Maya— O jantar está servido — anunciou a minha avó ao entrar na sala e eu agradeci mentalmente. Estava com medo de onde aquela situação iria parar.Depois do jantar, todos foram embora e eu ajudei a minha mãe a se preparar para dormir antes de ir também.— Me prometa uma coisa — pediu ela.— Claro. O quê?— Que, quando se casar, usará o meu vestido de noiva.— Quando eu me casar... usarei o seu vestido de noiva com o maior prazer, mãe — prometi olhando-a nos olhos.Ela sorriu feliz e emocionada. Eu a abracei e me despedi antes de deixar ela e o meu pai a sós.Victor e eu fomos embora e tivemos uma noite deliciosa, assim como o restante do nosso final de semana que passamos grudados um no outro. Depois que ele se foi na segunda logo pela manhã, resolvi ir até o trabalho da Grace e convidá-la para almoçar comigo. Fizemos tudo do modo que era antes. Comemos, depois saímos para tomar um sorvete no caminhãozinho estacionado na praça e, por último, deixei-a de volta no trabalho.No caminho
MayaAcompanhamos a mulher até um espaço com sofá e cadeiras. Depois que Kim disse como desejava que fosse seu vestido, ela foi com a vendedora até o provador.— Acho isso uma perda de tempo — disse Viola com desdém.— Comprar vestido de noiva não é perda de tempo — retruquei encarando-a.— A nossa família tem uma tradição e Kim está desrespeitando ela! — falou Aja.— Kim não está desrespeitando nada! Ela apenas está usufruindo do direito de liberdade que tem! — disse irritada.— Aqui está a noiva — anunciou a vendedora e lá veio Kim vestindo o seu primeiro vestido com design de princesa.— Ah, meu Deus! Você está linda, minha filha — falou Maggie completamente emocionada.— Uau! Quem diria que você poderia ficar bonita, Kim — provocou Sasha nos fazendo rir.— Você está linda! — elogiei.— Ainda tem mais três modelos no provador. O que acharam desse? — perguntou ela.— Eu não gostei — falou Viola.— Eu amei. Está parecendo uma verdadeira princesa — disse a ela, que sorriu. Os seus olh
MayaA vendedora montou todos os acessórios nela e seguimos para o salão onde todas nos aguardavam.— Kim! Não! Combinamos de que não ia provar este vestido! — repreendeu Sasha.— Não resisti — respondeu ela.Kim subiu no pequeno altar redondo e Maggie se levantou indo até ela.— Você está perfeita, querida! Perfeita! Uma verdadeira princesa.Emocionadas, as duas se abraçaram e choraram silenciosamente.— Os meus parabéns — disse Viola parando de pé ao meu lado. — Ao invés de ajudá-la, você apenas reforçou que ela não pode ter o que quer. — Afastou-se e sentou novamente.— E então... Esse é o seu vestido dos sonhos, Kim? — perguntei aproximando-me dela.— É ele que quer, querida? — perguntou Maggie. — Se sim, venderei o meu carro para pagá-lo. — Sorri com o gesto de amor de uma mãe para com a sua filha.— É sim! — respondeu com convicção em meio às lágrimas. — Este é o vestido com o qual irei me casar. — O seu sorriso não cabia no seu rosto.— Ótimo! Temos o vestido então — comemorou
MayaNão era preciso ser inteligente para saber o porquê Eliza havia tentado tirar a própria vida. Era claro que o motivo era Victor. Deus... Isso é triste. Ela precisa de ajuda mais do que imaginávamos.Já era tarde da noite e eu estava sentada na sala de emergência com Caleb. Desde que ele chegou, não disse uma palavra sequer. Ficou apenas em silêncio. Tentei conversar com ele, mas não me deu assunto. Não parecia estar em estado de choque, apenas me ignorando e com raiva. Levantei e fui até a cafeteria. Estava impaciente, ainda não havíamos tido nenhuma notícia sobre Eliza. Os médicos apenas disseram que iriam cuidar dela quando chegamos e se foram.— Maya! — Ouvi Victor me chamar.Virei-me e caminhei apressada até ele, abraçando-o apertado.— Que bom que você chegou.Ele retribuiu o abraço e beijou o topo da minha cabeça.— Estou aqui, meu amor. Onde está o Caleb?— Na sala de espera. Não sei se ele está bem. — Soltei-o.— O que aconteceu?— Eu não sei. Ele está calado desde que ch
