MayaA volta para o hotel foi feita em absoluto silêncio. Eu estava tensa e amargurada. Por que ele não quer um filho comigo? Preciso de motivos! Ao entrarmos na suíte, fui direto para o quarto, precisava de um banho e de um tempo sozinha. Estava enrolada na toalha com cabelos molhados e sentada à beirada da cama olhando para o nada, quando Victor entrou vindo até mim e dando um beijo em meu rosto.— Ferdinando e Aurora estão na cidade. Vamos jantar com eles.— Okay. — Levantei-me e segui para o closet.Victor veio atrás de mim e parou na porta.— O que tem de errado? Era para você estar feliz, achamos nossa casa.— Não tem nada de errado. — Não estava bem para confrontá-lo naquele momento. Aquela conversa geraria uma discussão e isso era tudo o que menos precisávamos naquela hora.— Não minta para mim. Eu conheço você, Maya. Fala o que te incomoda.Virei-me para ele.— Podemos falar sobre isso amanhã. Mas não hoje, está bem?— Claro.Ele deixou o closet e foi ao banheiro, enquanto eu
MayaVoltamos para a mesa e a sobremesa já havia sido servida. Depois que comemos, voltamos para casa. Victor e eu não trocamos uma palavra sequer no caminho todo. O clima estava pesado e tenso entre nós. Entramos na suíte e ele seguiu direto até o bar servindo-se de uma dose dupla de conhaque.— Você não vem dormir agora? — perguntei parada no meio da sala.— O que foi aquilo na mesa? — questionou em um supetão, virando-se para mim.— Quer mesmo saber o que foi aquilo? Estou puta da vida com você. Como pode dizer aquilo?— Sobre ter filhos? Mas é a verdade, Maya!— Não! É o seu desejo e não o meu. Victor... Eu quero ter filhos. Qual o problema de querer isso comigo?— Tenho sessenta anos, Maya! — gritou. — É difícil entender que não tenho mais idade para ser pai novamente?— Tem idade para namorar uma mulher de vinte e um anos, transar todos os dias, dominá-la, mas não tem idade para ser pai de um filho que terá comigo? A mulher que você diz todos os dias amar? Que amor é esse que vo
MayaAcompanhamo-la até a parte dos fundos.— Uau! Esse lugar é fantástico. Sua mãe teria adorado. É bem arborizado.— Sinto paz nesse lugar. Ainda há trezentos metros de área verde depois da cerca viva. Está vendo aquele canteiro ali? — Apontei à direita. — Vou plantar girassóis nele. — Olhei-o e ele sorriu com carinho para mim.— Então... O que acharam da reforma no deck? — perguntou Janet.— Ficou maravilhoso. Gostei da madeira mais clara.— Que bom. Fico contente. Venham. Vamos olhar dentro da casa. — Entramos. — Troquei toda a bancada da cozinha por mármore branco. Os elétricos da torre quente serão todos cromados. Charlotte está cuidando disse hoje, por isso ela não pôde vir. Agora quero mostrar a vocês o quarto de hóspedes aqui embaixo. — Caminhou à nossa frente em direção ao corredor.— Quarto de hóspedes aqui embaixo? — perguntei confusa. Aquele seria o único cômodo a não ser reformado.Ela andou até a última porta no corredor e abriu-a.— Entrem.Entrei e fiquei em pleno est
MayaDepois que Victor seguiu para Seattle, meu pai e eu voltamos para Tulsa. Os dias se passaram e Victor não voltou para casa, ele estava em Houston com Caleb. Nós nos falávamos pouco. A relação entre nós estava horrível. Frios um com o outro e isso estava acabando comigo. A separação não parava de ser cogitada em minha cabeça. A cada dia que passava, mais razão eu dava às implicâncias passadas do meu pai. Quem sabe, ele estivesse certo sobre os problemas de se namorar um homem muito mais velho. Estava vivendo uma batalha constante entre o amor e a razão. O amor gritava por socorro dizendo não conseguir viver sem ele. A razão dizia que, se eu quisesse uma família completa, teria que deixá-lo ir.Entrei em seu escritório e sentei-me em sua cadeira. Sobre a mesa, um porta-retratos com uma das milhares de fotos que tiramos no dia do nosso casamento. Nela estava eu em uma ponta, Victor ao meio e Caleb do outro lado. Nós sorríamos juntos para a câmera. Ele estava abraçando-me pela cintur
