Maya— Alguém do meu passado não tão distante. É uma longa história. Prometo contar outra hora.— Transou com ele, não foi, safada? — perguntou humorada, vindo até mim que já estava de pé na porta.— É.— Uau! E como é transar com um homem de cinquenta anos? É um sexo preguiçoso ou algo experiente e ardente? — perguntou enquanto caminhávamos até o elevador.— Ele tem sessenta anos. E sim! É algo ardente e experiente.Entramos no elevador.— Por que não transam mais? Quer dizer... Está na cara que vocês não transam mais.— Aconteceram algumas coisas e rompemos de um jeito complicado.— Ele perguntou umas coisas sobre você.— O quê? — perguntei curiosa, ao sairmos do elevador.— Quando você se mudou para Chicago. Se você estava namorando. Onde trabalha... essas coisas.— Você contou a ele?— O quê?— Onde trabalhamos.— Contei. Eu achei que ele fosse seu tio, não sabia que ele era um ex caso maluco.— Ele foi mais que isso — murmurei. — Se ele vier aqui outra vez, não o deixe entrar e n
MayaSasha e Zoe me levaram para dentro do bar e a polícia logo chegou. Um policial veio falar comigo e me fez inúmeras perguntas que não soube responder. Afinal, eu não conhecia a garota morta, apenas havia visto algumas das suas apresentações enquanto trabalhava. Relatei a ele como nós a encontramos e disse não ter notado nada de diferente no movimento da noite. Ele agradeceu e saiu para falar com outras dançarinas. Sasha buscou meus pertences no vestiário e saímos pela porta da frente para ir embora.— Maya. — Escutei Allan me chamar.— Oi — disse ao virar-me e vê-lo.— Como você está?— Eu não sei. — Senti um bolo se formar em minha garganta. — Não sei o que estou sentindo, eu... Eu não entendo por que alguém faria aquilo.— Vem aqui. — Ele puxou-me para um abraço e eu aceitei deitando minha cabeça em seu peito. — Vou levar você para casa. Tudo bem? Não posso deixar que volte de ônibus. — Assenti aceitando sua carona.Ele me guiou até seu carro e abriu a porta do passageiro para m
MayaAfastei-me e continuei a trabalhar. Com o decorrer da noite, percebi que muitos ali estavam por pura curiosidade. As pessoas faziam as mesmas perguntas que Tyrone. Eu respondi algumas e ignorei outras. Tinha gente querendo saber demais o que não era da conta deles. Mais uma madrugada chegou e eu estava exausta como sempre. Sasha e eu pegamos o ônibus e voltamos para casa. Após um banho, desmaiei em minha cama acordando ao meio-dia com batidas leves na porta e seus chamados para almoçarmos juntas.Depois do almoço, o tempo estava seco e um pouco frio devido ao outono. As temperaturas estavam marcando abaixo de vinte graus na última semana e, às vezes, dezoito. Resolvi sair para caminhar um pouco e pensar no que fazer da minha vida. Tudo parecia estar indo tão bem, mas no momento parecia não estar mais. No começo, morar em Chicago era empolgante, mas desde que eu havia voltado de Oklahoma, isso começou a me parecer um ato egoísta.Em Tulsa, as coisas só pioravam com meu pai. Estava
MayaTentei me afastar depressa, mas fui impedida quando Victor me puxou pela cintura e virou-me de frente para ele prendendo meu corpo entre seus braços. Um imenso nervoso tomou conta de mim por estar tão próxima dele. Uma vontade inesperada e desesperada de beijá-lo surgiu fazendo-me engolir em seco e deixando-me ofegante.— Quer saber o que eu sei? Jante comigo amanhã.— Eu trabalho — respondi baixo, observando os detalhes do seu rosto.— Arranje uma folga. Você dará um jeito, eu sei.Ele me soltou e partiu sem olhar para trás, deixando-me ali meio atordoada com minhas emoções. O que ele sabe? Minha curiosidade estava falando alto.Fui para casa e à noite para o trabalho. Saí do bar às três e meia da manhã e depois de me despedir dos meus colegas, comecei a caminhar sozinha para o ponto de ônibus, já que era folga da Sasha. Estava a uma quadra de distância quando ouvi passos pesados e apressados virem atrás de mim. Assustada, olhei para trás e não vi ninguém. Comecei a andar mais r
