VictorCaminhei até ela a passos largos e peguei-a pelos ombros segurando-a com força. — Eu não aguento mais isso. Se você não quer a minha ajuda, então a expulsarei daqui. Me esqueça! Nos deixe em paz, Eliza! Seguranças!— Não! Não, não, não, não... Não me expulse daqui. Deixe-me ficar. Deixe-me ficar com você, meu amor!— Se tentar mais alguma coisa contra a Maya outra vez, farei você apodrecer na prisão! — ameacei-a e, por sua feição, percebi que ela notou que não eram somente palavras cuspidas pela boca. — Fui claro? — Pude ver o medo no seu olhar espantado.— Senhor... — chamou os seguranças ao entrar.— Tirem-na daqui e avise que a sua entrada é proibida a partir de hoje.Eles a pegaram pelos braços e a arrastaram da minha sala enquanto ela se debatia, chutava-os, cuspia e gritava. Honestamente, senti pena dela. Mas, se não queria a minha ajuda, como poderia fazer algo se não éramos mais casados? O que me restava a fazer agora era somente agir para proteger Maya das suas armaçõe
MayaVictor se afastou e eu fiquei ali com a carta na mão. Caminhei até alguns bancos mais adiante e me sentei na dúvida se queria ou não ler uma carta de adeus de uma suicida que me odiava. Senti que estava invadindo a privacidade da Eliza, afinal, aquela carta não era destinada a mim e sim ao filho e o ex-marido. Em um ímpeto de curiosidade, desdobrei a carta esticando o papel que estava um tanto amarrotado.Antes de qualquer coisa, não quero que pensem que desisti da minha vida. Apenas desisti de vivê-la sem o meu grande amor. Não me julguem!Para o meu filho... Eu sinto muito, Caleb. Mas sei que você consegue sem mim. Afinal, desde que me separei do seu pai, invertemos os papéis. Você se criou sozinho e cuidou de mim quando deveria ter sido ao contrário. Perdoe-me por todas as vezes que desmaiei no sofá após três ou mais garrafas de vinho e deixei você sem o jantar. Ou pelos dias que me dopei com remédios para dormir e me esqueci de cumprir com as minhas promessas de levá-lo ao m
MayaAo chegarmos ao hotel, Caleb passou direto para o pequeno quarto com duas camas de solteiro enquanto eu fui para o nosso. Victor ficou na sala falando com Noberto. Depois de um banho, vesti roupas quentes e confortáveis. Estava secando os cabelos no banheiro quando Victor entrou abraçando-me pela cintura.— Vou pedir o nosso jantar. Quer algo em especial?— Não. O que pedir para mim está ótimo. — Liguei novamente o secador de cabelo.— Vamos conversar. — Puxou o plugue da tomada desligando-o novamente.Respirei fundo e encarei-o pelo reflexo do espelho.— Está chateada pelo beijo? Já disse que não foi correspondido e que não significou nada para mim.Abaixei a minha cabeça.— Isso me incomoda muito. É torturante saber que os lábios dela tocaram os seus quando já eram meus. Mas... — Tornei a olhá-lo pelo reflexo. — o que me magoa mesmo, é não entender por que não me falou sobre nada disso.— Porque sabia que ficaria assim, chateada. Triste... Não falei justamente porque não queria
MayaDois dias haviam se passado. Eliza estava bem e fora de perigo. Na manhã seguinte a confusão, depois que me despedi da Sasha, Maggie e Kim no aeroporto, fomos até o hospital. Lá, recebemos a notícia de que Eliza havia se recusado a falar com o psicólogo. Caleb entrou no horário de visita para tentar convencê-la a falar com um terapeuta, mas ela o ignorou com maestria como se ele nem estivesse lá. O menino saiu cabisbaixo do quarto e eu confortei-o dizendo que ela talvez estivesse envergonhada pela sua tentativa falha de ceifar a própria vida.O psicólogo informou a Victor que ela só seria liberada do hospital, mediante uma transferência para uma clínica psiquiátrica onde pudesse receber ajuda especializada. Mas esta notícia já era esperada por todos nós. Ela jamais estaria apta para sair e se cuidar sozinha naquele momento. O médico nos levou até uma sala de reunião e nos deu privacidade para conversarmos e Victor fazer as suas ligações para conseguir o quanto antes a transferênc
