MayaCalei-me e sequei minhas lágrimas atrevidas que derramaram mostrando o quanto eu estava frágil e fraca.— Eu sinto muito...— Não, não sente! — interrompi-o e olhei para o outro lado.— Eu ainda amo você, Maya. — Fechei meus olhos e busquei não desabar em seus braços, porque era exatamente isso que eu queria fazer. — Tentei te esquecer e isso me levou para o fundo do poço. Eu percebi que era mais fácil ignorar a minha dor e sofrimento do que o quanto ainda sou louco por você. — Sua mão tocou meu braço, provocando-me um arrepio por baixo do casaco que eu vestia. — Sinto-me perdido. Talvez eu seja um velho que esteja louco por amar uma garota de vinte e um anos, mas você, Maya, fez com que eu me sentisse vivo outra vez, como não me sentia há muito... muito tempo. — Abri meus olhos e vi seu rosto pelo reflexo do vidro. — Não quero ficar sem você. Perdoe-me se levei tempo demais para perceber isso e procurá-la.— Com quem estava em Shanghai? Quem era a mulher que chamou você de "amor
MayaEstranhamente, nada do que o ouvi me contar doeu. Eu esperava sentir ao menos uma raiva momentânea, como a que senti quando descobri sua traição, mas nada aconteceu dentro de mim. Aos poucos, percebi que Allan estava sentindo exatamente o que eu senti quando transei com Higor em Tulsa. Não sabia por que queria transar com ele, apenas deixei acontecer e me arrependi logo depois. O motivo do meu arrependimento era porque estava me apaixonando por Victor e ainda não havia me dado conta disso. Mas, honestamente, não achava que esse também seria o porquê do arrependimento do Allan e sim sua consciência pesada. Naquele exato momento, olhando-o a minha frente me dei conta de algo bem simples que eu já sabia, mas não queria me permitir ver. Eu jamais amaria o Allan, assim como ele também nunca me amaria. Isso seria impossível de acontecer, porque amávamos outras pessoas.— Allan... Sejamos honestos um com o outro. Nós nunca daríamos certo juntos. Talvez você não a ame, apesar de eu acred
MayaSozinhos, ficamos em silêncio por alguns segundos nos encarando. Ele parecia estar tão nervoso quanto eu. Seu peito arfava alto ofegante e seus dedos esfregavam freneticamente a folha que segurava nas mãos.— Então... O que lhe trouxe até mim? Algum problema?— E-eu... Eu não sei o que vim fazer aqui, na verdade — disse baixo, dando uma leve engasgada de nervoso.— Está nervosa? — Assenti concordando. — Eu também. — Sorriu envergonhado e caminhou até a mesa de centro, depositando o papel sobre ela. — Venha até aqui! — chamou-me com a voz baixa e suave, mas deixando claro não ser um pedido.Caminhei até ele e parei próxima ficando a um metro de distância, ou talvez menos.— Mais perto — sussurrou.Fechei o pouco espaço que havia entre nós, deixando meu corpo a centímetros dele. Victor olhou-me nos olhos. Seu perfume inundava minhas narinas, trazendo desejo e saudades de nós.— O que veio fazer aqui, Maya? Diga-me.Perdida em seu olhar, sentia o vazio que me sucumbia mais cedo, pre
MayaPassamos horas deitados na cama sem muita conversa, apenas trocando carícias e beijos. Transamos com lentidão e depois ele permitiu que eu ficasse por cima, até que ficássemos satisfeitos do corpo um do outro, se é que isso era possível. O sol já estava baixo quando, enfim, levantamos para um banho. Victor deixou o chuveiro primeiro que eu, quando seu celular começou a tocar insistentemente no quarto. Saí do banheiro e me vesti com minhas roupas. Ao sair do quarto, encontrei-o ao telefone fixo da suíte pedindo serviço de quarto.— Por que está vestida? Onde pensa que vai?— Trabalhar. Já são cinco horas, eu tenho que ir.— Não... Fique! — Veio até mim.— Victor... Eu tenho que ir!— Eu não quero que trabalhe mais nem um dia naquele lugar! — disse sério e ri com deboche. Mal havíamos reatado e o mandão já estava de volta.— Infelizmente, eu preciso ir. Tenho contas para pagar e não posso simplesmente faltar sem uma boa justificativa. Não sou esse tipo de funcionária.Victor ficou