VictorEntrei e vi toda a decoração destruída, quadros quebrados e almofadas rasgadas. Ela estava descalça, com a maquiagem toda borrada pelas lágrimas e os cabelos, que sempre estiveram em ordem, estavam completamente despenteados.— Eliza... — chamei-a me aproximando.— Não chegue perto! — gritou e parei.— O que está fazendo aqui? Onde está o nosso filho?— Em Nova Iorque. Ele sabe se cuidar sozinho — respondeu com desprezo.— Não, ele não sabe! Caleb só tem dezesseis anos e é um jovem em reabilitação. Você devia estar cuidando dele, agora! — exaltei-me.— Você acha isso justo? Acha justo eu ter que sacrificar a minha vida para cuidar dele sozinha, enquanto você vive uma historinha encantada de amor com a Maya? — gritou.— É seu dever estar com ele! Foi você quem nos levou para o tribunal porque queria possuir a guarda do nosso filho. Você se lembra disso? Também se recorda de que há seis meses, quando ele voltou do acampamento, eu quis levá-lo para morar comigo, mas você não permi
VictorCaminhei até ela a passos largos e peguei-a pelos ombros segurando-a com força. — Eu não aguento mais isso. Se você não quer a minha ajuda, então a expulsarei daqui. Me esqueça! Nos deixe em paz, Eliza! Seguranças!— Não! Não, não, não, não... Não me expulse daqui. Deixe-me ficar. Deixe-me ficar com você, meu amor!— Se tentar mais alguma coisa contra a Maya outra vez, farei você apodrecer na prisão! — ameacei-a e, por sua feição, percebi que ela notou que não eram somente palavras cuspidas pela boca. — Fui claro? — Pude ver o medo no seu olhar espantado.— Senhor... — chamou os seguranças ao entrar.— Tirem-na daqui e avise que a sua entrada é proibida a partir de hoje.Eles a pegaram pelos braços e a arrastaram da minha sala enquanto ela se debatia, chutava-os, cuspia e gritava. Honestamente, senti pena dela. Mas, se não queria a minha ajuda, como poderia fazer algo se não éramos mais casados? O que me restava a fazer agora era somente agir para proteger Maya das suas armaçõe
MayaVictor se afastou e eu fiquei ali com a carta na mão. Caminhei até alguns bancos mais adiante e me sentei na dúvida se queria ou não ler uma carta de adeus de uma suicida que me odiava. Senti que estava invadindo a privacidade da Eliza, afinal, aquela carta não era destinada a mim e sim ao filho e o ex-marido. Em um ímpeto de curiosidade, desdobrei a carta esticando o papel que estava um tanto amarrotado.Antes de qualquer coisa, não quero que pensem que desisti da minha vida. Apenas desisti de vivê-la sem o meu grande amor. Não me julguem!Para o meu filho... Eu sinto muito, Caleb. Mas sei que você consegue sem mim. Afinal, desde que me separei do seu pai, invertemos os papéis. Você se criou sozinho e cuidou de mim quando deveria ter sido ao contrário. Perdoe-me por todas as vezes que desmaiei no sofá após três ou mais garrafas de vinho e deixei você sem o jantar. Ou pelos dias que me dopei com remédios para dormir e me esqueci de cumprir com as minhas promessas de levá-lo ao m
MayaAo chegarmos ao hotel, Caleb passou direto para o pequeno quarto com duas camas de solteiro enquanto eu fui para o nosso. Victor ficou na sala falando com Noberto. Depois de um banho, vesti roupas quentes e confortáveis. Estava secando os cabelos no banheiro quando Victor entrou abraçando-me pela cintura.— Vou pedir o nosso jantar. Quer algo em especial?— Não. O que pedir para mim está ótimo. — Liguei novamente o secador de cabelo.— Vamos conversar. — Puxou o plugue da tomada desligando-o novamente.Respirei fundo e encarei-o pelo reflexo do espelho.— Está chateada pelo beijo? Já disse que não foi correspondido e que não significou nada para mim.Abaixei a minha cabeça.— Isso me incomoda muito. É torturante saber que os lábios dela tocaram os seus quando já eram meus. Mas... — Tornei a olhá-lo pelo reflexo. — o que me magoa mesmo, é não entender por que não me falou sobre nada disso.— Porque sabia que ficaria assim, chateada. Triste... Não falei justamente porque não queria