MayaNa manhã seguinte, acordei cedo e tomei café na companhia da Clarice e Sammy, antes de ir para a delegacia. Quando cheguei me informaram que meu pai já havia saído minutos atrás e pegado um táxi. Entrei no carro e dirigi até o lago Green Pine. No caminho, parei no supermercado e comprei para ele algumas frutas, porções prontas congeladas, já que sabia que ele não gostava muito de cozinhar, geleias, torradas e alguns dos seus bolinhos favoritos. Eu sabia que a única coisa que ele andava colocando em sua boca era álcool. Estava tão magro, abatido e com aparência de doente, se é que não estava.Parei no estacionamento, peguei as sacolas no porta-malas e caminhei até a área onde tinha vários trailers estacionados. Eu não sabia qual deles era o do meu pai, então, perguntei a uma mulher que estendia roupas no varal. Ela disse saber de quem eu perguntava e me indicou o último trailer branco e amarelo. Caminhei até ele e bati na porta. A cortina da janela foi puxada e vi seu rosto aponta
MayaTomei o elevador e depois caminhei até o carro. Dirigi até a casa da minha avó e, depois de comer uma fina fatia de bolo de limão e tomarmos chá em sua varanda da frente, era hora de me despedir dela também. Deixei-a com o rosto banhado de lágrimas. Como hoje está sendo um dia cruel para mim.No caminho de volta para a casa da Clarice, liguei para a tia Jenna reforçando os pedidos de cuidados com meu pai. Ela estava tão chateada com seu comportamento quanto eu e se responsabilizou por mantê-lo longe do carro. Quando cheguei, subi e tomei um rápido banho. Logo o táxi chegou e levou-me para o aeroporto. Cheguei lá as seis em ponto, fiz o check-in e embarquei meia hora depois. O voo de volta foi mais longo do que imaginei, parecia não chegar nunca.Ao desembarcar, peguei minha mala e tomei outro táxi com destino a minha casa. Quando entrei no apartamento, tudo estava escuro e silencioso. Acendi as luzes e vi um bilhete preso no mural de contas a pagar.Seja bem-vinda de volta ao nos
Maya— Me drogaram em uma festa — falei de cabeça baixa. — Eu achei que havia sido abusada, mas... a cena só foi criada para me causar pavor e o término no meu relacionamento.— Essas pessoas têm que pagar na justiça o mal que te fizeram. Você precisa procurar a polícia e um bom advogado. Quando alguém dopa outra pessoa, ela está assumindo o risco de homicídio. Isso não é brincadeira, Maya. Você precisa colocar essas pessoas atrás das grades.— Eu concordo com você, mas não tenho como provar nada. Eu já fui à polícia e já tenho uma boa advogada, a melhor em Oklahoma, na verdade. Se as coisas fossem tão fáceis assim, acredite... eu já teria resolvido, Allan.— Não devia ter fugido.— Eu sei. Mas como eu já disse... precisava de um recomeço.— Do que acusaram você?Respirei fundo outra vez.— Prostituição — murmurei, sentindo-me completamente envergonhada.— Acusaram você de prostituição? — perguntou incrédulo.— É, mas não importa o que digam, não é verdade. Eu sei quem sou e isso bast
MayaNa manhã seguinte, levantei e saí para caminhar. Encontrei Sasha em um café no centro para colocarmos o papo em dia, estava com saudades da minha amiga. Logo o pequeno sino acima da porta da frente, anunciou a entrada de uma linda loira de cabelos até a cintura vestindo um belo vestido rosa de comprimento nos joelhos.— Oi! — cumprimentei-a sorridente, tirando minha bolsa da cadeira ao lado que reservei a ela.— Que história é essa de que você terminou com o Allan? — perguntou parecendo estar furiosa.— O quê? Você terminou com o Allan? — perguntou Sasha surpresa.— Eu ainda ia contar para vocês — disse em minha defesa.— Por que terminaram? — perguntou Kim sentando-se à mesa.— Porque “nós” não éramos para ser.— Então, está me dizendo que o ajudei a preparar tudo aquilo no seu quarto ontem, para nada acontecer e vocês terminarem? Não teve nem mesmo sexo de despedida? — perguntou Sasha.— Sim, para a primeira pergunta; e não, para a segunda! — respondi dando um gole em meu café.