VictorLevantei-me da cadeira irritado e aproximei-me do parapeito lhe dando as costas.— Já passou pela sua cabeça que ela pode estar apenas lhe usando para conseguir vitória na vida? Para custeá-la? Pare com isso. É ridículo! Tenho uma filha de vinte e um anos e sei como essas moças de hoje em dia pensam, Victor! São apenas mulheres ambiciosas que querem que tudo venha fácil.— Você não sabe de nós! — Encarei-o. — Não sabe nada sobre ela, ou o que já vivemos juntos e separados! — Tentei controlar minha raiva.Ele gargalhou alto, como se alguém tivesse lhe contado a mais hilária piada de todos os tempos. Cole levantou-se e veio até mim parando à minha frente.— Você está próximo do fim da vida. Logo precisará de alguém para cuidar de você. Garanto que ela não se oferecerá para fazer isso. Essa diferença de idade entre vocês não é coerente!— A única coisa que para mim não é coerente, é esse seu pensamento ignorante!Foi inevitável não demonstrar um pouco da minha raiva na voz.— Igno
MayaA caminho do trabalho, liguei para o Jack e pedi que me encontrasse na boate. Ainda acreditava que a polícia devia saber o que Natasha me contou.— Está tudo bem? Você está me preocupando — disse ele ao telefone.— Eu estou bem, Jack. Na verdade, é outra pessoa quem precisa da sua ajuda. Você pode ir para lá agora, estou quase chegando.— Estou perto. Chego em cinco minutos.Encerrei a ligação.— O que está acontecendo, Maya? — especulou Sasha.— Eu te conto mais tarde. Prometo!Quando chegamos, Jack já estava parado na calçada escorado em seu carro.— Pode entrar, vou falar com o Jack — comuniquei a Sasha.Ela encarou-me com olhos estreitos e entrou sem fazer mais perguntas.— Então... O que está havendo?— É uma colega de trabalho, Natasha. Ela tem coisas para dizer que podem ajudar na investigação do assassinato da Bridget.— Como assim? — Desencostou-se de seu carro.— Antes de qualquer coisa, você tem que saber que Natasha deve serviço social e pode ser presa por isso. Ela p
MayaQuando Sasha e eu saímos para ir embora, o carro do Victor estava estacionado em frente à boate do outro lado da rua. Noberto saiu do banco do motorista e abriu a porta do passageiro para nós. Atravessamos a rua e entramos.— Victor foi para o hotel? — perguntei ao Noberto, quando pôs o carro em movimento.— Sim, e está aguardando por você. Ordenou que a leve para lá, depois de deixar sua amiga em casa.Respirei fundo e recostei-me no banco deitando minha cabeça para trás. Não estava certa se era dele que eu precisava naquele momento, mas não contestei sua ordem e seguimos viagem em silêncio. Despedi-me da Sasha e depois que ela entrou no prédio, seguimos para o hotel. Quando as portas do elevador se abriram, Victor já esperava por mim na porta da suíte às quatro da madrugada.— Oi — disse ao me aproximar.— Oi! — Ele sorriu e deu-me um beijo carinhoso na testa.Entramos e eu me joguei sentada no sofá, sentindo a exaustão tomar meu corpo de uma só vez me provocando uma leve dor d
MayaNa manhã seguinte, acordei às dez e meia me sentindo ainda um pouco cansada, e sozinha na cama. Levantei, escovei os dentes com uma escova nova que estava embalada sobre a pia do banheiro, e vesti as roupas que estavam em uma sacola da Gucci aos pés da cama. Grampeada em sua borda tinha um bilhete que dizia: “Vista-se!”.A sair do quarto, não havia sinais do Victor por nenhuma parte da suíte. Tudo estava quieto demais e muito silencioso. Na pequena cozinha, um farto café na manhã estava posto sobre a mesa redonda de vidro. Sentei e me servi de uma caneca bem cheia de café preto fumegante. A porta da suíte foi aberta e ele passou por ela com um largo sorriso quando me viu.— Bom dia! — desejei sorridente.— Bom dia, querida!Ele se aproximou e sentou-se na cadeira ao meu lado.— Dormiu bem? — perguntou servindo-se de uma xícara de café.— Dormi sim, apesar de ainda estar me sentindo um pouco cansada. E você?— Divinamente bem, afinal, você estava ao meu lado. — Piscou para mim. —