Numa bela noite, em que eu estava tentando me vestir para ir jantar, senti uma pontada de dor, como uma cólica forte. Na mesma hora me veio um sentimento de medo e desespero. Os bebês iriam nascer.
Respirei fundo, tentando colocar as ideias no lugar, pois sabia que ficar nervosa não ajudaria.
Voltei para o closet e tirei o vestido, colocando um outro mais leve e menos chique.
- O que está fazendo? - Felipe perguntou ao sair do banheiro e me ver colocando uma pantufa.
- Vou para a enfermaria. - Eu falei, pouco antes de sentir outra pontada de dor e ter que me segurar na parede para me manter em pé.
- Você está bem? - ele perguntou preocupado, se aproximando de mim.
- Estou ótima. - respondi - Mas os bebês já estão querendo nascer.
Eu havia acabado de completar trinta e cinco semanas de gravidez no dia anterior e as previsões eram de que eles só nasc
A vida é uma grande caixa de surpresas. É engraçado a forma como as coisas dificilmente acontecem como planejamos, mesmo quando pensamos estar preparados para qualquer coisa. Era exatamente assim que eu me sentia, pronta para qualquer imprevisto e ao mesmo tempo surpresa com tudo. Cada passo, cada dia, cada palavra, cada minuto... Tudo era uma grande surpresa. Meus dois filhos não eram uma exceção à regra, pois mesmo que eu tivesse me preparado para qualquer coisa que pudesse acontecer, e tivesse me preocupado com cada detalhe do crescimento e da educação dos dois, ainda assim eu me surpreendia e a vida me pegava desprevenida. Quando eu pensei que o meu "Felizes Para Sempre" havia chegado e que mais nada poderia estragar isso, a vida me surpreendeu mais uma vez, mostrando que ainda havia desafios pela frente. O desafio de ser mãe era um deles, e o futuro mais uma vez se mostrou incerto, quando o destino de duas vidas e três reinos esta
Quem é que gosta da guerra?Ninguém.Mesmo assim elas acontecem.Era assim que eu me via: No meio de uma guerra intensa, onde se via mortos espalhados por todo o lado.Se o motivo é nobre, isso importa mesmo?Importa mais do que as vidas que são perdidas?Mesmo assim eu estava ali.Por vingança? Por amor? Por poder? Eu já nem sabia mais, mas eu estava ali.Nasci na guerra e ela fazia parte de mim.Respirei fundo e corri, com uma espada sangrenta em minha mão.Gritei.Não importava se vencia ou perdia. Eu só tinha que lutar.
Duas semanas de casada e eu já estava de saco cheio.Fingir que gostava de Kevyn era mais fácil quando nos víamos apenas algumas vezes no mês, mas acordando todos os dias ao lado dele, era quase impossível.Todos os dias - e noites - eram uma tortura para mim, e eu tentava suportar com ajuda de vinho, sempre que possível, mesmo sabendo que não deveria beber.Abri meus olhos e soltei um suspiro ao tentar me soltar do abraço de Kevyn.Saí da cama silenciosamente e fui ao banheiro. Lavei o rosto e arrumei meu cabelo até que ouvi passos atrás de mim.Pelo reflexo eu vi Kevyn se aproximar e me abraçar por trás.- Bom dia, minha rainha. - ele falou alegre e pousou um beijo em meu pescoço.- Bom dia. - respondi, tentando forçar um sorriso.Kevyn passou a mão suavemente pela minha barriga.- Está se sentind
Me sentei na mesa de jantar tentando esconder a minha ansiedade.Kevyn entrou logo atrás de mim com um sorriso de orelha a orelha e nem se deu ao trabalho de se sentar antes de começar a falar.Todos já estavam presentes e nos olharam com curiosidade.- Alice e eu temos uma boa notícia para dar. - começou ele.Todos os olhos foram de Kevyn para mim e eu olhei para os rostos de cada um deles.- Nós vamos ter um bebê. - ele anunciou com um largo sorriso.Patrícia e Marcelo sorriram, verdadeiramente contentes com a notícia. Felipe permaneceu sério, enquanto que meu tio Lucas franziu as sobrancelhas, mas depois sorriu quando olhei para ele. Mateus me deu um meio sorriso e seu pai Sebastian tinha uma expressão vazia, quase como se não se importasse.Logo depois disso todos conseguiram disfarçar suas primeiras reações e se levantaram, nos