Maya— Maya, querida! — Uma voz cumprimentou-me em meio à multidão.Olhei a minha volta procurando por quem me chamava e vi Tyrone sentado algumas mesas adiante, acenando para mim. Sorri e fui até ele.— Oi. Que bom ver você — cumprimentei-lhe com um beijo no rosto.— Se lembra do Bash? — perguntou ele.— Claro. Como vai? — cumprimentei-o, dando-lhe um pequeno sorriso.— Bem, obrigado.— Parece que a boate mudou bastante desde a última vez que estive aqui — disse Tyrone.— Nem me fale. — Observei a euforia dos homens a minha volta. — O que vão beber?— Eu quero um mojito — pediu Tyrone.— Uma cerveja artesanal — disse Bash.— Eu já volto.Fui até o bar e busquei suas bebidas, levando-as em seguida até a mesa.— Me diga, querida... Ainda com interesse na carreira de modelo? — perguntou Tyrone.— Claro!— Então tenho o trabalho perfeito para você. Na quarta tenho um ensaio para uma marca de calças jeans bem conhecida no país. Já estou com meu casting fechado, mas posso dar um jeito de c
MayaDesci do táxi e o portão da frente foi aberto. Tyrone surgiu com a câmera dependurada no pescoço e acenou para mim.— Bom dia, querida! — cumprimentou-me ao me aproximar.— Bom dia! — retribuí com um sorriso animado.— Venha. Já chegaram todos.Entramos e logo vi toda a arrumação diante de mim. Os outros modelos já estavam sendo maquiados e Bash terminava de ajeitar a iluminação.— Esta é Dorate — apresentou-me a uma mulher negra, baixinha e de seios fartos. — Ela vai maquiar você e arrumar seu cabelo. Depois você vai para trás daquele biombo — disse apontando para o mesmo — onde improvisamos um camarim. Você irá se vestir com as roupas que tiver seu nome, começando pelas peças número um.— Tudo bem.Dorate fez uma maquiagem marcante nos olhos e passou um batom rosado nos lábios antes de aplicar um gloss superespesso e brilhante. Ela arrumou meu cabelo em ondas perfeitas, depois aplicou spray fixador antes de despenteá-lo levemente deixando-o com uma aparência propositalmente um
MayaEssa situação deixou-me entristecida. Meu pai estava se autossabotando e prejudicando não só sua saúde, mas seu bom relacionamento com minha mãe. O que ele estava fazendo era tudo o que ela desaprovaria. Será que ele ainda não percebeu ou era proposital? Quanto egoísmo de sua parte fazer algo assim, tão estúpido, quando sua esposa estava acamada em um hospital precisando dele.— Preciso voltar logo, tenho medo que essa situação fique ainda pior. Por mais que eu tenha sonhado em seguir minha vida aqui, sei que meu lugar é aí... com a minha família.— Pense bem, Maya. Sabe que farei o possível para cuidar bem da sua mãe e tentar manter o controle da situação por aqui. Talvez você não possa resolver nada, sabe que Teddy não irá aceitar sua ajuda.— Eu sei, mas preciso tentar.Nós nos falamos por mais alguns segundos e encerramos a ligação logo depois de nos despedir. O táxi parou à frente do meu prédio, paguei a corrida e desci. Ao entrar no hall, o porteiro me cumprimentou como faz
Maya— Alguém do meu passado não tão distante. É uma longa história. Prometo contar outra hora.— Transou com ele, não foi, safada? — perguntou humorada, vindo até mim que já estava de pé na porta.— É.— Uau! E como é transar com um homem de cinquenta anos? É um sexo preguiçoso ou algo experiente e ardente? — perguntou enquanto caminhávamos até o elevador.— Ele tem sessenta anos. E sim! É algo ardente e experiente.Entramos no elevador.— Por que não transam mais? Quer dizer... Está na cara que vocês não transam mais.— Aconteceram algumas coisas e rompemos de um jeito complicado.— Ele perguntou umas coisas sobre você.— O quê? — perguntei curiosa, ao sairmos do elevador.— Quando você se mudou para Chicago. Se você estava namorando. Onde trabalha... essas coisas.— Você contou a ele?— O quê?— Onde trabalhamos.— Contei. Eu achei que ele fosse seu tio, não sabia que ele era um ex caso maluco.— Ele foi mais que isso — murmurei. — Se ele vier aqui outra vez, não o deixe entrar e n