— Fui eu que contei para o papai que a prima estava te maltratando. — Larissa começou, com uma voz trêmula. — Foi isso que fez ela chamar a polícia para te prender. Ele ficou furioso e foi atrás dela, mas... Mas não deveria ter ido tão longe a ponto de sequestrá-la. — À medida que falava, ela apertava as mãos uma na outra, os dedos entrelaçados em um gesto nervoso. — Será que a prima estava certa? Pode ter alguém manipulando tudo por trás. Pensa bem, aquela mulher que nos ajudou... Será que pode ser ela?As palavras saíam em um sussurro rouco, quase como se ela temesse dar voz àquela suspeita. Como alguém ajudaria outra pessoa sem ter uma intenção por trás? E se o pai dela tivesse caído nas mentiras daquela mulher? A ideia deixava Larissa desconfortável, e sua pele se arrepiou ao pensar nas possíveis consequências de suas ações.— Não pode ser, não pode ser. — Nora murmurava, balançando a cabeça em negação. — E se outra pessoa foi responsável pela morte do papai? O que faremos se isso
Esther olhou fixamente para Marcelo, sentindo um frio na espinha ao perceber a frieza em seu rosto, algo que a deixou desconfortável. — Você está estranha ultimamente. — Marcelo quebrou o silêncio com um tom gelado, quase cortante. Ele parou antes de continuar, os olhos fixos nela como se pudesse ler seus pensamentos. — Está com medo de que eu descubra alguma coisa?O coração de Esther acelerou por um instante, como se uma corrente elétrica tivesse passado por seu corpo. — Estranha? Descobrir o quê? — Retrucou ela, tentando soar natural. Ela desviou o olhar, temendo que ele percebesse o nervosismo que se espalhava por suas feições.— Desde que você começou a me arranjar outras mulheres... — Marcelo franziu o cenho, a voz carregada de suspeita. — Eu já senti que tinha algo errado. E, ainda por cima, anda indo escondida ao hospital! Esther desviou o olhar, as mãos tremendo levemente enquanto tentava esconder o nervosismo crescente. — Minha vida está normal. — Disse ela, controlando a
Marcelo e Esther estavam em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos, enquanto ela voltava ao quarto para terminar de arrumar suas coisas. O funeral de Caio havia chegado ao fim, e a sensação de despedida pairava no ar. Agora, era hora de retornar à vida cotidiana, mas algo em Esther parecia pesar mais do que antes.— Esther. — A voz suave e um tanto hesitante de Isabela interrompeu os preparativos. Esther levantou a cabeça, surpresa com a visita inesperada da mãe.— Mãe? — Disse ela, parando o que estava fazendo e se virando para ela.Isabela se aproximou e se sentou ao lado da filha, o semblante visivelmente preocupado. Esther, percebendo a angústia na expressão da mãe, se acomodou ao lado dela.— O que houve, mãe? — Perguntou ela, com um tom de preocupação misturado com um toque de suavidade.— Marcelo... Ele veio desta vez, não é? — Isabela começou a falar com uma certa hesitação.Esther assentiu, a expressão séria.— Sim, ele veio — disse, com um leve aceno, sem muit
Nora hesitava, seu coração pesado, os olhos cheios de um sofrimento que parecia nunca acabar. A cada pensamento, a imagem de Caio surgia em sua mente como uma ferida aberta. Para ela, o mais justo seria garantir que Caio descansasse em paz, não permitindo que sua morte fosse em vão. — Esther, nós pagamos um preço alto pela morte de Caio e já sofremos muito. — Nora finalmente quebrou o silêncio. Nos últimos dias, ela parecia ter envelhecido anos, os fios de cabelo branco surgindo como marcas de um luto que jamais imaginou ter que carregar. — Nos últimos dias, eu te falei palavras duras durante o funeral. Peço desculpas por isso, foi uma atitude impensada da minha parte. Agora, só quero encontrar quem causou a morte de Caio e farei o que for necessário para isso.— Tia, o passado já ficou para trás, sabe? Não precisamos ficar remoendo isso. A vida continua, e devemos olhar para frente. — Esther tentou manter a voz firme. — Vou dar um jeito na questão do estágio da Larissa. Mesmo que ela