MayaQuando chegamos, o levei até seu quarto e fui para meu. Enquanto enchia a banheira para um banho quente, liguei para o meu pai. Nós havíamos trocado duas mensagens mais cedo e eu prometi ligar quando chegasse.— Oi, querida! Como foi Nova Iorque? Fez boa viagem de volta?— Oi, pai. Foi tudo bem. — Achei melhor poupá-lo do caso da Eliza. Falar sobre isso com ele, só daria mais motivos para criticar Victor. — Como estão as coisas por aqui?— Está tudo bem. Você não vai acreditar na notícia que tenho!— Que notícia? — perguntei apreensiva, apesar de notar o entusiasmo em sua voz.— Sua mãe irá receber alta para o Natal! — Ai, meu Deus! Isso é ótimo, pai! É o melhor presente de Natal que eu poderia ganhar! — disse com a mais pura felicidade explodindo dentro de mim.— Ela irá sair amanhã à tarde. Pode ir buscá-la?— Mas é claro que sim. E quando ela tem que voltar? — Houve um breve silêncio estranho do outro lado da linha.— Ela volta depois do Natal — respondeu depressa.Franzi o c
MayaNa manhã seguinte, após o café, liguei para o meu pai e pedi para ele vir até a casa do Victor. Não demorou muito e logo ele chegou.— Pai... este é Caleb, filho do Victor. Caleb... este é meu pai — apresentei-os sorridente.— É um prazer conhecê-lo, Sr. Valentine.— O prazer é meu, garoto. E me chame de Teddy.Fiquei surpresa com sua simpatia.— Então... o que faço aqui tão cedo? — perguntou ele.— Estou pensando em fazer um jantar aqui esta noite, para reunir todos antes de irmos à igreja. O que me diz?— Aqui? — Apontou para o chão.— É! Aqui!Ele parou por alguns segundos e encarou-me.— Eu não sei, querida.— Por favor, pai. Quero todo mundo junto esta noite — insisti.Meu pai respirou fundo e deu-se por derrotado.— Tudo bem. Eu concordo, desde que Victor se comporte.— E ele irá, desde que você se comporte também!— Quando iremos comprar a árvore de Natal? — perguntou Caleb ansioso.— Agora.Saímos e fomos até o parque Green Pine, onde todos os anos vendiam os mais diverso
Maya— O quê? Por quê? — questionei-a ficando de pé em um pulo, sentindo o desespero tomar conta de mim como uma avalanche.— Por favor, querida... Me compreenda. Eu não aguento mais viver naquele hospital. Os médicos dizem que não, mas eu sinto que não tenho mais cura. O câncer que estava estagnado voltou a se espalhar. Em alguns dias estarei com metástase e aí meu ciclo chegará ao fim. Eu desejo encerrar esta vida com quem mais amo neste mundo: minha família.Solucei alto em meio ao choro.— Perdoe-me, Maya. Mas entenda que não estou desistindo de você e do seu pai. Estou apenas desistindo de viver para alimentar esta doença maldita.— Mas, mãe... Talvez... Talvez a gente possa ir para outro lugar e tentar um novo tratamento, eu posso...— Ela não quer, Maya — disse meu pai parado na porta. — Deixe-a viver seus últimos dias como desejar vivê-los. Não podemos mais obrigá-la a mais tratamentos por puro egoísmo da nossa parte... por medo de perdê-la. Sua mãe está sofrendo. Eu estou sof
MayaSoltei-o e o vi sorrir para mim, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.— Desculpe por perder a noite de ontem. Só tivemos autorização para levantar voo às quatro da manhã.— Tudo bem. Mas vamos deixar combinado desde agora, que no próximo Natal você não irá trabalhar nem no dia ou na véspera.— Prometido. — Riu acariciando meu rosto.— Café? — Ofereci a ele.— Sim, por favor.Entramos e Victor cumprimentou a todos. Servi uma caneca cheia de café puro fumegante, sem açúcar e entreguei-a a ele.— Obrigado. — Sorriu e selou meus lábios. — Feliz Natal — sussurrou.— Feliz Natal, amor. — Sorri abertamente.Depois do desjejum, nos sentamos na sala e logo Clarice chegou com Sammy e Grace. Minutos depois, Will, o “amigo” da vovó, apareceu se juntando a nós. Meu pai conversava com Sammy em um canto próximo a escada. Eu estava sentada ao lado da minha mãe e Victor ouvia atentamente o filho contar como havia sido o seu dia anterior. Distraída em uma conversa, não vi quando Vict