O que Esther queria desesperadamente manter, para Marcelo, parecia apenas algo ridículo e frio.— Só perguntei por perguntar, afinal, uma viagem de graça é uma boa oportunidade. Seria um desperdício não aproveitar, não é? Não quero mais perder tempo com conversa fiada. Tem mais alguma coisa ou posso ir embora? — Esther retrucou com ironia, sentindo-se ferida.Com isso, deixava claro que, se ele não tivesse mais nada a dizer, ela já estava pronta para sair.Marcelo ficou em silêncio.Esther, sem esperar por uma resposta, virou as costas e foi embora.O que Marcelo não esperava era que Sofia havia tentado tirar a própria vida.Iara, visivelmente desesperada, ligou para ele.— Sr. Marcelo, a Sofia... Ela nunca teve a intenção de jogar toda a culpa em cima da Esther. Eu estava lá com ela o tempo todo, vi ela tomando as vitaminas. Não seria capaz de fazer mal a ela. Sofia disse que não queria prejudicar a reputação da sua empresa e, para provar sua inocência, achou que só a morte poderia fa
Esther estava desesperada para que Marcelo mantivesse a calma. Ela sabia que, se ele a levasse à força até Sofia para que ela pagasse por algo que não fez, poderia sofrer uma punição severa. E isso a apavorava, principalmente porque qualquer coisa que acontecesse poderia colocar em risco a vida do bebê que ela carregava. E isso seria uma dor insuportável para ela.Marcelo, percebendo o estado de nervos de Esther, segurou seus ombros com firmeza, tentando fazê-la se acalmar.— Eu sei disso. E estou te dizendo que não vou te levar para ver Sofia. Se você não acredita em mim, então liga para a Diana e pede para ela vir te buscar, está bem?Marcelo não queria deixá-la sair sozinha, especialmente nesse estado de ansiedade.Esther olhou para Marcelo, ainda incrédula com a situação. Ela não podia acreditar que ele realmente não estava a obrigando a ir ver Sofia. Vendo que Marcelo ficou em silêncio, ela rapidamente pegou o telefone e ligou para Diana.— Diana, vou te mandar minha localização.
Diana entendeu imediatamente o que estava acontecendo ao ouvir o relato de Esther. Era óbvio que algo tinha dado muito errado, e o ambiente entre ela e Marcelo não estava nada bom.— Ah, um dramalhão de suicídio, é claro. Ninguém sabe ao certo se ela realmente se cortou ou não. Se o fabricante garantiu que o produto estava intacto, o problema deve ser com a própria Sofia. — Diana comentou, dando uma risada.Para Diana, era claro que Sofia estava usando o suicídio como uma maneira de desviar a atenção das pessoas, tentando limpar sua imagem de forma desesperada. Com isso, Sofia queria que todos acreditassem na sua inocência.Algumas pessoas, diante dessa atitude drástica, poderiam acabar voltando suas suspeitas para Esther, questionando sua honestidade. O gesto de Sofia era arriscado, um verdadeiro jogo de vida ou morte.Esther, no entanto, ficou em silêncio, sentindo o peso da situação sobre seus ombros. Não era tanto o que Sofia fazia que a preocupava, mas o fato de que Marcelo jamais
— Os ataques dos internautas são muito violentos. Eu quero sair do hospital. — A voz de Sofia estava rouca, e as lágrimas ainda brilhavam em seus olhos.Sofia, nesse estado, parecia muito magoada e extremamente frágil, despertando pena em quem a observava.— Eu vou pedir para o Gilberto cuidar disso, mas, pelo seu estado atual, acho melhor você ficar mais alguns dias aqui para se recuperar adequadamente. Vou garantir que ele providencie seguranças para você, então não precisa se preocupar com essas coisas. — Marcelo respondeu, com frieza.Sofia entendeu a mensagem. Apesar de Marcelo estar oferecendo ajuda, ele claramente mantinha uma certa distância dela. Desde que o incidente aconteceu, ele não mencionou Esther uma única vez, mas Sofia sabia que, no fundo, Marcelo ainda protegia Esther.— Eu não estou preocupada com o que você organizar, Marcelo. Mas você não tem ideia do quão assustador é o que estão dizendo na internet. Eu não consegui suportar, por isso... — A voz de Sofia falhou,