Ela olhou para a tela e viu um nome que não via há meses: a gerente do clube noturno onde costumava trabalhar, uma mulher que, apesar de tudo, sempre foi uma figura quase materna em sua vida. O coração de Nicole acelerou um pouco, mas ela respondeu com um sorriso, feliz em poder compartilhar as boas novas.— Oi, mãe! — Disse Nicole, sua voz cheia de uma felicidade genuína enquanto usava o termo “mãe” para se referir à gerente do clube, que sempre a tratou com carinho. — Estou muito bem agora! — Continuou ela, o sorriso na voz quase evidente. — Meu filho está saudável, moro numa casa grande e tenho ajuda para cuidar dele. Até a mãe do pai dele gosta muito de mim. Tenho certeza de que tudo vai melhorar daqui pra frente.Nicole quase conseguia ver o rosto da gerente do outro lado da linha, talvez sorrindo com orgulho pela trajetória de sua “filha” em direção a uma vida melhor. Mas, ao invés da resposta calorosa que esperava, ouviu um tom urgente, algo que fez seu sorriso vacilar.— Nicole
Sofia observava Nicole com um olhar crítico e penetrante. Era como se estivesse analisando cada detalhe da mulher à sua frente, comparando as duas, como se Nicole fosse uma peça de arte em avaliação. Sofia sempre teve uma aura de nobreza natural, algo que irradiava de sua postura, de suas roupas cuidadosamente escolhidas e do brilho de suas joias. Enquanto Nicole nasceu com uma beleza estonteante, mas que acabava seguindo por caminhos sombrios. Enquanto passava um batom escarlate, Sofia lançou um olhar pelo espelho, observando Nicole como se ela fosse uma intrusa em seu mundo perfeito. Um leve sorriso curvou seus lábios antes de perguntar com um tom de voz repleto de desprezo:— O que você quer de mim, Nicole? Nicole estava à beira de um colapso, os olhos arregalados e o corpo tremendo, como se a qualquer momento pudesse desmoronar. — Por favor, Sofia, me ajuda. — Nicole suplicou, a voz trêmula e carregada de pânico. — A polícia está me procurando, e só você pode me tirar dessa!O
Nicole notou a mudança no olhar de Sofia, tão diferente da afeição que mostrou quando se conheceram. Havia uma frieza agora, algo quase calculista, que fez o estômago de Nicole revirar. — Você me usou! — Gritou Nicole, a voz embargada pela mistura de raiva e desespero que queimava em seu peito. — Você fez de propósito, me manipulou para fazer o que você queria, e depois lavou as mãos. A cruel aqui é você.Sofia a olhava com uma expressão neutra, como se estivesse observando um espetáculo previsível. Desde o início, Sofia havia se aproximado dela com intenções claras, comprando roupas de bebê, murmurando palavras doces que plantavam a semente do que ela desejava. Tudo fazia parte de um plano meticuloso para se livrar de qualquer ameaça, e Nicole, ingênua e desesperada, caiu direitinho.— Você é uma ótima atriz! — Nicole continuou, agora completamente tomada pela raiva. Suas mãos tremiam enquanto apontava um dedo acusador na direção de Sofia. — Fingiu gostar de mim, se preocupou comigo,
Mesmo no momento de sua morte, Nicole ainda estava presa a suas obsessões. Seus pensamentos giravam em torno do mesmo desejo desesperado. Ela acreditava que, ao ter um filho, garantiria seu lugar na família Mendes. Ser mãe de um herdeiro lhe daria poder e segurança, algo que sempre ansiou.Mas tudo não passou de um sonho vazio. A realidade era fria, dura, e se recusava a se curvar às suas vontades. Após suas últimas palavras, Nicole deu seu último suspiro, mas seus olhos permaneceram abertos, cheios de arrependimento. Ela morreu sem paz, com o corpo rígido e os lábios ainda tremendo num pedido de clemência que nunca foi ouvido.Quando os policiais desceram, Nicole já estava morta. O corpo dela estava caído e sem vida. Eles isolaram a área com fitas de segurança, o ambiente tingido de uma quietude mórbida que contrastava com o caos de momentos antes.Sofia foi amparada pelos policiais enquanto descia. Seus cabelos, geralmente bem arrumados, estavam em desalinho. O rosto, antes impecável