Quando Esther terminou de falar, o Faraó soube que não poderia mais convencê-la a ficar. Ainda assim, com sua calma habitual, ele deu um último conselho a ela.— Cuide bem do que te dei. Não se sinta pressionada. Além disso, não tenho mais nada a oferecer.Ele também desejava estar ao seu lado, demonstrando o amor de pai, mas depois de tantos anos separados, mesmo que Esther o aceitasse, a relação entre eles nunca seria completamente natural. Em vez disso, ele preferiu compensar essa falta com bens materiais, lhe entregando uma parte de sua fortuna para que ela comprasse o que precisasse.— Eu entendo. Nunca te culpei. Quando tiver um tempo, farei questão de te visitar, e você também pode ir à capital. — Esther respondeu com um sorriso suave, olhando para o Faraó nos olhos.Entre pai e filha, não havia espaço para ressentimentos. Porém, quando ela soube que ele era, de fato, seu pai, um peso imenso a atingiu, a realidade cruel tomou conta de sua mente. No entanto, tudo isso agora parec
Bernardo não queria que Julia forçasse seu corpo e colocasse em risco sua recuperação. Aos poucos, ele sabia que, mesmo sem demonstrar abertamente, acabaria reservando um lugar para ela em seu coração.— Eu só estava brincando. Se você não quer que eu vá, então não vou. — Disse Julia, com os olhos baixos, mas com um leve sorriso nos lábios. — Onde você estiver, estarei também. Bernardo fechou os lábios com firmeza, prestes a dizer algo, mas Julia, com os olhos brilhando de expectativa, o interrompeu: — Posso sair para comprar algumas coisas? Como, por exemplo, um par de alianças. Não se preocupe, não será em seu nome.Ela estava disposta a gastar tudo o que tinha, se ele concordasse.Bernardo ficou em silêncio por um momento, observando Julia com uma expressão surpresa. — Por que razão uma mulher gastaria por um homem?— Mas nós não somos diferentes? Se você aceitar, no final, é uma lembrança do que compartilhamos. Qual a diferença de quem vai pagar? — Julia tinha plena consciência
Bernardo não revelou o que sentia, nem demonstrou muito interesse. No entanto, ele não esperava que Julia fosse ignorá-lo e enfrentasse sozinha aqueles rumores.A vendo na cadeira de rodas, ainda discutindo com aquelas pessoas com tanto vigor, o coração de Bernardo foi tocado. Ele caminhou rapidamente até ela, e, ao vê-lo, as pessoas que antes estavam gritando e com expressões ameaçadoras mudaram de imediato, ficando em silêncio, assustadas.Bernardo soltou um sorriso irônico e indagou:— Por que pararam de falar? Se esqueceram, querem que eu ajude a lembrar? — Sr. Bernardo... Perdão, nós só estávamos fofocando, não queríamos espalhar nada. Por favor, nos perdoe...— Nos desculpe, Sr. Bernardo, por favor...As pessoas se ajoelharam, implorando por perdão. Embora Bernardo fosse o líder de Iurani agora, o povo ainda o chamava de “Sr. Bernardo”, e ele nunca pediu que mudassem.Bernardo olhou friamente para todos e declarou:— Já que admitem o erro, então continuem aí. Se ajoelhem e se de
No hotel, tudo estava uma bagunça.Esther Moura acordou com uma dor intensa pelo corpo.Ela massageou a testa, pronta para se levantar, e olhou para a figura alta deitada ao lado dela.Um rosto exageradamente bonito, com traços definidos e olhos profundos.Ele ainda dormia profundamente, sem sinal de despertar.Esther se sentou, o cobertor deslizou, revelando seus ombros brancos e sensuais, marcados por algumas manchas.Ela desceu da cama, e no lençol havia marcas claras de sangue.Ao ver a hora, percebeu que estava quase na hora de ir para o trabalho. Pegou o tailleur que estava jogado no chão e vestiu.As meias-calças estavam rasgadas por ele.Ela as amassou e jogou no lixo, calçando os sapatos de salto alto.Ao mesmo tempo, alguém bateu na porta.Esther já estava vestida e pronta, parecendo novamente a secretária eficiente, pegou sua bolsa e foi em direção à saída.Quem entrou foi uma jovem de aparência pura e inocente.Ela quem tinha chamado.Exatamente o tipo que Marcelo Mendes go