Num instante tudo mudou e eu fiquei com medo de tudo e de todos.Talvez Felipe estivesse certo e eu não podia confiar em ninguém, afinal estávamos em tempos de guerra e eu era uma rainha, talvez todos me quisessem morta. Talvez Solares inteira me quisesse morta, pois eu era a culpada de tudo isso de certa forma.Enquanto meu tio era rei o reino da Lua não havia atacado, provavelmente porque meu tio era um rei forte. Assim que eu fui coroada rainha o rei Marcus resolveu começar uma guerra e eu tinha a sensação de que ele estava me testando ao atacar e depois se afastar, ficando tanto tempo sem dar notícias.Talvez ele quisesse saber se eu era uma rainha paciente ou se eu me precipitaria. Ou talvez ele tivesse outro plano. Talvez ele quisesse me derrotar de uma maneira mais sutil, usando alguém próximo a mim para me matar.Mas o que ele ganharia com isso?Mesmo depois que eu morres
Abri meus olhos e tentei me sentar, mas minha cabeça latejou e fui obrigada a ficar deitada.Senti algo apertado em meu rosto e percebi que eu estava com uma máscara de oxigênio.Também havia um saquinho de soro que pingava lentamente em um fio que estava conectado em meu pulso direito.- Majestade?Uma enfermeira se aproximou e me analisou por um momento.- Ainda bem que acordou. Está se sentindo bem?Ela tirou a máscara de oxigênio para que eu pudesse responder e eu puxei o ar lentamente, percebendo que meus pulmões doíam um pouco. Aliás, meu corpo todo estava dolorido.- Não estou nada bem. - respondi com sinceridade.Estranhei o som da minha voz, que estava rouca.- Está sentindo dor em algum lugar?- Tudo está doendo... - respondi.A enfermeira suspirou e me analisou mais um pouco, olhando em meus olhos.- V
Fiquei mais um dia todo na enfermaria e aquilo estava me deixando estressada.Eu não via a hora de receber alta para poder ao menos ficar no meu quarto.Fiz alguns exames e a enfermeira vinha sempre para checar como eu estava e me dava alguns remédios.Minha garganta ainda ardia um pouco, como se estivesse machucada, mas minha voz estava voltando ao normal aos poucos.Meu mal-estar melhorou depois que eu comi um pouco e bebi bastante água, mas tudo o que eu comia ou bebia era inspecionado antes.Logo comecei a me sentir mais forte, e eu precisava estar forte, pois tinha coisas para resolver.Meus dois tios, meu
- Oi. - Felipe cumprimentou quando entrou na biblioteca.Levantei os olhos do livro que estava lendo e sorri. Me levantei da cadeira e dei a volta na mesa, me aproximando dele.- Preciso que faça uma coisa para mim. - falei de forma direta.- O que seria? - Felipe perguntou com as sobrancelhas franzidas.Me aproximei mais um passo, segurando em sua mão.- Eu preciso que encontre provas ou testemunhas que eu possa usar contra o meu tio no julgamento. Sei que minha palavra é suficiente, mas se vamos fazer isso publicamente, e ele tem direito a uma defesa, é melhor que eu tenha algo mais do que apenas a minha palavra.Felipe assentiu.- Eu vou testemunhar por você, - afirmou - e Kevyn também, mas vou tentar encontrar mais alguém que saiba de alguma coisa.- Obrigada. Você é o único em quem eu confio.Soltei um suspiro e me aproximei mais dele, apoiando a te