MayaDesci do táxi e o portão da frente foi aberto. Tyrone surgiu com a câmera dependurada no pescoço e acenou para mim.— Bom dia, querida! — cumprimentou-me ao me aproximar.— Bom dia! — retribuí com um sorriso animado.— Venha. Já chegaram todos.Entramos e logo vi toda a arrumação diante de mim. Os outros modelos já estavam sendo maquiados e Bash terminava de ajeitar a iluminação.— Esta é Dorate — apresentou-me a uma mulher negra, baixinha e de seios fartos. — Ela vai maquiar você e arrumar seu cabelo. Depois você vai para trás daquele biombo — disse apontando para o mesmo — onde improvisamos um camarim. Você irá se vestir com as roupas que tiver seu nome, começando pelas peças número um.— Tudo bem.Dorate fez uma maquiagem marcante nos olhos e passou um batom rosado nos lábios antes de aplicar um gloss superespesso e brilhante. Ela arrumou meu cabelo em ondas perfeitas, depois aplicou spray fixador antes de despenteá-lo levemente deixando-o com uma aparência propositalmente um
MayaEssa situação deixou-me entristecida. Meu pai estava se autossabotando e prejudicando não só sua saúde, mas seu bom relacionamento com minha mãe. O que ele estava fazendo era tudo o que ela desaprovaria. Será que ele ainda não percebeu ou era proposital? Quanto egoísmo de sua parte fazer algo assim, tão estúpido, quando sua esposa estava acamada em um hospital precisando dele.— Preciso voltar logo, tenho medo que essa situação fique ainda pior. Por mais que eu tenha sonhado em seguir minha vida aqui, sei que meu lugar é aí... com a minha família.— Pense bem, Maya. Sabe que farei o possível para cuidar bem da sua mãe e tentar manter o controle da situação por aqui. Talvez você não possa resolver nada, sabe que Teddy não irá aceitar sua ajuda.— Eu sei, mas preciso tentar.Nós nos falamos por mais alguns segundos e encerramos a ligação logo depois de nos despedir. O táxi parou à frente do meu prédio, paguei a corrida e desci. Ao entrar no hall, o porteiro me cumprimentou como faz
Maya— Alguém do meu passado não tão distante. É uma longa história. Prometo contar outra hora.— Transou com ele, não foi, safada? — perguntou humorada, vindo até mim que já estava de pé na porta.— É.— Uau! E como é transar com um homem de cinquenta anos? É um sexo preguiçoso ou algo experiente e ardente? — perguntou enquanto caminhávamos até o elevador.— Ele tem sessenta anos. E sim! É algo ardente e experiente.Entramos no elevador.— Por que não transam mais? Quer dizer... Está na cara que vocês não transam mais.— Aconteceram algumas coisas e rompemos de um jeito complicado.— Ele perguntou umas coisas sobre você.— O quê? — perguntei curiosa, ao sairmos do elevador.— Quando você se mudou para Chicago. Se você estava namorando. Onde trabalha... essas coisas.— Você contou a ele?— O quê?— Onde trabalhamos.— Contei. Eu achei que ele fosse seu tio, não sabia que ele era um ex caso maluco.— Ele foi mais que isso — murmurei. — Se ele vier aqui outra vez, não o deixe entrar e n
MayaSasha e Zoe me levaram para dentro do bar e a polícia logo chegou. Um policial veio falar comigo e me fez inúmeras perguntas que não soube responder. Afinal, eu não conhecia a garota morta, apenas havia visto algumas das suas apresentações enquanto trabalhava. Relatei a ele como nós a encontramos e disse não ter notado nada de diferente no movimento da noite. Ele agradeceu e saiu para falar com outras dançarinas. Sasha buscou meus pertences no vestiário e saímos pela porta da frente para ir embora.— Maya. — Escutei Allan me chamar.— Oi — disse ao virar-me e vê-lo.— Como você está?— Eu não sei. — Senti um bolo se formar em minha garganta. — Não sei o que estou sentindo, eu... Eu não entendo por que alguém faria aquilo.— Vem aqui. — Ele puxou-me para um abraço e eu aceitei deitando minha cabeça em seu peito. — Vou levar você para casa. Tudo bem? Não posso deixar que volte de ônibus. — Assenti aceitando sua carona.Ele me guiou até seu carro e abriu a porta do passageiro para m