Ao ouvir as suas palavras, Esther ficou surpresa e quase torceu o tornozelo. Perdendo o equilíbrio, ela se apoiou nele. Marcelo sentiu seu corpo inclinar e segurou sua cintura. O calor do toque trouxe de volta as lembranças da noite passada, quando ele a tomou com intensidade.Esther tentou se acalmar e levantou a cabeça para encarar ele. Seus olhos profundos eram sérios, com um misto de questionamento e dúvida, como se estivessem prestes a desvendar seus segredos. O coração de Esther batia acelerado. Ela não ousava sustentar o olhar dele por mais um segundo e, instintivamente, abaixou a cabeça.Quando ele pensou que a mulher que estava com ele ontem era aquela que acabou de ver, ficou furioso. Se soubesse que era ela, o destino dela não seria muito diferente.Mas ela não podia aceitar isso. Se Marcelo soubesse que era ela, será que o casamento deles poderia durar um pouco mais?Ela não teve coragem de olhar nos olhos dele: - Por que está perguntando isso?Apenas ela própria sabi
Ela levantou a cabeça e viu Sofia com um avental, segurando uma concha.Quando viu Esther, seu sorriso vacilou por um instante, mas logo voltou a ser acolhedor: - É uma amiga da tia? Acabei de fazer uma sopa, entre e se sente.Sua postura era tranquila, com uma atitude totalmente de dona da casa.Parecia que Esther era a visitante de longe.De fato, em breve ela seria uma estranha.Esther franziu a testa, se sentindo extremamente desconfortável.Quando se casou com Marcelo, fez um anúncio para toda a cidade. Sofia até enviou uma carta de felicitações. Então não tinha como ela não saber que ela era a esposa do Marcelo.Vendo que Esther não se mexia na porta, Sofia logo se aproximou e segurou sua mão: - Quem vem é sempre bem-vindo. Não seja tímida, entre.Quando ela se aproximou, o ar trouxe um leve aroma de jasmim, o mesmo perfume que Marcelo tinha dado a Esther no aniversário do ano passado, exatamente igual.Esther sentiu a garganta doer e a respiração ficar pesada, como se tivesse
- A Esther parece que não está muito bem hoje, ela não quis vir entregar os documentos, então só eu vim. - Sofia colocou sua mão queimada na frente dele. - Marcelo, você também não precisa culpar a Esther, acho que não foi de propósito, não atrasou nada, né.Os documentos da empresa acabaram indo parar nas mãos erradas, e esta foi a primeira vez que Esther fez algo assim.Marcelo estava com o semblante fechado, mas diante de Sofia ele conteve a raiva, apenas ajustou a gravata e falou num tom neutro: - Não tem problema. - Mudando de assunto, ele continuou. - Já que está aqui, que tal sentar um pouco?Ouvindo ele dizer isso, Sofia se sentiu um pouco animada. Pelo menos ele a aceitava, não a detestava.- Você não ia ter uma reunião? Não vou te atrapalhar?Marcelo então fez uma ligação: - A reunião foi adiada em meia hora.Sofia sorriu de canto, antes de vir, ela estava preocupada se ele guardava rancor por ela ter partido sem avisar, mas as coisas não pareciam tão ruins quanto imaginava
Esther parou de repente, não havia aquela harmonia de casal entre eles, mas sim uma distância mais como de um superior para uma subordinada. - Sr. Marcelo, tem mais alguma ordem? - Ela perguntou.Marcelo se virou para encarar o rosto distante de Esther, com um tom de comando em sua voz. - Se sente.Esther de repente não entendeu o que ele queria fazer.Marcelo se aproximou.Esther o observava se aproximando, e nesse momento, algo parecia diferente, fazendo ela sentir o ar rarefeito. Era puro ervosismo, com uma sensação estranha.Ela não se moveu, mas Marcelo tomou a iniciativa de segurar sua mão.Quando a palma quente dele tocou a dela, foi como se fosse queimada, queria puxar ela para longe, mas Marcelo segurou firmemente, não dando a ela a chance de se soltar, levando ela para o lado e perguntando com a testa franzida: - Você machucou sua mão, e não percebeu?Sua preocupação surpreendeu Esther. - Eu... Está tudo bem.- Sua mão está com bolhas. - Marcelo perguntou. - Por que não