MayaLiguei a torneira para encher a banheira e comecei a me despir. Prendi os cabelos em um coque alto e debrucei-me sobre a banheira apoiando uma mão na sua beirada. Com a outra joguei sais de banho na água morna e algumas pétalas brancas secas e perfumadas pela superfície.— Uau! Que visão mais bela. Nunca vi bunda mais linda. — Apertou-a.— Que bom que gosta do que vê.— Eu não gosto. Eu adoro. — Laçou minha cintura por trás e beijou meu pescoço fazendo-me arrepiar.Recostei-me nele e deitei a cabeça em seu peito nu. Sua mão esquerda apalpou meu seio apertando-o de leve e a outra escorregou lentamente por minha barriga, deixando-me ansiosa por seu toque. Meu clitóris deu seu primeiro sinal de vida pulsando forte. Seu dedo o tocou com cuidado e leveza, começando uma massagem gostosa. Fechei os olhos e sorri excitada. Suas mãos em mim foram tudo o que desejei na última semana. Havia muito tesão acumulado em mim. Mordi o lábio inferior e gemi contido.— Tire minha calça! — sussurrou
MayaVesti a pequena peça e depois o vestido que eu havia comprado para a ocasião. A festa aconteceria no jardim dos fundos da casa de Clarice e eu estava ansiosa, não sabia de nada que estava acontecendo, minha avó fez mistério até o último minuto e me fez prometer que compareceria.— Uma linda mulher — disse Victor ao entrar no closet e me observar passando o batom.— Obrigada. — Sorri encantada. — Agora se vista, lhe espero na sala. Vou apressar o Caleb, senão iremos nos atrasar.— Tudo bem. Mas antes quero lhe dar seu presente de aniversário. — Caminhou até o cofre e digitou sua senha, retirando de lá uma caixinha quadrada de couro preto. — É uma peça única, assim como você. Mandei que fizessem. — Parou diante de mim e abriu-a.— Nossa... É lindo! — Peguei o colar que repousava dentro dela: uma fina corrente retorcida de ouro rosé com um pingente de coração cravejado de diamantes translúcidos.— Olhe atrás.Virei o coração e atrás tinha nossos nomes e uma data especial.Victor&M
MayaElliot me levou até a faculdade, e assim que entrei no campus, logo avistei Débora, uma nova amiga.— Oi.— Maya... Oi. Pronta para apresentar o seminário?— Não sei se pronta é a palavra certa, mas vamos lá.Ela riu.A caminho para o auditório cruzei com o professor o qual estava me ajudando.— Bom dia, meninas — desejou ele.— Bom dia, Sr. Malone — retribuímos em uníssono.Richard Malone era um homem alto, de meia-idade, alguns fios grisalhos nas têmporas, sorriso encantador e uma ótima pessoa além de um exímio professor de cardiologia.— Indo para o auditório?— Sim e você? — perguntei.— Indo para a minha primeira aula do dia.— Temos que ir, Maya — falou Débora olhando as horas no seu relógio de pulso.— Claro. Tenha um bom-dia, professor.— Vocês também. — Sorriu simpaticamente e passou por nós.— Professor... — chamei-o. Ele parou e virou-se para mim.— Sim?— Só quero agradecer novamente por ter me indicado ao estágio. Não sabe o quanto sou grata por isso.Ele riu e aprox
Victor— Maya... Isso foi feito há mais de dez anos, quando fiz minha vasectomia. Guardei porque tinha esperança de encontrar alguém logo mais, mas o tempo passou e isso demorou a acontecer. Eu sequer lembrava que isso ainda existia. Havia uma cláusula no contrato que dizia que os embriões só podiam ficar congelados por cento e vinte meses. Pensei que já tivessem sido descartados. Acha mesmo que esconderia isso de você?Ela encarou-me cheia de tristeza. Os olhos que só me deram amor e excitação, naquele instante estavam cheios de mágoa e decepção.— Amor... Por que quer tanto brigar por filhos agora? Você ainda é jovem demais.— O fato de eu não querer engravidar neste exato momento, não me impede de lutar por algo que desejo no meu futuro próximo!— Maya...— Não! — interrompeu-me. — Você é um egoísta! Eu não entendo o porquê de não querer, quando disse uma vez que desejava tudo comigo. Por que quer tirar isso de mim, Victor? Não entende que quero ter algo de você comigo para sempre?