MayaTentei me afastar depressa, mas fui impedida quando Victor me puxou pela cintura e virou-me de frente para ele prendendo meu corpo entre seus braços. Um imenso nervoso tomou conta de mim por estar tão próxima dele. Uma vontade inesperada e desesperada de beijá-lo surgiu fazendo-me engolir em seco e deixando-me ofegante.— Quer saber o que eu sei? Jante comigo amanhã.— Eu trabalho — respondi baixo, observando os detalhes do seu rosto.— Arranje uma folga. Você dará um jeito, eu sei.Ele me soltou e partiu sem olhar para trás, deixando-me ali meio atordoada com minhas emoções. O que ele sabe? Minha curiosidade estava falando alto.Fui para casa e à noite para o trabalho. Saí do bar às três e meia da manhã e depois de me despedir dos meus colegas, comecei a caminhar sozinha para o ponto de ônibus, já que era folga da Sasha. Estava a uma quadra de distância quando ouvi passos pesados e apressados virem atrás de mim. Assustada, olhei para trás e não vi ninguém. Comecei a andar mais r
MayaAllan e eu terminamos a cerveja e começamos outra. O papo estava bom e conversamos até as seis da madrugada. O medo que eu sentia havia ido embora temporariamente. Acho que ele sabia que eu não queria ficar só e mesmo não sendo mais meu namorado, eu precisava dele naquele momento e ele ficou.Os raios de sol invadiram a sala e só então notamos que o dia começava a amanhecer. Allan se levantou, despediu-se de mim com um beijo no rosto e um rápido abraço, antes de ir embora esquecendo seu casaco preto sobre a poltrona. Eu tentei alcançá-lo, mas não cheguei ao térreo a tempo. Ao voltar para o apartamento, um cheiro bom de café forte invadiu minhas narinas fazendo-me suspirar. Aproximei da cozinha e encontrei Sasha de pé preparando o desjejum no balcão.— Acordou cedo — disse a ela.— Você também. De quem é o casaco? — Olhou para o mesmo que eu segurava nas mãos.— Do Allan. Eu tentei alcançá-lo para devolver, mas ele já havia ido quando cheguei lá embaixo.— Do Allan? Ele dormiu aqu
MayaA cerimonialista chegou e o papo sobre casamento começou. Kim reservou a igreja, escolheu o salão de festas e passou à mulher a lista de convidados. A cerimonialista marcou com o buffet a prova dos pratos que seriam servidos no jantar e a dos bolos com a confeitaria.Chegamos em casa pouco mais de quatro horas. Deitei para cochilar um pouco, antes de ir para o trabalho, mas foi sem sucesso. Mal fechei os olhos, tive um pesadelo. Sonhei que estava voltando do trabalho por um caminho diferente e o mesmo homem me perseguiu novamente usando as mesmas roupas. No entanto, no sonho, ele conseguiu me pegar. Gritei, esperneei e pedi alto por ajuda, mas ninguém apareceu. Ele me arrastou pela calçada e sob a claridade de um poste, consegui ver seu rosto. Não me recordo quem era exatamente, mas lembro-me de assustar ao ver alguém que conhecia.Sasha me acordou com sacolejos e me disse que eu estava gritando e chorando. Passei as mãos por meu rosto banhado por lágrimas. Olhei para o relógio s
MayaCaminhei até a esquina e rezei para que um táxi aparecesse logo. Por algum motivo que eu desconhecia, estava me sentindo envergonhada por ter aparecido na porta de sua casa.— Maya! — Allan gritou correndo atrás de mim.— O que foi?— Perdoe-me por isso.— Tudo bem, Allan. Não estamos mais juntos e você não me deve satisfações.— Devo sim! Eu queria te contar na noite que me mandou ir embora, mas...— Espere aí! — interrompi-o alto. — Como assim ter me contado na noite que mandei você embora? Não estou entendendo, Allan! — Ele ficou tenso e desviou seu olhar do meu, respirando fundo. — Quando ela voltou?— Há uma semana.— Transou com ela enquanto eu estava em Oklahoma? Quando ainda estávamos namorando? — perguntei me sentindo irritada.— Perdoe-me, por favor — pediu baixo e tornou a me encarar.— Nossa... — Aquilo me magoou. — Uau! Além de um machista filho da mãe, é também um traidor? Fala sério, Allan! — disse histérica e empurrei-o pelos ombros.— Fique calma e fale baixo! —