MayaAfastei-me e continuei a trabalhar. Com o decorrer da noite, percebi que muitos ali estavam por pura curiosidade. As pessoas faziam as mesmas perguntas que Tyrone. Eu respondi algumas e ignorei outras. Tinha gente querendo saber demais o que não era da conta deles. Mais uma madrugada chegou e eu estava exausta como sempre. Sasha e eu pegamos o ônibus e voltamos para casa. Após um banho, desmaiei em minha cama acordando ao meio-dia com batidas leves na porta e seus chamados para almoçarmos juntas.Depois do almoço, o tempo estava seco e um pouco frio devido ao outono. As temperaturas estavam marcando abaixo de vinte graus na última semana e, às vezes, dezoito. Resolvi sair para caminhar um pouco e pensar no que fazer da minha vida. Tudo parecia estar indo tão bem, mas no momento parecia não estar mais. No começo, morar em Chicago era empolgante, mas desde que eu havia voltado de Oklahoma, isso começou a me parecer um ato egoísta.Em Tulsa, as coisas só pioravam com meu pai. Estava
MayaTentei me afastar depressa, mas fui impedida quando Victor me puxou pela cintura e virou-me de frente para ele prendendo meu corpo entre seus braços. Um imenso nervoso tomou conta de mim por estar tão próxima dele. Uma vontade inesperada e desesperada de beijá-lo surgiu fazendo-me engolir em seco e deixando-me ofegante.— Quer saber o que eu sei? Jante comigo amanhã.— Eu trabalho — respondi baixo, observando os detalhes do seu rosto.— Arranje uma folga. Você dará um jeito, eu sei.Ele me soltou e partiu sem olhar para trás, deixando-me ali meio atordoada com minhas emoções. O que ele sabe? Minha curiosidade estava falando alto.Fui para casa e à noite para o trabalho. Saí do bar às três e meia da manhã e depois de me despedir dos meus colegas, comecei a caminhar sozinha para o ponto de ônibus, já que era folga da Sasha. Estava a uma quadra de distância quando ouvi passos pesados e apressados virem atrás de mim. Assustada, olhei para trás e não vi ninguém. Comecei a andar mais r
MayaAllan e eu terminamos a cerveja e começamos outra. O papo estava bom e conversamos até as seis da madrugada. O medo que eu sentia havia ido embora temporariamente. Acho que ele sabia que eu não queria ficar só e mesmo não sendo mais meu namorado, eu precisava dele naquele momento e ele ficou.Os raios de sol invadiram a sala e só então notamos que o dia começava a amanhecer. Allan se levantou, despediu-se de mim com um beijo no rosto e um rápido abraço, antes de ir embora esquecendo seu casaco preto sobre a poltrona. Eu tentei alcançá-lo, mas não cheguei ao térreo a tempo. Ao voltar para o apartamento, um cheiro bom de café forte invadiu minhas narinas fazendo-me suspirar. Aproximei da cozinha e encontrei Sasha de pé preparando o desjejum no balcão.— Acordou cedo — disse a ela.— Você também. De quem é o casaco? — Olhou para o mesmo que eu segurava nas mãos.— Do Allan. Eu tentei alcançá-lo para devolver, mas ele já havia ido quando cheguei lá embaixo.— Do Allan? Ele dormiu aqu
MayaA cerimonialista chegou e o papo sobre casamento começou. Kim reservou a igreja, escolheu o salão de festas e passou à mulher a lista de convidados. A cerimonialista marcou com o buffet a prova dos pratos que seriam servidos no jantar e a dos bolos com a confeitaria.Chegamos em casa pouco mais de quatro horas. Deitei para cochilar um pouco, antes de ir para o trabalho, mas foi sem sucesso. Mal fechei os olhos, tive um pesadelo. Sonhei que estava voltando do trabalho por um caminho diferente e o mesmo homem me perseguiu novamente usando as mesmas roupas. No entanto, no sonho, ele conseguiu me pegar. Gritei, esperneei e pedi alto por ajuda, mas ninguém apareceu. Ele me arrastou pela calçada e sob a claridade de um poste, consegui ver seu rosto. Não me recordo quem era exatamente, mas lembro-me de assustar ao ver alguém que conhecia.Sasha me acordou com sacolejos e me disse que eu estava gritando e chorando. Passei as mãos por meu rosto banhado por lágrimas. Olhei para o relógio s