— Você realmente disse isso, mas eu só estava passando por aqui e trouxe algo para você. — O homem mantinha um sorriso no rosto, com sua voz habitualmente suave.O rosto de Diana se fechou ainda mais, e ela soltou um sorriso sarcástico.— O que você chama de “trazer algo para mim” é um buquê de flores?— Sim. — O homem não negou.— Eu não estou interessada nessas coisas. Se você continuar me importunando, vou ter que chamar a polícia. — A voz de Diana se tornou fria como gelo.Esther, que estava ao lado, ficou perplexa. Ela não esperava que Diana fosse tão fria com aquele homem. Ainda mais porque, pela aparência e pelo jeito dele, não parecia ser uma má pessoa.O homem, por outro lado, não se deixou abalar.— Bem, eu já comprei as flores. E flores são um presente ideal para uma mulher bonita. Por favor, aceite, pelo menos por consideração ao esforço que fiz para vir até aqui.— Vira à esquerda, há uma lixeira logo ali. Obrigada.Diana não deu sequer uma olhada no homem. E, em seguida,
— Faz sentido. — Esther assentiu devagar, absorvendo o que Diana tinha acabado de dizer.Diana, sempre prática, continuou falando:— Então, vamos ver se Marcelo vai cumprir a promessa que fez. Se ele não cumprir, você segue o que eu te disse, passo a passo. O importante é conseguir o divórcio. Uma vez que isso esteja resolvido, você sai de cena e não olha para trás, sem se preocupar com o que ficou para trás.— Certo. — Esther respondeu, decidida a tomar as providências necessárias no momento certo, mas ainda sentindo uma pontada de incerteza....Mais tarde, Marcelo entrou no prédio do Grupo Mendes, subindo diretamente para o seu escritório imponente. — Esther, faça um café. — As palavras escaparam de seus lábios antes que ele pudesse perceber. Foi um reflexo, uma manifestação da sua rotina diária que havia sido tão bem estabelecida com a presença constante de Esther. Mas a realidade bateu com força no instante seguinte. Esther não estava mais ali, estava na casa de Diana, longe do e
O sorriso que antes brincava nos lábios de Marcelo desapareceu em um instante.O som seco ecoou pelo escritório quando Poliana caiu pesadamente no chão. A queda foi brusca e dolorosa, e a dor se refletia em sua expressão contorcida. Ela se levantou com dificuldade, a vergonha evidente em seus olhos, que agora brilhavam com lágrimas prestes a escorrer. Era um misto de dor física e humilhação.Mesmo assim, Poliana se apressou em se desculpar, a voz saiu trêmula:— Desculpe, Sr. Marcelo, acho que torci o tornozelo. Eu... eu sou uma idiota!— Isso mesmo, você é uma idiota! — Disse Marcelo, sem a menor piedade, suas palavras afiadas como navalhas. — Você realmente acha que esses truques baratos vão me enganar?O choque transpareceu no rosto de Poliana, mas ela tentou se manter firme, negando com a cabeça:— Sr. Marcelo, o senhor está me entendendo mal. Eu realmente não quis causar nenhum problema. Foi um acidente. Veja, o salto do meu sapato quebrou.Poliana falava com um tom arrastado, qua
Alfredo começou a aparecer em todas as exposições de Diana, sempre se fazendo presente, como uma sombra insistente. Não só isso, ele também passou a comprar as obras dela por preços altíssimos, algo que a deixava ainda mais desconfortável. Quando alguém fazia tudo isso sem ser desejado, era puro sinal de obsessão.Esther, observando a expressão de Diana, não sabia bem o que dizer. Estava claro que a situação estava afetando sua amiga.Naquele exato momento, o som de uma notificação ecoou pelo ambiente. O celular de Esther emitiu um breve som de notificação, e tanto ela quanto Diana se inclinaram para verificar o que era. O grupo de ex-colegas da faculdade estava ativo, e uma nova mensagem de Hugo havia chegado.[Na próxima segunda-feira, nosso colega Alfredo vai organizar uma festa de comemoração pelo primeiro mês de vida do filho na Vila Folha Vermelha. Além disso, será nosso reencontro de turma. Espero que todos possam comparecer.]Diana franziu a testa e logo expressou sua insatisfa