MayaCalei-me e sequei minhas lágrimas atrevidas que derramaram mostrando o quanto eu estava frágil e fraca.— Eu sinto muito...— Não, não sente! — interrompi-o e olhei para o outro lado.— Eu ainda amo você, Maya. — Fechei meus olhos e busquei não desabar em seus braços, porque era exatamente isso que eu queria fazer. — Tentei te esquecer e isso me levou para o fundo do poço. Eu percebi que era mais fácil ignorar a minha dor e sofrimento do que o quanto ainda sou louco por você. — Sua mão tocou meu braço, provocando-me um arrepio por baixo do casaco que eu vestia. — Sinto-me perdido. Talvez eu seja um velho que esteja louco por amar uma garota de vinte e um anos, mas você, Maya, fez com que eu me sentisse vivo outra vez, como não me sentia há muito... muito tempo. — Abri meus olhos e vi seu rosto pelo reflexo do vidro. — Não quero ficar sem você. Perdoe-me se levei tempo demais para perceber isso e procurá-la.— Com quem estava em Shanghai? Quem era a mulher que chamou você de "amor
MayaEstranhamente, nada do que o ouvi me contar doeu. Eu esperava sentir ao menos uma raiva momentânea, como a que senti quando descobri sua traição, mas nada aconteceu dentro de mim. Aos poucos, percebi que Allan estava sentindo exatamente o que eu senti quando transei com Higor em Tulsa. Não sabia por que queria transar com ele, apenas deixei acontecer e me arrependi logo depois. O motivo do meu arrependimento era porque estava me apaixonando por Victor e ainda não havia me dado conta disso. Mas, honestamente, não achava que esse também seria o porquê do arrependimento do Allan e sim sua consciência pesada. Naquele exato momento, olhando-o a minha frente me dei conta de algo bem simples que eu já sabia, mas não queria me permitir ver. Eu jamais amaria o Allan, assim como ele também nunca me amaria. Isso seria impossível de acontecer, porque amávamos outras pessoas.— Allan... Sejamos honestos um com o outro. Nós nunca daríamos certo juntos. Talvez você não a ame, apesar de eu acred
MayaSozinhos, ficamos em silêncio por alguns segundos nos encarando. Ele parecia estar tão nervoso quanto eu. Seu peito arfava alto ofegante e seus dedos esfregavam freneticamente a folha que segurava nas mãos.— Então... O que lhe trouxe até mim? Algum problema?— E-eu... Eu não sei o que vim fazer aqui, na verdade — disse baixo, dando uma leve engasgada de nervoso.— Está nervosa? — Assenti concordando. — Eu também. — Sorriu envergonhado e caminhou até a mesa de centro, depositando o papel sobre ela. — Venha até aqui! — chamou-me com a voz baixa e suave, mas deixando claro não ser um pedido.Caminhei até ele e parei próxima ficando a um metro de distância, ou talvez menos.— Mais perto — sussurrou.Fechei o pouco espaço que havia entre nós, deixando meu corpo a centímetros dele. Victor olhou-me nos olhos. Seu perfume inundava minhas narinas, trazendo desejo e saudades de nós.— O que veio fazer aqui, Maya? Diga-me.Perdida em seu olhar, sentia o vazio que me sucumbia mais cedo, pre
MayaPassamos horas deitados na cama sem muita conversa, apenas trocando carícias e beijos. Transamos com lentidão e depois ele permitiu que eu ficasse por cima, até que ficássemos satisfeitos do corpo um do outro, se é que isso era possível. O sol já estava baixo quando, enfim, levantamos para um banho. Victor deixou o chuveiro primeiro que eu, quando seu celular começou a tocar insistentemente no quarto. Saí do banheiro e me vesti com minhas roupas. Ao sair do quarto, encontrei-o ao telefone fixo da suíte pedindo serviço de quarto.— Por que está vestida? Onde pensa que vai?— Trabalhar. Já são cinco horas, eu tenho que ir.— Não... Fique! — Veio até mim.— Victor... Eu tenho que ir!— Eu não quero que trabalhe mais nem um dia naquele lugar! — disse sério e ri com deboche. Mal havíamos reatado e o mandão já estava de volta.— Infelizmente, eu preciso ir. Tenho contas para pagar e não posso simplesmente faltar sem uma boa justificativa. Não sou esse tipo de funcionária.Victor ficou