MayaAllan e eu terminamos a cerveja e começamos outra. O papo estava bom e conversamos até as seis da madrugada. O medo que eu sentia havia ido embora temporariamente. Acho que ele sabia que eu não queria ficar só e mesmo não sendo mais meu namorado, eu precisava dele naquele momento e ele ficou.Os raios de sol invadiram a sala e só então notamos que o dia começava a amanhecer. Allan se levantou, despediu-se de mim com um beijo no rosto e um rápido abraço, antes de ir embora esquecendo seu casaco preto sobre a poltrona. Eu tentei alcançá-lo, mas não cheguei ao térreo a tempo. Ao voltar para o apartamento, um cheiro bom de café forte invadiu minhas narinas fazendo-me suspirar. Aproximei da cozinha e encontrei Sasha de pé preparando o desjejum no balcão.— Acordou cedo — disse a ela.— Você também. De quem é o casaco? — Olhou para o mesmo que eu segurava nas mãos.— Do Allan. Eu tentei alcançá-lo para devolver, mas ele já havia ido quando cheguei lá embaixo.— Do Allan? Ele dormiu aqu
MayaA cerimonialista chegou e o papo sobre casamento começou. Kim reservou a igreja, escolheu o salão de festas e passou à mulher a lista de convidados. A cerimonialista marcou com o buffet a prova dos pratos que seriam servidos no jantar e a dos bolos com a confeitaria.Chegamos em casa pouco mais de quatro horas. Deitei para cochilar um pouco, antes de ir para o trabalho, mas foi sem sucesso. Mal fechei os olhos, tive um pesadelo. Sonhei que estava voltando do trabalho por um caminho diferente e o mesmo homem me perseguiu novamente usando as mesmas roupas. No entanto, no sonho, ele conseguiu me pegar. Gritei, esperneei e pedi alto por ajuda, mas ninguém apareceu. Ele me arrastou pela calçada e sob a claridade de um poste, consegui ver seu rosto. Não me recordo quem era exatamente, mas lembro-me de assustar ao ver alguém que conhecia.Sasha me acordou com sacolejos e me disse que eu estava gritando e chorando. Passei as mãos por meu rosto banhado por lágrimas. Olhei para o relógio s
MayaCaminhei até a esquina e rezei para que um táxi aparecesse logo. Por algum motivo que eu desconhecia, estava me sentindo envergonhada por ter aparecido na porta de sua casa.— Maya! — Allan gritou correndo atrás de mim.— O que foi?— Perdoe-me por isso.— Tudo bem, Allan. Não estamos mais juntos e você não me deve satisfações.— Devo sim! Eu queria te contar na noite que me mandou ir embora, mas...— Espere aí! — interrompi-o alto. — Como assim ter me contado na noite que mandei você embora? Não estou entendendo, Allan! — Ele ficou tenso e desviou seu olhar do meu, respirando fundo. — Quando ela voltou?— Há uma semana.— Transou com ela enquanto eu estava em Oklahoma? Quando ainda estávamos namorando? — perguntei me sentindo irritada.— Perdoe-me, por favor — pediu baixo e tornou a me encarar.— Nossa... — Aquilo me magoou. — Uau! Além de um machista filho da mãe, é também um traidor? Fala sério, Allan! — disse histérica e empurrei-o pelos ombros.— Fique calma e fale baixo! —
MayaCalei-me e sequei minhas lágrimas atrevidas que derramaram mostrando o quanto eu estava frágil e fraca.— Eu sinto muito...— Não, não sente! — interrompi-o e olhei para o outro lado.— Eu ainda amo você, Maya. — Fechei meus olhos e busquei não desabar em seus braços, porque era exatamente isso que eu queria fazer. — Tentei te esquecer e isso me levou para o fundo do poço. Eu percebi que era mais fácil ignorar a minha dor e sofrimento do que o quanto ainda sou louco por você. — Sua mão tocou meu braço, provocando-me um arrepio por baixo do casaco que eu vestia. — Sinto-me perdido. Talvez eu seja um velho que esteja louco por amar uma garota de vinte e um anos, mas você, Maya, fez com que eu me sentisse vivo outra vez, como não me sentia há muito... muito tempo. — Abri meus olhos e vi seu rosto pelo reflexo do vidro. — Não quero ficar sem você. Perdoe-me se levei tempo demais para perceber isso e procurá-la.— Com quem estava em Shanghai? Quem era a mulher que chamou você de "amor