Capítulo 07

Maya

— O que eu faço? — perguntei a Penny.

— Espera ele se virar para o outro lado e... corra! — Penny se levantou arrastando-me pelo braço até ao banheiro feminino e trancou a porta depois de entramos.

— Não posso passar o resto da minha noite de trabalho trancada em um banheiro por causa de um louco! — disse nervosa.

— Talvez, quando ele não achar você, vá embora. — Forçou um sorriso e uma calma inexistente.

— Que droga! — exclamei dando um forte tapa em uma das portas dos sanitários. — Roger já não está muito satisfeito comigo, desde a última confusão do Mark. Se ele me pegar aqui no banheiro, eu... — Uma forte batida na porta interrompeu-me, nos assustando.

— Quem é? — perguntou Penny.

— Maya! — gritou Roger lá de fora.

Penny abriu a porta vagarosamente e Roger estava parado depois dela, de braços cruzados e com uma feição nítida de descontentamento.

— Oi — disse Penny para ele.

— Dê um jeito naquilo. — Roger apontou para o final do corredor. — Que não aconteça mais uma briga neste bar por sua causa! — disse alto.

Apenas assenti e saí do banheiro passando por ele. Penny veio logo atrás de mim e segurou a minha mão. Quando voltei ao bar, Higor estava sentado em uma mesa com os seus amigos ao lado da mesa do Mark. Respirei fundo, peguei a minha bandeja com cervejas sobre o balcão e as levei até à mesa do sr. Babaca.

— Oi, Maya — cumprimentou Kevin, um dos meus colegas do curso.

— Oi, Kevin. Aqui estão as cervejas que pediram. Mais alguma coisa? — perguntei ao terminar de servi-los.

— Que você beba com a gente — respondeu ele, rindo.

— Eu bem que gostaria, mas não posso — disse sentindo o olhar de Mark queimar sobre mim.

— Maya? — Uma voz grossa chamou-me por trás. Virei tensa e vi o Higor. — Já faz três meses.

— Oi, Higor. É... três meses — disse desconcertada e com um pouco de medo.

— A gente... pode conversar? — pediu ele.

— Eu não posso agora — respondi antes de afastar-me.

— Por favor, Maya — insistiu segurando o meu antebraço.

— Larga ela! — mandou Mark se levantando da cadeira.

— Tudo bem — concordei rápido com o Higor, a fim de evitar uma briga. — Venha. Vamos lá para fora. — Segui para a porta e ele veio logo atrás.

— Maya... quero lhe pedir desculpas — disse ao sairmos do bar.

— Está tudo bem, Higor. Já faz tempo, então... está tudo bem — tentei afirmar uma mentira, mantendo uma distância segura entre nós.

— Eu não voltei antes, porque não sabia se você estaria pronta para me desculpar — disse aproximando-se a passos lentos. — Estava muito bêbado naquela noite. Você me magoou e isso me deixou com raiva. Agi por puro impulso.

— Olha, Higor. Eu sei que te magoei, mas fui apenas honesta com você. Desde a terceira noite em que dormimos juntos, combinamos que tudo não seria nada além de sexo e...

— E eu confundi as coisas, já entendi — interrompeu-me. Talvez eu tenha contribuído para isso. — Mas eu ainda gosto de você, Maya.

Fiquei um tanto surpresa em ouvir isso e sem nenhuma reação para respondê-lo. Ele fechou o pouco espaço entre nós e imprensou-me contra a parede do bar. No seu olhar sedutor, não havia nenhum sinal do homem louco de três meses atrás que me deixou com medo.

Higor aproximou a sua boca da minha e beijou os meus lábios delicadamente, iniciando um beijo lento. As suas mãos foram para minha cintura, trazendo o meu corpo para mais junto ao seu. Nossa... tinha me esquecido de como o seu cheiro era bom e a sua boca gostosa.

Fiquei nas pontas dos pés e entreguei-me ao seu arrocho. Passei os meus braços por seu pescoço, entranhando as minhas mãos nos seus cabelos macios na nuca. Ele desceu uma das suas mãos até a base da minha coluna, deixando-me sentir os seus dedos na minha bunda.

Higor apertou-me ainda mais contra o seu corpo, fazendo com que eu sentisse a sua ereção se comprimir contra a minha barriga. Isso claramente me deixou excitada. Involuntariamente soltei um gemido baixo nos seus lábios quentes. Ele quebrou o nosso beijo mordendo o meu lábio inferior e abaixou a sua cabeça, deixando um beijo leve no meu pescoço, fazendo-me arrepiar.

— Nada mal para um beijo de adeus — sussurrou no meu ouvido e soltou o meu corpo. — Se um dia me quiser, Maya... sabe exatamente onde me encontrar. — Deu-me um beijo na testa e afastou-se entrando novamente no bar.

— O que foi isso? — sussurrei para mim mesma, surpresa com o calor que aquele beijo me causou.

Recuperei o meu fôlego rapidamente e entrei logo depois dele, ainda um pouco tensa com o beijo, quando ouvi Penny gritar:

— Cuidado! Mark, não!

Olhei para o lado e Mark havia acertado um soco no rosto do Higor, que revidou de imediato levando os dois para o chão. Eles rolavam no piso sujo aos murros. Eu me apavorei e comecei a gritar pedindo para que os dois parassem com aquilo. Logo os amigos de Mark apareceram para tentar separar a briga que ele estava perdendo feio.

— Parem! — berrou Roger com um taco de beisebol nas mãos. — Todos vocês... — apontou o taco de madeira lustrada para o tumulto da confusão — fora do meu bar. Agora! — berrou novamente.

Ligeiramente, Mark saiu com a sua turma e as periguetes com quem estava. Higor foi logo em seguida com o seu moto clube.

— Maya, você está bem? — perguntou Dirck.

— Espero que esteja, porque está demitida! — respondeu Roger, antes de dar-me as costas.

Envergonhada, mais uma vez, desci até o depósito de bebidas e peguei a minha bolsa para ir embora. Desempregada e com uma mãe cada vez mais doente. Ótimo! Será que a minha vida pode ficar pior? Não sei o que fazer agora! Voltar para casa e contar ao meu pai que havia perdido o emprego que me mantinha na faculdade, não era uma opção. Não queria preocupá-lo ainda mais.

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