem. E, em seguida,
— Faz sentido. — Esther assentiu devagar, absorvendo o que Diana tinha acabado de dizer.Diana, sempre prática, continuou falando:— Então, vamos ver se Marcelo vai cumprir a promessa que fez. Se ele não cumprir, você segue o que eu te disse, passo a passo. O importante é conseguir o divórcio. Uma vez que isso esteja resolvido, você sai de cena e não olha para trás, sem se preocupar com o que ficou para trás.— Certo. — Esther respondeu, decidida a tomar as providências necessárias no momento certo, mas ainda sentindo uma pontada de incerteza....Mais tarde, Marcelo entrou no prédio do Grupo Mendes, subindo diretamente para o seu escritório imponente. — Esther, faça um café. — As palavras escaparam de seus lábios antes que ele pudesse perceber. Foi um reflexo, uma manifestação da sua rotina diária que havia sido tão bem estabelecida com a presença constante de Esther. Mas a realidade bateu com força no instante seguinte. Esther não estava mais ali, estava na casa de Diana, longe do e